Capítulo 5 Despertar

Catarina acordou antes do sol nascer, fez a higiene e correu para cozinha a preparar o desjejum do marido. Sabia que para ele era sagrado os horários estipulados de cada refeição. Alexandre não se importava de tirar a jovem esposa da cama de madrugada para manter a rotina estabelecida antes do casamento. Pensava ela mexendo a massa do pão.

Catarina lutava para não deixar o coração ser tomado pelo desespero de ser uma eterna serva na casa que era para chamar da sua.

_ Catarina.

Ouviu a voz de Alexandre atrás de si, fato novo para ela.

_ Bom dia, meu senhor em que posso servi-lo.

Disse ela.

Alexandre admirou a beleza do rosto dela e constatando um brilho de tristeza nos seus olhos, se recuperando do choque, falou:

_ Prepare uma refeição simples e saborosa para nós.

_ Como senhor?

Perguntou ela sem acreditar que iria sair da casa.

Irritado pela falta de sono devido à noite de reflexão, passou as mãos pelos cabelos negros e a fitando com os olhos verdes, falou de maneira grosseira.

_ Pare de agir como uma mulher tola! Já que demonstrou inteligência e sabedoria para encher uma sala nos últimos dias. Faça o que eu digo. Prepare uma refeição simples e saborosas para nós. Partiremos assim que o sol se levantar no horizonte.

Catarina o fitou magoada por ser chamada tola, o fitou com olhar triste e indignado.

_ Porque me olha desse jeito mulher?

Perguntou ele irritado passando a mão pela cabeça.

Catarina, cansada de engolir as palavras, de ser cordata e ser tratada como uma serviçal eterna irritada, falou:

_ Foi grosseiro comigo por ter somente achado estranho o seu pedido para lhe acompanhar nas colheitas. Já que quando fala comigo e só para dar ordens e fazer exigências absurdas de limpeza. Estou cansada de ser tratada dessa forma dura. Por isso não me culpe por responder-lhe com incredulidade.

As palavras dela o surpreendeu. E trouxe-lhe as acusações realizadas pelo primo depois que ela se recolheu na noite anterior. Felipe o acusou de ser egoísta e mesquinho. Apontou as roupas gastas da jovem e o seu rosto magro e abatido. Questionou a sua capacidade de cuidar de uma esposa, alegando que se estivesse no seu lugar vestiria Catarina com seda do oriente e a lhe daria joias. O questionou por forçar uma jovem tão bela e frágil a trabalhar arduamente na limpeza exagerada daquele casarão que parecia uma tumba silenciosa. E o golpe fatal no seu orgulho e mesquinhez foi quando o chamou avarento a ponto de colocar a saúde da jovem em risco devido a economizar alguns centavos para contratar uma serva. Se fosse o caso, ele mesmo devolveria o dinheiro pago para ver Catarina livre do trabalho pesado.

Indignado, fitou o primo alterado pela bebida e falou:

_ Que absurdo é este que me acusa?

Falou Alexandre pegando o primo pela casaca. O jovem não se deu por vencido e fitando o outro, falou a cuspir na sua face:

_ Absurdo e fazer uma serva desta joia que tem em casa. Negue que faça tal maldade-!

Exclamou o outro se soltando de suas mãos.

_ Prometi nunca fazer mal a ela. Não sou um monstro.

_ Como não? Obriga a jovem a limpar essa tumba até uma perfeição que só existe na sua cabeça egoísta. A trata como uma criada obtusa e não consegue comprar uma mísera muda de tecido para ela. Que marido é você? Todos sabem dos seus atos contra essa joia de mulher.

As palavras de Felipe destruíram a cegueira do egoísmo dele. Durante a noite refletiu sobre tudo e compreendeu estar em grande falta com ela. Olhando para o rosto rubro dela de indignação justa falou:

_ Desculpe. Sou um homem rude acostumado com o trato na terra. Perdoe a minha grosseira, não sou dado a conversas longas.

Catarina olhou-lhe e surpresa perguntou:

_ Qual é o motivo desta mudança de comportamento?

_ Sou um péssimo marido, voltado para as minhas necessidades, esquecendo as suas. Tenho exigido demais de você com as minhas manias de perfeição. Devo-lhe desculpas pelo modo grosseiro que lhe trato.

Confessou Alexandre a ela sua-a culpa e egoísmo.

_ Sei que não foi fácil para você permitir a minha entrada na sua vida. Sou sua esposa não uma serva assalariada. Esta casa era para ser minha. Sinto-me uma intrusa pela maneira que me vem tratando. Cheguei a pensar, em pedir-lhe permissão para voltar a morar na casa do meu padrinho para lhe poupar da minha presença.

Disse ela desabafando a ele.

_ Você me deixaria?

Perguntou ele assustado.

_ Você nunca me deixou entrar na sua vida. Qual motivo nos uni além de uma promessa?

As palavras dela derreteram a barreira de indiferença dele.

_ Fui um tolo egoísta. Peço que me dê uma oportunidade para lhe provar que não sou tão obtuso ou mal como aparento.

Disse ele a fitar o rosto dela.

_ Estarei pronta para lhe acompanhar e confesso que estou curiosa para constatar sua administração eficiente das colheitas e trabalhadores.

_ Como sabe desses fatos?

Perguntou ele sentando no banco da mesa de madeira da cozinha.

_ Todos elogiam sua honestidade e administração justa.

Disse ela servindo uma caneca de leite quente com mel para ele e os primeiros pães assados. Voltando para o trabalho.

_ Coma comigo.

Pediu Alexandre fitando a jovem que amassava uma nova massa de pão. Alegre pelo pedido inusitado, sentou a frente dele se servindo de leite e pães.

Comeram em um silêncio agradável. Após a refeição ele levantou do banco e fitando o rosto delicado dela, falou:

_ Vista roupas para longas caminhadas e botas. Esteja pronta para partirmos

Com o raiar do dia o casal deixou a casa. Alexander a acomodou na grande carroça falando em sequência:

_ Hoje faremos um passeio pelas plantações. Espero que tenha seguido as minhas orientações.

_ Sim, o meu senhor.

Respondeu ela em voz calma.

                         

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