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VIVIAN
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Meu primeiro encontro com Théo fora do hospital foi realmente épico. E claro cheio de confusões como é minha vida.
Lembro-me de estar na tal inauguração da pista de skate com Juliano e minha primeira visão naquele lugar foi aquele homão todo vindo em minha direção. Quase desmaiei de nervoso, mas é claro que ninguém conseguia vislumbrar todas aquelas sensações dentro de mim, me mante firme e passível quando o vi se aproximar e me cumprimentar.
- Vivian. Vivian Motta. Você por aqui? Que prazer revê-la.
- Dr. Théo. Como vai? Não sabia que costumava participar desse tipo de evento. Mais que bom um médico por aqui, vai ser bastante útil caso alguém se machuque. - dei uma risada sem graça.
- Sim é verdade Vivian. Eu costumo sair por aí procurando possíveis pacientes. Tédio que chama. - ele respondeu de modo sarcástico.
- Oh sim me desculpe, não quis ser inconveniente. Foi um prazer revê-lo, mas, agora tenho que ir atrás do meu filho antes que eu tenha que sair correndo pra uma emergência com ele. Esse menino me deixa louca com tanta energia. Com licença. - depois desse fora que eu dei era melhor sair correndo antes de falar mais alguma besteira. Pensei.
Já ia dando as costas pro Dr. Gostoso quando ele chamou minha atenção novamente.
- Vivian. Vivian, ok. Me desculpe pela grosseria. É que a maioria das pessoas acha que quem exerce a minha profissão não pode ter vida social. Desculpa por ter respondido de forma rude. Se você aceitar minha companhia vou ficar tão agradecido que vou ficar te devendo uma. Por favor.
Nossa, esse homem deve ser bipolar. Mudar assim da água pro vinho tão rápido. Ele estava na minha frente me olhando com expectativa aguardando uma resposta e eu com cara de boba sem saber o que dizer. Vou ser simpática dessa vez e aceitar suas desculpas.
- Pedindo assim com jeitinho tudo bem. Aceito. - dei a ele meu melhor sorriso.
- Ufa que bom. Olha eu sei que isso não faz nenhum sentido, mas vamos logo atrás do seu filho antes que alguém venha me chamar pra fazer cara de paisagem naquele palanque logo ali onde os políticos estão discursando. Meu tio é deputado e adora fazer "boa figura" com os colegas se é que você entende.
- Tudo bem não precisa se explicar tanto.
- Seu marido não vai se incomodar?
Era uma pergunta simples eu já estava acostumada a responder, as pessoas ficam curiosas pra saber ou mesmo esperam que você tenha um relacionamento amoroso quando se é mãe, o que nem sempre acontece assim como muitas pessoas acham que uma mulher, mãe e solteira vive atrás do meu homem na esperança de achar um marido e dar um pai pro seu filho. O que dificilmente condiz com a realidade. Mas diante da pergunta fiquei pensando qual resposta dizer e optei pela mais objetiva possível...
- Não tenho marido, ou sequer namoro. Juliano é minha prioridade sou mãe e pai. E antes que pergunte relacionamentos amorosos não fazem parte da minha lista de desejos pra vida, pelo menos não por enquanto.
- Entendo. Se quiser conversar sobre essa tal lista de desejos estou aqui pra te ouvir. - ele rebate minha resposta e no final dá uma piscadinha.
- Está flertando comigo doutor?
- Só Théo por favor, mas me diga Vivian. Algum problema de está flertando com você já que agora tenho certeza que seja solteira?
- Sim, sou solteira, mas vou precisar saber se o Doutor é solteiro, livre e desimpedido. Essa é uma informação essencial pra começar a preencher o currículo não acha?
- Hum. Estamos evoluindo então.
- Não me respondeu.
Antes de ouvir a resposta do Dr. Théo delícia escuto os gritos de Juliano.
- Merda. Merda eu disse que não era uma boa ideia ter vindo pra cá. Esse menino ainda vai me matar do coração meu Deus.
Sai correndo em direção a Julinho. O Dr. Théo estava vindo logo atrás, era impossível não vislumbrar sua enorme silhueta em minhas costas...
∞∞∞∞
A cena que vi me deixou com o coração na mão. Juliano no chão chorando e tentando mostrar onde havia se machucado.
Naquele momento me culpei por não estar prestando atenção a ele no momento da queda. Como se lê-se meus pensamentos Théo se pronunciou.
- Calma, não foi culpa sua. Eu vou examina-lo pra saber o que houve tudo bem.
- Sim. - minha voz saiu tão baixa quanto um sussurro.
Théo então começou a agir. Primeiro pedindo que as pessoas se afastassem de Julinho, depois ele começou uma conversa que eu mal podia entender então depois de longos minutos ele deu o diagnóstico. Uma luxação no tornozelo esquerdo. Devido a uma manobra mal executada.
