Capítulo 10 Carregará a memória da última noite

Ao regressar ao hotel após cumprir todas as suas obrigações, Alex dirige-se diretamente à recepção e depara-se com as duas recepcionistas da noite anterior.

- Boa noite. - Cumprimenta Alex, ao se aproximar. - Poderia informar-me o nome da senhorita que trouxe até aqui ontem?

- Senhor, lamentamos, mas não podemos fornecer essa informação. - Responde a recepcionista com firmeza.

- Vou reiterar minha pergunta, visto que estou de bom humor hoje. - Afirma, acompanhando suas palavras com um sorriso sarcástico. - Gostaria de obter o nome e o número de telefone dela. Caso contrário, vocês podem enfrentar um processo por permitirem que uma desconhecida entrasse em meu quarto e me roubasse.

- Como assim? - Indaga a recepcionista, exibindo clara confusão.

- Não estou falando inaudível. Foi exatamente o que você ouviu. Para evitarmos problemas, por favor, forneça-me os dados necessários, eu cuidarei do resto. - Declara, com expressão séria.

- Um instante, por favor, senhor. - Responde a recepcionista, evidenciando nervosismo enquanto lança um olhar perplexo na direção de Pietra.

- Então, foi você quem permitiu a entrada dela? E por qual motivo? - Questiona Alex, dirigindo-se à outra recepcionista com firmeza. - Aconselho a não mentir para mim, caso contrário, chamarei a polícia.

- Lamento, senhor. A senhorita afirmou conhecer você e mencionou que o senhor estava aborrecido, pois não aprecia quando ela consome bebidas alcoólicas.

- Você está ciente de que isso não condiz com a verdade, uma vez que a primeira pergunta que fiz ontem à noite foi se ela estava hospedada aqui. - Declara, encarando-a com seriedade. - Vou perguntar novamente, como ela conseguiu persuadi-la a abrir a porta do meu quarto?

- Ela me pagou. - Responde com a voz trêmula, recebendo o olhar repreensivo da outra recepcionista.

- Quanto? - Indaga, mantendo o olhar fixo nela.

- A quantia em questão foi de trinta mil dólares, senhor. - Responde Pietra, abaixando os olhos diante da risada sutil de Alex.

- Peço desculpas, senhor. Certificarei de que tal incidente não se repita. - Afirma a recepcionista, entregando-lhe um documento com as informações solicitadas.

- Agradeço a sua compreensão. - Responde Alex, analisando minuciosamente os dados. Ele se encaminha serenamente em direção aos elevadores, enquanto os murmúrios acalorados das recepcionistas ecoam pela recepção.

Ao cruzar a entrada da suíte, Alex se encaminha até o quarto, onde sua atenção é capturada pela vista do oceano lá fora. Por minutos que parecem intermináveis, ele revisita mentalmente os acontecimentos da noite anterior. Determinado, alcança o celular e disca o número indicado no papel.

- Boa noite. - Ecoa uma voz masculina do outro lado da linha.

- Posso falar com a senhorita Jenkins? - Solicita Alex, enfrentando um silêncio como resposta.

- Um momento, por favor. - Pede André, colocando suavemente a ligação no mudo. - Rebecca, acho que é o desconhecido com quem você compartilhou a noite.

- Você está brincando, não é? - Indaga Rebecca, incrédula. - Dispense, não tenho interesse em falar com ele.

- Certo, vou lidar com isso. - Responde, retornando à ligação ao viva-voz e desativando o mudo. - Com quem tenho o prazer de falar? - Questiona, expressando sua curiosidade de maneira polida.

- Pergunte à senhorita Jenkins, a esta altura, ela já deve estar ciente do meu nome. - Responde Alex, com notável impaciência. - Minha intenção é falar diretamente com ela, não com você. Por gentileza, oriente-a a me atender imediatamente. - Ordena, adotando um tom incisivo.

- Ela não está interessada. Por favor, poupe-a de aborrecimentos. - Declara, encerrando a ligação e entregando o celular para Rebecca. - Que simpático, não é mesmo? - Brinca, arrancando risadas.

- Você não faz ideia. - Responde Rebecca, soltando uma risada suave. - Como diabos ele conseguiu meu número? - Questiona, expressando sua curiosidade.

- Amiga, você roubou o carro dele, é óbvio que ele pegou seus dados no hotel. - Afirma Susan, esboçando um sorriso sutil. - Não foi lá muito esperta, não é? - Provoca, arrancando uma risada dela.

- Não tenho como discordar. - Responde, abrindo a mensagem recém-recebida.

