Eu não queria estragar o jantar, muito pelo contrário. Queria que ele desse certo por tempo o suficiente para que eu pudesse comer o máximo de chinesa que conseguisse.
Acabo optando por um vestido de alças finas e na cor preto. Jogo uma jaqueta jeans por cima e uma sandália não muito alta. No meu cabelo eu não faço nada além da rotina. Amo meus cachos e odeio destruí-los.
Assim que chego na sala, Lilian revira os olhos.
- Amiga, eu te amo, você é linda, e eu não vou te deixar sair assim.
- Eu sei o que...
- Não! E pode falar o quanto quiser, mas vai vestir o que eu falar. Ou eu mudo nosso acordo...
Reviro os olhos e marcho para o quarto. O que não fazemos por comida...
- E o que a senhorita sugere? - questiono, me sentando na minha cama.
- Algo chique. Você vai em um restaurante caro, Emma. Se vista bem.
Lilian revira e desvira o meu guarda-roupa, jogando várias peças aleatórias em cima de mim.
- Quer que eu vista todas?
Ela então se vira e fica me encarando, antes de andar até mim e ficar colocando algumas peças na minha frente.
- Decide, Lilian! - resmungo, puxando a peça da mão dela. - Não quero chegar atrasada.
- Já decidi.
Minha então melhor amiga, pega algumas peças e me entrega.
- Vista com... - Lilian caminha até a sapateira, enquanto olho com desdém para aquela roupa. - Esse salto.
- Ah, não. Salto não. Meu dedo fica saindo por essa tira aí.
- Então a bota. E para de reclamar que ainda tenho de fazer uma maquiagem.
Eu até tento argumentar, mas Lilian me olha de uma forma tão intensa, que temi a perca do meu amado hamburguer.
A escolha dela, se resumia em um vestido com alças grossas e justo ao corpo, na cor azul. E ao invés da minha jaqueta jeans surrada, tinha um blazer em um tom mais escuro que o vestido. Eu estava parecendo uma mulher de negócios, se ele me olhasse da cabeça aos joelhos.
Lilian cumpre sua palavra e não exagera na maquiagem. Ela faz um delineado de gatinho e me faz usar um batom nude. Eu gostava da imagem que via no espelho, embora não tivesse animo para aquilo.
- Oh meu Deus! - murmuro, ao ver a hora no relógio da parede. - Estou atrasada. Tchau.
Puxo a bolsa da mão de Lilian e corro porta afora, já encontrando o uber a minha espera. Eu poderia ter ido tranquilamente de metrô, já que é meu meio de transporte favorito, mas queria causar uma boa impressão e descer de um carro ótimo.
Cinco minutos após as oito, eu estava chegando no restaurante chinês. Assim que pago o motorista, desço do carro e vou até a porta. Procuro meu celular na bolsa, para mandar uma mensagem informando que cheguei, quando só então noto, que sai sem ele.
- Ah que ótimo...
- Senhorita? - viro-me e observo o homem bem vestido. - Posso ajudar?
- Então... marquei com um cara aqui e não trouxe o celular para avisar que cheguei.
- Como ele se chama? Ou melhor, como você se chama?
- Emma...
- Oh... - assim que pronuncio meu nome, seu rosto se ilumina. - Seu... amigo... já está aqui.
- Sério? Que ótimo.
- Venha. Vou te levar até lá.
Ele fala algo com o segurança que estava ali e nós adentramos o restaurante, que era dividido em dois espaços. A parte de baixo, era aberta e tinha algumas espécies de show ao vivo, com a comida. Já a parte de cima, era mais exclusiva. E cara.
Quando subimos as escadas, eu percebo que ou o cara está querendo me agradar e muito, ou ele é rico.
- Ali. - ele aponta para um lado. - Logo um garçom vai até lá.
- Obrigada.
Sorrio para ele e então vou na direção que ele disse. Quando olhei aquela nuca e o cabelo loiro, eu congelei. Quando ele se virou então, meu coração parecia que ia saltar do peito.
- Você? - questionamos, ao mesmo tempo.
Bem ali na minha frente, trajando o melhor terno que já vi na vida, estava o homem que havia me cedido um lugar no trem, naquela mesma manhã. E também era o mesmo homem que estampava o trailer de um filme de ação, que passou na minha TV mais cedo.
- Uau. - ele murmura e se levanta. - Eu já tinha te achado linda de manhã, agora eu estou de boca aberta.
- Espera! Isso não pode estar certo. Você é aquele ator lá, faz um filme maneiro. E o cara do site, se chama...
- Christopher. Eu. John Christopher Davies.
- O que é aquilo? - aponto para a taça em cima da mesa.
Ele se vira rapidamente para ver e logo responde.
- Vinho branco. Que é...
- Meu favorito. - termino sua frase, andando até à mesa. - É, eu sei.
Pego a taça e viro o líquido de uma só vez.
- Não quer sentar? Acho que temos muito o que conversar.
- Ah, você acha? - ele assente e eu acho fofo sua inocência. - Fui irônica.
- Oh... Eu não percebi.
Acabo rindo e me sento. John ainda me observava.
- Não vai sentar? - pergunto.
- Ér... É claro.
Ele parecia meio nervoso e aquilo estava sendo engraçado.
- Você está bem? - ele pergunta.
- Bem, levando em conta que estou jantando com um ator mundialmente famoso a quem um site diz ser meu par perfeito, estou ótima. E você?
John ri, mostrando belos dentes brancos.
- Surpreso. Não esperava que fosse ser logo... Você.
- Sou tão ruim assim?
- Não! - exclama, nervoso. - É que... De manhã, eu tinha ficado... tudo bem, eu gostei de você e quis me matar por ter saído sem nem saber seu nome. E agora você está aqui.
- Emma. - digo, esticando minha mão para ele.
- John. É um prazer conhecê-la.
Sorrio assim que ele aperta minha mão.
- Quem diria que um ator seria meu par ideal! - rio de nervoso e bebo mais vinho.
- Antes de ser um ator, sou uma pessoa como você. - assinto. - Literalmente.
Gargalho pelo trocadilho e ele me acompanha, fazendo-me notar que a risada dele também contagia. No que mais seríamos iguais?
John chama um garçom e faz ele mesmo os nossos pedidos. Esse deve ser o lado positivo de termos praticamente tudo a ver.
- No que está pensando? - pergunta, quando o garçom se afasta.
- Apenas na praticidade que um par ideal tem.
Ele ri.
- Então quer dizer que está gostando de estar aqui comigo?
- Sim. Lá se foi meu um mês de hamburguer de graça.