_É senhorita Elise, parece que você teve apenas um mal estar, precisa se alimentar melhor, está muito pálida, tome uma boa sopa de legumes e pela manhã um copo de suco de beterraba com laranja e logo esses mal estares irão cessar. Tenha um bom dia, não se esqueça de descansar, evite o sol quente por hoje pelo menos, sei que é difícil exigir isso de você. Até mais minha jovem. Concluiu Dr. Ricardo.
Continuei a fitar aquele homem dos meus sonhos, que vagava pelas minha possíveis alucinações, porque os olhos dele brilhavam quando olhava para mim? Novamente ouvi a voz de Pedro.
_Ise este é meu amigo Vincent, ele está morando no brasil a um ano, mudou-se para cá pra terminar seu mestrado em biologia, e no momento trabalha em uma tese sobre o sistema biológico da ilha do Marajó.
Continuei encarando aqueles lindos olhos, porém agora minha alucinação tinha um nome, Vincent.
_Vincent toma conta dela um pouco? Vou no mercado providenciar o almoço, hoje Elise vai comer uma refeição reforçada, volto em poucas horas, fique à vontade. Disse Pedro e saiu.
_Quem é você Vincent? Perguntei a minha alucinação. Vincent começou a falar:
_Achei que você não passava de um sonho também, até conhecer o Pedro na turma do mestrado, foi então que vi uma foto de vocês no celular dele, perguntei quem era sem deixar meu interesse exposto, ele falou um pouco da amizade de vocês, disse que no final do curso voltaria pra ilha pra ficar perto de você, foi quando decide vir também. Vincent me pareceu exitante por um momento, um tanto pensativo, mas logo recomeçou a falar...
_Acredite também foi um choque quando a vi pela primeira vez, por incontáveis noites eu vi você aqui neste quarto dormindo enquanto eu sentava na janela e admirava o luar, você era meu sonho favorito, mas agora é real. Falou Vincent com um olhar que transmitia felicidade e surpresa.
Fitei aqueles lindo olhos por mais um instante, não consegui acreditar que ele era real, senti vontade de tocá-lo para ter certeza de que estava ali, levantei da cama e andei em passos lentos em direção a Vincent, fiquei bem próxima, podia sentir a respiração dele em meu rosto, ele tinha um cheiro agradável parecia uma mistura das folhas da mata com raízes e um toque doce de coco, levantei a mão lentamente em direção ao rosto dele, encostei a ponta de um dos dedos na pele macia do queixo, então fui escorregando os dedos pelas bochechas até o cacho acobreado mais próximo. Senti como se uma corrente elétrica percorresse por todo o meu corpo, me afastei subitamente quando ouvi Pedro me chamando das escadas.
_Você não pode ser real, sussurrei para Vincent.
Abri a porta do quarto e desci as escadas... Pedro estava na cozinha limpando peixe, estava com um olhar preocupado, sentei em uma das cadeiras da mesa, perguntei como foram os anos em que ele esteve estudando em Belém.
_Muito proveitosos, aprendi muita coisa, me diverti, fiz novos amigos, porém não era onde eu queria estar, mas continuei meus estudos por necessidade, nunca deixei de pensar em cada dia que fiquei longe desta ilha, das noite que fiquei sem conversar com você, das trilhas que fazíamos pra ajudar seus pais nas pesquisas. Pedro fez um breve silêncio, em seguida continuou.
_Preciso lhe contar algo, uns dias antes da morte de seus pais, sua mãe me ligou, disse que breve não iria mais estar ao seu lado, pediu que eu voltasse o mais breve possível e te desse apoio, também disse que havia enviado um pacote para mim e que deveria entregar a você, ela me agradeceu por todos os anos que fui seu amigo, também mencionou que eu teria um papel muito importante em sua vida. Achei tudo aquilo confuso, não entendi o motivo dela falar comigo daquele jeito, parecia até que estava se despedindo. Lembro que fiquei angustiado ao telefone, perguntei a sua mãe o que estava acontecendo, ela disse que em breve eu iria entender tudo, por fim ela pediu que eu dissesse a você que ela e seu pai a amavam mais que tudo, e que você deveria ser forte, então desligou...