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Quando o plantão no hospital terminou, eu estava exausta, em todos os sentidos. Minha cabeça estava pesada e eu estava louca para chegar em casa. Queria cair na cama e só levantar no outro dia. Claro que fui até a enfermaria e tomei analgésicos, mas era mais que uma simples enxaqueca. Era cansaço, mental e físico. Meus pés latejavam enquanto eu andava pelo corredor até a saída do hospital.
Assim que comecei a trabalhar no hospital, peguei mania de andar de salto. Médica, tinha que ser elegante. Eu havia me acostumado à andar de salto, era um fato. Mas, era apenas o hospital. Agora com a faculdade, eu iria sentir mais, com certeza.
Eu sabia exatamente a carga que estava trazendo para a minha vida quando tomei a decisão de começar uma segunda faculdade, mas também sabia como complementaria minha profissão. E eu sempre queria aprender mais, por mais que soubesse. Sempre fui assim. E não me arrependia da decisão de começar uma segunda faculdade, eu estava expandindo minha carreira e me aperfeiçoando na área que escolhi atuar.
Saí junto com Valerie pelas portas de vidro da entrada do hospital. Audrey e Alice estavam na frente, conversando sobre algum paciente. Eu não havia atendido muitos naquele dia, apenas alguns pacientes com fraturas e fraturas expostas. Eu não sei como Audrey havia se formado Ortopedista se tinha horror quando via fraturas expostas.
Eu sempre gostei de cuidar e de ajudar. E foi aquela vontade de ajudar que me motivou à iniciar Fisioterapia: ajudar em reabilitação. Sabia que podia fazer muito mais como médica formada em duas áreas. E duas áreas que se complementavam. No hospital eu não tinha uma sala minha, porque atendia na emergência. Então, dividia a sala com Audrey. Valerie e Alice ficavam em outra sala.
Escolhemos a emergência após o fim do estágio, porque ali podíamos ajudar de verdade. Não ficar em uma sala atendendo com horários marcados. Ali, nós podíamos fazer a diferença. E fazíamos. Não havia nada que gostássemos mais de fazer do que ser médicas.
Valerie destravou o carro e nós entramos. Audrey deitou-se no colo de Alice atrás. Ela estava exausta, como todas nós. Não havia dormido na noite anterior porque brigou com a mãe. Aquilo não era uma novidade, elas sempre brigaram, desde que éramos adolescentes. Mas estava ficando pior com o passar do tempo. Nem eu, Valerie ou Alice nos intrometíamos. Os problemas de Audrey com a mãe diziam respeito apenas à ela. Se ela quisesse nos contar, estaríamos ali para ouvir. Caso contrário, não a pressionaríamos.
Claro que eu imaginava o que era, tenho certeza de que Valerie e Alice também, apesar de ninguém falar sobre aquilo. Mas eu achava que era pelo fato de Audrey ter escolhido ser médica, e não engenheira como a mãe. Era uma coisa boba, mas eu achava que podia ser aquilo. Talvez ela quisesse o mesmo futuro que ela teve para a filha. Vai saber.
Eu tinha a sorte de ter pais extremamente tranquilos. Eles apenas disseram: "Queremos um diploma, não importa do quê. Escolha o que você ame fazer e faça com seu coração. Apenas nos dê o orgulho de ir a sua formatura". E foi exatamente o que eu fiz. Escolhi o que gostava de fazer e dei o orgulho de eles estarem na minha formatura. E claro, exercia minha profissão com todo o meu coração.
- Você quer que eu te deixe na casa dos seus pais, não é?! - Valerie perguntou, ao parar em um farol. Levantei o olhar do celular para ela, estava enviando mensagem para Oliver me esperar.
- Sim, por favor. - Reprimi um bocejo, voltando à digitar no celular. Audrey já havia adormecido com a cabeça no colo de Alice, que observava a cidade através da janela. Ela também tinha um olhar cansado. A loucura da Olívia iria deixar todas nós loucas, exaustas e esgotadas. Porém, com duas faculdades.
- Amiga, você precisa mesmo dormir. - Alice comentou, do banco de trás. Eu já ia rebater, quando um novo bocejo me atingiu. Valerie riu.
