Mamãe de mentira
img img Mamãe de mentira img Capítulo 3 Mamãe!
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Capítulo 6 Controle-se img
Capítulo 7 Profissional img
Capítulo 8 Amigos img
Capítulo 9 Em casa img
Capítulo 10 Real img
Capítulo 11 Confissões img
Capítulo 12 Temporário img
Capítulo 13 Mentiras e ciúmes img
Capítulo 14 Nome da ex img
Capítulo 15 Eu img
Capítulo 16 Um dia inesquecível img
Capítulo 17 Salvação img
Capítulo 18 Malu img
Capítulo 19 A coisa certa img
Capítulo 20 Nós img
Capítulo 21 Confiança img
Capítulo 22 Investigação img
Capítulo 23 Entre medos e alianças img
Capítulo 24 Uma verdade img
Capítulo 25 Achismos e confissões img
Capítulo 26 Roda Gigante img
Capítulo 27 Um conselho img
Capítulo 28 Deslize img
Capítulo 29 Uma confissão img
Capítulo 30 Todos os santos img
Capítulo 31 Te amo img
Capítulo 32 Pedacinho do passado img
Capítulo 33 Céu da Bahia img
Capítulo 34 Um corpo em miséria img
Capítulo 35 Icebergs img
Capítulo 36 Cópia img
Capítulo 37 Eu img
Capítulo 38 Estou aqui img
Capítulo 39 Chantagem img
Capítulo 40 Personagem img
Capítulo 41 Juntos img
Capítulo 42 Preciso de você img
Capítulo 43 Péssimo img
Capítulo 44 A visita img
Capítulo 45 A verdadeira Daniela img
Capítulo 46 Bariloche img
Capítulo 47 Franqueza img
Capítulo 48 Pedido de aniversário img
Capítulo 49 Um presente img
Capítulo 50 A única chance img
Capítulo 51 Um amor de verdade img
Capítulo 52 Epílogo img
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Capítulo 3 Mamãe!

- Você ia embora sem me dar tchau? Não ia nem ficar para me ajudar a cortar o bolo? - Os olhos amendoados estavam cheios de lágrimas.

- Não, eu ia exatamente atrás de você.

- Eu tomei banho, mamãe. - Ela cheirou o próprio pulso e me estendeu para que eu fizesse o mesmo. - A vovó me fez prometer que eu não ia aborrecer você com perguntas, e disse que você só veio para me ver rapidinho.

- Eu nunca perderia a oportunidade de ver você. - Ajoelhei-me diante dela, em um momento insano de coragem, e assumi o lugar da mãe que nunca tive. Eu a entendia, eu sabia o que aquelas lágrimas representavam.

- Eu te amo, mamãe. - E choramos juntas, uma dor que só quem não teve mãe entende. Estava dando a ela um abraço que esperei a minha vida inteira.

- Não vamos chorar, não é? - Sequei os olhos dela e em seguida fiz o mesmo com os meus.

- Eu morava na sua barriga. - Ela me olhou cheia de sabedoria infantil. - Foi a única vez que ficamos juntas.

A ergui no colo, enquanto um nó de sentimentos conflitantes me inundava o corpo e calava a minha voz.

Ela me arrastou até o quarto dela no andar superior, haviam variantes infinitas de bonecas e unicórnios.

Ela me mostrou uma boneca velha que estava em sua cama.

- Mamãe, eu sei que coisa velha não é presente, mas essa é a Lucinda, minha boneca de nanar. Eu quero que leve ela com você; a gente tem o mesmo cheiro, quando tiver saudade de mim, você vai poder sentir meu cheiro.

Ela era muito esperta. Isso não havia como negar.

- A mamãe não pode aceitar...

- Você não sente minha falta? - Ela lambeu o lábio inferior num gesto de nervoso.

- Sim, a mamãe sente, é que...

Ela pegou minha mão e me fez sentar com ela na cama.

- Você não ama mais o papai? É por isso que você não fica aqui?

- O quê?

- A mãe do Joaquim não ama o pai dele e foi embora com um homem que não usa camisa.

- Não é isso, foram outras coisas e...

A porta se abriu e Antônio entrou, me deixando aliviada.

