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O fim de semana havia chegado. Depois de dias exaustivos, na faculdade e no hospital, finalmente um pouco de descanso. E eu estava mesmo precisando descansar. A semana foi mesmo de esgotar, definitivamente.
Eu havia me esquecido de como a faculdade podia esgotar a nossa mente. E trabalhar na emergência de um hospital ajudava mais ainda à nos cansar. Eu gostava do que fazia, e quis começar outra faculdade.
Não estava reclamando, porque foram escolhas minhas tudo aquilo. Mas eu não podia negar que era bastante exaustivo. Porém eu sabia que ia valer a pena em pouco tempo.
Todos os dias, Adam Scott ficou me olhando. E cada dia de forma mais intensa e explícita. Apenas Audrey havia percebido. Eu não sabia qual o milagre que fez Valerie não notar aqueles olhares, mas ela não tinha notado. E, quanto menos gente notasse, melhor.
Não que eu não confiasse nas minhas amigas, confiava nelas com todo meu coração. Mas era melhor aquilo ficar em mais profundo segredo. Audrey já sabia, porque conhecia olhares safados, mas ninguém mais devia saber sobre aquilo.
E, por mais que eu não quisesse ou não gostasse de admitir, os olhares de Adam estavam mexendo muito comigo. De uma forma que eu nem sabia explicar ainda. Ele tinha algo diferente, que eu ainda não entendia.
Sentei na cama de Valerie e respirei fundo, tentando ignorar meus pensamentos e focar no que estávamos fazendo. Era domingo e Alice esperou o fim de semana chegar para arrumar suas coisas e ir morar com o idiota do seu namorado.
Nem eu, Audrey ou Valerie estávamos confortáveis com aquilo, mas permanecemos quietas. Era o melhor à se fazer; evitaria uma briga que eu não sabia se teria volta depois.
- Está com sono ainda? - Audrey perguntou, dobrando as últimas peças de roupa de Alice para guardar na última mala aberta. Já havíamos arrumado tudo ontem e faltavam poucas coisas, apenas.
- Um pouco. - Balbuciei, após bocejar pela terceira vez. Eu estava realmente cansada. Sem contar a minha insônia, que parecia ter piorado nos últimos 3 dias. Mas eu dormiria melhor aquela noite, que ia para o apartamento de Riley.
- Hoje você dorme melhor. - Valerie comentou. Eu sempre dormia um pouco melhor quando estava com Riley. Ele fazia chá para mim e ficava acariciando meus cabelos até que eu pegasse no sono. E todo o cuidado que ele tinha comigo era um dos motivos para eu amá-lo tanto.
- Com certeza. - sussurrei, dobrando a blusa que estava na minha mão e colocando-a dentro da mala. Estar arrumando aquela mala, a última mala, mostrou que Alice realmente estava indo embora.
Não demoramos para terminar de guardar as roupas que faltavam. Logo a mala estava cheia e o armário de Alice vazio. A expressão de Valerie, olhando aquele armário sem roupas, era a mesma que a minha e de Audrey. Me dei conta de que estávamos mesmo perdendo Alice.
Deixamos todas as malas na sala. O cretino do Paul iria buscar Alice naquele dia. E devia estar chegando. Só de pensar em olhar para a cara dele me dava ânsia.
Eu tinha nojo dele. Era um cara abusivo, e só Alice não via a realidade. Eu tinha medo pela minha amiga, medo de pensar no que podia acontecer com ela morando sozinha com ele.
Quando a campainha tocou, Audrey choramingou, deitando a cabeça no meu colo. Ela era a única que não conseguia esconder seu descontentamento com o namoro da nossa amiga. Eu e Valerie apenas nos olhamos e respiramos fundo, desanimadas, quando Alice foi abrir a porta para o idiota.
- Oi, amor. - Alice deu um beijo em Paul e eu desviei o olhar, com a pior cara que se podia imaginar. Valerie tinha estômago para olhar aquilo, eu não. Audrey nem se mexeu.
- Oi, Alice. Está pronta? - Paul perguntou. Curto, grosso e seco. Como sempre. Aquilo não era uma novidade. Ele sempre foi daquele jeito.
- Estou. As malas são essas e é só isso. - Alice mostrou as 4 malas no meio da sala.