- Eu sei. Farei isso mais tarde. Vocês também precisam dormir.
- Ah, eu vou dormir a noite inteira. Acredite. - Valerie garantiu, fazendo com que eu Alice déssemos risada. Valerie conseguia dormir muito bem. Era só deitar, que adormecia. Audrey e Alice também tinham a mesma facilidade. Apenas eu que sofria de insônia desde os 18 anos. Que inveja branca que eu tinha. Saudades do tempo em que deitava e conseguia dormir rapidamente.
Observei minha amiga adormecida no banco de trás e suspirei. Viu?! Apenas deitou no colo de Alice e já havia dormido. Se eu tentasse fazer isso, demorava horas para adormecer. Mesmo que estivesse caindo de sono. À menos que o sono e o cansaço estivessem muito fortes. Caso contrário, eu me revirava na cama por um longo tempo. E era o que acontecia quase todas as noites. Menos quando dormia com Riley. Com ele, eu adormecia tão rápido quanto um bebê.
Consegui ver, pelo retrovisor, Alice ligando para alguém. Apenas olhei para Valerie. Além de passar a tarde toda com o crápula, ela tinha que ficar ligando de hora em hora para ele. Valerie puxou o ar e eu revirei os olhos. Eu não entendia porquê Alice insistia em correr atrás do cara que mal ligava para ela. Namorados, ok. Mas aquilo não mudava o fato de que ele era um babaca e não valorizava a namorada que tinha.
Balancei a cabeça negativamente e desviei os pensamentos. Eu já tinha muitos problemas e ainda me preocupava com o das minhas amigas. E ainda tinha que me preocupar com meu professor de Anatomia me lançando olhares durante toda a aula. Eu esperava que fosse coisa da minha cabeça, ou que só tivesse sido naquele dia. Não queria ter que me preocupar com mais isso também.
Não demorou para Valerie estacionar na frente da casa dos meus pais. As luzes estavam acesas, mas não vi o carro do meu pai. Ele e minha mãe ainda não deviam ter chegado da empresa. Eles são donos de uma empresa de advocacia. E eu virei médica. E Oliver vai se formar em arquitetura. Sim, os membros da família Wright tem gostos muito diferentes.
- Eu vejo vocês mais tarde. - Mandei beijos, enquanto pegava minha bolsa e saía do carro. Mesmo já tendo saído de casa há pouco mais de 1 ano, eu ainda tinha chave. E meus pais mantiveram meu quarto da forma que deixei, até porque vinha dormir aqui todo fim de semana.
A casa parecia vazia quando entrei. Mas ouvi barulho de jogo na sala. Estudos. Eu ia matar o Oliver, se ele estivesse jogando ao invés de estudar para as provas da faculdade.
Encontrei Oliver na sala, sentado confortavelmente no tapete, um balde de pipoca e um copo de Coca ao lado, e jogando. Definitivamente meu irmão não tinha jeito. Jogando ao invés de estudar.
- Estudar, hein?! - Me encostei na parede. Oliver se assustou, derrubando o controle do jogo no chão e me olhou com cara de culpado. Ergui as sobrancelhas.
- Eu já terminei. - Ele se justificou. Semicerrei os olhos para ele. Oliver era muito parecido comigo; cabelos escuros, olhos claros e o mesmo formato do queixo. Diversas vezes falavam que éramos gêmeos, apesar de eu ser dois anos mais velha do que ele.
- Terminou, né, pilantra?! - Deixei minha bolsa no sofá e me sentei, tirando as botas. Eu precisava muito fazer aquilo. Meus pés estavam gritando para sair de dentro do couro.
- Você tá péssima, Olívia. - Oliver fez uma careta ao me olhar.
- Obrigada pela parte que me toca, irmão. - Meu tom de voz foi completamente irônico.
- Estou aqui para isso, maninha. - O idiota teve a capacidade de piscar para mim com um sorriso malicioso. Revirei os olhos e dei um tapa na cabeça dele. Meu irmão era uma comédia. Parecia adolescente, algumas vezes.
