Capítulo 5 Mudanças requer sacrifícios

"Amor não se pode unir ao ódio, é necessário uma boa convivência e se por no lugar do outro."

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Na vida, o cotidiano dos moradores nunca foi fácil de se lidar, nem tão pouco deles terem pelo menos um terço da fração de paz que deveriam usufruir. Mas as injustiças existem em todos os lugares, como também a pouca esperança de um dia poder melhorar de vida e se mudar para um lugar melhor.

Na época do verão as ruas se tornavam bem mais movimentadas, principalmente nos pontos turísticos e no Morro da Babilônia não é diferente, os turistas vão lá para frequentar os restaurantes, aproveitar a praia do Leme e do Botafogo, andar de bonde entre outras atividades turísticas.

Liz havia acabado de se levantar, arrumou a cama e se vestiu de acordo com o trabalho na lanchonete, deu Graças a Deus por ter conseguido esse bico enquanto a sua mãe estava ajeitando um cômodo da casa para receber as clientes do seu serviço de Manicure, não era uma ótima profissão, mas Mariana Consoello boa um meio de ajudar a filha a pelo menos pagar as contas.

Ela sentia um grande orgulho quando o assunto era seu bebê crescido, uma menina totalmente dedicada aos estudos, mas sua preocupação estava na formação pessoal dela, nunca que viu Liz ser tão fechada assim para tudo que se relacionava a pessoas e lugares cheios.

Quando na época de sua infância, ela sempre preferia os seus brinquedos ao brincar com as outras crianças, sempre dava uma briga e acaba se isolando. Consoello chegou a frequentar muitos psicólogos na época e sempre diziam que era apenas uma fase e que iria passar, infelizmente essa era a sua essência e sua mãe nutre muito orgulho pela moça dedicada ao qual se tornou.

- Mãe, já vou indo está bem? - Ela havia praticamente engolido o pão e tomado um gole de café.

- Mas já filha? Mal tomou o seu café.

- Você sabe que não posso me atrasar mais, aliás se comporte viu dona Consoello! - O beijo no topo da cabeça da mãe e o abraço carinhoso preencheu ambos os corações com muito amor e afeto.

Era sempre assim com as duas, quando precisava de uns puxões de orelhas, elas quase que de imediato estavam lá uma pelas outras, apoiando não importando a situação.

Liz sabia da história sobre os problemas com seu pai biológico, tanto que não se opôs em partir de São Paulo quando pequena, ela sempre foi uma menina inteligente e após a adolescência, descobriu que com sua mãe por perto, não precisaria da presença de seu pai, sua mãe exercia muito bem os dois papéis.

Suspirando forte, saiu de casa. As ruas estavam escuras o que lhe deu um certo desconforto, segurou a alça de sua bolsa e começou a caminhar pela rua mal asfaltada, o barulho de seus pés contra o chão batido era o único som ali, depois de alguns minutos mais pessoas eram vistas saindo de casa por ela, indo trabalhar assim como Liz fazia no momento.

Mal havia chegado na lanchonete e a movimentação de turistas e Cariocas se fez presente ali, ela fazia o possível para conseguir atender todos os pedidos, o que dificultava mais era a comunicação com os estrangeiros, mas no final das contas, estava tudo dando certo ao ponto do próprio dono lhe parabenizar pelo ótimo trabalho.

No final do expediente, Liz voltava para casa com algumas gorjetas nos bolsos, feliz e radiante passou por uma padaria e levou para casa uma torta de morango para comemorar depois do Jantar.

O dia transcorreu tranquilo para ela, infelizmente não poderia dizer o mesmo para Tomás. Ele ficou febril a manhã inteira após ter seguido Julinho para fora do apartamento, não era necessário ter feito isso, até porque o confronto durou apenas quinze minutos antes da polícia civil chegar e levar uma parte de seus homens juntamente dos causadores do conflito.

Ele estava contente por saber disso, por ter alguns informantes dentro da Penitenciária Doutor Serrano Neves no complexo de Bangu, seria mais fácil de desvendar quem estaria por trás dos ataques constantes ao seu território então já havia tomado todas as decisões necessárias para se conseguir isso.

- Nossa cara! Tu tá ardendo, andou tomando os remédios que comprei? - Tomás estava deitado na cama quando Julinho apareceu.

- Tomei, acabei de tomar.

- Sabia que tem horários para isso né? Não pode tomar de qualquer jeito.

- Tá certo, eu sei. - Ele se levantou com muito custo para ir ao banheiro.

Então fechou a porta e foi tomar um banho para ver se melhorava um pouco, retirou as roupas revenda do um corpo marcado por violência, marcas que levaram ao merecimento de seu posto na comunidade, ele entrou em baixo da água fria sem se importar com as dores que sentia por toda a extensão da pele morena, Tomás tremia em resposta ao choque térmico, mas era necessário já que não poderia ir para algum hospital sem correr o risco de ser preso, após o banho, tentou comer algo e tornou a deitar, Julinho estava sendo de grande ajuda e ele considerava dar ao amigo alguma recompensa por estar do seu lado nesse momento difícil.

Tomás sempre prezou pela paz da comunidade, seus feitos tinham um propósito de acordo com o que acreditava, mesmo entrando em contradição por conta dos confrontos, mas ele mesmo preferia manter a ordem de tudo e de todos.

Nesse mesmo exato momento, Mariana Consoello Sanches não conseguia entender como as coisas estavam indo de vagar, ela havia andando pelas ruas no dia anterior, comentado com vizinhos sobre os seus serviços e até mesmo sua amiga que não lhe devia nada, estava fazendo esse mesmo trabalho para lhe ajudar a ter clientes.

O dia passou lentamente e para ela não compensava mais ficar ali sentada com a sua maleta de esmaltes lhe encarando, precisava criar laços com o povo, mesmo que esses fossem de puro escândalos, ela precisava criar alguma expectativa que lhe retornasse com clientes fiéis. Então decidiu novamente andar pelas ruas e buscar fazer amizades, assim poderia fazer seus serviços e não deixaria tudo sobre as costas de sua filha.

                         

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