Capítulo 5 5. Albert

- Abbie? Abbie. – Ele conseguia ouvir a voz embaçada do Max o chamando como se estivesse debaixo da água. Albert estava com a cabeça enfiada entre as pernas tendo uma leve crise de desespero. – Richard e os outros já estão preocupados. Você vai sair desse toilette ou não? – Max ainda continuava batendo a porta da cabine

- Já vou... – Ele falou, mas sua boca não foi capaz de tirar som algum a primeira, então ele limpou a garganta e falou mais alto agora. – Já estou indo.

Não demorou muito e saiu da cabine, Max estava lá em frente ao espelho ajeitando o cabelo dele, alguns homens entravam e saíam do banheiro masculino sofisticado do clube, quando Max o viu pelo espelho, se virou pra ele se aproximando e tocou o rosto dele com as duas mãos, as mãos dele estavam quentes em relação a pele fria do rosto do Albert. Com a luz clara do banheiro ali deu pra Albert ver mais uma vez como Max era bonito, os olhos azuis dele estavam brilhantes na medida que fitavam os olhos de Albert.

- Está bem mesmo? Pois se não estiver, a gente pode ir pra casa... – Albert se desviou se afastando dele e foi lavar as mãos e o rosto, não queria que Max o interpretasse errado.

- Relaxa. – Ele falou e logo depois saiu de lá voltando para onde os outros estavam.

Eles estavam em uma boate VIP no centro de Manhattan, só jovens de alta classe social frequentavam aquele lugar, alguns eram amigos do Albert, outros, nem tanto. Por exemplo o Roger que estava agarrado a Kendall ostentando o recém namoro deles obviamente não era amigo do Albert, Kendall era uma ex namorada do Albert, uma garota loira bonitíssima, ela era uma digital influencer famosa. Tinha dito pra Albert que seria bom pra fama deles se eles anunciassem que estavam namorando, eles namoraram por aquilo, mas Albert nunca tinha levado aquilo a sério, tanto é que eles terminaram o tão aclamado namoro dois meses depois do início dele. E agora Kendall estava com Roger, se esfregando nele, enquanto se exibia pro Albert, talvez eles achavam que aquilo o afetava... Enquanto isso ele só queria que todos esquecessem da existência dele. Albert voltou a beber seu whisky, não tinha nem meia hora que ele tinha ido vomitar no banheiro.

- Então, Albert. – Começou Richard que tinha uma garota ruiva sentada no colo dele. – O que seu pai disse sobre o seu projeto? Ele está te apoiando? – Albert recostou-se no sofá confortável do lugar, uma música electrónica soava das aparelhagens do recinto.

Max que tinha ido pegar uma bebida no balcão, parecia estar conversando intimamente com um cara que claramente estava dando encima dele. Albert ficou feliz por ele, depois do dia estressante que Max e Albert tiveram hoje eles estavam merecendo aquilo, eles precisavam relaxar. Ele mesmo tinha uma garota bonita o acompanhando naquela noite, não era como se ele se lembrasse do nome dela, de todo, mas gostava da atenção que ela estava dando a ele.

- O que meu pai diz ou deixa de dizer isso não me importa, confio nos restantes acionistas. Eles vão tomar a decisão certa. – Albert queria concluir aí, mas parecia que Richard queria arrumar uma treta hoje. Ele deu uma risada.

- Eu não apostaria que os acionistas estejam realmente a favor de você.

- E porquê você pensaria assim?

- Porque o seu projeto é brega, não é só porque você é o filho do dono da empresa que a gente vai ter que aceitar tudo o que você quer...

- Estão mesmo falando de trabalho aqui? O que é isso aqui? – Max que tinha voltado com a sua taça de drink, olhou Albert e Richard chateado.

- Eh, gente. Já tá chato. – Roger apoiou também.

- Vocês são um bando de crianças. – Max se sentou pesadamente perto do Albert e rolou os olhos quando notou a garota que estava acompanhando Albert. Ele deu de ombros. – Fala sério...

- Cadê o cara que tava dando encima de você?

- Que cara? Tem nenhum cara não.

- Eu vi você no bar com um cara. Não faz o seu tipo? Porquê não sai com ele?

- Era o barman e não é como se eu fosse um tarado e quisesse comer todo homem que me aparece na frente. Vê se me deixe em paz, Williams. – Ele respondeu petulante e voltou a beber seu drink. Kendall jogou a própria cabeça pra trás e riu de deboche.

- Morro com vocês dois. Não sei como você continua sendo tão burro pra não perceber o óbvio, Albert. – Ela falou.

- Do que você tá falando, Kendie? – Richard perguntou.

- Tá doida, garota? – Max sendo grosso com Kendall como sempre.

- Tô cheia de você, Max. – Ela rangeu os dentes o olhando com raiva. – Eu tive que aturar você babando no meu namorado, suspirando por ele sempre que ele não estava olhando e me ridicularizando na frente dele, tudo ciúmes mesquinhos seus!

