Capítulo 3 3

Depois de algum tempo e de muita inspiração em cantoras poderosas, como a Beyoncé e a Nicki Minaj, eu consegui construir a imagem da mulher forte que eu queria ser e consequentemente é o que sou hoje. Mas, hoje, ficar aqui com Peter me fez sentir uma menina boba da escola, beijando o primeiro namorado. O que não somos. Aliás, não sei como nos descrever. Ainda somos amigos, correto? Talvez, apenas, com algo a mais. Certo. Sei que existem amigos com benefícios e que dão certo. Mas, e se não der? E se eu ficar com ciúmes? Agora estamos bem. Acho que só tenho que focar nisso, por enquanto.

Olhando agora para aquelas costas largas fazendo omelete, penso que mesmo que nós nos afastemos com o tempo, devido a essa nova abordagem sexual, eu não vou me arrepender de ajudá-lo quando ele precisou. Ele cuidou de mim, me empregou, enxugou minhas lágrimas sem perguntar o motivo, ele simplesmente esteve lá pra mim.

- O que tanto você pensa assim calada?

- A verdade é que eu não quero que as coisas mudem entre nós.

- Por que?

- Tenho medo, Peter. E se em algum momento um de nós se apaixonar por outra pessoa? A gente vai terminar a amizade entre nós? Só não sei se estou pronta pra te perder como amigo -. Digo abaixando a testa na ilha da cozinha.

- Ellie, nós não precisamos nos preocupar com isso agora, ok? - Diz ele no meu ouvido, me abraçando por trás. - Olhe pra mim. Eu acabei de terminar um relacionamento e não estou nem cogitando a ideia de namorar novamente. Você sabe o quanto estou machucado. Não quero me deixar estar nessa situação novamente.

- Eu sei, Pet. Vou tentar só focar no momento. Agora eu estou com fome e sua omelete está queimando -. Aponto para nossa frente.

- Merda! Achei que tinha apagado o fogo.

Depois que ele desliga o fogo e eu rio de sua cara decepcionada, pedimos o jantar para quatro porque assim teriam sobras. Assistimos um filme de comédia e fomos dormir.

Não, não dormimos juntos. Eu gosto do meu espaço e de uma cama de casal apenas para mim.

Na manhã seguinte entramos no café juntos, já depois de aberto, às sete da manhã. Segui para anotar os pedidos e Peter para seu escritório por em dia as coisas. Já que ele ficou dois dias fora.

Durante meu intervalo às 10:20, sentada numa cadeira vazia no canto do café, leio um livro picante bebendo meu segundo cappuccino do dia. E sim, a capa do livro estava à mostra para todos os curiosos e intrometidos verem, um homem delicioso sem camisa e calça jeans. Seus músculos, possuiam músculos. Muito lambíveis, por sinal.

- Interrompo?

- Sim -. Afirmo a Jeff sem olhar pra cima, já sei que ele quer fofoca. Esse homem é impossível.

- Gata, você nem me disse nada sobre o que aconteceu com nosso chefinho! - reclama fazendo bico. Revirando os olhos tomo outro gole do meu café. Sério, demorou muito para ele vir. Achei que me atacaria assim que entrasse pela porta do café.

- Por que você não pergunta pra ele?

- Mulher, ele socaria esse lindo rostinho. Não posso fazer isso. Homens morreriam de tristeza em ver meu lindo rosto machucado.

- Jeff, estou no meu intervalo. Cai fora.

- Conte-me só um pouco e eu vou.Prometo. Ou eu posso ficar e descrever tudo que eu fiz com o bofe delicioso que conheci na padaria lá perto de casa -. Ameaça.

- Olívia estava traindo Peter com o irmão dele e está grávida. Só direi isso.

- O quê? Ta doida? Desembucha! E o que o chefinho fez? Bateu nele? Enterrou no quintal dos pais? Fala criatura.

- Não e não. O resumo é: Pet terminou com Olívia e ela estava aqui na cidade tentando voltar com ele.

