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"Desavenças sempre vai existir enquanto houver a diferença entre as etnias."
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No centro da Babilônia, a festa estava iniciando. Jovens de toda a comunidade e até mesmo estrangeiros estavam no local. Carros fechavam as extremidades das ruas, caixas de som funcionando no limite do volume, pessoas dançando por toda a parte, isso já eram quase seis da noite.
Algumas pessoas com condições financeiras melhores levaram carne para assar, outra muitas bebidas e o que nunca faltava - as drogas. Pessoas eram encontradas na beira das calçadas e ou jogadas pelos cantos, o caos predominava enquanto muitas elas dançavam sozinhas ou em pares, bebendo e se drogando.
Tomás também contribuiu para a diversão do povo da comunidade, sua presença ao cair da noite tornou a festa ainda mais bombada como muitos diziam que seria. Algumas músicas tocavam enquanto ele observava o povo dançar de dentro de seu carro Vectra.
- Não vai participar menor? - Seu amigo e também o segundo mandante estava no banco de trás do veículo tragando um bom baseado de maconha.
- Não. Estou aguardando.
Julinho sabia muito bem do que ele estava se referindo, pessoas de confiança havia lhe alertado sobre.
- Seria bom porque a chapadinha aqui vai ficar Crowdeada logo. - Julinho também sabia e desejava acabar logo com todo esse bafafá.
- Eu sei disso, mas estamos parados bem na entrada, só peço que você pegue a visão da parada, depois eu cuido do resto.
- Ainda, cara. Então vou lá me camuflar, vai ficar mais fácil de identificar quem são. - Ele diz saindo e batendo a porta, Tomás suspirou.
Mais ao longe da festa, pessoas acabavam de chegar, conversando animadas ao ouvir as músicas que tocavam, Julinho observava algumas figuras estranhas mais a diante delas.
Ficou ali esperando até que não encontrou nada de mais além de um grupo de garotas, as famosas piriguetes que pegam todos. Ele deu mais uma tragada e derrubou a bituca no chão, cumprimentou e cordialmente acompanhou elas até a festa, Tomás negou sabendo que iria ficar sozinho nessa, então abriu a porta e deixou o corpo se guiado para fora, fechou deixando escapar um longo suspiro.
Perto dali, sombras se aproximavam de um campo vazio, as árvores de grande porte faziam a camuflagem perfeita, estavam a espreita, um deles empunhava uma arma, seus olhos eram voltados para a entrada da festa, eles viram seu alvo passar por ali despreocupadamente, em poucos passos eles poderiam dar o bote, arrastando ela para o mais profundo da mata, e então fizeram.
Julinho parecia se divertir com as garotas, elas dançavam ao seu redor segurando suas bebidas, ele também tomava uma boa cerveja quando notou rostos desconhecidos no meio da multidão, sabia de quem poderiam ser aqueles homens, eles aparentavam estarem em busca de algo, seus olhares se cruzam, é nesse exato momento em que a situação passa a ficar crítica.
O homem cumprimenta com um balançar da cabeça e segue seu caminho acompanhado pelos outros, Julinho puxou sua pistola do cós da calça Jeans e permaneceu em alerta, as pessoas ao redor estavam correndo grandes riscos.
O primeiro tiro foi ouvido ecoando por toda parte, Tomás se apressou para passar por entre as pessoas desesperadas e tentar pegar os invasores. O segundo veio seguido pelo terceiro e o quarto, eram trocas de tiros, talvez sejam de Julinho ou até mesmo dos seus capangas que ficaram em pontos estratégicos da festa.
Tentar se localizar entre o tumulto não estava sendo uma tarefa fácil, então ele começou a ver alguns corpos caídos mais a diante, caminhou até lá e se deparou com um dos responsáveis, estava de costas apontando a arma para Julinho, pegando a sua arma puxou o gatilho mirando diretamente na cabeça, o corpo cai de imediato.
- O que você pensa que está fazendo? Quer morrer deixando ser um alvo fácil? - Tomás shacoalhou os ombros do amigo na intenção de o despertar para o perigo que havia acabado de correr.
- Não vi, cara. Foi mal!
- Não foi mal, foi péssimo. Vamos! - Ele andou na frente enquanto Julinho direcionava um olhar duro para ele.
Era visível seu descontentamento, soltou o ar penas narinas e o seguiu. Eles percorreram algumas vielas, casas que já estavam com as luzes apagadas, Tomás estava mais a frente, Julinho pegou um beco e ficou a espreita, a mira estava bem a diante, ergueu o braço e posicionou destravando sua pistola, apertou o gatilho e um corpo caiu.
- Ninguém vai saber. - Sorriu satisfeito.
Se aproximou do corpo e para seu azar, não se passava de apenas um garoto, praguejou por saber que tinha falhado, infelizmente um inoscente morreu no lugar da pessoa que deveria ter sido atingida.
- O que aconteceu? - Tomás apareceu de outra viela, estava visivelmente molhado pelo suor e cansado.
- Fiz merda. - Disse abaixando sobre o corpo. - Não podemos corrigir mais.
- Só poderia ser... - Um estouro se fez presente entre eles, Julinho olhou para o lado encontrando uma figura que desapareceu nas sombras.
Tomás levou a mão no lado esquerdo de seu corpo, o gemido escapou de seus lábios e então os joelhos se encontraram com o chão de terra.
- Não!
- Tomás! - Julinho se aproximou e ajudou o amigo a se levantar, eles voltaram para o local da festa onde já não tinha mais Ninguém, o único barulho presente eram das sirenes, sinal de que policiais se aproximavam.
Eles entraram no carro e voltaram para o sobrado de Tomás no ponto mais alto do morro da Babilônia, agora precisavam ficar escondidos por causa do enfrentamento na festa, ninguém poderia saber o que havia acabado de acontecer.
No dia seguinte, a central da polícia Civil juntamente de alguns detetives criminalísticos estavam isolando a área. O Delegado Hugo também estava presente, sua fama se espalhou por todo o estado de São Paulo e no Rio também não foi diferente.
- A denúncia foi anônima. - Brenda comentou agachando sobre um dos cincos corpos na cena do crime.
- Uma pena! Estava desejando pegar os responsáveis por essa chacina. -Responde olhando o corpo do garoto de dezesseis anos.
Por fora parecia um homem controlado, mas por dentro o ódio predominava sobre os outros sentimentos, a revolta por saber que no meio de bandidos havia uma vítima do acaso.
- Ainda é cedo para isso! Mais tarde vamos para aquele lugar? - Ela parecia estar bem interessada o que não passou despercebido por Hugo.
- Depende. - eles ficaram conversando enquanto analisam os mínimos detalhes do crime.