Mamãe de mentira
img img Mamãe de mentira img Capítulo 4 A festa
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Capítulo 6 Controle-se img
Capítulo 7 Profissional img
Capítulo 8 Amigos img
Capítulo 9 Em casa img
Capítulo 10 Real img
Capítulo 11 Confissões img
Capítulo 12 Temporário img
Capítulo 13 Mentiras e ciúmes img
Capítulo 14 Nome da ex img
Capítulo 15 Eu img
Capítulo 16 Um dia inesquecível img
Capítulo 17 Salvação img
Capítulo 18 Malu img
Capítulo 19 A coisa certa img
Capítulo 20 Nós img
Capítulo 21 Confiança img
Capítulo 22 Investigação img
Capítulo 23 Entre medos e alianças img
Capítulo 24 Uma verdade img
Capítulo 25 Achismos e confissões img
Capítulo 26 Roda Gigante img
Capítulo 27 Um conselho img
Capítulo 28 Deslize img
Capítulo 29 Uma confissão img
Capítulo 30 Todos os santos img
Capítulo 31 Te amo img
Capítulo 32 Pedacinho do passado img
Capítulo 33 Céu da Bahia img
Capítulo 34 Um corpo em miséria img
Capítulo 35 Icebergs img
Capítulo 36 Cópia img
Capítulo 37 Eu img
Capítulo 38 Estou aqui img
Capítulo 39 Chantagem img
Capítulo 40 Personagem img
Capítulo 41 Juntos img
Capítulo 42 Preciso de você img
Capítulo 43 Péssimo img
Capítulo 44 A visita img
Capítulo 45 A verdadeira Daniela img
Capítulo 46 Bariloche img
Capítulo 47 Franqueza img
Capítulo 48 Pedido de aniversário img
Capítulo 49 Um presente img
Capítulo 50 A única chance img
Capítulo 51 Um amor de verdade img
Capítulo 52 Epílogo img
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Capítulo 4 A festa

Desci as escadas com um vestido azul-escuro e prendi os cachos negros para trás, Duda veio correndo até mim assim que me viu. Ela usava um vestido cor de rosa e asas de tule. Estava linda, as bochechas rosadas, a janelinha no sorriso.

- Mamãe, eu sou uma fada. - Ajoelhei-me na frente dela e arrumei alguns fios que estavam soltos ao redor do rosto.

- É a fada mais linda que eu já vi.

Ela segurou minha mão com toda a firmeza que sua infância lhe permitia e me mostrou cada detalhe da festa com orgulho. A celebração acontecia no quintal dos fundos; era como um mundo infantil encantado, mas aquilo não mexia com a pequena, que só me soltou após eu insistir para que fosse brincar com mais crianças da idade dela que a queriam no pula-pula.

- Ela é linda, não é? - Uma mulher parou ao meu lado, os cabelos cor de fogo presos em uma trança que caía pela lateral do rosto.

- Sim. - Olhei para Duda, que acenou para mim.

- Deve ser muito fácil para você voltar e pegar a menina já desse tamanho e retomar o coração do Antônio, como se não tivesse sequer partido. Aliás, pelo que ele me disse, você já está de partida novamente, agora só volta aos dezesseis anos.

- Nossa, quanto veneno! Eu mal sei quem você é...

- Você mal sabe sobre a sua filha, como saberia de mim? - A encarei, concordava com o que ela dizia, mas não era certo me agredir verbalmente.

- Olha...

- Com licença. - Antônio parou ao meu lado e a mão dele pousou na minha cintura, o olhar dela foi de total desagrado ao ver que ele estava comigo. - Malu, como você está? Vi que já conheceu Daniela.

- Já conheci sua esposa; pelo visto não é só a Duda quem terá uma excelente noite. Com licença...

Ela saiu, nos deixando a sós.

- Você não precisa ficar com a mão na minha cintura quando não há uma terceira pessoa nos vendo. - O censurei.

- Eu sei. - Ele respondeu, porém não a retirou. - Malu te ofendeu?

- Um pouco, mas não eram para mim aquelas palavras e concordo com metade delas, então... - Dei de ombros.

- Ela queria muito ser madrasta da Duda, mas como já disse, não pretendo ficar com ninguém até minha filha ser adulta.

- Falta muito tempo...

- Por que se importa? Você não está na fila, ou está? - Ele riu, zombeteiro.

- Claro que não, eu...