- Onde estão os nossos pais? Ainda não chegaram da empresa?
- Se você não os vê por aqui pegando no meu pé...
- Respeito, garoto. - Repreendi-o. - Queria vê-los.
- Eles vão chegar só mais tarde hoje, maninha. - Oliver informou. Suspirei pesado. - Por que não fica para o jantar? Eles devem chegar umas 20:30h. Daí comemos todos juntos. - Ele sugeriu, dando de ombros.
- Eu não posso, Oliver. Prometi de jantar com as meninas e Riley vai passar lá no apartamento depois com uma pizza
- Você ainda está com aquele idiota? - Meu irmão se virou para me olhar, a expressão incrédula. Viu?! Ele detesta meu namorado. Ergui as sobrancelhas.
- Claro que estou. Pare de xingá-lo. - pedi. Eu não gostava quando Oliver falava mal de Riley. Meu namorado não tinha defeitos. Era atencioso, preocupado, gostoso, bom de cama, me fazia ter orgasmos alucinantes, e ainda era um arquiteto renomado. Eu podia pedir mais?!
- Termina com ele. É um idiota. - Oliver xingou novamente. Apenas encarei-o e ele balançou a cabeça negativamente. Eu sinceramente não entendia o motivo pelo qual Oliver detestava tanto Riley. Foi de primeira; apresentei e ele detestou a partir dali. Vai entender a cabeça do meu irmão.
- E Samantha? - perguntei, tentando mudar de assunto. O foco deveria ser outro, não eu ou meu namoro com Riley.
- Não começa com isso, Oli. - Ele pediu. Franzi a testa. Ele adorava falar do seu quase-namoro com Samantha.
- Por que não? Me conte como vocês estão.
- Não. - murmurou. Ele parecia desconfortável. Aquilo me intrigou.
- Ah, qual é, Ollie?! Desde quando temos segredos? Vocês estão namorando finalmente? - Um sorriso apareceu em meu rosto.
Oliver me olhou de soslaio e eu mordi o lábio inferior. Eu adorava saber sobre ele e Samantha, a irmã mais nova da Audrey. Eles tinham algo que nem eles mesmo entendiam. Claro que Edwin não era muito fã; seu melhor amigo e sua irmã caçula. Mas ele tinha que aceitar, porque Oliver e Samantha se gostavam, e aquilo era visível para todos nós.
- Não, não estamos. - Ele respondeu, com um revirar de olhos.
- E por que não? Vocês tem uma conexão.
- Conexão. - Oliver repetiu, o tom de voz carregado de deboche.
- Tem sim! - Rebati. - Você é cheio das conexões com as pessoas.
- Ah, sou, é claro. Sou cheio das conexões com você.
- É mesmo! Você é muito sociável, irmão. Chame do que quiser. Vocês tem uma ligação.
- Tudo bem. - Oliver soltou o ar. - Mas não tem nada para contar, Olívia. É sério. Não vejo Sam tem uns 3 ou 4 dias.
- E por que não?
- Não tem um porquê. Não somos namorados. Não precisamos nos ver todos os dias. É isso.
- Olha lá, hein?! Não vá machucar a Samantha. Edwin mata você. - Alertei.
- Não vou fazer nada que ela não queira que eu faça.
- Seu safado! - Empurrei ele pelo ombro, fazendo-o rir. Olhei no meu celular. Já passava das 19:00hs. - Eu tenho que ir. - Enunciei, com um suspiro pesado, já calçando minhas botas novamente.
- Já? Você acabou de chegar. Nem comeu ou conversamos direito. - Oliver argumentou, levantando-se junto comigo.
- Eu sei. Eu sinto muito, Ollie. Estou exausta e amanhã tem tudo de novo. Preciso dormir.
- Tem conseguido dormir? - Ele inqueriu, preocupado.
- Na medida do possível... - Suspirei. Meu irmão me abraçou. Ele era muito preocupado comigo. Às vezes, ele parecia o irmão mais velho e eu parecia a irmã mais nova. Até pelo tamanho.
- Eu te levo em casa. - Oliver ofereceu, já pegando a chave do carro em cima da mesinha de centro.