- Vadia.

- Sim. E eu fingi que era namorada do Peter que estava transando com ele. Ela ficou P*** da vida quando me viu apenas com a camisa dele na casa dele -. Falo rindo.

- E o que ele fez?

- Seguiu com plano, ué! Desabotoou a calça e me deu a camisa que estava vestido. Parece que ela acreditou que ele estava dormindo comigo bem antes disso, do jeito que ela me acusou. Engraçado como quem trai sempre acha que o outro faz o mesmo. Enfim, depois de chorar lágrimas de crocodilo, ela falou que queria ele e que se o "feto" fosse um problema, ela se livraria dele.

Olho para o escritório e a porta continua fechada. Acho que daqui a pouco devo lhe levar um lanche. Ele ainda não saiu de lá.

- Estou preocupada com ele, sabe Jeff? Ele a amava de um jeito que eu só podia achar lindo. Ele fazia tudo por ela e ela o apunhala pelas costas. Não sei se ele vai se recuperar disso -.

Digo balançando a cabeça pra ele.

- Ele vai, florzinha. Você é a melhor amiga dele, ele vai superar. Só é preciso paciência e tempo. Você o conhece melhor do que todos nós, tenho certeza que você consegue, mas se ele precisar de mais ajuda, estamod aqui -. Afirma, dando tapinhas na minha mão.

Tem horas que não sei o que dizer quando Jeff fica todo sério. É anormal. Prefiro ele sorrindo.

- Obrigada pelo apoio Jeff. Acho que vou levar um sanduíche e um café pra o chefe.

Depois de tomar o último gole do cappuccino, levanto e sigo pra cozinha. Daqui a pouco terá um pouco mais de movimento no café. Nem todo mundo almoça, preferem um lanche ou algo leve para comer ao meio dia. Nós servimos sanduíches, mini tortas salgadas, brioches, alguns pães recheados e outras coisas leves, juntamente com café, chá e suco. Colocamos suco no cardápio faz pouco tempo, afinal, aqui é um café. Mas muita gente tinha pedido e Peter aceitou colocar. Tem saído bastante na hora do almoço, geralmente uva e laranja.

Depois de pegar um sanduíche de frango com queijo e um suco de laranja, levo para o escritório. Bato na porta esperando ele dizer que posso entrar e entro.

Sua mesa cheia de pastas e papéis, me enchem de contentamento. Já que ele está realmente trabalhando, em vez de pensar em Olívia. Só de pensar nela meu sangue borbulha de raiva. Vadia.

- Isso é pra mim?

- Sim. Você não saiu a manhã toda, achei que precisava de uma pausa. Como está tudo aí? - Aponto para os papéis.

- Nada complicado. Fiz alguns pedidos que Carlos me passou. Ele disse que a cozinha precisa de dois novos fornecedores, de farinha de trigo e fermento, e de frutas. As últimas entregas deles vieram com produtos faltando e não informaram, apenas colocaram outras mercadorias.

- E o que Carlos disse? Xingou em quantos idiomas? - pergunto rindo. Carlos é uma figura. Filho de pais argentino e brasileiro, ele ama xingar, tanto que aprendeu xingamentos em diversas línguas. Acho que português não lhe foi suficiente. E olha que somos bem criativos quanto à xingamentos.

- Me perdi dessa vez depois do mandarim.

Rindo, me despeço e saio fechando a porta. Carlos é maravilhoso e xinga mais que minha avó paterna, e isso quer dizer muito. Ela nunca dizia uma frase sem xingar. Sorrio. Foram ótimos verões que tive com ela. Mas Carlos se reserva a xingar apenas quando está irritado. Este homem de trinta e poucos anos é um verdadeiro cavalheiro geralmente.

Sirvo algumas mesas e fico no lugar de Mila enquanto ela tira sua pausa.

Um homem bonito na faixa dos quarenta entra no café e pede um café preto para viagem. Logo depois despacho mais alguns cafés sem graça. Odeio quando os engravatados chegam e só pedem café preto. Pelo amor de Deus! Inovem! Isso é uma maldita cafeteria!

