Por isso convoquei uma reunião logo que voltei para Indianápolis. Tinha dez Capitães que eram responsáveis por diferentes áreas do negócio. Um deles era meu primo Marco, que por acaso era um dos meus melhores amigos. Seu pai morrera a alguns meses do mesmo câncer que lentamente devorava meu pai. Ambos fumavam inveteradamente desde a adolescência e ambos pagaram o preço amargo por isso.
Abri o Zippo e o fechei. Parei de fumar a seis meses exatamente por causa disso, mas não conseguia me separar do isqueiro que meu avô havia me dado no meu aniversário de 14 anos.
Limpei a garganta, percebendo que meus homens estavam olhando para mim e esperando que eu dissesse algo. Afinal, os chamei. Eles se sentaram ao redor da longa mesa de vidro em meu escritório, seus olhos em mim. Eu era o mais novo, até Marco era quase um ano mais velho. Quando comecei a realizar reuniões em minha própria casa e não mais na mansão de meus pais, fiz questão de manter meu escritório o mais moderno e funcional possível - vidro e madeira preta lustrosa. Queria mostrar aos meus homens que as coisas mudariam agora que estava no poder, e as aparências sempre eram um bom
começo. Meu pai tinha sido um bom Underboss, mas eu precisava encontrar meu próprio estilo de governar.
Levantei-me da cadeira, preferindo ficar de pé para ter uma boa visão de todos. Até agora, apenas Marco sabia do desastre do noivado.
Preparando-me, contei aos meus homens sobre o noivado cancelado. Suas reações variaram de surpresa a aprovação. Nenhum deles parecia considerar isso uma coisa ruim.
Meu capitão mais velho assentiu. Seu cabelo branco mostrava sua idade, a de um homem que serviu como capitão em Indianápolis por mais tempo do que eu existia na Terra - um fato que ele às vezes deixou transparecer no começo. - Faz sentido. Eles não podem esperar que você se case com alguém que o inimigo contaminou.
Cerrei meus dentes. Meu primeiro instinto foi contradizê-lo e dizer a verdade - que eu não tinha cancelado o noivado, mas minha noiva sim.
Em vez disso, assenti, orgulhoso demais para admitir a derrota. Marco não disse nada, nem reagiu. Comecei a lhes contar sobre meu noivado com Sofia e, como esperado, meus homens aceitaram o vínculo. Para eles, o que importava era que nosso território recebesse o reconhecimento que merecia. As mulheres eram intercambiáveis se tivessem o status esperado. Não era incomum que garotas fossem prometidas desde cedo, mesmo para homens mais velhos, desde que o casamento fosse adiado para depois de seu aniversário de dezoito anos.
Apesar da aceitação do vínculo, um gosto amargo permaneceu em minha boca depois de lhes contar. Sempre me alegrou ter uma noiva da minha idade. Serafina e eu teríamos pelo menos algumas coisas em comum. Conhecíamos as mesmas pessoas de nossos eventos sociais compartilhados. Além disso, Serafina e eu compartilhávamos nosso comportamento externo equilibrado. Poderíamos ter feito um casamento funcionar.
Duvidava que Sofia e eu tivéssemos algo em comum, certamente não agora. Ela era uma criança. Quando vi seu quarto rosa com os pôsteres de pônei em suas paredes, considerei cancelar tudo, mas
novamente meu orgulho me impediu. Queria me casar com alguém do alto escalão, alguém próximo a Dante para estabelecer meu poder ainda mais, e restava apenas Sofia.
Logo a discussão voltou-se para nossas atualizações habituais sobre o tráfico de drogas e o problema da Bratva.
Fiquei feliz quando a reunião acabou. Restou apenas Marco para tomar uma bebida. Jogamos uma partida de dardos enquanto bebíamos uma cerveja gelada, sem dizer uma palavra um ao outro. Marco me conhecia bem o suficiente para reconhecer minha necessidade de silêncio.
Eventualmente, depois da minha segunda cerveja, me inclinei contra a mesa de sinuca na minha caverna masculina - como minha mãe sempre chamava. - O que você achou?
Marco me lançou um olhar e tomou um gole deliberado de sua bebida. Frequentemente éramos confundidos com irmãos por causa das semelhanças em nossa aparência. Os mesmos cabelos e olhos castanhos, e o famoso queixo forte dos Mancini.