- Tudo bem. - Concordei. Eu nem tinha parado para pensar nisso. Valerie me deixou e eu sem carro. Minha despreocupação às vezes passa dos limites.
O caminho até o apartamento foi rápido. Oliver se achava parte dos Velozes e Furiosos, do tanto que corria com aquele V*. O vidrado em corrida. Não sei como não se tornou piloto ao invés de arquiteto. Nossa mãe ia ter um ataque do coração caso aquilo acontecesse.
Já passavam e muito das 19:00hs. O céu estava em um tom bonito de azul escuro, coberto por estrelas. E a noite estava quente. Eu nem sei como estava de bota. Eu não era muito normal. 24ºC na Califórnia e eu de bota. Vai entender.
Conectei meu celular ao carro e TKO começou a tocar. Eu era uma louca viciada em Justin Timberlake, desde mais nova. Aos 15, tinha milhares de posters dele na parede do meu quarto. Meu pai ficava louco com o tanto de revista que eu assinava só porque eleia sair na capa ou em alguma matéria. Mas eu tinha o incentivo da minha mãe, porque, que homem maravilhoso!
Não demorou para Oliver entrar na avenida do meu condomínio. O esperto ultrapassou dois faróis amarelos e só não ultrapassou um vermelho porque eu não deixei. Queria chegar viva em casa. Obrigada.
- Obrigada por me trazer. - Agradeci, quando Oliver estacionou em frente ao meu prédio. Tirei o cinto e me virei para abraçá-lo.
- Não foi nada. Vá mais lá em casa e termine com Riley. - Ele abriu um sorriso completamente debochado para mim. Semicerrei os olhos para ele.
- Também te amo, irmãozinho. Me mande mensagem quando chegar em casa, preciso saber se estará vivo correndo igual um doido. - Saí do carro, deixando Oliver rindo sozinho lá dentro. Meu irmão não tomava jeito de forma alguma. Mas eu o amava daquele jeito.
- Eu te amo. - Oliver gritou da janela do carro, enquanto eu entrava no prédio. Mandei um beijo para ele após fechar a porta de entrada. Ele piscou para mim antes de arrancar com o carro. Se ele não me ligasse em meia hora, eu ligaria. Me preocupava a forma como Oliver dirigia. Mas Riley também era daquela forma. Mais parecidos do que realmente meu irmão gostava de admitir.
Quando entrei no apartamento, Audrey, Valerie e Olívia ainda estavam cuidando do jantar. E estava um cheiro maravilhoso de comida japonesa. Havia uma jarra de suco de laranja em cima da mesa. Era japonês!
- Vocês pediram comida japonesa? - perguntei, ao fechar a porta e ir me sentar no sofá.
- Sim, senhora. - Audrey respondeu, com um sorriso. Abri um sorriso enorme. Nós amávamos japonês. Era umas 3 vezes por semana se deixasse. Perder tempo fazendo comida se chegava barcas em menos de 30 minutos? Bobagem!
Tirei as botas, a jaqueta e soltei o cabelo do rabo que havia feito quando voltei do horário do café no hospital. Tirei meu celular da bolsa e deixei em cima da mesinha de centro. Riley podia ligar à qualquer momento.
Valerie veio da cozinha com um comprimido e um copo d'água na mão. Franzi a testa.
- É analgésico para sua enxaqueca. - Ela esclareceu ao ver minha expressão. Suavizei.
- Obrigada, amiga
- Por nada! Tome e venha comer, já arrumamos aqui
Segui Valerie até a cozinha enquanto tomava o comprimido. Tinham 4 barcas na mesa, além de suco de laranja e mousse de chocolate. Eu amava aquelas meninas, sério. Sentei entre Audrey e Valerie na mesa redonda e Alice ficou na minha frente.
Eu puxei rapidamente um potinho de molho shoyo para perto de mim, porque eu era muito viciada. Se deixasse, eu temperava tudo com shoyo, passava tudo no shoyo. Pena que aquilo não era possível, infelizmente.
