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- Ellie? Sou eu, Eduardo. Calma, está bem?! Eu não vou te machucar. Só vou tocar em seu corpo para te segurar! – ele me abraça apertado ainda segurando meus pulsos. Eu gosto da voz dele, está suave e baixa. - Helena? Helena? – ele me solta e me vira pra ele. Segura meu rosto. - Helena, querida? Ela está em choque, Peter.
Mãos sangrentas seguram meu rosto. Olhos escuros me olham tristes com lágrimas escorrendo. Um peitoral manchado de sangue chega cada vez mais perto de mim.
Eu conheço esse corpo. Eu conheço esse cheiro amadeirado.
– Ellie, volte pra mim. Você está segura agora –. Eu conheço essa voz. – Vamos, Ellie, volte pra mim. Lembra que você disse que me ajudaria a superar a Olívia?
– Peter? – Me solto de quem me segura e o abraço forte.– Peter!
– Sim, Ellie, sou eu. Você está segura agora.Segura meu rosto. - Hey, calma. Você está em choque. Vem cá! – eu faço o que ele diz. Não sei o motivo, mas eu o escuto. Meu corpo vai em sua direção, mas não consigo pensar direito. Ele me abraça. Ponho minhas mãos ao redor de sua cintura, ele faz o mesmo. - Ellie, você foi muito corajosa em enfrentar ele. Tenho orgulho de você! – dá um beijo na minha testa e se afasta.
Não sei onde ele foi, mas volta instantes depois com meu celular na mão e uma capote macio. Acho que não é meu. Mas não to com vontade de discutir. Ele me veste e me sento no sofá olhando o cara desmaiado no meu tapete. Ele está sujando tudo de sangue. Como vou remover isso? Acho que vinagre não remove sangue.
– Pet, você sabe remover sangue do tapete?
– Não. Mas damos um jeito nisso!
– Ele tentou, ele tentou... Ele disse que ia...
– Eu sei amor. Eduardo está chamando a polícia e nós vamos esperar. Está bem? Fique comigo. Sente aqui, deixa eu te abraçar.
Ele senta no sofá e eu me sento em seu colo, deixando finalmente as coisas afundarem. Eu consegui me defender de um estuprador que queria chamar "amigos". Eu esfaqueei uma pessoa. Meu tapete está todo sujo de sangue, tomara que não seja caro a lavagem.
- Ellie! Ellie? – olho pra porta e vejo todos os meninos. Como chegaram aqui tão rápido? Quanto tempo fiquei nos meus devaneios? Os olho sem expressão, tentando entender tudo o que está acontecendo.
- Ela está em choque! – Explica Peter, quando não os respondo.
- Esse é o cara da bar?. Por que você torturou ele? A polícia vai... – Adam investiga.
- Ellie, querida, vá beber um pouco de água, sim? – levanto e vou beber água. Todos Me olham confusos.
- Ela não fala conosco, mas faz o que você diz? – ouço da cozinha Jeff perguntar.
- A cabeça dela está confusa. Mas escolheu confiar em mim, porque eu a acalmei –. Chego na sala e sento do lado de Peter. Ele respira fundo e continua. - Se eu não tivesse ouvido os gritos de dor e tirado ela de cima dele...
- Ellie? Foi... Foi ela quem fez isso? – Jeff pergunta incrédulo. - O cara é grande. Ela não conseguiria... Minha deusa, ela vai ficar bem?
Peter acena, alisando meus cabelos. Me perco em pensamentos do passado e do presente enquanto conversam ao meu redor.
- Cara, se tu num chega, nossa princesa ia responder por homicídio! – Adam interrompe, ainda pasmo. - Não foi só legítima defesa. Ela o atacou de verdade! Meu Deus! Por que ela fez isso?
- Ela terá que falar com a polícia. Até lá sugiro que esperem na minha casa. Sem barulho, que Kelly ta dormindo. Se ficarem vão atrapalhar! Ellie, querida, você quer tomar um banho? – Eduardo pergunta e eu nego, ficando mais colada em Peter. - A polícia e a ambulância estão chegando.
Muito tempo após sair do estado de choque, falo com os policiais tudo o que aconteceu. Eles me querem como testemunha, pois este loiro faz parte da quadrilha de tráfico de mulheres. Descobriram isso porque contei tudo o que ele me disse. Parece que agora tenho que ficar com proteção 24 horas. Eduardo e Peter se indicaram para me proteger. É melhor do que um desconhecido.
As 7 da manhã entramos na casa de Eduardo para falar com os meus meninos.
- Oi. – falo sentando no chão, encostada na parede.
"Você está bem?" "Como fez aquilo?" "Você vai ser presa?" "Mila está vindo. " Quer tomar café?" – me interrogam ao mesmo tempo. Suspiro.
- Gente? Um de cada vez, por favor. Eu estou bem agora, melhorando. Só cansada –. Olho pra cada um e desvio o olhar pra TV desligada. - Eu o esfaqueei na barriga porque ele ia me violar. Depois ele me chamou de vadia e eu me descontrolei. Fiquei com raiva pelo que ele me disse e como ele me disse. Parece que eu me senti como se tivesse com meu ex novamente, e eu precisava escapar dessa vez. Posso ter surtado um pouco. Ele deixou escapar que não podia chamar muitos amigos pra "brincarem" comigo porque a chefe queria a mercadoria inteira! – respiro fundo e continuo. - O cara agora vai ser investigado por tentativa de estupro, envolvimento com tráfico de mulheres eprostituição. E eu serei testemunha no caso.
- Mais alguma coisa? – Adam pergunta, assinto. - Mas Ellie, você não pode ficar sozinha! Ah meu Deus! Vou ficar de cabelos brancos antes dos 40 com você Ellie.
Ele passa as mãos nos cabelos, num gesto de nervosismo. Brian faz o mesmo. Levanto e os abraço. Jeff vêm ao meu lado e me abraça forte. Ficamos assim, confortando um ao outro por um tempo. Até que Mila chega correndo e me arrancando dos caras.
- Ellie! Meu Deus... vem cá e me conta tudo. Você está bem? O que aconteceu? Jeff me contou por alto. Mas eu estava tão nervosa depois que ele disse que você foi atacada que eu não prestei atenção em nenhuma palavra depois.
Ela me arrasta para o sofá e eu lhe conto tudo que aconteceu. Desde que eles saíram ontem, quando acordei com Peter dormindo comigo até o barulho às quatro da manhã e eu atacando o cara que tenho me violar. Contei como Peter machucou bem o rosto do homem. Quando explico que era o mesmo homem que estava no bar me encarando antes deles chegarem e que ele também estava na boate, ela fica sem palavras. Passamos um bom tempo juntas até quase a hora do almoço. Peter vem me verificar a cada poucos minutos. Ninguém foi trabalhar hoje pela manhã. Porém, depois que percebo isso, mando todos para o trabalho. Mila vai com Jeff para o Café e Peter fica comigo. Eduardo estava resolvendo as coisas com a polícia desde cedo e não o vi mais.