Na companhia de Bárbara, Ana seguiu para dentro da mansão. Um lugar gigantesco julgou ela. Foi guiada até o andar de cima, um corredor gigantesco à sua frente. E em um dos quartos, quase no final do corredor. Bárbara abriu a porta, indicando para que a garota entrasse.
As duas ultrapassaram a porta, e Bárbara a fechou. Dentro do quarto, Bárbara observava aquela menina na sua frente. Ela ainda aparentava estar assustada. A viu se sentar na grande cama de casal, e abraçar as próprias pernas.
Bárbara, comovida com a cena, à sua frente, não se conteve e se aproximou, vendo Ana se derramar em lágrimas.
- Não fique com medo. Eu não vou fazer nada com você. Quer me dizer porque está aqui?... Por que o senhor Gabriel te trouxe para cá?
- Eu não sei! - Respondeu Ana com lágrimas nos olhos- A única coisa que eu sei. É que dois homens me levaram para um lugar. E me deixaram amarrada lá por um bom tempo. Depois me trouxeram para cá... Mas não sei o que está acontecendo. Os meus pais devem estar preocupados comigo. - Complementou Ana.
Bárbara se aproximou da garota, mesmo com medo dela recusar. A abraçou e ficou surpresa por Ana não se afastar e deixar ser abraçada por ela. A porta do quarto se abriu. Gabriel entrou no quarto com seu olhar superior de sempre.
- Sou um homem que gosto de ir direto ao assunto. Então só vou falar uma vez, para que entenda. A partir de hoje, você pertence a mim. Se casará com o meu filho. E antes que venha dizer qualquer coisa. Saiba que não tem escolha.
Assim como entrou, Gabriel saiu do quarto batendo a porta com tamanha força. Ana olhou para a senhora que ainda estava abraçada a si. E o choro em desespero tomou conta.
Gabriel voltou para o andar abaixo. Sentou na poltrona e ficou ali aguardando o seu filho, que não tardou a aparecer.
- Papai? Tá tudo bem? - Theo, preocupado, encarou o pai que o olhava mais sério que o normal-
- Venha ao meu escritório. Precisamos conversar.
Gabriel se pôs de pé mesmo com dificuldade. E seguiu para o escritório vendo Theo o acompanhar. Já dentro do escritório, o mais velho seguiu até a sua poltrona atrás de uma grande mesa, perto de uma grande janela. Se sentou, e Théo sentou na poltrona a frente da mesa.
- O que está acontecendo, papai?
- Quero que se prepare. Vai se casar nesse sábado!
- Como é? - Perguntou Theo confuso, e, ao mesmo tempo, nervoso-
- O que acabei de dizer! Você vai se casar nesse sábado. - Gabriel respondeu ao filho na maior calmaria-
- Endoidou de vez Gabriel?
- Olha como você fala comigo, seu moleque. Sou seu pai!
- Meu pai? Tem certeza disso?... Olha o absurdo que acabou de me dizer. Escuta aqui. Papai. - Sua voz soou ríspido e enojado- Eu não vou me casar com ninguém sem amor!
Théo não deu tempo do seu pai dizer uma palavra sequer. Saiu do escritório do pai batendo a porta com tamanha força, demonstrando o quão nervoso ele ficou com essa situação. Gabriel apenas olhou na direção que o filho tomou, pegou o telefone à frente. Discou um número que desejava falar. Número esse que não tardou a atender.
Theo entrou no seu quarto batendo na porta com tamanho a força. Era só o que faltava. O seu pai querer que ele se casasse com uma desconhecida. Gabriel com toda a certeza não estava bem da cabeça. Era a única explicação que encontrou para descrever o comportamento do pai naquele momento.
Theo se jogou na cama frustrado, jogando os braços cobrindo o seu rosto. E nesse momento a imagem em perfeição de Ana Mayra, invadiu os seus pensamentos.
Ela era uma mulher meiga que mais parecia uma adolescente, por conta do seu jeito delicada de ser. E isso era uma das coisas que gostava nela. Theo ficou ali pensando em Ana Mayra. E quanto mais pensava nela. Mais irritado ficava com o seu pai, querer fazer com que ele se casasse com uma desconhecida.
A porta do seu quarto foi aberta com muita brutalidade, o assustando. Theo se levantou apressado, se sentou na cama. E viu o seu pai entrar no seu quarto, com a bengala na mão direita. Na face do mais velho, era possível constatar um semblante irreconhecível. Gabriel entrou e se sentou numa poltrona à frente do filho.
- Se veio aqui me fazer mudar de ideia. Saiba que perdeu o seu tempo... Eu não vou me casar por capricho seu. - Relatou Theo, encarando o pai com um semblante sério-
- Tudo bem! - Respondeu Gabriel apenas. E Theo o olhou desconfiado-
- Tudo bem? É só isso que tem a dizer?
