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Felipe chegou fatigado da estrada sendo recebido pelo primo. Que o abraçou assim que ele passou pela porta.
_ Que prazer em velo meu querido.
Disse o jovem belo ao se afastar do outro.
_ Onde está sua esposa?
Perguntou ele ofertando ao seu anfitrião um mimo da capital do império.
_ Está a nossa espera na sala de refeições.
Felipe seguiu o primo até a sala e deparou com a figura mais bela que já havia visto na vida. Ali a sua frente estava à mulher mais bela da Rússia. Cabelos cor de trigo com um brilho avermelhado, solto, caiam em uma cascata de cachos. Um rosto angelical, emoldurado com olhos violetas que demonstravam uma tristeza profunda e solidão, a boca carnuda bem delicada pronta para ser beijada. Trajava um vestido de veludo branco simples que destacava o corpo esbelto perfeito para o amor.
Felipe sentiu o peito apertado ao fitar a beleza da esposa do primo. Conhecia a realidade daquele casamento. Esperava encontrar uma camponesa obtusa como o primo e para sua surpresa encontrou uma verdadeira dama naquela aldeia perdida nas montanhas.
Alexander sentiu o peito desconfortável ao constatar o modo que o primo fitava sua esposa. Que mantinha os olhos baixos em sinal de respeito ao marido.
Felipe era um jovem encantador com olhos de um azul profundo, alto com um porte atlético, tinha uma boa figura.
A jovem cheira a lavanda recém-colhida.
Um cheiro suave.
_ Olá sou Felipe e você bela dama deve ser Catarina.
Disse ele sorrindo.
De maneira espontânea, Catarina retribuiu o sorriso ficando mais bela aos olhos dos homens.
_ Seja bem-vindo a nossa casa. Espero que tenha feito boa viagem. O jantar já está pronto a ser servido.
Falou a jovem indo para mesa ofertando aos homens uma taça com um bom vinho da adega do marido. As habilidades de uma boa anfitriã demonstrada por ela surpreendeu Alexander.
O jantar foi servido. Felipe conversava alegre, introduzindo Catarina na conversa. Alexander ficou admirado com a cultura da jovem e por saber que ela já havia ido a São Petersburgo.
_ Catarine me diga o que observou em sua estadia?
Perguntou Felipe sorvendo o vinho escolhido por ela que aumentava o sabor da carne assada.
_ Observei a grande desigualdade existente entre as classes. Fome e miséria.
A resposta da jovem causou em Alexander um impacto profundo.
_ Realmente a desigualdade é tremenda entre a população.
_ O que sugere para diminuir tal distorção?
Perguntou o homem fitando os olhos violeta.
_ Não tenho sabedoria para responder.
_ Não se faça de tola, sei que dentro dessa bela cabecinha existe sabedoria suficiente para encher essa sala.
Catarina ficou surpresa ao constatar que um nobre valorizava sua opinião.
_ Fale sem medo, minha cara!
Incentivou ele.
_ Creio que a sociedade seria mais justa se os empregadores compreendesse que pequenas ações podem mudar a realidade de muitos. Como o meu senhor faz! Cumprindo o combinado pagando o justo aos seus trabalhadores, fornecendo a eles dias de folga e recursos para passarem o inferno.
A resposta dela fez pela primeira vez Alexandre notar a inteligência dela. Sentiu o coração tocado por ser dado como exemplo em sua explicação.
A conversa fluía alegremente entre seu primo e sua esposa. Alexander se sentia deslocado entre ambos. Catarine nunca conversava com ele, pensava que ela era obtusa. Dada a poucas palavras, Já com Felipe ela demostrava habilidades comunicativas, inteligência e bom humor.
Felipe observou o grande piano.
_ Toca essa besta?
Perguntou ele rindo para ela.
_ Sim.
_ Nunca me dei bem no estudo desta arte. Minha mãe tentou me ensinar a muito custo, mais seus esforços foram infrutíferos.
_ Toque para mim.
Pediu ele com um brilho no olhar estranho. Somente Alexandre notou.
Catarina fitou o esposo e com olhar ansioso perguntou:
_ Posso tocar?
Alexander, incomodado, assentiu com o menear da cabeça.
Catarina sentou frente ao instrumento e dando vazão as emoções represadas, tocou com tamanha paixão que deixou ambos emocionados.
Ao terminar a música, notou pela primeira vez viu um brilho de admiração nos olhos do marido destinado a ela que aqueceu seu coração.
Alexander, irritado, notava os olhares de admiração do primo para sua jovem esposa.
_ Já é tarde primo.
_Devemos ir para cama. Amanhã terei um dia árduo de trabalho.
Assentindo, Felipe o seguiu despedindo de Catarine com um gracejo que lhe retirou um riso.
Ela ficou mais bonita quando ria. Observou o esposo que a dispensou com um meneio de cabeça.
Catarina correu para o seu quarto. Sentando na cama com o coração cheio de esperança por haver sido notada pelo marido.
Ansiosa esperava a oportunidade para contar a noite vivida a amiga Paula.
Pela primeira vez pode agir como ela mesma, tendo liberdade para falar e sendo valorizada em suas opiniões. Agradeceria Felipe pela quebra da parede de gelo entre ela e o marido. Via no recém-chegado, um amigo.
Felipe entrou no quarto destinado a ele e constatou as toalhas perfumadas preparadas para ele, além da água quente que estava em um grande caldeirão próximo à lareira.
Constatou que ela havia tratado de organizar o seu banho deixando um sabonete com aroma de cerejas sobre as toalhas embaladas em uma bela toalha de renda feitas a mão.
O seu Coração disparou ao constatar que a jovem era o sonho de qualquer homem da corte, bela, inteligente, bem humorada, dotada de dotes comunicativo, inocente como um cordeiro. Era uma joia rara perdida nas montanhas. Se a tivesse visto antes de Alexander a teria desposado na hora.
Era a mulher mais bela da Rússia a seus olhos.
Passou a noite a pensar sobre o casamento do primo deitado do leito, observou que o Alexandre não nutria sentimentos pela jovem esposa. E que ambos viviam em quartos separados, fato que demonstrava que ela não havia consumado o casamento, permitindo a sua anulação com a concordância do Czar.
Gostava de Alexander, mais sabia que ele era obtuso e egoísta. Um temor abateu seu coração. Aquilo aqueceu seu peito. A muito procurava uma noiva sensível e inteligente. Se tivesse encontrado Catarine antes do primo já a teria desposado.
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Alexander estava inquieto. O tempo todo se revirava na cama revendo as cenas da noite. Lembrou-se da voz harmoniosa da esposa, de sua inteligência e de como havia tocado de maneira magnífica. Revia a imagem da jovem de sua beleza e sentiu um incômodo profundo pela presença de seu primo em sua casa.
Decidido amanhã levaria Catarine com ele para supervisionar a colheita. Mal sabia ele que aquele incômodo nada mais era que os ciúmes e um coração de pedra começando a se tornar carne.