- Isso é inacreditável de tão bom. - Audrey comentou, de olhos fechados, fazendo eu e Valerie rirmos. Alice estava quieta, apenas nos observando.
- Tudo bem, Alice? - perguntei, tomando um pouco de suco. Ela foi pega de surpresa, não estava preparada para a pergunta e nem para as atenções voltadas para ela. Olhei para Audrey e ela deu de ombros.
- Eu tenho algo para contar para vocês. - Alice disse, o tom de voz cauteloso. Ela parecia nervosa. O que queria nos contar que estava deixando-a tensa daquela forma?
- Então conta. - Valerie incentivou. Estávamos curiosas já. Eu intrigada.
- Eu vou morar com Paul. - Alice jogou a bomba de uma vez.
- Como é que é, Alice? - Audrey gritou. Ela realmente gritou. Valerie arregalou os olhos e eu ergui as sobrancelhas, estupefata. Aquilo foi um verdadeiro choque.
- Calma aí. Como assim vai morar com Paul? - questionei.
- Ele deu essa ideia hoje. Me convidou para ir para o apartamento dele - Alice explicou, dando de ombros. Olhei para Audrey, em busca de socorro. Alice não podia ir morar com aquele cretino, ele podia fazer algo com ela. Eu não confiava em Paul, nunca confiei. Aquela cara dele de quem não presta nunca me enganou. Mas enganou minha amiga. Alice não conseguia ver quem ele era de verdade: um cretino.
- E você tem certeza disso, Alice? Depois que tomar essa decisão, não tem volta. Você estará sozinha com ele. - Valerie alertou-a.
- Ele é meu namorado, gente. O que demais pode acontecer? Vamos morar juntos. Tantos casais fazem isso, somos apenas mais um. - Alice abriu um sorriso, mas parecia incerta. Eu não gostei daquela ideia. Audrey fechou a expressão e Valerie puxou o ar.
Alice morando com Paul? Eu não sabia o que pensar daquilo.
O clima ficou tão desconfortável que Audrey parou de comer, Valerie apenas terminou o que tinha na sua frente, e eu empurrei a barca para longe de mim. Alice acabou indo para o quarto, percebeu como ficamos. Nunca gostamos de Paul e nunca escondemos. Ela só não pode dizer que não nos preocupamos e a alertamos.
A campainha tocou e eu me levantei para atender. Era Riley. Já eram quase 21:00hs. Adiantado. Era isso que eu gostava no meu namorado. Ele falava um horário e chegava antes. Mais tempo juntos.
Quando abri a porta, Riley tinha uma pizza na mão, mas veio diretamente para mim e me puxou pela cintura, para me beijar.
- Ah, não. - Audrey reclamou da cozinha e Valerie riu. Dei mais um beijo em Riley e deixei ele entrar. - Ainda bem que trouxe pizza, o jantar aqui estragou.
- O que aconteceu? - Riley perguntou, com a testa franzida, enquanto colocava a pizza na mesa. Audrey apressou-se em abrir e pegar um pedaço. Era calabresa.
- Alice nos disse que vai morar com Paul. - contei, o tom de voz baixo. Riley revirou os olhos. Ele também não gostava de Paul. Homem conhece homem. Isso era muito real. Meu irmão e Riley sempre falaram que Paul não prestava e não servia para Alice, e muito menos a merecia.
- E não podemos fazer nada. - Valerie lamentou. Fiz uma careta. Realmente, não podíamos fazer nada. Alice era maior e dona de si. Eu só esperava que ela soubesse o que estava fazendo e que nada desse errado.
- Será que vocês ficariam assim se Olívia fosse morar comigo? - Riley especulou. Franzi a testa. Audrey revirou os olhos, rindo.
- É claro que não, idiota. Nem faça essa comparação. Você é muito diferente do cretino do Paul. Se Olívia fosse morar com você, nós apoiaríamos. - Ela deu de ombros.
- Viu, amor?! Já pode ir morar comigo. - Riley me olhou com um sorriso sacana. Semicerrei os olhos para ele.
- Muito bem. E vocês duas podem ir dormir. - Expulsei Audrey e Valerie da cozinha. Riley foi sentar no sofá rindo.
