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Enquanto isso eu já tinha entrado no mar, fui dar um mergulho pra ver se esfriava a cabeça, quando o vi já estava ao meu lado, sem camisa.
- O que foi que Felipe falou, Nanda?
- Nada não, besteira do meu irmão.
- Ele pediu pra você se afastar de mim, não foi? Ele me disse para ficar longe de você, mas só vou me afastar caso você queira.
- Eu não quero que você se afaste de mim, não pelo meu irmão.
Aproximei-me dele e o beijei, não queria saber se meu irmão estava olhando, não queria saber o que ele ia pensar. Saímos da água abraçados, estava morrendo de frio, Afonso me deu sua jaqueta e voltamos para junto do pessoal. As 05h00min meu irmão nos chamou para ir embora, nos levantamos e fomos em direção ao carro, Afonso não ligou se meu irmão estava ali e colocou o braço sobre o meu ombro.
- Nanda, posso levá-la em casa?
- Claro! Vou amar ir com você.
- Nanda, você vai comigo, sou seu irmão e você veio comigo.
- Não Felipe, você está enganado, já sou maior de idade, e posso decidir com quem vou, eu já decidi, vou com Afonso.
- Nanda! Fernanda!
Não quis ouvir, peguei o capacete e subi na moto, abracei Afonso e fomos embora.
Quando cheguei em casa meu irmão ainda não tinha chegado, desci da moto e entreguei o capacete, ele ainda na moto, me puxou e me beijou.
- Eu não vou me afastar de você. Posso te ligar mais tarde?
- Claro! Ficarei esperando.
Ele me deu outro beijo e saiu, eu entrei e fui direto para o meu quarto. Quando estava indo tomar banho, ouvi o meu irmão guardando o carro na garagem. Terminei meu banho e me deitei na cama pensando em tudo que tinha acontecido, pensando claro em Afonso, então adormeci. Acordei com meu celular tocando, era Afonso, olhei para o relógio do meu quarto e notei que já eram quatro horas da tarde.
- Alô!
- Te acordei? Desculpa.
- Me acordou, mas não se preocupe.
- Estava sonhando comigo?
- Estava. E você pensou em mim?
- Não parei de pensar em você um só minuto, então resolvi ligar e te convidar para jantar comigo.
- Você passa aqui para me pegar?
- Às 20h00min está bom para você?
- Está ótimo!
- Até mais tarde.
- Até mais.
Desci as escadas e quando cheguei a cozinha, minha mãe estava lá com meu irmão.
- Boa tarde!
- Boa tarde filha! Estava muito cansada, pra dormir até essa hora, não foi?
- É mãe! Estava sim. Mãe, posso jantar hoje a noite com um amigo? - Felipe olhou pra mim, ele já sabia que eu estava falando de Afonso, ele se exaltou e falou:
- Você não vai, Fernanda, você não vai!
- Não perguntei a você, Felipe, você não é meu pai!
- Eu não quero que você sai com Afonso, ele é mais velho que você e é meu amigo.
- Você não decide com quem eu saio ou deixo de sair, está ouvindo? Vê se coloca isso na sua cabeça, " VOCÊ NÃO MANDA EM MIM".
- Chega! Não criei filhos para estarem brigando. Felipe suba, vou conversar com sua irmã.
Ele subiu ainda me encarando, minha mãe me conduziu até a sala e sentamos no sofá.
- Nanda, você não é mais uma criança, já sabe o que faz. Felipe, me contou o que aconteceu na praia.
- Mãe, Felipe não sabe o que aconteceu. Afonso e eu somos amigos.
- Nanda, me fale a verdade, você gosta desse rapaz, não é? Mas vocês se conheceram ontem.
- Mãe, eu conheço ele há muito tempo, só nunca tínhamos nos aproximado antes.
- Fernanda eu vou deixar você ir, porque confio em você, e com relação ao Felipe não se preocupe, vou conversar com ele.
- Obrigada mãe! Te amo.
Abracei minha mãe e subi para o meu quarto, fui escolher a roupa que ia vestir. Quando terminei de me arrumar era 19h30min, faltava apenas meia hora para ele chegar, eu já estava agoniada.
