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Em dois sábados de cada mês Édouard visitava um dos orfanatos que ele financiava, brincava com algumas crianças e jogava bola com os adolescentes, os pais tinham o ensinado desde cedo a ser generoso e ajudar quem precisa, apesar de não estarem mais em vida, valorizava todos ensinamentos e guardava-os sem nunca esquecer, fazia 3 anos que infelizmente perdera os pais e sua irmã mais nova em um acidente de carro, obrigando-o a assumir o controle da empresa com apenas 24 anos, já tinha se formado com as melhores notas na Universidade de Harvard, mas foi difícil no princípio ficar dividido entre o
dever e a falta de vontade de continuar vivendo após perder os pais de uma forma tão brusca e inesperada, foram os piores meses de sua vida mas aos poucos as coisas foram se alinhando.
Depois de brincar com as crianças tomava um banho e voltava a vestir a roupa normal, pois sempre que chegava nos orfanatos vestia as roupas de jogador pra melhor interagir com as crianças.
Apesar do seu jeito arrogante, aquelas crianças derretiam seu coração e ele sempre ficava feliz em participar da vida de cada um delas, era mais que um dever, ele fazia por amor, um amor puro e genuíno.
Passou a manhã com as crianças e despediu-se quando já era meio-dia, estava faminto e queria parar em algum restaurante para comer, enquanto pensava sobre isso o celular começou a tocar, era George, seu amigo e vice-presidente da Beaujoias.
- Fala George, estou conduzindo e sabes que eu não gosto de atender chamadas quando estou no volante - disse ele.
- E aí brother, ultimamente está parecendo um velho resmungão, vamos beber um whiskey e comer alguma coisa naquele restaurante francês barato do seu vovozinho que você tanto gosta, como se chama mesmo? É Bouchirei certo? - falou George brincando
- Que o diabo o carregue George, um dia eu ainda corto essa sua língua, é L'Assiette Boucherie, não seria uma má ideia, faz tempo que não vou lá.
- Então combinado, nos encontramos lá em 15min.
- tudo bem - respondeu Édouard desligando a chamada.
Chegou no restaurante antes de George e aproveitou ir no escritório onde seu avô ficava a trabalhar para cumprimentá-lo.
Bernard era pai de sua falecida mãe Margot, ambos eram de origem francesa mas viviam em Nova York desde que Margot era uma garotinha, foi lá que Margot conheceu seu pai César se apaixonaram e formaram uma família que aquele maldito acidente destruiu, sintia tanta saudades de seus pais e especialmente de sua irmã Emma, Ele e Emma eram muito amigos apesar de algumas diferenças, assim que o Sr. Bernard viu seu neto deixou tudo que estava fazendo para conversar com ele.
- Édouard, que surpresa agradável... há quanto tempo - disse Bernard abraçando seu neto.
- Avô, realmente faz muito tempo que não venho, tenho estado um ocupado com alguns projetos novos, e o senhor como tem andado?
- Bem meu neto, estou muito feliz em te ver.
Ficaram conversando algum tempo até que George chegou sentou-se numa mesa e ligou para Édouard avisando que já estava no restaurante.
Daphne e Thomas eram namorados fazia 5 anos, além da Elouise que era sua amiga que cresceram juntas no orfanato desde a infância, e de sua educadora Adelyn, Thomas era uma das poucas pessoas que faziam parte da vida de Daphne, conheceram-se quando frenquentavam a escola mas Thomas era do tipo tímido então levou 2 anos para se declarar.
Hoje decidiram ir experimentar a gastronomia francesa no restaurante L'Assiette Boucherie, localizado em Midtown na 5a avenida perto do museu de arte moderna.
Chegaram la e Daphne ficou impressionada com a decoração do restaurante, era um restaurante muito bonito, escolheram uma mesa para sentar, e ficaram apreciando o menu enquanto conversavam.
Daphne decidiu experimentar Soupe à l'oignon como entrada e Magret de canard como prato principal, e Thomas pediu Tapenada, e Coq-au-vin como prato principal.
