A vidente do chefe
img img A vidente do chefe img Capítulo 3 A revelação
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Capítulo 6 Visitas img
Capítulo 7 Péssima decisão img
Capítulo 8 O cigano img
Capítulo 9 Conversa ao pé do ouvido img
Capítulo 10 Só o começo... img
Capítulo 11 Papo de academia img
Capítulo 12 Discórdias do ofício img
Capítulo 13 O Reencontro img
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Capítulo 3 A revelação

- Sim, e essa é minha missão...

- Ser perfeita? - Brincou ele com um sorriso bonito.

Meu Deus, ele não estava ajudando eu a ficar concentrada. Seus elogios constantes estava me deixando vermelha, com certeza, eu sentia meu rosto queimar e minha respiração ficar inquieta.

- Eu sou uma simples cartomante que sonha em ver o mundo melhor...- não sei bem o que deveria dizer. - como qualquer pessoa.

- Não, Marisa. - Disse ele sério. - Infelizmente muita gente só pensa em si mesmo. Você com certeza ouve pessoas pedindo o número da Mega-Sena...

Nessa hora eu sorri e dessa vez eu ri e ele ficou me encarando, não prosseguiu, e um silêncio estranho ficou após eu terminar de rir.

- Então, vamos focar em você. - Disse suspirando, tomando ar e notando que eu estava com sede. - Você quer água?

- Sim. - Ele respondeu pensativo.

Eu me levantei e fui até a minha mesa onde havia um filho e copos descartáveis. Apenas o som do meu salto e dele arrastando a cadeira me prendeu. Eu estava envergonhada de estar com aquele vestido, era um pouco curto e jovem demais para uma mulher de 27 anos com poucas vivências.

- Não precisa pegar para mim. - Disse ele se aproximando. - Eu posso? - Perguntou ele apontando para os copos e eu confirmei com a cabeça me afastando, segurando o meu copo e decidindo o beber.

Estava estranhamente silêncio e o som da minha respiração também me deixava envergonhada, parecia que tudo estava chamando a atenção. A energia daquele homem era confusa mas uma coisa eu tinha certeza, ele era grande, ele era forte e tinha um destino incrível que estava buscando por ele, em algum lugar da sua história.

Ele bebeu água comigo o observando sem esboçar vergonha, ele era seguro de si.

Eu deixei o copo sobre a mesa e voltei a me sentar, ele me acompanhou.

- Embaralhe você e tire sete cartas, colocando-as uma ao lado da outra da direita, - e apontei para o canto da mesa - para a esquerda. - E arrastei meu dedo em meia Lua, fazendo ele acompanhar com olhar.

- Certo. - Murmurou ele.

Eu o acompanhei enquanto fazia os comandos.

As cartas não eram boas, revelava uma série de armadilhas e dores, mas tive medo de revelar. O medo dele não era por acaso, no fundo ele tinha uma boa intuição.

- Então..? - Perguntou ele ansioso e preocupado.

- Você já pensou em colocar um investigador para saber o passado dela?

- O que!? Eu... - Ele gaguejou e olhou para cima pensativo. - Eu pensei sim, mas como..?

- Não, Pablo, não está nas cartas. Isso é uma pergunta racional. Você não precisa só buscar ajuda no misticismo, na fé, mas precisa de dados concretos sobre quem você está desconfiado.

- Nossa...- Disse ele suspirando e passando as mãos nos cabelos com as duas mãos revelando os grandes braços. Me perguntei se ele não estava com calor, porque eu estava sentindo mesmo de vestido.

Eu não tinha ar condicionado e não pensava em ter ventilador... eu realmente não era tão elegante assim, eu precisava pensar mais na comodidade de clientes como ele.

- Você tem razão. - Prosseguiu ele largando os belos cabelos lisos escuros, bem volumosos e levemente ondulados e brilhosos. - Eu sei pouco dela.

Acho que todo rico tinha uma boa genética. Mesmo eu de salto, e me achando a bem vestida, a minha barriguinha de massa de pão e cabelos ondulados com creme finalizador revelava as minhas origens.

