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Catarina acordou antes do sol nascer, fez a higiene e correu para cozinha a preparar o desjejum do marido. Sabia que para ele era sagrado os horários estipulados de cada refeição. Alexandre não se importava de tirar a jovem esposa da cama de madrugada para manter a rotina estabelecida antes do casamento. Para ele o que importava era manter a vida tediosa e metódica. Pensava ela mexendo a massa do pão.
Felipe estava hospedado a uma semana na casa do primo e com desgosto constatou que a jovem trabalhava arduamente dia após dia para manter a organização da casa e a limpeza perfeita exigida pelo primo. Alexander era perfeccionista com tudo, exigia que os móveis e o chão estivessem brilhantes diariamente. Para isso ela era obrigada a lustrar os assoalhos de madeira a ponto das pequenas mãos ficassem cheias de bolhas. Não sobrava tempo livre para a pequena, tudo era dedicado ao trabalho árduo de limpeza da casa. Ela não ia mais às reuniões na igreja, deixando o velho sacerdote preocupado.
Paula, sua amiga, temia que a jovem viesse sofrer dos pulmões devido ao trabalho excessivo que era submetida. As suas roupas, apesar de boa qualidade, já estavam gastas de tanto que trabalhava.
Alexandre era cego a necessidade da esposa não se importando com o seu bem-estar. O rosto da jovem estava abatido devido à carga de trabalho e tristeza. Sabia que sua amiga Paula, preocupada, havia pedido ao marido autorização para ajudar Catarina na manutenção do casarão que a jovem habitava. Pedro concordou prontamente ajudando dentro das suas possibilidades, como cortando a lenha para ela e cuidando da área externa.
Cansado daquela situação marchou até a pequena igreja e assim que passou pela porta encontrou o sacerdote em fervorosa oração, assim que o homem terminou sua prece Felipe pediu para lhe falar a sós.
_ O que posso ajudá-lo jovem nobre?
Perguntou ele já imaginando o que podia ser o assunto.
Cansado e preocupado, narrou ao velho tudo que se passava com Catarina na mão do primo. O homem com olhar triste falou:
_ Já imaginava que ela sofreria nas mãos dele - lamentou o homem.
_ O senhor acredita que se eu levar esses fatos ao soberano com as provas que tenho, como a carta que ele menospreza a esposa, alegando que a trataria como serva, consiga a anulação deste maldito casamento?
O sacerdote muito refletiu e cansado, entendeu que Alexandre não iria mudar com a jovem e ela irai acabar sucumbindo em suas mãos. Reviu a cena da discussão que tiveram por suas atitudes mesquinhas e a arrogância dele dizendo que ela sabia onde estava se metendo ao assumir esse casamento.
_ Se ele não consumou o casamento, creio que sim.
Cheio de esperança, olhou para o sacerdote e decidido iria lutar para ter Catarina como sua esposa.
Cheio de esperança foi para casa do primo encontrando Catarina sobre o sol quente a mexer a terra com a enxada com as vestes molhadas de ter acabado de lavar as pesadas cortinas que o marido alegavam estar sujas sem uma única mancha de sujeira.
_ Catarina.
Gritou ele chamando atenção da jovem.
_ Meu senhor, o que posso servi-lo?
Perguntou ela a ele com um sorriso no rosto.
_ Largue essa enxada e vá tomar um banho para tirar essa roupa molhada de água fria do degelo. Não sabe que isso pode lhe deixar muito doente?
Perguntou ele tomando o instrumento da mão dela.
_ Eu sei, o meu senhor e que meu marido e exigente com o trabalho.
_ Ele é um tolo e acredita que pode lhe tratar como uma serva escrava, escute o que digo, sua sorte está para mudar, tudo que estiver em minhas mãos para tal o farei.
Ela o fitou alegre.
_ Jura senhor?
_ Sim, pequena. Agora vá e faça o que lhe pedi. Quero ter uma boa memória sua assim que partir.
O rosto dela ficou triste ao pensar na solidão que estaria delegada.
_ Sente tristeza em minha partida?
_ Sim - respondeu ela acreditando na amizade sincera dele e em sua inocência, não compreendia que ele deseja algo dela a mais que sua amizade, mais seu coração.
_ Suporte um pouco mais essa vida, pois, assim que retornar, será tratada como uma princesa como a joia que é. Agora suba e faça o que lhe pedi - disse ele com os olhos claros a brilhar.
Assim ela o fez e pela janela do seu quarto viu Alexandre e Felipe em acalorada discussão em frente a casa. No anoitecer teve a notícia que ele havia partido e seu coração ficou triste, pois, o via como um bom amigo.
Alexandre, enfurecido, entrou na casa seguido pelo primo e as vocês alteradas eram ouvidas até o escritório do marido.
Assim que escureceu, ele deu ordem para ela deitar, pois, não queria se alimentar e que não queria barulho na casa. Catrina dormiu com o estômago a roncar e cheia de desespero se apegou a promessa feita por Felipe, acreditando que ele chamaria o marido a realidade de suas ações.