- Nanda, o Afonso chegou.
- Obrigada mãe, já estou descendo.
Olhei-me no espelho mais uma vez, retoquei o batom e desci, minha mãe estava na sala conversando com ele, percebi que Felipe não tinha descido para falar com Afonso. Nesse momento passou tantas coisas pela minha cabeça, será que eu tinha destruído uma amizade de quatro anos?
- Nanda, você está muito bonita! Vamos?
- Obrigada! Mãe e o Felipe?
- Está lá em cima com Bárbara.
- Tchau, mãe!
-Tchau, dona Laura!
- Tchau! Comportem-se e não voltem muito tarde.
Minha mãe quase me matou de vergonha com esse "comportem-se". Afonso colocou a mão em volta de minha cintura e me conduziu até onde estava sua moto, me entregou o capacete e subiu na moto, assim que subi e o abracei, fomos embora. Ao chegar ao restaurante, ele segurou a minha mão, me senti nas nuvens, quando entramos ele avistou duas amigas, me levou até uma mesa e foi cumprimentá-las. Não demorou dois minutos e ele voltou.
- Já escolheu o que vai pedir?
- Já.
Então chamou o garçom e fez o pedido. Senti-me diferente depois que chegamos, não sei se foi o medo, insegurança, será que Felipe estava certo? Será que Afonso só queria curtir?
- Nanda, aconteceu alguma coisa?
- Não! Está tudo bem.
- Você ficou pensativa, o que aconteceu?
- Não sei. Acho que estou me sentindo culpada.
- Culpada pelo que?
- Você e Felipe. A amizade não está como antes.
- Isso é questão de tempo, depois ele se acostuma. Felipe sempre foi ciumento com você, ele sempre dizia para ficarmos longe.
Nesse instante o garçom veio trazer o pedido, nos serviu. Jantamos em silêncio, por um instante percebi que ele olhava para mim, percebi também que as amigas dele vinham em nossa direção.
- Tchau, Afonso!
- Tchau, meninas. Essa é a Fernanda, minha namorada. Nanda, essas dão duas grandes amigas.
Respondi sem nenhuma animação, e acho que ele percebeu, porque ele olhou para mim e deu um leve sorriso. Chamou o garçom e pagou a conta, ainda estava cedo, fomos caminhar pelo calçadão de Copacabana. Às 23h00min ele me deixou em casa.
- Até amanhã, Nanda.
Beijou-me, e ainda com a mão em minha cintura falou:
- Espero que tenha gostado dessa noite e me desculpe por qualquer coisa.
- Eu amei, obrigada e até amanhã.
Foi embora, e quando entrei meu irmão estava na garagem, ele me olhou de um jeito desprezível, abaixei a cabeça e entrei, percebi que ele vinha atrás de mim e quando chegamos à sala eu já ia subir as escadas, ouvi quando ele bateu à porta, ao me virar ele estava encostado à porta com os braços cruzados.
- Satisfeita, Fernanda? Por acabar com a minha amizade com Afonso.
- Deixa de ser hipócrita, Felipe! Você que destruiu sua amizade, eu não sou propriedade sua.
- Você é minha irmã, e você ainda vai quebrar a cara com ele, depois não diga que não te avisei.
Subiu as escadas e foi direto para o seu quarto. Nunca senti tanta raiva do meu irmão como nesse momento. A vontade que eu tinha era de sumir e nunca mais aparecer na frente dele. Subi as escadas devagar e percebi que a porta do quarto da minha mãe estava entreaberta, ela estava deitada, entrei no quarto e me aproximei de sua cama, ela ainda estava acordada, ao me ver sentou- se na cama, e eu sentei ao seu lado, estava chorando, ela me abraçou, estava precisando daquele abraço.
- Nanda, minha filha, o que aconteceu? Por que você está chorando?
- Mãe não aguento mais Felipe, a todo o momento fica me dizendo que eu acabei com a amizade dele com Afonso.
- Calma! Você não tem culpa de nada, Felipe não quer se convencer de que você não é mais uma criança, e de repente ele se vê com a irmã namorando o melhor amigo.