- Não transem! - Audrey cantarolou, indo para o quarto com uma pizza na mão.
- Some daqui, Audrey. - Ataquei uma almofada nela, da qual ela se esquivou rindo.
- Empata foda! - Riley reclamou, fazendo Valerie rir.
- Não aprontem muito. - Ela piscou para mim, enquanto ia para o corredor. Balancei a cabeça negativamente e peguei dois pedaços de pizza na caixa. Me sentei ao lado de Riley no sofá e dei um pedaço de pizza para ele.
- Eu estava com saudades. - Riley se aproximou para me dar um beijo.
- Eu também estava. Apesar de termos nos visto no sábado
- Dois dias, amor. É muita coisa. - Ele fez drama, me fazendo rir.
- Tem razão. Dois dias são muita coisa. - concordei.
- Como foi na faculdade?
- Ah, você sabe. Aquela coisa de sempre. Tirando o fato que já sabemos como é a loucura
- Sei. E no hospital?
- O de sempre. Só estou extremamente cansada
- Salto e carga horária - Riley me lembrou, ao terminar de comer a pizza. Fiz cara de culpada, com o último pedaço de pizza na boca, e ele riu.
- Vou procurar usar sapatilha por um tempo - Suspirei.
- Vem cá, senta aqui. - Riley colocou a mão na minha cintura, puxando-me.
- Riley... - Meu tom de voz era um alerta, para o qual meu namorado não estava nem aí.
- Só um pouquinho. Conheço a regra da casa. Nada de sexo, mas não tem regras sobre isso e outras coisas.
Encarei-o, e ele sustentou o olhar. Convencida, fiquei sob os joelhos, e passei uma perna sobre Riley, ficando sentada de frente para ele, uma perna de cada lado de seu corpo.
- Agora sim. Bem melhor. - Riley comentou, as mãos na minha cintura e o olhar percorrendo meu corpo.
- Só estou sentada, nada mais que isso. - Avisei, ao apoiar minhas mãos nos seus ombros.
- Eu conheço as regras, amor. - Ele murmurou, esticando-se para cheirar meu pescoço. Foi o suficiente para me arrepiar. Riley conhecia todos os meus pontos fracos. Afinal, ele foi o primeiro e o único. Ele sabia exatamente o que fazer comigo, e como fazer. E de uma forma que me fazia perder os sentidos.
- Aqui não... - sussurrei. Se eu não fosse firme, seria ali mesmo.
- Por que você não foi trabalhar de saia hoje? - ele perguntou, a boca perto do meu ouvido.
- Porque eu fui para a faculdade antes do trabalho. - Expliquei, a voz arrastada.
- Prefiro quando você está de saia. - Riley já estava com os dedos no zíper do meu jeans. Não fiz objeção quando ele desceu minha calça, fazendo com que eu tivesse que levantar para tirá-la. - Bem melhor assim, só de camiseta e essa linda calcinha de renda.
Eu não conseguia ruborizar com ele. Por mais que algumas vezes ficasse com vergonha. Eu era dele, desde a primeira vez. E a forma como ele falava comigo ou me admirava podia me deixar envergonhada, mas fazia com que eu me sentisse desejada. E era uma sensação boa.
Aproveitei que estava em pé para deixar a sala no escuro. A única luz que entrava era da porta de vidro da varanda, porque a cortina estava aberta.
Riley puxou-me de volta para seu colo. Ali ele poderia fazer o que quisesse. Que se dane regra do apartamento. Fazia uma semana que eu não dormia com meu namorado. Eu queria aquilo tanto quanto ele.
- Devagar, tem regras. - Riley murmurou, mas eu podia sentir sua excitação embaixo de mim. Suas mãos apertando minha cintura e minhas coxas entregavam o quanto ele queria que estivéssemos no seu apartamento para poder fazer o que quiséssemos.
- Que se danem as regras. - sussurrei, ofegante. Riley não respondeu, apernas me virou, colocando-me deitada de costas para o sofá. Ele estava no meio das minhas pernas, que estavam erguidas até seus quadris.