- Foca nisso, antes de qualquer conclusão. Mas preciso te alertar sobre o que estou vendo, é por isso que você está aqui. - Disse batendo as pontas dos dedos sobre a mesa. Era meu estilo. Ele concordou em silêncio. - Ela pode ser perigosa. - Ele suspirou com tristeza. - Ela não é uma pessoa cruel, veja bem, mas pode ter ferramentas e índoles para tal.

- Como assim?

- Já ouviu o ditado " a situação faz o ladrão"?

- Sim.

- Então seja cauteloso se quer manter essa relação. Se imponha e se preserve porque...

- Ontem a noite ela disse que se eu não dissesse a senha do meu celular para ela, era porque eu não a amava. - Disse ele com pesar na voz.

Ela era manipuladora.

- É uma situação de intimidação...

- Eu dei.

Ai meu Deus.

- Ok, e ...

- Não sei lidar com isso.

Eu tomei fôlego, precisava ser dura.

- Pablo. - Olhei bem em seus olhos. - O seu futuro está em jogo e não o meu. Ou você se impõe diante das situações que desconfia ou sua vida e futuro estará em risco.

- Está nas cartas?

- Está. - E estampado na cara de bobo que ele estava fazendo.

Ele suspirou e colocou as mãos no rosto. Achei que ele iria chorar mas ao tirar as mãos ele sorriu com gentileza, um pouco acanhado.

- Eu só queria me casar com alguém legal... - E bufou olhando para o chão. Ele parecia descrente e decepcionado consigo mesmo.

- Ela trabalha?

- Não. - Disse ele com uma voz baixa.

E novamente um silêncio ficou. Acho que eu não deveria perguntar mais nada..

- Ok...

- Você tem estudos?

Eu olhei no fundo da sala, para o relógio discreto que eu deixava. A sessão já estava com uma hora, e nós nem tínhamos falado sobre dinheiro. Naquela altura eu acho que não deveria me preocupar com isso, tudo com aquele cliente estava diferente, tinha um clima diferente.

- Sou formada em jornalismo.

Ele deu um sorriso sarcástico novamente. E eu novamente não compreendia tal comportamento.

- Até você tem estudos, é esforçada...

- O que quer dizer com "até eu"?

Não gostei do tom arrogante. Senti algo negativo naquela observação.

- Bom, é que...

- Seja autêntico. - O meu tom de autoridade vez seu olhar mudar. Pablo demonstrou submissão, era esse seu defeito.

- Me perdoe. De verdade. Eu ... - Ele umedeceu os lábios com real arrependimento. - Eu quis dizer que... você não é alguém desinteressada, você se importa com estudos. Minha noiva teve de tudo e nunca se interessou em estudar...

- É mesmo? - Não sei porque eu fiquei alterada. Eu nunca levava desaforo para casa na adolescência mas no trabalho eu tinha que me manter firme, já havia aguentado muita confusão mas graças a minha personalidade destemida eu estava focada em minha missão.

- Marisa, desculpa. Não quis soar arrogante, eu confio em você...

Ok, eu tinha que me recompor.

- Certo, lamento também por ter ficado exausta, eu não costumo ser assim.- Sim, eu fico sempre assim. - Então, sobre esse tema, da sua vida amorosa, são esses conselhos que te deixo. A partir daqui é sua conta em risco. Precisa ficar atento às pistas que o destino está te dando para não cair em armadilhas, - eu apontei para a carta do rato - você é forte Pablo - e apontei para a carta do cavalheiro - você é grande - e apontei para a carta da cruz - você é importante - e apontei para a carta do sol - não deixe uma pessoa destruir tudo que você tem, seu futuro é incrível - e finalizei apontando para a carta dos lírios.

- Eu vou contratar um investigador.

- Faz bem. Há mais algum ramo da sua vida que quer saber?

- Você aceitaria ser minha vidente pessoal?

- O que?

            
            

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