- Mãe, mas eu não me meto nos relacionamentos dele.
- Isso passa! Logo vocês três estarão passeando juntos, logo, logo o Felipe se acostumará.
Adormeci ali, abraçada com a minha mãe, tive sonhos horríveis durante a noite, sonhei que Felipe e Afonso se agrediram por minha causa, e depois Felipe estava com uma arma para matá-lo.
O dia amanheceu. Quando acordei minha mãe não estava mais na cama, fui para o meu quarto tomar um banho. Ao descer para tomar café, minha mãe estava na cozinha.
- Mãe, cadê Felipe?
- Acordou mais cedo e foi à praia, disse que precisava esfriar a cabeça.
- A senhora viaja às 04hoomin da manhã, não é?
Percebi que ela entristeceu um pouco.
- É.
- Já arrumou suas coisas?
- Não! Vou já subir para arrumar.
- Não se preocupe, eu te ajudo.
Terminei de tomar café e subi, fui direto para o quarto da minha mãe, passamos o dia todo lá, conversando e arrumando as coisas.
As horas passaram e não percebemos, quando fomos ver já estava anoitecendo, desci e fui ajudar minha mãe a preparar o jantar, ficamos todos em silêncio, estava tudo tão diferente, as refeições costumavam ser tão alegres. Nem terminei de comer e subi para o meu quarto. Tomei banho e deitei em minha cama, meu celular tocou, atendi era Afonso.
- Oi Nanda! Boa noite!
- Boa noite, Afonso! Pensei que tinha esquecido de mim.
- Jamais faria isso. Dormi quase o dia todo, e agora a noite, sai com o meu pai. E o Felipe?
- Continua o mesmo. Não estamos nos falando, hoje ele passou o dia todo fora.
- Não queria que as coisas fossem desse jeito. Mas não vou me afastar de você por causa dele.
- Espero. Afonso desculpa, mas vou ter que desligar, minha mãe vai viajar às 04h00min da manhã e eu vou levá-la ao aeroporto umas 03h00min, mais ou menos e ainda pela manhã irei para casa do meu pai.
- Tudo bem minha linda, vá descansar, amanhã te ligo, tenha uma boa noite! Beijo!
- Beijo! Boa noite pra você também!
Estava tão cansada, que assim que desliguei fui logo dormir.
Acordei com minha mãe me chamando, já era 02h30min da manhã, levantei, me arrumei e desci. Felipe já estava colocando as malas no carro, ele terminou e todos entramos. Felipe foi dirigindo e minha mãe com ele na frente. Por fim chegamos ao aeroporto, estava se aproximando a parte mais difícil, a hora da despedida. Minha mãe, já chorando, me abraçou.
- Nanda, minha filha, se cuida! Tenha juízo e seja muito feliz! Vou morrer de saudades, mas espero voltar logo, me liga pra contar sobre você e o Afonso.
- Mãe pode deixar! Vou me cuidar e te conto tudo. Assim que chegar liga pra mim. Amo-te muito mãe.
- Também te amo filha! Felipe, vem cá.
- Oi, mãe.
Minha mãe ainda chorando, abraçou meu irmão.
- Se cuida meu filho, tenha juízo, cuida da sua irmã, vê se não brigam mais.
- Está bem mãe, pode deixar. Não se preocupe com isso.
Minha mãe soltou o Felipe, e se dirigiu a sala de embarque. Felipe e eu ficamos ali parados, minha mãe embarcou, meu irmão me abraçou e nos dirigimos ao portão de saída do aeroporto. Entramos no carro e fomos para casa, passamos o caminho todo calados. Chegamos em casa por volta das 05h00min, e para minha surpresa Afonso estava na porta me esperando, desci do carro correndo ao vê-lo, pulei em seus braços e as lágrimas caíram dos meus olhos, meu irmão cumprimentou o Afonso com um "oi" e entrou. Afonso e eu sentamos na calçada, eu estava com a cabeça apoiada em seu ombro.
- O que aconteceu, Nanda?
- Estou triste com tudo isso que está acontecendo, minha mãe viajou, meu irmão malufala comigo, vou ter que ir morar com meu pai, ficar longe de você.