Os pratos estavam deliciosos, Daphne estava comendo o prato principal quando engasgou ao ver Édouard sentar na mesa que havia logo a sua frente, tinha um outro homem que estava sentado de costas para ela, e Édouard sentou numa cadeira que fez os dois ficarem de frente um para o outro, Daphne começou a tossir com veemência, levara um susto ao ver Édouard.
- Daph está tudo bem? - perguntou Thomas preocupado - Toma aqui um copo de água.
Mesmo depois de beber a água continuava tossindo e Thomas estava entrando em desespero, não sabia oque fazer.
- Alguém ajuda por favor - Gritou Thomas desesperado.
Édouard ouviu o grito e logo levantou da mesa para ajudar a moça que estava passando mal, levantou ela da mesa e bateu suavemente algumas vezes em suas costas para desengasgar.
- Madame, já se sente melhor? - perguntou Édouard.
- S-s-sim, muito o-obrigada s-s-senhor - respondeu Daphne gaguejando.
Aquela voz lhe soou familiar, mas simplesmente acenou a cabeça e voltou a sua mesa.
- A moça já está bem? - perguntou George.
- Sim - respondeu ele.
- Muito bem, a Lillian terminou o nosso namoro, ela queria que a gente se casasse e eu não estou pronto.
- Já era sem tempo George, vocês estavam juntos a 3 anos e nem mesmo um anel de compromisso lhe ofereceste.
- Eu não sou de me prender a ninguém não Édouard, tenho muito que aproveitar a vida e um casamento só atrapalharia.
- humm ok - respondeu ele.
Édouard percebeu que aquela mulher estava lhe olhando muito, tentava disfarçar mas era óbvio que estava olhando para ele, se perguntava se a conhecia de algum lugar, aquela voz era familiar mas não conseguia identificar de quem era.
Daphne mal conseguia terminar a comida, estava alarmada, será que Édouard a reconhecera? Mas não, ela estava com metade do rosto coberto pela máscara, que péssima coincidência ir no restaurante e dar de cara com aquele estupido arrogante.
- Daph?? Tá tudo bem? Não vai pedir a sobremesa? - perguntou Thomas interrompendo seus pensamentos.
- Sim Thomas, melhor a gente ir, não quero sobremesa.
Thomas pagou a conta e saíram, foram ao Central Park, era primavera e as flores estavam desabrochando por todo lado, aquela vista acalmou o coração dela, conversar com Thomas também lhe trazia paz, sempre foram bons amigos e podiam falar sobre tudo, prometeram um ao outro que não haveria segredos entre eles e agora ela estava quebrando essa promessa, o estava traindo ao mentir que ainda trabalhava no restaurante como garçonete, o traiu ao aceitar aquele emprego indecente, o traiu ao retribuir o beijo daquele homem, e o traiu ainda mais ao gostar do beijo, o estava traindo de todas as formas possíveis e sentia-se muito culpada, mal conseguia olhar em seus olhos, ele não merecia tamanha desonestidade.
A culpa a estava consumindo, nunca havia beijado outro homem além de Thomas, e sempre foram beijos inocentes, mas aquele homem havia lhe beijado com luxúria, com paixão, não sabia que um beijo podia despertar tantas sensações indecentes...... tinha vergonha de si mesma por pensar nisso.
Após o passeio no Central Park, Thomas deixou Daphne em seu apartamento e combinaram de ir ao teatro no dia seguinte.
- Loui, está em casa? - gritou ela enquanto tirava as sandálias.
- Estou aqui na cozinha Daph.
Encontrou Elouise preparando o jantar, uma lasanha à bolonhesa que só ela sabia fazer.
- Humm que cheirinho gostoso, como foi seu dia Loui?
- Ahh normal, dormi pra caramba, fui à academia, e assisti um filminho...... a propósito temos que continuar vendo a série " Game of Thrones ", os novos episódios estão em alta.
- humm ok, vou tomar banho depois a gente vê a série.
Foi ao banho, depois vestiu seu pijama listrado e ficou assistindo a série e jantando com sua amiga, assistiram alguns episódios e depois foram dormir.