- Olha lá como fala comigo, garota! – Max rebateu. – Não é porque Albert te suporta aqui que eu tenho que aguentar você não e vai se foder! Você enche a boca pra chamar aquele teatro de namoro, sua iludida? Ele nem gosta de você em primeiro lugar. Você que teve que arrumar esse palhaço aí pra fazer ciúmes nele. Que pena pra você que, estando ou não aqui perto dele, pra ele significa um grande nada.

- Estão falando de mim? –Albert perguntou um tanto confuso.

- Sim! – A garota ruiva que estava com Richard respondeu. – Óbvio.

- Tudo isso porque a esquisita dessa garota aí é afim de você, Albert. – Kendall atirou apontando pro Max. – Desde sempre. Talvez foi por isso que ele inventou de ser um garoto, pra ver se chama alguma atenção sua com essa forma bizarra dele de ser.

- Como é que é? – Max se alterou. – O que minha sexualidade tem a ver com essa porra toda? Meus pronomes são masculinos! – Max rebateu furioso. Albert se levantou segurando no braço da Kendall.

- Retire o que disse sobre Max agora! – Exigiu.

- Largue ela, seu filho da puta! – Roger bateu no peito dele com as palmas da mão fazendo Albert cair com tudo pra trás no sofá.

Os jovens estavam alterados e levemente bêbados, então uma confusão se instalou ali. Max meteu um soco no Roger que tentou devolver, mas o melhor amigo do Albert era mais ágil e se esquivava com facilidade. Kendall foi pra cima da garota que estava acompanhando Albert e as duas ficaram brigando, enquanto isso Richard estava filmando tudo, Albert até sabia o que ele ia fazer com as imagens depois.

- Filho da mãe. – Ele caiu pra cima do Richard e ambos rolaram pelo chão tentando pegar o celular que o vídeo estava filmado. Segundos depois, seguranças vieram separar a briga e expulsaram daquela boate todos os envolvidos.

Max estava xingando horrores enquanto eles se afastavam indo até o estacionamento do lugar, não tinham visto os outros quando os guardas os separaram.

- Que desgraçados... Você conseguiu pegar o celular? – Ele perguntou.

- Não...

- Porra, Williams!

- Não deu tempo, os seguranças me interromperam. – Max passou a mão no cabelo, ele parecia muito puto.

- Se esse vídeo chega às mídias... Você tem uma reputação a zelar, Albert.

- Eu sei, Bathory. Não é como se eu fosse incapaz de pensar.

- Tem vezes que eu duvido disso. Sabe porquê? Porque senão você não se envolveria com a aquela vagabunda da Kendall. Você viu o que ela falou de mim? Aquela puta transfóbica. Cara, eu só não bati nela porque não bato em mulher, caralho.

- Eh, tudo é culpa minha mesmo. Fazer o quê... Eu tô sempre fazendo merda, arrumando encrenca... – Um bolo começou a se formar na garganta dele, misturou aquilo a reprovação do pai então foi ladeira abaixo.

- Tá, mas também não é assim... – Max se aproximou dele e o abraçou, ele retribuiu o abraço calorosamente. – Você tem muitas qualidades também.

Max o abraçava apertado, o rosto dele estava escondido na curvatura do pescoço do mais velho enquanto Albert estava totalmente perdido, Max ergueu a cabeça e juntou os lábios deles em um beijo, o beijo surpreendeu Albert que se afastou perplexo.

- Que porra é essa?

- An... – Ele gaguejou. – Achei que você fosse gostar...

- Onde você está com a cabeça..?– Ele suspirou.

- Em parte a Kendall está certa, Albert. – Confessou, parecia angustiado. – Sou apaixonado por você desde o primeiro dia que te vi naquele colégio... Eu gosto de você, por isso que estou sempre do seu lado, por favor fica comigo...

- É só nisso que você consegue pensar? Nessa obsessão maluca por mim? Você é igual ao meu pai, só consegue pensar em você mesmo. – Atirou magoado, Max estava chorando mas ele não se importava mais, mais uma vez estava sufocado.

- Albert... – Ele tentou segurar o braço do mais alto mas este se esquivou rapidamente.

- Não... Não estou em condições... Apenas me deixa... – Então ele começou a se afastar em direção oposta do estacionamento.

- Pra onde você vai, Albert? Vamos pra casa, está tarde. – Max ia na direção dele o seguindo.

- Mandei me deixar em paz, caralho. Me esquece, esquece que eu existo! – Max ficou, a expressão magoada banhando seu rosto. Então Albert saiu correndo de lá como nunca antes em sua vida, ele correu de todos, das suas obrigações, dos amigos falsos e egoístas, da sua vida sufocante, correu dos Williams, do Max, correu fugindo de tudo e todos como sempre quis e ele pretendia nunca mais voltar.