Ele encolheu os ombros. - É uma bagunça. Você percebe que nem Emma nem Sofia ficarão felizes se descobrirem que você e Samuel fizeram um acordo para se casar com a irmã do outro.
Emma ficaria arrasada. Sofia provavelmente não reagiria muito melhor. Mas em nossos círculos, todo casamento se baseava em uma espécie de acordo. Sempre quid pro quo2. O amor raramente era a razão por trás de um vínculo. - Elas não vão descobrir.
O olhar que Marco me deu foi cheio de dúvidas. - Você sabe como os boatos se espalham facilmente em nossos círculos.
- Não estava falando sobre negócios quando pedi sua opinião, - esclareço. - Estou falando da Sofia. Não sei como me sinto sobre casar com ela. O que você acha?
- Você não vai se casar com ela por mais seis anos. Até lá, mesmo um bastardo teimoso como você, terá superado a perda de
2 Quid pro quo é uma expressão latina que significa "tomar uma coisa por outra".
Serafina. Você arranjou uma sobrinha Cavallaro, isso é o que importa, certo?
Deveria ser. Do ponto de vista tático, minha posição não foi enfraquecida. E ainda assim, parecia que tinha perdido muito mais. - Ela é tão jovem.
- Claro, ela é, mas não é como se você fosse se casar com ela tão cedo. Acredite em mim, em dez ou quinze anos, você agradecerá às suas estrelas da sorte por ter uma esposa jovem.
- Veremos. - Fiz sinal para o alvo de dardos novamente. - Outra partida.
Marco agarrou os dardos sem protestar e começou a atirar. - E quanto a Emma?
- O que tem Emma?
- Ela deveria morar com você para que sua mãe possa se concentrar em cuidar de seu pai. Mas agora que Serafina não vai mais se mudar, isso não vai funcionar, certo?
- Emma tem se tornado mais independente nos últimos meses. Ela não precisa de tanto apoio como antes. Vou contratar uma babá especializada em crianças com deficiência. As empregadas podem cuidar do resto.
- Você percebe que trabalha muito e mal está em casa? Não é como se você tivesse muito tempo para ficar com ela.
- Vou arranjar tempo - murmurei.
- Não foi sua culpa, Danilo. Você tem que parar de se culpar pelo acidente.
Olhei para ele. - Esta discussão acabou.
Marco suspirou, mas finalmente calou a boca e continuou a jogar os dardos.
O acidente de Emma não era algo que eu queria pensar, muito menos discutir. Já era ruim o suficiente que assombrasse meus sonhos.
No dia seguinte, visitei meus pais. Emma ainda morava com eles, mas prometi a ela que poderia morar comigo hoje.
Quando entrei na casa em que cresci, meu peito apertou como sempre acontecia em minhas visitas ultimamente. O zumbido suave da cadeira de rodas de Emma soou, e ela apareceu na porta da sala de estar, a preocupação refletida em seus olhos castanhos. Seu cabelo ainda molhado estava empilhado no topo da cabeça em um coque bagunçado. Tentei protegê-la da escuridão dos últimos meses, mas o sequestro de Serafina era o assunto mais comentado em nossos círculos, mesmo entre as crianças. Emma testemunhou os eventos tumultuados do cancelamento do meu casamento. Ela sabia mais do que deveria.
Fui até ela e a abracei, beijando sua testa antes de me endireitar. Ela parecia frágil em meus braços, como se uma forte rajada de vento pudesse quebrá-la. - Como você está?
Nos primeiros meses após o acidente, ela muitas vezes sentiu uma dor quase aguda nas pernas - sem mencionar a turbulência emocional que estava experimentando quando percebeu que não seria capaz de usar as pernas como costumava fazer, jamais voltaria a dançar balé.
- Estou bem, mas e você? Mamãe me disse que você não pode mais se casar com Serafina e, em vez disso, tem que se casar com Sofia.
- Ela e Sofia tinham a mesma idade e ambas já haviam sofrido os cruéis efeitos colaterais de terem sido criadas na máfia. Ocasionalmente, elas brincavam juntas em eventos. Agora, Emma só podia ficar sentada à margem enquanto as outras crianças corriam. Toda a raiva e ressentimento do passado se misturaram com a nova raiva que sentia, mas a engoli.
