Capítulo 5 A troca

Paola Ávila

Durante todo o trajeto que durou cerca de 45 minutos, eu e o mafioso Boulevard não trocamos uma palavra se quer, mas eu podia observar pelo retrovisor que ele me olhava algumas vezes. Chegando ao local a última instrução que recebi pelo meu celular era que eu aguardasse a saída de dois capangas com meu pai e de imediato saísse do carro acompanhando o Sr. Edgard para efetuarmos a troca. Algo em meu coração me dizia que não estava tudo bem, mas hoje eu resolvi ignorar todos os meus instintos por conta de estar muito abalada emocionalmente com tudo que havia acontecido. De longe consigo ver três vultos saindo de uma escadaria do subsolo do pátio onde eu me encontrava, aperto um pouco meus olhos conseguindo visualizar melhor e percebo que um deles se tratava de meu pai. Meu coração dispara, dou um sorriso aliviado, logo saio do carro, abro a porta traseira seguro firmemente o braço de Edgard enquanto começo a caminhar de encontro ao meu pai.

Otto Boulevard

Meu jato está estacionado estrategicamente perto do galpão, o piloto está a postos, Inácio entra já me informando que Paola havia chegado acompanhada com meu pai. Me levanto da poltrona, arrumo meu terno, no momento em que me preparo para descer meu celular toca e nesse instante posso ver pela porta do avião que Paola caminha de encontro ao seu pai, atendo o telefone despretensiosamente sem nem ao menos ver quem era.

- Pronto.

- Senhor Boulevard??? - Ouço uma voz desesperada, porém não reconheço de imediato.

- Sim, ele mesmo.

- Detetive Lucas, um de seus informantes, é uma emboscada!!! A equipe toda está indo para efetuar sua prisão e não permitirão que seu pai seja liberto também. A Delegada Paola não sabe de nada - Não permito que ele continue a falar pois jogo meu telefone de qualquer jeito em uma poltrona do avião, de imediato ouço barulhos de sirene, Inácio que acompanhou toda a conversa já passou o comando para os homens abrirem fogo contra os policiais. Imediatamente penso em Paola, empunho minha arma e desço como um raio do avião. Quando a vejo ela já está jogando seu corpo sobre meu pai com o intuito de protege-lo enquanto corre em direção ao Desembargador, a troca de tiros começa a se intensificar.

- O que está acontecendo?? Esse não foi o combinado!! - Ouço Paola gritar.

Meu pai em um movimento se solta de Paola e corre em direção ao galpão, mas logo percebo que ele é atingido na perna por um dos tiros dos policiais, com o movimento brusco de meu pai Paola foi jogada ao chão, percebo seu olhar desesperado para seu pai. Um de meus capangas ainda está com ele o usando como escudo, imediatamente corro em direção a Paola e percebo que não conseguirei chegar até meu pai para resgata-lo. Em uma ação impulsiva, pego Paola pela cintura levantando ela do chão e começo a correr em direção ao jato, em meio aos tiros que também começo a trocar com os policiais.

- DIGA PARA O PILOTO LEVANTAR VOO IMEDIATAMENTE! - Ordeno a Inácio que se encontra na porta do avião atônito por ver o que eu estava fazendo.

- O QUE VOCÊ ESTA FAZENDO? ME SOLTA! - Paola se debatia e tentava de forma fracassada sair de meus braços.

- Fique quieta, pare de resistir você sabe muito bem o que acontecerá. Eu não vou te soltar, você irá comigo! - Falo em um tom ríspido e agitado.

- Você vai fazer de mim sua prisioneira? Você é louco de achar que vai conseguir!

- Eu já estou conseguindo, Paola! - Dou uma risada maliciosa em meio aquele caos enquanto subo com ela, que ainda estava resistindo desesperadamente, no avião. Assim que entramos a escada é recolhida e no momento em que a porta vai se fechando já começamos a levantar voo. Tento ser o mais cuidadoso possível ao colocar Paola em uma poltrona mas ela se debatia, me dava empurrões e socos, eu não queria ter que usar força para não machuca-la, mas ela era extremamente feroz, tinha uma certa força para uma mulher. Imobilizei os braços dela com minhas mãos, fiz um pouco mais de pressão para que ela não conseguisse se soltar, e como uma teimosa que ela era começou a me chutar, inevitavelmente naquela situação eu achava graça das tentativas frustradas dela de se soltar acabei dando risadas, percebi que isso a deixava com mais raiva ainda. Pressionei as duas pernas dela com uma das minhas e encostei na lateral do avião, dessa forma ela não conseguia mais se mover. Aproximei meu rosto do dela pois sei que eu causava algo naquela mulher, a olhei nos olhos enquanto sua respiração ofegante vinha de encontro ao meu rosto. Devido a sua respiração acelerada e nossa proximidade seus s3i0s encostavam no meu peitoral, dava para sentir o corpo dela em chamas. Sussurrei perto dos lábios dela com uma voz sacana:

- Você vai continuar tentando resistir? Eu não me importo de ficar assim.

Quando ouviu minhas palavras de imediato vi sua pele se arrepiar, mas sua fisionomia era de raiva.

- Eu não sei o que você está pensando! Mas essa m3rd4 que você acabou de fazer não vai ficar assim! Eu vou ser seu pior pesadelo, seu escr0t0 de m3rd4!

Ao terminar de dizer essas palavras ela cuspiu no meu rosto. Como ela era audaciosa... Por um momento fiquei irado com a atitude dela, apertei mais seus braços e pude ver a expressão de dor dela, estranhamente aquilo me provocou uma sensação gostosa e notei que ela se deixou amolecer um pouco em meus braços, como se pedisse para ser dominada. Soltei um de seus braços devagar para poder agir rápido caso ela reagisse novamente, porém ela não fez nada. Deslizei minhas mãos por todo braço dela até chegar nos seus ombros, toquei seu pescoço em seguida e o segurei fazendo uma leve pressão, seu corpo se inclinou para mim e nossos lábios ficavam mais perto, era perceptível que ela estava sem domínio nenhum sobre o próprio corpo e ele respondia a cada movimentação minha. Ambos não deixávamos de nos encarar, encostei meu nariz no dela e disse:

- Me admira sua coragem e atrevimento, Senhorita Paola. Enquanto eu falava deixei propositalmente nossos lábios se encontrarem brevemente. Sorri de forma sarcástica, eu sabia que ela não gostava, para provoca-la ainda mais olhei-a com desprezo. Soltei ela vagarosamente enquanto Inácio acompanhava toda aquela cena espantando, olhei para ele enquanto limpava a saliva que escorria em meu rosto e ordenei.

- Fale para os homens que vieram conosco fazer a segurança algema-la e ficar de olho nela, não quero ela nos causando problemas no decorrer do voo.

- COVARDE! - Paola gritou e seus olhos estavam cheios de fúria enquanto os homens algemavam seus pés e mãos, lancei um olhar indiferente para ela e virei as costas. Eu precisava sair dali, aquela mulher havia me deixado l0uc0 e minha 3xc1t4ç4o era visível, arrumei discretamente minha calça e me dirigi a uma poltrona mais a frente em outro ambiente pois o avião era extenso, para minha sorte.

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