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Acordo com Adam dando tapinhas em meu rosto. Ah tah! Dormi.
- Você está bem?
- Estou. Eu só...
- Você só deveria descansar, comer e beber bastante líquido. – Eduardo entra falando, olha pra Peter e senta do meu lado. -Você ainda não está recuperada Ellie. Não pode cansar sua cabeça se seu corpo está esgotado! – Sinto preocupação em sua voz? Deixa pra lá. Realmente, to com sono.
- Hey, não pode dormir antes de comer e beber! O que eu acabei de dizer?! – Eduardo reclama com uma carranca. Ele é chato!
- Tá senhor guardas costas! Agora mande meu empregado trazer o almoço. E espero que tenha sobremesa! Só chocolate pra aguentar tanta testosterona junta! – olho pra Peter. - A sobremesa é uma direta pra você mesmo Peter.
Todo mundo sai rindo. Qual a graça? Idiotas!
Acho que cochilei. Sinto uma mão pequena na minha. Kelly.
- Acho que tem uma princesa no meu quarto! – falo de olhos fechados.
- Como você sabia? – riu.
- Oras, toda princesa tem um perfume único e muito cheiroso. E você tem um também!
- É mesmo? Olha papai sou a princesa com perfume único! – abro os olhos engolindo um sorriso. Kelly é uma gracinha!
- Kelly, vá ficar um pouco com Jeff. Sim? Preciso falar com Ellie em particular.
Ela sai, Eduardo fecha a porta. Vejo que ele está segurando uma bandeja e vindo sentar perto de mim.
- Trouxe uma sopa, torrada, suco de laranja, maçã e banana picados cobertos com chocolate –. abro a boca e o olho. Ele vai fazer o que? Me dar na boca?
- Vai me dá na boca também? Não acha que já está exagerando?
- Estou aqui pra falar com você e verificar que você comerá tudo. Mas posso dar na tua boca. Quer?
- Não papai, obrigada! – começo a tomar a sopa com a torrada. - Fala que eu te escuto!
- Certo. Eu vim pra cidade procurar uma pessoa, a mãe de Kelly. Eu disse que ela morreu, mas é uma meia verdade –. Aham. Oi? Como alguém morre pela metade? - Não faça essa cara. Dá vontade de rir e o assunto é sério. A mãe dela forjou a própria morte e mudou de nome. Descobri há poucos meses que ela está aqui, por isso a mudança. Primeiro, quero pedir desculpas a você pelo que te disse. E segundo, pedir pra a partir dessa semana você olhar a Kelly pra mim durante a noite. Posso pagar...
- Legal você querer compartilhar segredos comigo. Mas prefiro que não o faça. Não quero mentir pra Kelly. E posso ficar com ela a partir de qualquer horário essa semana. Na próxima posso a partir das 19:00...
- Eu posso pagar...
- Você me ouviu falando de ser babá de Kelly? Não. Eu fico com ela sem problemas, ela é um amor! Se eu precisar de um detetive ou guarda costas sei quem me deve um favor! – pisco pra ele. - Falando sério. Não precisa me pagar, mas você vai ter que escrever uma lista do que ela gosta, do que não gosta, alergias, fobia... Essas coisas. Pode ser? Agora, Eduardo, obrigada! Pode ir também... Jeff ta com saudade do armário dele! – rio.
- Vou ficar de olho em você Ellie. Boa noite!
- Pede pra Peter trancar a porta se ele sair antes de eu me levantar.
Me viro pro lado direito, lado da janela, e acabo indo direto para Morpheus.Acordo com um braço quente em cima de mim. Viro-me e encontro Peter dormindo. Algumas coisas não mudam. Me sinto mais solta esses dias. Mais livre. E tudo por causa do apoio dele.
Assusto-me com um barulho na parte da entrada. Pego o celular e vejo que são 4 da manhã. Barulho novamente. Merda! Pego o meu jarro, de colocar flores, de cima da mesinha e vou até a porta. Está tudo escuro! Não posso ligar luz, não posso acender o celular. Pense Ellie! Pense! Volto pra perto da mesinha e pego um livro pequeno. Vou até a porta e Miro em direção da cozinha. Jogo. Pego o guarda chuva ao lado do guarda roupas e o jarro. Saio sem fazer barulho. A cozinha está em silêncio, mas tem um homem perto da bancada abaixado, acho que meu livro caiu lá. Assisti muitos filmes de ação pra saber que ou o bandido vai roubar e me estrupar ou ele veio conhecer a vizinhança. Mais provável a primeira opção. Levanto o braço direito com o jarro e rumo na cabeça dele, quando este fica ereto. Ele cambaleia e se apóia na pia. Corro até ele e coloco a ponta fina de ferro do guarda chuva na sua cabeça.