"Senhorita Jenkins, sua audácia é notável, mas parece que lhe falta coragem para atender. Tão patética. Acha que a noite valeu o meu carro? Acredito que não. Precisaríamos de muitas noites como aquela para você poder ficar com ele. A propósito, você precisa entregá-lo no domingo na concessionária Hertz. Não se preocupe, as diárias estão todas pagas. PS: Não deveria ter abandonado sua lingerie, ficou verdadeiramente sedutora em você. Se quiser tê-la de volta, venha buscá-la no hotel." - Rebecca sente suas bochechas corarem ao concluir a leitura. Observando sua reação, Melissa pega o celular das mãos dela e lê em voz alta.

- Ai, meu Deus, você realmente encontrou um babaca. - Comenta Melissa, concluindo a leitura. - Acho que deveria dar uma resposta à altura.

- De jeito nenhum, não vou me rebaixar a isso.

- Deixa comigo, vou colocá-lo no devido lugar. - Afirma André, pegando o celular de Melissa com determinação.

"Prezado senhor, considere-se privilegiado por desfrutar de uma noite em minha companhia. Entretanto, a experiência foi tão insignificante que sinto como se tivesse desperdiçado o dinheiro investido. Assim sendo, deixar o carro sob minha custódia é o mínimo que você pode fazer para compensar a falta de grandiosidade desse encontro."

- Não ouse enviar isso, André. - Adverte Rebecca, ao ler o que ele escreveu.

- Tarde demais, já foi enviado. - Responde, com um sorriso provocativo. Poucos segundos depois, ele recebe a resposta.

"Você se revela mais estúpida do que eu antecipava. Em primeiro lugar, não estou à venda. Em segundo, mesmo que estivesse, você não teria recursos para pagar. Terceiro, bastava pedir, e talvez eu considerasse. E, por último, você carregará a memória da última noite por toda a vida. Pagar pela sua primeira vez é deprimente. Diga-me o valor, vou reembolsar para que se sinta um pouco melhor." - Ao ler a mensagem, o sorriso de André desaparece. Antes que pudesse apagar, Rebecca puxa o celular de suas mãos.

- Droga! Eu disse para você não enviar! - Exclama Rebecca, visivelmente irritada com a mensagem. - Como ele descobriu que eu era virgem?

- Lidar com virgens pode ser exaustivo. - Responde Melissa, revirando os olhos. - Imagino que tenha sido uma experiência desconfortável, especialmente embriagados. Parece que ele não foi nada cavalheiro, provavelmente você deixou rastros evidentes nos lençóis. - Afirma, em um tom provocativo.

Rebecca abaixa o olhar, sentindo uma pontada de constrangimento pela sua ingenuidade naquele momento. Encara o celular por alguns instantes antes de compor a resposta.

"Paguei cem mil dólares. Mesmo que você me devolva, ficará me devendo, pois não há dinheiro no mundo que compense um minuto ao seu lado." - Envia a mensagem, adicionando suas informações bancárias.

- Rebecca, está tudo bem? - Questiona Susan, observando-a com atenção.

- Sim, está tudo bem. Já que ele é um imbecil, deixe-o me pagar por essa humilhação. - Responde, abrindo a mensagem.

"Aproveite os setenta mil dólares a mais, use para uma noite de diversão. Eu te daria facilmente um milhão de dólares para preencher a monotonia da tua vida. Tenha uma ótima noite, senhorita Jenkins." - Irritada, ela joga o celular na mesa, sem esconder sua frustração. Melissa pega o celular e lê a mensagem.

- Ao menos temos setenta mil dólares para esta noite. Proponho aproveitarmos em uma festa. Dinheiro fácil é sempre bem-vindo! - Exclama Melissa, com entusiasmo palpável.

- Juro, se cruzar com esse homem de novo, vou deixar a marca da minha mão no rosto dele. Como ele ousa me humilhar assim?

- Não faço ideia, mas só de ler essas mensagens, confesso que fiquei toda molhada. - Afirma Melissa, arrancando risadas de todos. - Esse é o meu tipo de homem. Como você acabou na cama dele e não eu?

- Mel, parece que você anda meio carente, não é? - Provoca Susan, encarando-a. - Tente se controlar, mulher.

- Nem precisa se esforçar, Susan. Todo mundo sabe como a Melissa é. - Afirma André, em tom provocativo. - Então, Rebecca, que tal irmos ao Pub Tricks?

- Não estou muito animada, prefiro ficar em casa. - Responde, desanimada.

- Pare de sofrer, Rebecca. Não deixe Peter e Samantha te destruírem. Aproveitemos a noite juntas, por favor. - Insiste Melissa, balançando-a pelo braço. - Diga sim, senão passarei a noite te incomodando.

- Negar não vai adiantar, não é mesmo? - Questiona, visivelmente contrariada.

- Com certeza, não. Vamos nos arrumar. - Conclui Melissa, arrastando-a escada acima para se aprontarem.