- Então vamos. - Paul entrou no apartamento e pegou as malas. Fechei os olhos; aquilo não podia ser real, não mesmo. Ele estava levando nossa amiga embora, e sabe-se lá o que podia fazer com ela sozinho. Minha vontade era segurar Alice e tirá-la do alcance de Paul, mas eu não podia fazer aquilo. Simplesmente não podia. Era a vida dela e ela quem devia decidir. E ela havia decidido. Mas decidiu da pior forma possível. Eu tinha medo, por ela. Medo do que Paul pudesse fazer, além de partir seu coração. Porque, aquilo, eu tenho certeza de que ele faria, mais cedo ou mais tarde ele faria.
- Eu estou indo. - Alice murmurou, parando na nossa frente. Audrey finalmente levantou a cabeça e se sentou direito no sofá. Valerie apenas me olhou antes de se levantar junto com Audrey. Respirei fundo e me levantei, após um momento.
- Nós vamos sentir sua falta. - Valerie sussurrou, antes de abraçar Alice. Audrey olhou para a mim com uma expressão que eu tinha quase certeza de que era mesma que tinha no meu rosto.
- Eu vou sentir a falta de vocês. - Alice balbuciou, soltando Valerie para abraçar Audrey. Ela estava chorando. No fundo, ela sabia quem ele era. Mas preferia não enxergar e tentar mudá-lo. Mas, um cara como Paul, não mudava. Estava nele ser um canalha.
- Se fosse sentir, não iria. - Audrey disse. Ela não se segurava, não era dela deixar de falar as coisas e ficar com aquilo preso. Audrey falava, sendo bom ou ruim; doendo a quem doesse. Aquilo era bom, de certa forma. Pelo menos, ela não se sufocava com as palavras.
- Audrey, já falamos... - Alice suspirou, fechando os olhos por um momento. Ela não gostava daquele assunto, detestava quando falávamos sobre Paul. Mas, ou ela não enxergava quem era ele, ou se fazia de cega porque era apaixonada. Eu não sabia qual era a opção mais provável.
Será que todos caras mais velhos eram canalhas daquela forma? Pual tinha 36, experiente, vivido, mais velho, safado...
Riley tinha 29 e era totalmente o oposto; dedicado, atencioso, amoroso, apaixonado, safado da forma que deveria ser.
Eu não entendia, sinceramente. Como alguém podia ser tão cretino com uma pessoa que amava ele?
- Você falou. - Audrey rebateu, séria. - Na verdade, comunicou. Nós só escutamos. - murmurou. Eu e Valerie nos entreolhamos, antes de abaixar o olhar. Aquele era o clima que odiávamos. Audrey falava, Alice respondia, Audrey rebatia, Alice gritava. E ela ia gritar. Até que...
- Alice, não briga com a sua amiga. - Paul pediu, o tom de voz sério e autoritário. Levantei o olhar para ele e não fui a única. Audrey estava com a testa franzida e os olhos semicerrados e Valerie com as sobrancelhas erguidas e a boca entreaberta. Eu não tinha qualquer reação, apenas uma expressão impassível.
Alice respirou fundo umas 4 vezes, antes de encarar o namorado. Paul apenas arqueou uma sobrancelha, fazendo-a engolir em seco e se voltar para nós. Mas que merda foi aquela?
- Desculpa... Eu... Eu tenho que ir. Vai ser bom isso. É uma experiência para mim e Paul. Além do mais, vocês vão ter mais espaço no apartamento agora. - Alice argumentou. Que baboseira sem sentido era aquela?
- Nós não queremos espaço, queremos você aqui. - Audrey replicou, ainda séria. Curta, grossa e séria. Aquela era Audrey contrariada, desconfiada e descontente. Acho que ninguém estava contente ali naquele momento.
- Eu sei... Mas, eu quero ir com Paul neste momento. É um bom passo para o nosso relacionamento. Estamos juntos há 3 anos, está na hora de morarmos juntos.
- Estou com Riley há 8 anos e ainda não cogitamos isso. - Rebati, arqueando uma sobrancelha. Percebi Paul bufar na porta, mas ignorei.
- Você e Riley são diferentes de mim e de Paul, Oli. Vocês não são tão grudados como nós. - Alice abriu um meio sorriso.
- Ah, jura? Porque eu não vejo Paul vindo aqui com a mesma frequência que Riley. Aliás, ele nem vem.
Audrey respirou fundo; ela havia gostado daquilo. Alice estava sem graça, sem jeito. Peguei exatamente no ponto. Paul só a via no hospital, praticamente. E Riley estava sempre arranjando uma forma de me ver; fosse me buscando no hospital ou me levando para dormir com ele.
Nunca vi Paul fazer aquele tipo de coisa com Alice. