Entre Anjos e Demônios: O Herdeiro do Purgatório
img img Entre Anjos e Demônios: O Herdeiro do Purgatório img Capítulo 9 Duas Missões, Um Único Objetivo
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Capítulo 10 Ervas e Confusão img
Capítulo 11 Próxima Parada: Quadrilátero Ferrífero img
Capítulo 12 Anahi img
Capítulo 13 O Ataque das Criaturas Híbridas img
Capítulo 14 Aglaophothis img
Capítulo 15 Trilhos e Grifos img
Capítulo 16 Um Passado Que Tentei Esquecer img
Capítulo 17 Ouro Preto img
Capítulo 18 Roupas, Visões e Identidades img
Capítulo 19 A Emboscada dos Corpulentos img
Capítulo 20 Não devíamos estar aqui img
Capítulo 21 O Banquete das Criaturas img
Capítulo 22 Diretor Mendes img
Capítulo 23 Surpresas Reptilianas img
Capítulo 24 A Fuga da Clínica Psiquiátrica img
Capítulo 25 Brasa e o Celeiro Abandonado img
Capítulo 26 Luiz e Uriel img
Capítulo 27 Planos e Desabafos img
Capítulo 28 O Falso Doutor img
Capítulo 29 Quadrilátero Ferrífero img
Capítulo 30 A Fúria de Caríbion img
Capítulo 31 Invadindo os Túneis de Mineração img
Capítulo 32 Carcer Purgatorii img
Capítulo 33 O Olho-da-Sabedoria img
Capítulo 34 O Retorno de Agente Scofield img
Capítulo 35 Ventos e Trevas img
Capítulo 36 Estou Aqui img
Capítulo 37 O Fim de Máscara Negra... img
Capítulo 38 No Centro da Tempestade img
Capítulo 39 No Centro da Tempestade part.2 img
Capítulo 40 O Túmulo da Bela-Flor-do-Céu img
Capítulo 41 Tornando-se Oficial img
Capítulo 42 Terror Onírico img
Capítulo 43 Voltando ás Aulas e ao Tormento img
Capítulo 44 Nova Olímpia img
Capítulo 45 Crios img
Capítulo 46 Velhos Companheiros, Novos Problemas img
Capítulo 47 A Volta do Assassino Mascarado img
Capítulo 48 Loucura ao Extremo img
Capítulo 49 William img
Capítulo 50 Um Convidado Indesejado img
Capítulo 51 Conexão Entre Colapsos img
Capítulo 52 O Luto e o Peso do Julgamento img
Capítulo 53 A Ameaça Noturna img
Capítulo 54 Entre Garras e Determinação img
Capítulo 55 A Fuga da Feiticeira img
Capítulo 56 O Casarão e os Túmulos Observantes img
Capítulo 57 O Medo da Verdade img
Capítulo 58 Graças à Vocês img
Capítulo 59 Convites e Guerras de Travesseiros img
Capítulo 60 O Garoto Incandescente img
Capítulo 61 A Sombra do Espetáculo! img
Capítulo 62 A Introdução do Espetáculo img
Capítulo 63 O Último Show img
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Capítulo 9 Duas Missões, Um Único Objetivo

Minha visão logo se transformou em uma edição de vídeo do Tik Tok.

Na mesma fração de segundos em que tudo a minha volta escureceu, os arredores começaram a tomar formas e cores novamente. Desta vez, estávamos parados em meio a um espaço amplo com chão de terra batida. A área quadriculada era cercada por muros de tijolos com três metros de altura, tendo um portão de metal trancado bem ao nosso lado.

Uma construção de teto amarelo-metálico e abobadado se estendia além e acima dos muros. O som dos carros e motos passando em alguma rua ecoava distante, mas estava perto o suficiente para saber que estávamos de volta ao centro da cidade.

_Mas que merda acabou de acontecer?!_ Alyssa olhou para suas mãos e não parava de abrí-las e fechá-las como uma louca.

Antes que Xavier pudesse dizer algo, seu corpo tombou para frente. Por pouco, Alyssa não conseguiu segurá-lo, erguendo-o pelo braço enquanto eu e Luiz a ajudávamos a sentá-lo no chão.

_O que aconteceu com ele?_ perguntou Luiz.

_E-Eu não sei_ respondeu Alyssa em desespero.

_Xavier_ dei leves tapas em seu rosto._ Acorda cara.

Com os olhos ainda fechados, o semideus conseguiu apenas murmurar uma palavra:

_B-Bolso...

_Bolso?_ me perguntei, olhando para os bolsos de sua bermuda.

Procurei por todos os compartimentos, até que em um deles encontrei um frasco com um líquido alaranjado. O ergui contra a luz do sol e fiquei tentando adivinhar o que seria aquilo.

_Mas que coisa é essa?

Luiz me encarou e tomou o frasco das minhas mãos no mesmo instante.

_Luiz espera... O que você vai fazer com isso?

_Se for o que eu acho que é, ele precisa tomar essa coisa.