- Não se mexa ou atiro! Nem respire! – pego meu celular no bolso e acendo. Certo. Agora é a hora de você pegar uma arma de verdade Helena. Mexo na gaveta atrás de mim e pego uma faca de serra. - Agora eu vou tirar devagar a arma da sua cabeça e você vai virando bem lentamente. Okay? – ele balança a cabeça. - Agora levante a cabeça sem mexer os bracos nem as pernas, ou eu atiro! – eu aguardo pacientemente. Quando ele vira, encaro um loiro, alto... O loiro! O cara do bar. Mas... Por que? Ele nos seguiu? Como?
- Oi Lindinha! Lembra de mim? – ele fala e avança em minha direção. Ainda perplexa me afasto dele, andando pra trás. - Sei que você gostou de mim. Que tal agora aproveitarmos aqueles movimentos da boate e irmos para cama? Hum? – me olha malicioso, lambendo os lábios. Droga, droga, droga! Peter está aqui. É isso! Corro até a porta, mas ele segura meu cabelo solto. Merda!
Ele me alcança e me prensa na porta com o quadril.
- PETERRRR!– grito alto quando lembro que ele está dormindo aqui.– Vai embora idiota! – falo tentando parecer que não me abalei. Mas já começando a tremer.
- Onde fica seu quarto? Aposto que você gosta que fodam esse vizinho. Acertei?! – arregalo os olhos. - Ah! Vou ser o primeiro é? Que delícia! – passa a mão nos meus seios e aperta minha bunda. Ah que nojo! Vou vomitar. Argh! Sinto a bile subindo... A faca! Onde você pôs a faca Ellie? Tente lembrar. - Vou fazer você gritar muito Lindinha. Você se importa se eu chamar uns amigos? Ele vão querer brincar com você também. Mas ela disse pra não estragar a mercadoria... Então, acho q vou comer você sozinho! Vamos! – ele me arrasta, tropeço em meus pés e caiu no sofá. - Ah! Quer no sofá neh delícia?! Claro. Agora tira a roupa e fica de quatro! – ordena. Eu sinto algo pontudo na minha bunda. Acho que encontrei a faca. Pronto. Ellie, lembre dos jogos! Acertei nos braços e nas pernas para paralisar, depois...- ...DE QUATRO AGORA! – grita me tirando da minha estratégia. Bom. Deve dar certo!
Ele vêm pra cima de mim e eu levanto, fingindo que vou tirar o short. Acabo tirando e pondo em cima da faca. Ele me olha atentamente. - Isso... Agora... A CAMISA! Vamos delícia! – sento no sofá de novo. Ele me encara furioso e tenta subir em mim, dou um pulo com a faca na mão e enfim na sua barriga. Ele se assusta. - SUA VADIA! VOU TE MATAR! QUE SE DANE A CHEFE! – dessa vez com raiva por ter me chamado de vadia, corto seu braço direito na altura do cotovelo. Ele grita. Corto de novo, perto do ombro. Faço o mesmo no outro braço. O encargo com raiva, já por cima dele e envio a faca na coxa esquerda. Ele está no chão gritando, e eu por cima dele. Passo por um Peter atordoado, mas ele se mexe quando passo por ele machucada. Ele corre e começa a bater no cara sem dó. Deixo ele fazer o que quer e vou pegar uma fita adesiva numa gaveta da cozinha. Quando volto, Peter bateu tanto na cara do imbecil que está com as mão machucadas e o homem com o rosto destruído. Bem feito!
Puxo a faca da sua perna vagarosamente, e ele se contorce embaixo de mim gritando. Já sofri em silêncio o suficiente na minha adolescência e início da vida adulta. Não aproveitei meu crescimento por causa de um idiota como esse, que achou que eu era sua propriedade e que eu tinha que fazer tudo que ele queria, mesmo que machucasse, mesmo que me humilhasse. Quando vou enfiar a faca na outra perna, uma sombra nos encara da porta de olhos arregalados.
- Ellie? – continuo parada. Não sei porque não consigo me mexer. Eduardo vem até mim e olha nos meus olhos. - Peter, quem é esse cara? O que está acontecendo?
- O loiro do bar. Invadiu aqui e tentou me estuprar. Eu só fiz o que qualquer mulher faria no meu lugar. Não ia deixar ele encostar em mim.
Falo tudo calmamente. Estou me sentindo estranha. E se Eduardo tentar me violar também?
Levanto a faca em sua direção. Tento acertá-lo. Mas ele é mais rápido e segura meus braços. Dou um pulo pra ficar de pé. Ele me acompanha. Acerto uma joelhada na sua coxa direita, ele vacila. A faca cai no chão. Tento acertar um soco em seu rosto mas ele desvia e me segura. Me gira e eu fico de costas pra ele em seus braços. Me contorço, tentando me livrar de quem quer me machucar. Tento morder, chutar, dar cabeçada, nada adianta. As lágrimas começam a cair. Não! Não posso chorar. Tenho que fugir daqui.