- Audrey não vai gostar de ouvir isso. - Ele murmurou, a boca passando devagar pelo meu pescoço, sem beijar ou morder, apenas passando. Aquela era uma tortura que eu me entregava fácil.
- Só você tá ouvindo isso. - rebati. Minha respiração estava descompassada e Riley se esfregando em mim da forma que ele estava fazendo não estava ajudando em nada.
- Olívia... - O tom de voz do meu namorado era um aviso, para o qual eu não estava nem aí dessa vez. Reivindiquei sua boca, erguendo meu quadril. Riley apertou minhas coxas. Ele estava se segurando.
Desci minhas mãos até sua calça e abri o zíper. Chega de se segurar. Riley estava duro e quente quando coloquei minha mão em sua cueca. Senti sua respiração ofegante no meu pescoço. Não precisei abaixar muito sua calça, apenas sua cueca e ele colocou minha calcinha para o lado. Eu estava o molhada o suficiente para que ele deslizasse com facilidade para dentro de mim. E foi o que aconteceu.
O gemido ficou preso na minha garganta quando senti Riley dentro de mim. Ele mordeu meu pescoço. Não podíamos fazer barulho. Qualquer gemido seríamos pegos por uma Audrey muito furiosa. E eu só queria ter um momento gostoso com meu namorado.
Riley segurou minhas coxas na altura do seu quadril e começou a se movimentar. Apertei seus braços, numa tentativa falha de conter o prazer. Riley sabia o jeito certinho de fazer da forma que eu gostava. E de me estimular mesmo daquela forma. Ele se movia devagar, mas com intensidade.
Os beijos desceram do meu pescoço até meu colo. Minha camiseta foi tirada sem que eu percebesse e em seguida senti a boca de Riley nos meus seios. Mordo os lábios com força, evitando gemer alto.
Foi tudo muito intenso; sua boca nos meus seios, suas mãos apertando minhas coxas e os movimentos lentos de vai e vem. Ele estava muito duro e quente dentro de mim, escorregando com facilidade, para dentro e para fora. Eu estava tão molhada como achei que nunca estive antes.
Quando estava no limite, Riley me beijou. Ele conhecia exatamente o momento em que o orgasmo me dominava. Meus gemidos foram abafados pelo beijo, enquanto eu explodia em um orgasmo alucinante em volta de Riley. Ele veio em seguida, me deixando cheia dele.
Demorou para que minha respiração se normalizasse e meu coração voltasse a bater da forma certa no peito. Riley estava com o rosto na curva do meu pescoço, a respiração descompassada.
- Violamos a regra. - ele murmurou.
- Elas não precisam saber. - respondi, puxando o ar.
Riley ainda estava dentro de mim e um gemido escapou dos meus lábios quando ele saiu. Ele não saiu de cima de mim.
- Dorme lá em casa. - Pediu, a testa colada na minha.
- Eu vou.
- Quando?
- Quando eu não estiver cansada, para aproveitarmos a noite toda. - Puxei o lábio inferior dele.
- Promete?
- É claro que eu prometo, Riley. A gente precisa mesmo fazer isso com calma.
- 1 semana?
- Algo assim. - Suspirei.
- Tudo bem. É melhor eu ir antes que me vejam quebrando a regra do apartamento. - Riley me deu um selinho. Dei risada, enquanto ele saía de cima de mim e se vestia.
- Tá bom. - Me sentei, passando as mãos pelo cabelo bagunçado.
Riley me deu um beijo muito demorado na porta do apartamento. Eu ainda estava só de camiseta e calcinha. Ele me puxou pela cintura, fazendo-me ficar na ponta dos pés, e me beijou com intensidade.
- Eu te amo. - Murmurou, antes de me soltar.
- Eu te amo, Riley. - Beijei-o mais uma vez, para que não tivesse dúvida dos meus sentimentos.
- Eu sei, amor. - Ele tocou meu lábio inferior com o sorriso sacana, que me fazia sorrir.
Quando Riley foi embora eu só conseguia pensar em como queria que a regra do apartamento não existisse, só para mim estar com ele, da forma que eu queria estar, naquele momento.