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Capítulo 5
Cheguei a casa cheia de vontade de contar aos meus pais como tinha sido o meu dia e que há muito tempo que não me sentia animada com alguma coisa. Infelizmente, não estava ninguém em casa. Pus uma música animada no meu telefone e fui arrumar as mudas de roupa que estavam na mala.
Ouvi abrirem a porta da rua. A minha mãe parou á porta do meu quarto de boca aberta.
- Não acredito, estás a ouvir música? Já vi que o dia correu melhor do que esperavas.
- Sim mãe. Por acaso queria contar-te, vem para aqui e senta-te na minha cama.
Ela sentou-se e observou com atenção o meu humor, que decididamente estava bem diferente.
Por fim sentei-me ao lado dela.
- Não imaginas como é todo aquele mundo. Não estava á espera de gostar tanto. Para além disso conheci duas pessoas muito simpáticas e trocámos todos o contacto. Eles já fazem figuração á muito tempo e ajudaram-nos a compreender melhor o que era para fazer. A comida de lá também é muito boa, deram-nos almoço completo e....
Eu falava tão rápido do entusiasmo, que a minha mãe se rindo, pediu-me para ter calma.
- Fico tão feliz filha! Não imaginas o que é para uma mãe ver os filhos a sofrer... - os olhos dela começaram a encher-se de lágrimas.
Pus a minha mão sobre a dela.
- Desculpa. Eu sei que te magoei a ti e ao pai, mas prometo dar o meu melhor para não ficar de novo como estava.
Dei-lhe um abraço forte.
- Por isso, agora vou.... Tomar banho! – disse eu tentando brincar com ela.
- Sim, vai lá que eu vou preparar o jantar. O que te apetecia comer hoje?
- Não sei, talvez.... lasagna?
- Vou ver o que posso fazer... - retorquiu ela piscando-me o olho, indo para a cozinha em seguida.
Estava a ler um livro que já tinha começado há muito tempo quando o telefone tocou.
Nem acreditava que me estavam a chamar de novo para ir gravar de novo no dia seguinte. Era a continuação deste dia, então teríamos de levar as mesmas roupas. Claro que liguei logo em seguida para o Santiago, de certeza que também lhe tinham ligado.
- Oi, também te ligaram para amanhã certo?
- Claro, achavas que ias sem mim? – riu-se do outro lado da linha.
Ele tinha muito esta mania de rir das suas próprias piadas.
- A que horas amanhã?
- Amanhã só temos de lá estar as 9h então, ás 8h saímos de tua casa?
- Combinado até amanhã.
Assim que me deitei adormeci profundamente do cansaço do dia.
Chegámos às 9h em ponto. Já estava lá a Rita á porta para apontar os nomes. Chegaram também o Paulo e o Pedro e fomos todos beber café, embrenhados numa conversa animada. Já me sentia parte de algo, isto tudo estava mesmo a fazer-me bem.
Subimos para pormos as nossas coisas na sala, mas nesse dia não houve pausas. Avisaram-nos para nos vestirmos com a segunda roupa que tínhamos vestido no dia anterior, para entrarmos no estúdio de gravação.
Entrei sozinha, os rapazes já tinham ido á frente, quando vêm contra mim. O homem pediu-me desculpa atrapalhadamente e seguiu caminho cheio de pressa. Fiquei a observá-lo enquanto me encaminhava para o sítio onde estavam todos. Pelos vistos, era um ator porque entrou no cenário para preparar a cena.
Enquanto todos trabalhavam eu prestava atenção em tudo, absorvia todos os pormenores. Os atores tinham todos um ar tão feliz enquanto trabalhavam que os invejei um pouco. Estar ali era a minha terapia. O cenário desta vez era um hospital e nós iríamos ser os pacientes.
Fomos almoçar, estava com muita fome, até estranhei. Entre risos e brincadeiras, já não me lembrava da última vez em que me tinha rido assim. Acabámos o almoço e eu só pensava em voltar lá para dentro para gravar.
O resto do dia foi maravilhoso. Estava cansada, mas aliviada, o peso que sentia em mim parecia estar a querer desaparecer.
Á noite sonhei que era eu a atriz da cena que estávamos a gravar e nem sei expressar o que senti no sonho. Uma realização, um preenchimento da minha alma, uma felicidade tão grande, que acordei com essa sensação.