- Vou guardar seu lugar. Fique tranquila, a sua senha será uma das primeiras...

Antes que eu pudesse responder aquela grosseria ele simplesmente saiu.

- Não acredito nisso... - Minha vontade era de dar uma reposta à altura, mas não vi um meio naquele momento.

Meu celular tocou na bolsa, era uma das minhas colegas de trabalho e ignorei, como contar aquilo para alguém? As críticas que martelavam minha cabeça seriam ditas em voz alta e não era momento para ouvi-las; eu fazia pela pequena o que sempre quis ter.

O fotógrafo parou ao meu lado e logo pediu para tirarmos uma foto de família. Antônio chamou a filha, que veio correndo na minha direção. A peguei no colo e meu chefe me abraçou, éramos uma família feliz e completa.

Éramos uma mentira.

Dessa vez Duda soltou-se rapidamente e correu para o brinquedo.

- Obrigado por isso, era o sonho dela... - Antônio parou ao meu lado.

- Mas é mentira - Lembrei.

- Pode ser, mas ela terá um aniversário incrível e isso brincará na memória dela.

– Você não contará, não é? Vai deixá-la pensar que teve mesmo a mãe?

- Vou matar essa mãe e me fazer de viúvo inconsolável...

- Você, inconsolável?

- Sim. Fiel à memória da minha linda esposa. - Ele afastou um dos cachos do meu cabelo.

- Nem parece que não pode ver uma estudante de moda...

- Ciúme? É minha esposa há menos de uma hora e já está insegura? Só tenho olhos para você, meu amor.

- Ciúme? Me poupe, e não sou sua esposa. Aliás, entendo porque ela fugiu...

- Ela fugiu por dinheiro, deixou para trás uma bebê e um pobre marido. Imagine se ela visse o tamanho dessa casa? Estaria com mais ciúme da minha vida sexual que você...

- Não estou nem aí para a sua vida sexual.

- Você namora? - Ele mudou de assunto, me deixando desconcertada.

- Não, eu me dedico ao trabalho e...

- Ao trabalho? - Ele ergueu uma sobrancelha. - Essa é a sua paixão?

- De verdade?

- Sim, por favor.

- Eu queria cursar moda, mas não consegui bolsa em uma faculdade que me permitisse trabalhar e preciso do emprego.

- Você queria ser uma das minhas estudantes de moda? - Ele riu e eu o olhei furiosa.

- Babaca...

- Estava brincando, Daniela, pode relaxar. Eu não estou te cantando, só preciso relaxar e não levar isso a sério, senão vou enlouquecer... Eu te ajudo a arrumar uma bolsa e a gente dá um jeito nos seus horários.

- Não vou ser sua estudante de moda...

- Não. Lembre-se que só estarei livre em dez anos, até lá você já casou, teve seus filhos e nem vai lembrar de hoje.

Ele ficou sério, os olhos escuros estavam pensativos. Fiquei refletindo sobre aquele homem tão bonito e solitário, preso a uma mentira para proteger a filha, de um jeito torto, mas tão certo.

- Lembrarei sim.

- Você não entende, não é? Qualquer investigação mais profunda acha a minha certidão de divórcio. Vê que fui um pai solteiro e mentiroso... Não posso arriscar Duda, eu prometi para aquele bebezinho que tudo daria certo...

- Você tem feito de tudo, pelo visto.

- Sim, não há o que eu não faça. Daniela eu quero te pedir mais uma coisa, sei que já estou te explorando...

- Fala o que é.

- Não conte isso a ninguém; sei que as pessoas vão ver...

- Não contarei, pode ficar tranquilo, só nós saberemos. Mas tem uma coisa que eu não entendi, sua mãe também pensa que eu sou a sua Daniela?

- Não, eu falei que ia arranjar uma mãe postiça. Ela ainda tentou me desencorajar, disse que a verdade é sempre o maior de todos os caminhos, mas Duda só saberá que a mãe a deixou quando ela for uma mulher adulta e segura. Não quero minha filha se tornando uma mulher cheia de traumas achando que foi responsável pela partida da mãe.

- Eu te entendo; não aprovo, mas entendo.

- Obrigado, sei que é difícil, mas sua participação será curta. Vamos cortar o bolo e colocar a Duda para dormir, depois te levo em casa e, para Duda, a mãe voltou a cuidar dos pacientes...

- Está certo.

Respirei aliviada, mal sabendo que não tínhamos qualquer controle sobre aquilo.

            
            

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