- Aparentemente não é nada muito grave. Ele só vai precisar ficar duas semanas de molho sem colocar o pé no chão.
- Tá vendo Juliano eu falei que era uma péssima ideia vir nessa inauguração hoje.
- Mas mãe...
- Mas mãe nada Juliano é bem feito pra você aprender a escutar a sua mãe.
Théo abaixa até ficar na altura de Juliano novamente e diz algo em seu ouvido e meu filho parece ter gostado pelo tamanho do sorriso.
- Calma Vivian, são apenas crianças. Elas são assim mesmo destemidas e arteiras.
- Calma. Você diz por que não é você que tem que passar por esses tipos de testes cardíacos toda vez que esse menino apronta. - falei desesperada, irritada e com vontade de chorar, mas de modo algum demonstraria fraqueza diante do meu filho.
Théo carrega Juliano no colo e vamos os três para uma área mais reservada do evento.
- Vou chamar um Uber e já vamos pra casa Juliano. Obrigado por ajudar Dr. Théo e desculpa todo esse trabalho. - as palavras saíram quase no automático, foi quando Théo mais uma vez me surpreendeu.
- Vocês não estão de carro? Se quiser posso dar uma carona, mas antes podemos ir tomar um sorvete o que acha?
- Obrigado doutor mais já demos trabalho demais. E você não está aqui pra trabalhar lembra?
- Por favor, só Théo não precisamos de formalidades. E quanto ao convite eu insisto. Vamos lá é só um sorvete que mal tem?
- Mamãe, por favor, aceita. Por favorzinho.
- Pelo jeito você já está bem melhor né rapazinho. Já está até me chamando de mamãe.
Juliano dar um sorrisinho sem graça, e Théo parece prever que vou ceder. Seu sorriso é tão lindo quanto ele. Com dentes brancos e alinhados e uma boca bem desenhada, sua barba lhe deixa ainda mais sedutor. Seus olhos estão fixos nos meus aguardando uma resposta...
- Tudo bem, mas não vamos demorar. - respondi querendo saber até onde iria à ousadia do Dr. Delícia. Minha mente já o intitulava assim, era instantâneo.
- Prometo que não iremos demorar, porque o garotão aqui vai precisar de compressa de gelo nesse tornozelo, assim como um analgésico pra dor não é garotão, mas não se preocupa que logo você tá novinho em folha pra andar de skate novamente. - Théo responde olhando para meu filho que parece estar bem confortável em seu colo.
- Ah, sim. O skate, por mim eu jogava essa porcaria fora de uma vez. - digo frustrada por saber que não iria mesmo fazer, são apenas palavras da boca pra fora.
- Vivian não seja tão radical. Ele é só um garoto e precisa se divertir. As crianças de hoje nem sabem direito o que é isso já a maioria só querem saber de jogos eletrônicos, celulares e tabletes.
- Eu sei, mas não gosto de vê-lo assim - respondo cabisbaixa.
Théo apoia sua mão em meu ombro como se dissesse silenciosamente que me entende. Seguimos até o carro do Dr. Delícia, e que carrão, um Land Rover preto.
- Belo carro doutor, combina com você.
- Obrigado Vivian, mas pare de me chamar de doutor, aqui sou apenas Théo para você, e eu gosto do carro, pra mim carro bom tem que ter espaço e conforto. Vou colocar o Juliano na cadeirinha e você me passa seu endereço e adiciono ao GPS, para seguirmos tudo bem?
- Certo. Mas só por curiosidade, porque você tem uma cadeirinha de criança no seu carro? Você também tem filhos doutor?
- Não Vivian, infelizmente não tenho filhos. Mas esse equipamento me ajuda nas eventuais emergências, apesar de não parecer por trás dessa minha cara de mal e de não gostar ser visto apenas como o Dr. Théo Zannini ter uma cadeirinha de criança no banco de trás do meu carro facilita a vida às vezes. Quem sabe um dia eu te conto mais sobre isso. Mas agora é hora de irmos.
Balancei a cabeça positivamente ao ver que Juliano estava reclamando de dor então decidi que era melhor ir pra casa direto, e deixamos o passeio na sorveteria para outro dia, Théo concordou e disse que iria parar apenas na farmácia mais próxima e nos levaria até em casa.
∞∞∞∞
Théo foi bastante gentil conosco, enquanto ele estava na farmácia comprando algo, que eu não tinha ideia do que era até ele retornar ao carro fiquei pensando que encontro mais louco com o doutor delícia, e ao mesmo tempo o quanto foi maravilhoso não estar sozinha na hora do susto. Respirei fundo e aguardei o doutor voltar, então ele veio em direção ao carro lindo e majestoso com algumas sacolas, que eu diria que ele se ele não estivesse em uma farmácia estaria saindo do supermercado. Não contive o sorriso com tais pensamentos.