- Não me importo. Casarei com Sofia em seis anos. É uma coisa boa. - Era uma mentira que teria que usar muito no futuro.
Emma inclinou a cabeça como se não tivesse certeza em que acreditar. De repente, uma tosse forte inundou as escadas do segundo andar.
Emma estremeceu. - Papai tem piorado nos últimos dias. Estou com medo por ele.
Apertei seu ombro. Ela tinha seu próprio futuro com que se preocupar, mas o destino havia cruelmente adicionado a saúde deteriorada de meu pai ao seu prato de preocupações. A tosse continuou e a voz da mamãe ressoou.
- Deixe-me ver como eles estão, - eu disse. Corri escada acima e encontrei meus pais no banheiro da suíte master. Papai segurando-se na banheira, curvado, seu corpo tremendo enquanto tossia. Respingos de sangue pontilhavam os ladrilhos a seus pés e sua boca também estava manchada. Minha mãe estava esfregando suas costas, seu rosto pálido enquanto sussurrava palavras de conforto.
Mentiras. Um olhar para papai era o suficiente para qualquer pessoa dizer que o próximo Natal seria o seu último - se é que chegaria tão longe.
Não permiti que essa tristeza terrível se enraizasse em mim.
Papai ergueu os olhos e lentamente se endireitou de sua posição curvada. Sua luta para conter mais tosse apareceu em sua pele pastosa. Ele limpou o sangue dos lábios com as costas da mão e mamãe rapidamente lhe entregou uma toalha. Enquanto limpava o rosto, ela veio até mim e beijou minha bochecha. Seus olhos nadavam de medo.
- Não sei o que fizemos para merecer isso - sussurrou.
Eu sabia. Talvez mamãe preferisse fingir que meu pai e eu éramos homens de negócios normais, mas todos nós sabíamos que isso não era verdade. Papai cambaleou e me deu um sorriso fraco. - O arranjo com Pietro continua?
Tinha relatado a ele logo após meu encontro com Samuel, Pietro e Dante. Não tinha certeza se ele apenas queria que eu confirmasse novamente ou se sua memória estava começando a ficar irregular devido à sua doença. - Tudo está resolvido, mas como disse, o noivado de Emma com Samuel permanece um segredo por enquanto.
- Acho um erro esperar para anunciar o vínculo, - disse a mãe.
- Talvez as pessoas parassem de ter pena dela se soubessem que ela
vai se casar com um futuro Underboss. E talvez Cincinnati perceba seu erro. Que apodreçam no inferno, todos eles. - A mãe benzeu-se como se Deus fosse lhe conceder seu desejo dessa forma.
- Se anunciarmos agora, as pessoas perceberão que fechamos um acordo. Emma ficará arrasada se descobrir que Samuel só concordou em se casar com ela para que eu me casasse com Sofia.
- Você se casaria com Sofia de qualquer maneira, - disse papai.
Era verdade. Sofia era uma boa combinação para mim, pelo menos do ponto de vista político. E mesmo assim parecia que eu tinha sido derrotado.
Fechei minha bolsa. Tinha embalado o suficiente para exatamente uma noite. A festa de Natal dos Cavallaro era amanhã e eu deveria comparecer. Meus pais insistiram que pegaria mal se eu não fosse, e eles provavelmente estavam certos. Se seu Capo o convidava para uma festa, era esperado que você comparecesse. Não estava ansioso para minha viagem a Chicago. Partiria amanhã de manhã e voltaria no dia seguinte. Talvez devesse ter planejado passar mais tempo com minha futura família, considerando que o clã Mione estaria lá também, mas a perda da Serafina ainda era muito recente. Até agora, evitei totalmente as reuniões sociais. Nem tinha ido à festa de cinquenta anos de Pietro.
O nome de Pietro brilhou no meu celular. Considerei não atender a ligação. Ele não me ligaria com boas notícias. Nenhuma de nossas conversas recentes tinha sido nem remotamente agradável. Talvez Dante tenha cancelado sua porra de festa de Natal. Claro, Pietro não me ligaria por algo assim. Eu não queria ir de qualquer maneira, mas não comparecer sugeriria que ainda estava preso a Serafina.