Na hora do almoço, há uma galera que entra de uma vez, e todos sentam numa mesa. Quando vêem que não vai caber, juntam mais duas mesas e chamam Mila. Ela recebe os pedidos e volta com uma carranca.

- O que houve?

- Garotos idiotas! Odeio esses hipsters. Eles se acham os deuses com suas barbas bem feitas, óculos e suspensórios. São apenas idiotas bem vestidos! - resmunga enquanto faz os pedidos. Eu olho de volta pra mesa com a testa franzida. Tem muitos garotos bonitos, isso é certo. Todos parecem ter menos de vinte e cinco. Um em especial, não deixa de encarar Mila do outro lado do balcão. Sorrio. Acho que apenas um é um idiota. Ela deve ter ficado atraída por ele. Mila sempre reclama dos caras bonitos que dão em cima dela. Ela gosta de ir atrás só para brincar, mas nunca namorou ninguém de verdade. Me pergunto o motivo.

Quando chega a hora de fechar, me despeço de todos e saio primeiro. Preciso ir para casa lavar roupas, estou ficando sem. Ando até meu prédio e chego em poucos minutos. Tomo banho, coloco minhas roupas na máquina de lavar e peço comida japonesa para o jantar. Não estava com vontade de comer nada do café mais cedo.

Escolhendo um episódio aleatório de House, já assisti todas as temporadas disponíveis, deito no sofá para esperar meu jantar.

No meio do episódio, pauso e pego o celular tocando em cima da mesinha.

Há algumas mensagens do pessoal no grupo do Whatsapp do café.

Mila: Gente, o que houve com o chefe!?

Jeff: Ta machucado. Foi traído pela noiva com o irmão dele! ?

Mila: Aquele deus grego foi traído? Quem era a doida?

Jeff: Vadiolívia.

Mila: Será que o chefe precisa de alguém pra lamber seus músculos, agora não tem uma noiva???

Eu: Pessoas, vocês sabiam que o chefe está nesse grupo também, certo? ?

Peter: Boa pergunta.

Mila: ??

Jeff: Oi chefe ?

Peter: Para os fofoqueiros que eu emprego saberem, eu estou bem, obrigado! E parem de usar o grupo de trabalho para falar besteiras!

Eu: ? sim senhor, senhor!

Mila: sim deus grego, quer dizer chefe!?

Eu: ?

Jeff: ta bom, chefinho? Precisa de uma massagem??

Eu: oh meu Deus Jeff ????

Jeff: apenas ofereci meus serviços??

Peter: JEFF

Jeff: tudo bem, parei. ? boa noite deus grego??????

Rindo eu coloco o celular no carregador. Jeff não tem jeito. Cara a cara ele não falaria nada daquilo, apesar de Peter já estar acostumado. Mas Peter é todo certinho com relação ao trabalho, então, nada de brincadeiras no grupo do trabalho. Ainda rindo volto a assistir.

Perto do final do episódio meu jantar chega, mas o entregador é outro. Levanto uma sobrancelha pra ele.

- Fazendo bico de entregador agora, Pet?

Saio da frente da porta pra que ele passe, junto com meu tão aguardado jantar. Estou salivando aqueles sushis de salmão e os meus adorados hot rolls. Amo isso!

Pego os pratos no armário e os hachis reutilizáveis na gaveta. Coloco todos os hot rolls no meu prato e o resto eu divido. Com isso, Peter levanta uma sobrancelha para mim.

- O quê? Eu planejava comer tudo sozinha. Sua sorte é que sou uma alma caridosa e vou dividir.

- E os outros?

- Pegue um e morra! - falo atravessando a sala com meu prato na mão. - Estou assistindo House, quer assistir?

- Tanto faz. Já assisti.

- Eu também, mas amo esse homem mal-humorado. Ele é praticamente um anti-herói -. Falo enquanto como. Sei, sei. Falta de educação e tal, mas estou morrendo de fome.