- Voltei.
- Que bom, já estava quase indo até lá chamar você. - risos
- Como não vamos a sorveteria eu trouxe dois potes de sorvete um pra nós e outro só pro garotão aqui, também comprei uma caixa de analgésicos, ele deve tomar de 8/8 horas ou sempre que sentir dor.
- Obrigado, mas não precisava mesmo.
- Tudo bem, não foi trabalho algum, agora vamos, vou deixar vocês em casa.
E assim ele fez, dentro de alguns minutos estávamos entrando no estacionamento do condomínio. Théo foi bastante atencioso conosco, e eu já estava gostando de sua companhia. Ele novamente pegou Julinho no colo e subiu cinco lances de escada só pra nos acompanhar, eu disse que não precisava mais ele não quis ouvir. Então o que me restou foi ir a sua frente e mostrar o caminho, e claro carregando as sacolas que ele havia comprado na farmácia. Assim como o skate de Juliano que não me deixou esquecer. Mesmo sentindo dores ele não esqueceu do seu trambolho.
Chegando a porta do apartamento peguei minhas chaves pra abrir, mas antes que pudesse usá-las minha mãe abriu a porta e nos deu passagem para entrarmos. Então expliquei a ela que Juliano havia se machucado e que o Dr. Théo estava nos ajudando. Depois das apresentações feitas minha mãe pegou Julinho no colo e o levou para o seu quarto, ela disse que cuidaria dele por hora. Passei para ela as informações sobre o remédio e também que Juliano precisava de um banho antes de adormecer de vez, já que ele estava quase dormindo àquela hora, ela apenas acenou positivamente e disse mais uma vez que cuidaria de tudo. Aproveitei para colocar um dos potes de sorvete no congelador e pegar duas colheres para saborear o outro com doutor delícia.
- Minha mãe vai cuidar de Juliano agora, que tal se nós formos tomar aquele pote de sorvete que ficou no seu carro juntos na garagem? - falo com um sorriso travesso, mostrando a ele as duas colheres, e confesso já imaginando mil loucuras que poderia fazer com um pote de sorvete e o doutor delícia entre quatro paredes mesmo sabendo que talvez não fosse acontecer, ou pelo menos não tão cedo.
- Ótima sugestão. Eu aceito.
- Então vamos!
Peguei minhas chaves e descemos as escadas em direção à garagem. Ah doutor ainda vou descobrir seus segredos... Ah se vou, ou não me chamo Vivian Motta.
∞∞∞∞
- Foi realmente muito bom encontrar vocês essa noite. Confesso que achei que minha noite ia ser uma bela bosta quando aceitei o convite do meu tio pra ir aquela inauguração.
- Bom nesse ponto temos que concordar, eu só fui a esse evento porque o Julinho queria muito ir, e foi bom ter sua companhia apesar de todo esse trabalho que a gente te deu.
- Imagina trabalho algum. Eu sei que falei com você que não gosto quando as pessoas olham pra mim e veem apenas um médico em "plantão" 24/7, mas é inevitável, eu escolhi essa profissão e é assim que eu vivo.
- Tá certo. Mas me desculpa de novo, de qualquer forma toda essa bagunça.
- Foi um prazer ajudar.
Chegamos ao carro e ele foi logo abrindo a porta e pegando o pote de sorvete que estava na sacola pra nos servir... Não tinha nada de taças ou algo que pudesse ser usado dessa forma, então optamos pelo mais simples, apenas abrir o pote e comer ali mesmo, cada um com uma colher fomos cavando o pote, que já estava um pouco derretido devido a todo esse tempo que demoramos pra devora-lo.
- Hum, esse sorvete está uma delícia.
- E com a sua companhia ficou mais gostoso ainda.
- Está flertando de novo comigo doutor?
- Théo pra você apenas Théo. Não precisamos manter toda essa formalidade por favor... Já falei pra você é apenas Théo.
- Desculpa. É difícil chamar você só de Théo, parece estranho sei lá. – risos.
- Tudo bem, mas sem formalidades ok?
- Certo. Vou tentar me acostumar. Agora me responde está tentando flertar comigo novamente. Dou... Théo.
- Eu não deixei de fazer um minuto sequer essa noite?
- Uauh! Você é sempre tão direto assim?
- Vivian nós somos adultos. Certos joguinhos só atrapalham quando se está interessado em alguém e você é uma mulher linda e incrível. Desde que a vi pela primeira vez não paro de pensar em você e essa noite. Essa noite nossa foi excelente oportunidade de te conhecer um pouco mais, apesar do incidente com seu filho.
- Você está certo. Mais até agora não me respondeu à pergunta que te fiz no começo da noite sobre você ser livre e desimpedido. Lembra?