- Pietro, o que posso fazer por você? Estou ocupado.
- Não vou demorar. Só... Eu preciso te dizer uma coisa.
Pelo tom de sua voz, sabia que odiaria tudo o que ele tinha a dizer. - O que aconteceu?
- Serafina está grávida. Ela está com dezessete semanas.
A notícia me atingiu como uma marreta. Outro lembrete de como Remo a tirou de mim. Como se mesmo de longe ele tivesse encontrado outra maneira de me humilhar, mostrando-me novamente como havia desonrado minha noiva.
- Achei melhor que você ouvisse de nós e não de outra pessoa.
- Quão atencioso da sua parte, - rosnei, sentindo como se minhas entranhas estivessem em chamas. A raiva tornou-se uma companheira familiar. - Obrigado por me avisar.
- Entenderia se você decidisse não comparecer devido às novas circunstâncias.
Tudo em mim gritava para tomar o caminho mais fácil. Não queria ver Serafina de novo, especialmente agora que sabia que ela carregava o filho de Remo Falcone. No entanto, meu orgulho estava em frangalhos e não permitiria que ninguém me derrubasse completamente, especialmente Remo Falcone. - Não vejo por que deveria. Serafina não é mais minha preocupação. Sofia é minha noiva agora. - Até eu podia ouvir a amargura persistente em minha voz.
Pietro pigarreou. - Muito bem. Vejo você na festa então. Muito tempo depois de encerrar a ligação, encarava o nada.
O zumbido da cadeira de rodas anunciou o surgimento de Emma. Ajustei minhas feições em uma expressão de calma quando ela apareceu no batente da porta.
- Você está bem? - Ela perguntou, seus olhos muito atentos observando meu rosto. Emma me conhecia muito bem e era simplesmente muito boa em ler as emoções das outras pessoas.
- Estou bem - menti. Ela era jovem demais para ser oprimida por meus problemas. Além disso, tinha seus próprios problemas para vencer.
Ela mordeu o lábio. - OK.
Forçando um sorriso, fui até ela e apertei seu ombro. - Estou saindo amanhã de manhã.
- Ficarei com mamãe e papai, certo?
Balancei a cabeça, mas então uma ideia me ocorreu. - Por que você não vem? Estou precisando de companhia. - Seu rosto inteiro se transformou em pura alegria e surpresa.
- Sério? Não vou ser um incômodo?
Agachei-me na frente dela e agarrei seus joelhos. - Você não é um incômodo, Emma.
Ter Emma comigo em Chicago certamente me impediria de fazer besteiras, e era exatamente por isso que precisava de Emma ali comigo. Raramente perdia minha cabeça quando ela estava por perto. Queria protegê-la desse meu lado, e realmente precisava de alguém para me impedir de perder o controle. Ver Serafina novamente podia muito bem me fazer perder tudo.
Depois do jantar, liguei para meu pai para informá-lo que ele e mamãe não teriam que cuidar de Emma nos próximos dias.
- Tem certeza de que é uma boa ideia? - Perguntou o pai. Ele parecia mais fraco do que da última vez que falei com ele, como se mal pudesse respirar o suficiente para pronunciar uma única palavra.
- Emma precisa estar entre as pessoas.
- Você sabe como as pessoas sempre olham para ela.
- Eu sei, mas não dou à mínima. Deixe-os olhar.
No momento em que Emma e eu entramos na mansão Cavallaro pela porta dos fundos - porque era acessível para cadeiras de rodas - e entramos no saguão, a atenção das pessoas se voltou para nós. Era difícil determinar qual de nós era o centro de sua curiosidade aberta - Emma em sua cadeira de rodas ou eu. Dante e sua esposa Valentina vieram em nossa direção e apertei suas mãos. Depois disso, Emma e eu
nos movemos para a sala de estar onde a maioria dos convidados estava reunida.
Emma me deu um sorriso envergonhado. - As pessoas estão olhando.
- Eles estão olhando para mim. O noivo abandonado, - disse em uma voz forçada de brincadeira.