- Não se preocupe com isso, Leblon não é tão longe assim, não é em outro país. Não vou me afastar de você assim tão fácil.
- Que bom ouvir isso de você. Acho que você ainda não tomou café, não é?
- É, saí de casa apressado.
- Então vamos entrar e tomar café.
- Nanda, eu acho melhor não entrar, vá que Felipe não goste.
- Ele não tem que gostar, não se preocupe.
Puxei ele para dentro de casa, meu irmão estava sentado no sofá.
- Já tomou café?
- Não.
- Vou preparar algo para comermos.
- Eu vou comprar o pão. Vamos comigo, Afonso?
- Tudo bem, Felipe.
Naquele momento gelei, fiquei com medo que Felipe pudesse fazer algo. Eles saíram e eu fui direto para a cozinha, coloquei algumas frutas na mesa, junto com queijo e presunto. Fiz um café e um suco de laranja, quando estava quase terminando, eles chegaram, estavam rindo, estranhei, vieram direto para a cozinha.
- E aí Nanda! Aqui está o pão.
- Obrigado! Já está tudo pronto.
Sentamos os três para comer, o café da manhã foi a maior alegria, de repente o telefone tocou.
- Deixa que eu atendo.
Levantei-me e fui atender, era o meu pai.
- Oi, pai!
- Nanda, agora pela manhã vou precisar sair com Heloísa, ela quer fazer umas compras para a casa. Eu estou ligando para pedir que vocês venham umas 15h00min.
- Certo pai, não se preocupe.
-Quem era, Nanda?
- O papai, pedindo que fossemos às 15h00min porque agora ele vai fazer compras com heloisa.
- Que bom! Só assim dá tempo de arrumar minhas coisas.
- Não acredito que você ainda não arrumou!
- Não Nanda, relaxe !
- Tudo bem.
Terminamos de tomar café, Felipe e Afonso sentaram-se na sala. Retirei as coisas da mesa, coloquei nos seus devidos lugares e fui lavar a louça, quando terminei fui até a sala.
- Felipe, suba e vá arrumar suas coisas.
- Nossa Nanda, você está pior que a mamãe.
- É porque você só faz tudo de última hora.
- Está bem Nanda, já estou indo. Vem comigo Afonso?
- Não, ele vai me ajudar a empacotar as coisas aqui embaixo.
- Que coisas?
- Os enfeites, os porta-retratos, e como provavelmente a casa será alugada, vou guardar as coisas da mamãe no sótão.
- Cuidado vocês dois.
- Pode deixar Felipe, não encosto na Nanda.
Começamos a rir, Felipe subiu e Afonso me ajudou a guardar as coisas, acabamos tudo era 12h00min. Fui para a cozinha preparar o almoço, quando Felipe desceu chamou Afonso para ir à garagem olhar a moto dele. Após meia hora, fui chamar os dois para almoçar, Afonso estava sentado em um banco, cheguei por trás e o abracei.
- O almoço já está pronto.
- Nanda, estou indo pegar Bárbara, volto já.
- Não demore, estou com fome.
Quando meu irmão saiu, Afonso me puxou para seu colo e me beijou. Ficamos conversando.
- Nanda, Lipe pediu para que eu fosse com você no carro, e ele ia com a moto.
- E ele vai te trazer de volta?
- Ele quer que eu durma lá, e ele me trás amanhã.
- Tudo bem.
Felipe chegou e fomos direto almoçar, até que foi divertido, os meninos se retiraram e Bárbara, para minha surpresa, me ajudou a lavar a louça. Já eram 14h00min quando subi para tomar banho. Ao descer Afonso e Felipe estavam colocando as coisas na mala do carro, fui ajudá-los, quando terminamos entrei no carro com Afonso, e Felipe foi com a moto, levou primeiro a Bárbara em casa e depois nos acompanhou. Estava conversando com Afonso durante o caminho.
- Nanda, o que vamos falar ao seu pai? Que somos amigos ou namorados?
- Não sei. Você que escolhe, se tiver coragem de enfrentar meu pai.
- Então pode me apresentar como seu namorado.
- Tudo bem.