Era domingo, Daphne e Thomas foram ao teatro e depois a uma lanchonete fast-food, foi um dia simples sem muita agitação, a semana laboral já batia a porta e ela tinha que continuar fingindo que trabalha toda a semana.
Édouard sempre passava os domingos na casa de seus tios, Tia Eleanor era irmã do seu pai e ela exigia que os domingos fossem dedicados a ela, ele não tinha opção a não ser aceitar.
- Édouard querido, é sempre um prazer ver você - disse a Eleanor quando ele chegou.
- Obrigado tia, como a senhora está?
- estou bem filho, como vão as coisas na empresa?
- Vão bem tia, estamos trabalhando num novo projeto, é difícil mas vamos conseguir.
- Eu sei que vão, e a namoradinha filho? Ainda não tens namorada?
- De novo com esse assunto tia? Eu expliquei a senhora que agora não é o momento, tenho muitas ocupações pra ficar de namoricos por aí.
- Ahhh filho, e quando será o momento? Desde que descobriste as traições de Natalie te fechaste para o amor, mas nem todas mulheres são como ela filho se dê uma nova oportunidade - disse ela com carinho - e também não entendo porquê continuas lhe mantendo na empresa, devias demiti-la.
- Ela é uma excelente profissional, e desempenha a sua função perfeitamente, não dá para demitir ela, e chega desse assunto por favor, eu vou lá no jardim jogar golfe com o tio Spencer e depois almoçamos.
Édouard passou o dia em casa da tia e prometeu que voltava no domingo como sempre ela o obrigava a fazer, a tia foi uma das pessoas que lhe ajudou a ultrapassar a fase difícil da perda dos pais, sem ela e sem o avô ele teria cometido suicídio, mas graças ao apoio deles e as terapias com o psicólogo ele conseguiu aceitar a dura realidade e seguiu em frente apesar do coração estar em pedaços.
Na manhã seguinte foi cedo a empresa pois tinha uma reunião às 8h com a área financeira, alguém bateu a porta do seu escritório.
- Entre - disse ele.
- Bom dia Sr. Édouard, o pessoal do setor financeiro já se encontra na sala de reuniões do vigésimo andar
- Bom dia Sofia, obrigado, vou já à reunião, alguma outra informação importante?
- Sim, o novo fornecedor de pedras preciosas ligou pedindo para marcar um horário com o senhor ainda esta semana.
- Ok, veja um horário livre na agenda semanal e depois me avise.
- tudo bem senhor.
Éduoard foi ao elevador para descer ao vigésimo andar, encontrou sua ex Natalie no elevador.
- Bom dia Édouard.
- Quem te deu permissão pra me chamar assim? Pra ti é senhor Édouard.
- Não faz assim Édouard, vc sabe que eu ainda te amo.
- Não começa Natalie - disse ele em tom de ameaça.
- Como não? Vamos voltar pfv eu te amo e estou arrependida por todo mal que te fiz.
- Eu não firmo compromisso com mulheres que se entregam a qualquer um - disse ele com cara de nojo.
- Não é bem assim Édouard, foi um deslize - disse ela tentando o abraçar.
- Não toque em mim sua víbora - respondeu Édouard com ódio.
O elevador parou no vigésimo andar e ele saiu em direção a sala de reuniões.
A reunião com o setor financeiro foi produtiva, diferente da área criativa, a área financeira fez o seu trabalho impecavelmente, fez uma pesquisa sobre os valores em média que são vendidos diamantes rosas em estado bruto, diamantes rosas eram raros e o investimento seria alto a Beaujoias só trabalhava com diamante normal, rubi, safiras e esmeraldas, mas decidiram apostar no diamante rosa.
Descobriram que o suposto fornecedor estava cobrando por quilate o triplo do preço de venda normal, apesar de ser raro encontrar fornecedores de diamante rosa, foi feito um trabalho árduo e conseguiram encontrar mais dois fornecedores, Édouard iria lhe estrangular, como ousa tentar lhe enganar, o patife teria muito a lhe explicar quando estivessem cara a cara.