Acabamos no colo um do outro. Minha cabeça em seu peito e sua perna em cima das minhas.

Chegando no final de House, deitamos e colocamos outro filme.

Embora eu saiba que não é nada demais, fico pensando se nós vamos transar. Mas, então, Peter começa a massagear meu quadril e isso me relaxa. Fecho os olhos e relaxo. O barulho do filme em segundo plano me embala pra dormir.

Acordo deitada na cama, com um braço em cima de mim. Levanto devagar pra não o despertar e vou ao banheiro. Faço minhas necessidades, tomo banho e escovo os dentes para ir na cozinha preparar o café.

Como hoje é meu dia de folga, decido deixar o café de Pet coberto na mesa. Pegando minha bolsa com minhas chaves, celular e carteira, pego um Uber até o shopping assistir um filme e comer no Burguer King.

Horas se passam, enquanto passeio no shopping. Compro roupas, alguns acessórios, um salto vermelho meia pata, e umas duas lingeries, uma branca rendada e outra preta bordada com fios dourados.

Cansada das compras, sento na praça de alimentação com um milk-shake de ovomaltine. Sou apaixonada nesse negócio. Olhando a minha volta, percebo as famílias juntas, algumas rindo com crianças, outras só casais conversando com meios sorrisos em seus rostos.

Observo as pessoas limpando, e penso no meu passado. Em tudo que já me aconteceu de ruim e de bom. Eu sei que tenho traumas e que tenho que superá-los, mas às vezes é tão difícil para mim enfrentá-los de frente.

Enquanto estou dentro da minha cabeça, a praça de alimentação enche. Na mesa ao meu lado agora, tem um grupo de adolescentes. Algumas meninas e vários meninos. Escuto a conversa deles para saber se estou perdendo algo de verdade, como diz Peter.

- Você quer sorvete, gatinha? - o garoto de cabelo comprido pergunta para a menina ao seu lado. Ele abraça ela com o braço esquerdo.

- Quero de morango e baunilha! - responde ela toda alegre mas tímida.

- Samuel não gosta de nada baunilha. - Fala a garota do lado direito desse Samuel rindo e enrolando o dedo no cabelo. Eu balanço a cabeça. Sério isso?

- Mas eu gosto de baunilha, sim. É bom variar o cardápio. - Responde o tal do Samuel. Seu braço direito agora ao redor dos ombros da outra garota também. - Não dá para comer todo dia o mesmo sabor porque enjoa rápido. - Acrescenta.

Os meninos ao redor riem e a menina tímida sorri, mas um sorriso de quem não entendeu a piada e só está seguindo a multidão.

Infelizmente, eu entendi.

Os caras continuam conversando e eu pego meu celular para filmar discretamente.

Filmo enquanto o Samuel, mesmo com o braço ao redor da garota tímida, coloca a mão dentro da calça da outra devagar. Fingindo que não está fazendo nada. A garota abre mais as pernas para lhe dar espaço. Samuel parece lhe entregar algum dinheiro e ela vai comprar sorvete. Quando ela chega do outro lado, vira para a mesa e acena, seu namorado acena de volta mas não tira a mão da saia da outra menina. Samuel então faz um gesto com a mão e alguns colegas seus vão para frente dele, fazendo uma barreira para impedir que a garota do sorvete veja ele beijando a menina. Um cara continua olhando com raiva para os dois. Parecem ser da mesma escola. Ele olha para a menina dos sorvete, que está agora tentando ver o namorado, virando a cabeça em todos os lados, sem conseguir ver através da barreira de garotos. Seu rosto está vermelho, mas ele abaixa a cabeça. Ele é um cara grande e bonito, tem algumas tatuagens que o fazem parecer um bad boy em comparação com o garoto Samuel, corpo fino, cabelo comprido e aparência de bebê.

Paro a filmagem quando percebo que já é suficiente e me levanto. Ando em direção a menina, passando pelos garotos. Olho pra o bad boy e pisco pra ele acenando meu celular. E ele arregala os olhos de leve. Sorrio. Sim, não vou deixar que aquele idiota a enrole mais.