- O que mais você quer que eu diga. Arrumei uma moça para que você se casasse. Mas você não quis... Eu respeito a sua decisão.
O semblante de Gabriel estava sereno e calmo. Já Theo não estava muito a acreditar nas palavras do seu pai. Pois, conhecendo bem Gabriel, como só ele conhecia. Imaginou que o pai iria fazer um escarcéu daqueles, para fazer com que ele se casasse com a tal moça.
- Tá legal, Gabriel. O que tá acontecendo? Mudou de ideia muito rápido. Por quê?
Theo encarou Gabriel tentando entender o que o pai escondia. Já Gabriel olhou sereno para o filho.
- Estou morrendo, Theo! Quero pelo menos fazer as vontades do meu único filho, antes de morrer... Se você não quer se casar com essa mulher... Tudo bem! - Respondeu Gabriel já se levantando-
- Aonde você vai?
- Não tenho mais o que fazer aqui. Tenho que resolver algumas coisas. Te aguardo para o jantar! - Bem próximo da porta, sem olhar para o filho. Gabriel disse tais palavras-
- Pai, espera! O que vai acontecer com essa moça?
- E isso lá importa pra você? - Disse num tom arrogante, sem olhar para Théo-
- Só responde! O que vai acontecer com a moça? - Insistiu Theo-
- Não tem o que fazer. Você não quer se casar com ela... Então vou interná-la numa clínica para doentes mentais! - Afirmou Gabriel, e Theo o encarou assustado-
- Ficou louco, Gabriel? O porquê disso? Por que não simplesmente a deixe voltar para a família dela? - Théo se mostrou preocupado. E Gabriel sentiu que o que queria, começou a surtir efeito.
- Ela me pertence a gora. Posso fazer com ela o que eu bem entender! - Respondeu friamente-
- "Ao seu bem entender". É internar a garota em uma clínica qualquer?
- Mude de ideia e se case com ela. E eu mudo de ideia também!
- O que quer dizer com isso?
- Se você se casar com ela. Eu não a interno!
A voz de Gabriel soou calma. Já Theo olhou desacreditado para o pai. Sabia da coragem e do poder que Gabriel tem de fazer tais coisas. Theo ficou em silêncio, encarando um ponto qualquer do quarto, processando o que o seu pai lhe disse.
- Vou tomar seu silêncio como um não! - Falou Gabriel abrindo a porta do quarto-
- Espera!
Theo se levantou e olhou para o seu pai. Gabriel parou, e ficou ali com a mão na maçaneta da porta. E olhou para o filho atrás de si. Theo tentava de todas as maneiras dizer algo. Mas não conseguia produzir um único som, se quer, na sua boca.
- Vamos fazer o seguinte. Você tem até a hora do jantar para se decidir. Se não aparecer... Vou entender que não aceitou se casar com a moça.
Gabriel saiu do quarto e fechou a porta atrás de si. Theo ficou ali parado por um tempo, tentando processar tudo que estava acontecendo. Voltou para cama, o seu celular que estava na mesa cabeceira ao lado da sua cama. Soou numa mensagem enviada pelo seu amigo Marlon.
Theo pegou o aparelho celular, conferindo a mensagem do amigo. Era uma foto com toda a galera. E na sua frente naquela foto. Estava Ana Mayra. Com a sua carinha de inocente que o fascinava.
A mensagem foi enviada com a foto por Marlon. Que dizia apenas.
"ENCONTREI ESSA FOTO NO CELULAR DA ALEXA. FOI DO DIA QUE TODA A GALERA SE DIVERTIU DEPOIS DA FACUL. TEM UMA ESPECÍFICA, DE UMA PESSOA QUE ESTÁ SOZINHA. ACHO QUE VOCÊ NÃO VAI QUERER."
Marlon tinha a mania de o irritar. Após, mandar a mensagem e diversos emojis de carinhas com língua para fora. Marlon enviou outra mensagem. Para só depois de uns quarenta segundos lhe enviar a foto.
"NÃO PRECISA FICAR BRAVO. EU TE ENVIO A FOTO."
A foto foi enviada. E assim que abriu a foto. A imagem cobriu toda a tela do seu aparelho celular. Na imagem. Ana sentada no que parece uma varanda. Atrás dela, o lindo por do sol. Que só fez com que aquela imagem ficasse ainda mais perfeita.
Aquele final de sol iluminou ainda mais o semblante de Ana. Ela estava com um sorriso meio escondido, os cabelos dela soltos. E pouca maquiagem no rosto. Uma imagem mais que perfeita, de Ana Mayra. Com aquela imagem em mãos. Theo, pois se a pensar na baixinha que amava há tempos em silêncio.
Era com ela que queria se casar. E não com uma desconhecida. Mas tinha total consciência de que Ana não o amava. Com o pensamento de sofrer por um amor não correspondido. Theo se jogou na cama. Trazendo em mãos, o celular com a imagem de Ana na tela.