Capítulo 2 Casamento Arranjado

Madalena.

Eu estava mal. Era o primeiro natal sem minha irmã Mariana. Ela arrumou um emprego na capital do estado, e todos nós estávamos felizes, até Mari enviar uma carta e avisar que havia engravidado do patrão dela. Foi um choque. Choramos muito. O fato era tão grave que papai decidiu riscá-la da família, e agora só havia eu de filha. Meu coração se partiu ao meio, e eu não queria mais ouvir falar de homem.

Fiquei sentada na frente de casa olhando a rua. Devido à época do ano, fazia um calor insuportável. De repente um carro parou na frente de casa, e dele desceu meu tio Francesco, que eu não via desdo natal de 1980. Quase quatro anos. Junto com ele desceu o meu primo Giovanni. Esse vivia de tentar alguma coisa com a minha irmã e fazer deboches comigo, então eu só desejei que a visita fosse rápida.

- Boa noite, Madá!

- Boa noite, tio.

Ele já veio abrindo o portão, espaçoso como de costume.

- Teus pais tão aí? Viemo falar com eles!

- Tão sim. Só entrar. - Sinalizei a porta.

Giovanni me olhou antes de entrar, mas eu desviei e continuei olhando para a rua. Passou menos de um minuto até a porta se abrir e ele sair de lá.

- Oi. - Sorriu pra mim, enfiando as mãos nos bolsos. - Como tá?

- Tô bem. - Falei de maneira seca, já que nunca havíamos conversado normalmente. - viero aqui pra que?

- Ah... a gente veio aqui pra visitar vocês. - Respondeu todo sem jeito. Ele mentia muito mal.

Foi então que percebi o cheiro bom que vinha dele. Acendi a luz da pequena área e o olhei melhor. Giovanni não mais era aquele garoto feio e sim um homem. Ele parecia homem, por assim dizer. Alguma coisa acendeu aqui, e não foi somente a luz. Continuei sentada na cadeira, agora me sentindo incapaz de me mover. O cabelo dele estava preto, mais do que era antes e bem penteado. Giovanni vestia uma jaqueta preta e uma camisa social branca por baixo.

Oh, merda. Eu não podia pensar aquelas coisas dele. Ele era meu primo! A questão era que ele também estava me observando.

A porta se abriu, e meu pai surgiu.

- Entrem vocês dois.

Levantei, ajeitei meu vestido e fui, Giovanni me dando passagem e quase colando na minha bunda. Corei até a alma. No cômodo, meu tio e meus pais estavam sérios. Seu Leonardo, que detestava enrolações, foi direto e reto.

- A gente conversou bastante, e vocês dois vão se casar.

Após o susto, olhei bem para a cara dele, mas Giovanni parecia já saber.

- Vamos vir jantar aqui com vocês, Madalena, para vermos quantos convidados vai ter e onde vai ser. Saiba que temos pressa. - Tio Francesco avisou. - Vai ali, dá um beijo na tua noiva, filho.

Eu estava tão confusa e brava com a informação, que não percebi Giovanni se aproximando. Ele foi me dar um beijo na bochecha, mas eu virei o rosto na hora e quase pegou na boca. Na frente de todo mundo. Que vergonha.

Já era meia-noite quando, enfim, fomos nos deitar. Tranquei a porta e me escorei nela, de costas e pondo as mãos sobre a boca. Meu corpo arrepiou tão forte que tive que esfregar os braços. Um calor subindo, me obrigando a verificar se a porta estava realmente trancada e tirar toda a roupa.

Tirei a calcinha por último. Faziam cinco anos que eu fazia aquilo e o medo de alguém me pegar ou de não estava protegida pela fechadura que dava acesso ao meu quarto. Nas últimas duas horas eu me vi discutindo com meus pais sobre meu casamento e não acreditando que aquilo ia acontecer, mas agora eu estava a sós, e as sensações vieram com tudo sobre mim.

Com calma, levei a ponta do dedo indicador até lá e fechei os olhos, movendo-o devagar. Afastei um pouco as pernas, aproveitando cada segundo, pois com o tempo eu aprendi a terminar mais rápido. Eu podia sentir o fim se aproximando, mas tentava retardá-lo ao máximo, pois depois eu ficava me sentindo mal. Não só por achar que aquilo era um pecado, mas também porque não havia homem nenhum do meu lado depois. Fora que no outro dia pela manhã eu sempre achava que meus pais iriam perceber o que eu havia feito. Às vezes eu ficava com tanto medo que achava até que eles sabiam as loucuras que eu pensava.

Felizmente, seu Leonardo e dona Maria jamais ralharam comigo por isso, então eu tentava me tranquilizar.

            
            

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