- Sim, lembro da pergunta que me fez e vou te responder a verdade. Sou sim, solteiro, livre e sem compromisso se é o que quer saber. Não vou negar, já fui casado, mas estou em processo de divórcio. A minha ex-esposa não quer assinar, enfim, estou com alguns problemas em relação a isso mais não tenho nada que me impeça de ficar ou mesmo namorar com quem eu bem entender.
- Ok doutor. Théo! Acho que essa foi uma boa explicação.
- Então posso te convidar pra saímos para um jantar ou mesmo assistir um filme no cinema, algo assim? Você aceitaria?
- Pra gente se conhecer melhor?
- Exato. Pra gente se conhecer melhor. O que me diz?
O olhar dele sobre mim era de expectativa. Aproveitei que ainda havia bastante sorvete no pote e comecei a comer pra ganhar tempo ao ficar de boca cheia. Théo pareceu perceber minha tática e faz o mesmo, então em menos de cinco minutos o pote estava vazio.
- Está tentando fugir da minha pergunta Vivian? - ele sussurrou em meu ouvido e seu hálito gelado não passou despercebido causando arreios involuntários em meu corpo.
- Fugir? Da sua pergunta? Não? De forma alguma. - fiz à desentendida, mas acho que não colou.
- Dois podem jogar esse jogo Vivian?
- Pode me chamar de Vivi.
- Só se você me chamar de Théo. Apenas Théo, já que agora somos amigos. - ele sorriu e continuou a falar. - Vivi pare de fugir da minha pergunta e responda. Você aceita sair comigo? Diz que sim por favor.
Théo me fez rir e não resisti ao seu pedido.
- Sim, eu aceito, sair com você pra gente "se conhecer melhor" então.
- Ótimo, tenho certeza que não vai se arrepender. Bom Vivi, agora que você aceitou meu convite eu preciso te falar algo bem chato que eu juro que não queria, mas já tá ficando tarde e eu preciso ir pra casa descansar um pouco porque logo mais o dever me chama. Embora eu realmente preferisse passar um pouco mais de tempo aqui com você.
- Você está certo, já passa da meia noite e eu também preciso ir pra casa e ir dormir pois amanhã meu dia vai ser tenso no trabalho uma correria só com os preparativos de um casamento duplo, e com o Julinho dodói em casa então você não imagina o quanto ele fica manhoso e vou precisar me desdobrar para dar atenção pro meu menino nesse período.
- Vou adorar que me conte como é a confusão da sua vida no nosso encontro. Eu mal posso esperar. Você fala de um jeito tão espontâneo que já me sinto fazer parte de tudo isso. – risos. Mas Antes de ir embora eu queria te pedir só mais uma coisa.
- Ah meu Deus, eu falo demais Théo. Será que você aguenta? – Faço gesto de colocar as mãos na boca e ele rir.
- Eu não me importo. Juro. Tenho certeza que vou adorar. Mas então posso fazer meu pedido?
- Claro o que quiser? - o respondo sem graça.
- Quero um beijo seu.
Sua voz firme é sedutora. Me aproximo de seu rosto pra dar um beijo na bochecha dele, mas ele é mais rápido e vira o rosto, nossos lábios se tocam e uma explosão de sensações acontece. O gelado do sorvete agora está mais distante mais ainda dava pra senti-lo em minha boca até o choque com os lábios dele acontecer. Sua língua quente e feroz duelava com a minha, nosso beijo foi explosivo desde o primeiro momento. Seus braços ao redor do meu corpo me deixaram em êxtase tanto que eu mal conseguia assimilar o que estava acontecendo.
Já sem fôlego nos afastamos em busca de ar, os olhos dele brilhavam em minha direção e era uma sensação tão boa estar nos braços dele. Me senti como se estivesse tocando o céu ou mesmo andando sobre nuvens.
Depois desse momento único nos despedimos com promessas silenciosas de que muitos momentos como esse se repetirão ainda muitas e muitas vezes.
Subi pro meu apartamento sorrindo para as paredes. Ao entrar em casa tudo estava calmo e agradeci a Deus por não ter que dar explicações à mamãe naquela hora. Passei no quarto do meu bebê e ele já estava embalado em um sono profundo. Então fui pro banheiro, tomei um banho rápido e depois de vestir um baby-doll me joguei na cama como se não houvesse amanhã. Talvez pelo cansaço do meu corpo ou pela adrenalina te tudo que acabará de acontecer meu corpo desconectou. Desliguei, apaguei, dormi. Um sono dos justos... Depois daquele noite a única certeza que eu tinha é que a minha vida jamais seria a mesma e tudo culpa de um certo Dr. Delícia que havia cruzado meu caminho.
∞ ♥ ∞