- Oi, você pode me ajudar numa coisa no celular? - Pergunto parando em frente a menina tomando sorvete vindo em direção aos seus amigos. - Eu não consigo acessar meu e-mail. Você sabe como mexer nisso? - Acrescento um pouco mais alto, caso algum dos garotos esteja escutando a conversa e suspeite de algo. Ela acena que sim. E eu entrego meu celular aberto na filmagem e aperto o play.

Ela olha para o vídeo sem entender no começo. Mas vejo que seu semblante muda no decorrer do filme. Ela fica chocada, triste, abalada, e finalmente com raiva. E me olha com lágrimas nos olhos.

- Isso já me aconteceu e eu não tive ninguém que me abrisse os olhos e eu gostaria disso. Chore e siga em frente. Ele não merece uma menina doce como você.

- O-obrigada! - Ela acena e me entrega o celular.

- Não fique triste por muito tempo. Parece que no seu grupo de amigos tem alguém que gosta de você o suficiente pra ficar com raiva por você também. Pense nisso! - Digo.

Ela dá um sorriso de leve e vai para a mesa dos amigos. As meninas estão rindo com a mão na boca enquanto ela anda até lá. Os meninos já sentaram, só o garoto tatuado ficou em pé com os braços cruzados, olhando o rosto dela até ela chegar.

Ela pára bem na frente do namorado e enfia o sorvete em todo seu rosto e cabelo. Os meninos gritam rindo e as meninas a olham horrorizadas.

A menina vai até o tatuado e ele descruza os braços. Sorrindo pra o namorado ela puxa o menino tatuado pela camisa e lhe dá um beijo firme, mas sem língua. O garoto não perde tempo e a agarra pela cintura e lhe dá um beijo de língua. Nossa! Eu não esperava por isso, penso rindo. Os meninos ao redor batem os pés e as mãos na mesa, fazendo barulho. Quando os dois se largam, o menino lhe dá outro beijinho e um sorriso lindo. Ela vira para o namorado e diz que acabou. O tatuado vai embora com ela logo depois e eu vou pegar meu Uber pra voltar para casa com um sorriso no rosto.

Eu não esperava o fogo nela, mas acho que o menino tatuado sim. Eles são fofos juntos. Se eu tivesse alguém para me ajudar a enxergar que um homem, sendo adolescente ou mais velho, que trai uma vez, trai sempre, eu não teria me machucado por tantos anos. Fisicamente nem psicologicamente.

Talvez, agora, eu consiga encontrar um namorado com a ajuda dos meus amigos. Ainda não me sinto pronta para procurar eu mesma. Mas, tenho certeza que Jeff, Mila e Peter podem ser de ajuda nisso.

Com isso em mente, chego no meu prédio. Entro com o celular na mão mandando mensagens para todos perguntando se querem sair à noite.

Jeff e Mila são os primeiros a responder que estarão esperando em um bar no centro às nove da noite.

Entro no meu apartamento e já vou tirando a roupa e jogando as sacolas na ilha da cozinha. Coloco o celular em cima do balcão da cozinha e ligo uma playlist de Megan Thee Stallion, Beyoncé, Cardi B, Nicki Minaj e Rihanna. Coloco a água do macarrão no fogo. Vou cantando e rebolando na cozinha enquanto faço molho à bolonhesa. Amo a maior parte das músicas dessas mulheres. São empoderantes, sexys, me fazem sentir poderosa e feminina. Mexo a bunda de calcinha, fazendo da geladeira meu poledance, rebolo e danço como se a geladeira fosse um homem. A cenoura que vou ralar para uma salada é meu microfone enquanto canto e rebolo. Quando termino duas músicas, viro para sala para agradecer ao meu público inexistente. Porém, não estou só. Eu estou apenas de calcinha e sutiã, andando pela cozinha, dançando, e não estou só.

            
            

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