- Duda, o papai estava preocupado com você. A vovó te deixou na sala de TV e você saiu...

- Estou com a minha mãe; sabia que minha mãe ama você, papai?

Senti meu rosto queimar quando ele me lançou um sorriso.

- Também amo a mamãe e nosso amor te trouxe para a terra. Duda, você pode deixar a mamãe se vestir e tomar um banho antes da festa?

Antônio me estendeu a mão, que aceitei de bom grado. Saímos do quarto e fomos em direção a outro, este maior e mais espaçoso. Os tons sóbrios emprestavam uma masculinidade que combinava com o perfume que tornava o ambiente altamente atraente.

Só percebi que ainda estava de mãos dadas com meu chefe quando ele me soltou e fechou a porta.

- Obrigado, estou tão aliviado que não sei sequer como agradecer...

- Ela disse que vai ter uma festa?

- Sim, só para familiares e amigos íntimos.

- Essas pessoas não conhecem a verdadeira Daniela?

- Não, a Daniela nasceu aqui em São Paulo, eu sou de Ipiaú, uma pequena cidade no sul da Bahia. Meus parentes que moram aqui agora só conhecem a mesma Daniela que a minha filha conhece, uma moça tímida que detestava fotografias e que me deixou para seguir a vocação.

- Você engana todo mundo? É isso?

- Eu mataria todo mundo pela minha filha, quanto mais mentir. Minto e não me arrependo, meu arrependimento maior foi não ter dito que a mãe tinha morrido, mas pensei que se ela voltasse isso seria complicado.

- E se ela voltar agora? Vier para a festa, por exemplo?

- Daniela se casou com um turco e vive na Europa. Pelo que sei, há filhos e a menor vontade de lembrar que existe alguém aqui com seu sangue...

- Agora a pouco você me disse que não fazia ideia de onde essa mãe estava e...

- Eu menti, gostou? Eu teria te contado qualquer história que fizesse você fingir que era a mãe dela. Você tem o mesmo nome, isso é um trunfo...

- Você me trouxe aqui com esse objetivo? - O encarei e ele riu.

- Não, mas cheguei a pensar nisso enquanto estávamos no carro. Tem mais...

- Mais? - Meneei a cabeça.

- Eu sou apaixonado por minha esposa, qualquer mulher nesse período foi apenas necessidade física, por isso nunca casei, nem tive namoradas. Na realidade não quero que minha filha tenha uma madrasta.

- E a Daniela te largou? E você sofre por isso, sei...

- Não, eu pinto nosso relacionamento como uma espera, então vou ter de colocar a mão na sua cintura durante a festa...

- Você o quê?

- Te abraçar, te olhar assim... - Ele se aproximou de mim e o olhar dele foi tão carregado de desejo que quase caí sentada no chão.

- Nada de abraços... - Tentei me manter segura.

- Dois meses e você contrata e demite quem quiser. Pode cuidar de cada detalhe do seu projeto para a empresa.

- Quem eu quiser?

- Se minha mão puder ficar assim durante alguns momentos... - A mão dele acarinhou minha cintura, meu olhar pousou na boca rosada. - Você pegou o espírito. Quem te vê agora até acha que você quer me beijar.

- Você está louco! - Soltei a mão dele da minha cintura e senti que ainda queimava com o toque, naquele momento parecia uma adolescente tola e impressionável.

- Apenas te elogiei.

- Sua mão na minha cintura só quando tiver gente presente. Eu quero três meses para apresentar lucro e você demite aquelas modeletes que você contratou.

- Certo. - Ele estendeu a mão num gesto de acordo, que eu correspondi. - Há um banheiro ali, naquela porta, nesse lado do closet tem algumas peças femininas, agulha e linhas, ajuste alguma que combine com seus sapatos. Quero ver se você é tão boa costureira quanto é chantagista. Eu te espero lá embaixo e, mais uma vez, obrigado.

Ele saiu fechando a porta atrás de si, peguei um dos vestidos e comecei a ajustá-lo na minha cintura.

Mal sabia naquele momento que a gente só escolhe começar a mentir. Não há o menor controle sobre quando parar.

            
            

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