Os olhos de Emma se arregalaram. Felizmente, a filha de Dante, Anna e Sofia estavam vindo em nossa direção. Sofia me deu um sorriso brilhante. Suas bochechas ficaram vermelhas quando sorri de volta para ela.
- Oi, - ela disse. Ela alisou o vestido e mordeu o lábio, parecendo quase como se estivesse esperando por algo. A filha de Dante e Emma se abraçaram e iniciaram uma conversa enquanto eu ficava olhando para o rosto expectante de Sofia.
- Como você está? - Sofia perguntou, então ficou ainda mais vermelha.
Fiz uma careta, me perguntando onde ela queria chegar com isso.
- Estou bem. - Meu tom foi cortante. Então meus olhos pousaram nela. Serafina entrou na sala com Samuel, de braços dados. Ela estava vestida com um vestido elegante e largo. Meu olhar se demorou em seu diafragma, procurando a protuberância que sua escolha de roupa conseguiu esconder. Logo, isso seria impossível, e todos saberiam que Remo Falcone havia conseguido humilhar a mim e à Outfit de outra forma. Seria o escândalo do século.
Os olhares expectantes e curiosos de todos ao meu redor só aumentariam então.
Serafina olhou na minha direção e nossos olhos se encontraram. Ela sorriu educadamente, depois desviou o olhar, seguindo em frente com seu olhar como fizera com sua vida. Como tantas vezes nas últimas semanas, a raiva cresceu dentro de mim. Não era razoável culpar Serafina por nada disso. Ela era a vítima. Ela sofreu por todos os nossos pecados e continuaria sofrendo.
Depois de um momento, percebi que Sofia estava me observando. Dei a ela outro sorriso rápido, então me virei para Emma. - Vou pegar bebidas e algo para comer. Você tem companhia agora? - O último foi dirigido a Sofia e Anna. Ambas as meninas concordaram.
Sem outra palavra, saí em busca do bar. Depois de um gole de uísque, me senti mais à vontade. Mesmo assim, continuei procurando por Serafina na sala. Meu cérebro simplesmente não conseguia descansar. Frustrado comigo mesmo, saí em busca de Pietro ou Samuel. Um olhar superficial me disse que Emma ainda estava falando com Anna e Sofia.
Quando finalmente encontrei Pietro, ele estava no terraço no frio do inverno, conversando com Dante. - Estou interrompendo alguma coisa? - Perguntei quando me juntei a eles.
- Não, venha se juntar a nós, - disse Dante. A preocupação dos últimos meses que aparecia em cada linha do meu rosto também aparecera no dele.
- Quando você tornará isso público? - Não precisava elaborar o que queria dizer.
Pietro e Dante trocaram um olhar, então Pietro suspirou. Ele tomou outro gole de sua bebida. - Tentaremos manter isso em segredo pelo maior tempo possível. Mas duvido que possamos encobrir por mais de dois meses. As pessoas ficarão desconfiadas se Serafina ficar longe de eventos sociais.
- Por que ela não fez um aborto? Descobriu tarde demais?
- Ela não quer um aborto, - disse Pietro. Sua voz deixou claro que a escolha teria sido diferente se dependesse dele.
- Mas ela vai dar para outra pessoa criar?
Dante balançou a cabeça e Pietro esvaziou o resto do copo e acendeu um cigarro. Por um momento, pensei em pedir-lhe um cigarro. Senti vontade de me embebedar e fumar até esquecer tudo à minha volta. Mas também não era uma opção. Precisava ficar sóbrio o suficiente para levar Emma de volta para o hotel, e ela não gostava quando eu fumava porque matou nosso avô e logo mataria papai.
- Ela vai criar o filho do Falcone?
Não obtive resposta. Não conseguia entender como Serafina poderia sequer considerar criar esse filho. Que ela não quisesse um aborto era algo que podia compreender. Mas ver o filho de Remo crescer depois do que ele fez? Isso era loucura. As mulheres ficavam sentimentais quando estavam grávidas. Talvez ela mudasse de ideia mais tarde.
Não deveria nem importar para mim. Serafina não era mais da minha conta. E, no entanto, ainda parecia que era, como se tudo o que acontecesse com ela ainda ressoasse sobre mim.
Era uma coisa orgulhosa de se pensar, mas não conseguia abandonar o pensamento.