Ele desenroscou a rolha do frasco e derramou um pouco do líquido na boca de Xavier. Alyssa o ajudou e apoiou a cabeça do garoto em suas mãos.

Um silêncio de cinco segundos perdurou no ambiente. De repente, Xavier abriu seus olhos e sentou-se com a mão sobre a cabeça.

_Tsch!... Detesto quando isso acontece_ murmurou o semideus.

Ele olhou para Luiz com o frasco ainda em mãos.

_Obrigado.

_D-De nada_ suas bochechas ficaram um pouco avermelhadas, e por algum motivo, isso me deixou incomodado.

Xavier se levantou com um pouco de dificuldade. Dei a ele um dos sanduíches da minha mãe e um pouco de água, o que me fez desconfiar de que ele não comia à dias pela forma como devorou aqueles pães.

Assim que acabou de tomar um gole de água, ele olhou novamente para Luiz.

_Como sabia que eu deveria ingerir o néctar dos deuses?

Luiz parecia um pouco confuso, mas parecia ter recebido a resposta de que precisava.

_Já estudei muito sobre mitologia grega quando era criança_ ele colocou a rolha no frasco novamente e o entregou a Xavier._ Apenas chutei que isso seria o "néctar dos deuses"... Nos mitos, nenhum semideus sai para uma missão sem ele.

_Você me impressionou dessa vez_ ele limpou a sujeira em suas roupas._ Te devo uma por isso.

_N-Não foi nada...

_Ok, ok_ interrompi a conversa._ Agora que já estamos todos bem, vamos sair logo daqui.

_Espera_ disse Alyssa indignada._ É serio que ninguém vai perguntar o que foi que acabou de acontecer?

_Alyssa_ Xavier suspirou e pôs a mão sobre o ombro da garota._ Se parássemos para te explicar tudo o que você for ver a partir de agora, com toda certeza já teríamos virado jantar de ciclope a muito tempo.

Ele se virou para frente caminhou na direção de um vão entre o arco metálico e um dos muros, deixando Alyssa bufando impaciente.

_Por aqui_ indicou o semideus.

Caminhamos lado a lado pela passagem estreita quando saímos em um gramado, lá eram construídos parques e circos há alguns anos atrás. Ao virarmos para a direita, percebi que realmente estávamos no Poliesportivo: uma área ampla e aberta, ainda mais extensa que a praça da cidade se expandindo à nossa frente; caminhos de concreto serpenteavam de uma construção à outra, formando pequenas áreas com grama, postes de luz e mudas de ipê; bem ao lado, o teto amarelo-metálico revelava ser bem maior do que quando o vi anteriormente, cobrindo todo o enorme ginásio esportivo.

Subimos as escadas e saímos na rua José Monteiro, de onde vinham os sons dos veículos em movimento. Ao cruzarmos uma ponte, subimos pela rua Antônio Dias, passando pelos portões de entrada do Joaquim Corrêa, ou melhor dizendo, minha querida e amada escola.

Continuamos na mesma rua, agora passando ao lado da Igreja São Cristóvão e da Praça W. Huber, descendo e dando de cara com a enorme faixa de trilhos se estendendo de um lado para o outro. Xavier, que estava á nossa frente como um guia turístico, se virou para trás com uma expressão não muito agradável. Talvez o tal néctar dos deuses ainda devesse estar fazendo efeito.

_Bom... Acho que já está na hora de Alyssa e eu nos despedirmos de vocês. Pelo menos por enquanto.

_Se isso for possível, é claro_ murmurou Alyssa.

Eu toquei os ombros quentes de Xavier. No mesmo instante, Luiz ergueu seu punho cerrado no ar.

_Sempre juntos...

Eu e Alyssa juntamos nossos punhos aos dele. Xavier apenas ficou nos encarando com um olhar confuso.

_Você não vem?_ perguntei.

Ele sorriu, como se achasse tudo aquilo uma grande perda de tempo, mas também ergueu seu punho.

_Não importa o tamanho do problema_ falamos juntos.

Luiz deu um forte abraço em Alyssa, o que a fez afastá-lo pelo excesso de carinho. Alyssa detestava esse tipo de coisa.

_Por favor, se cuidem.

_Digo o mesmo a vocês dois_ avisou Alyssa._ Não façam nenhuma idiotice por aí.

Eu sorri e virei de costas, subindo o morro em direção à escola.

_Uriel_ chamou Xavier.

Me virei para trás novamente. Xavier se aproximou de mim e tirou um colar de dentro do blusão: uma corda preta e trançada sustentando uma pena branca. Ele estendeu o objeto em minha direção.

_Leve isso com você até a loja de ervas próxima ao posto de gasolina... Mostre isso a dona, e talvez ela te ajude a encontrar uma forma de expulsar aquele demônio.

Eu peguei o colar em minhas mãos e o coloquei em meu pescoço, guardando dentro da blusa assim como Xavier havia feito. Em seguida, assenti com a cabeça e comecei a subir o morro acompanhado de Luiz, ficando cada vez mais distante de Xavier e Alyssa até desaparecerem assim que viramos á direita na rua João Saliba.

                         

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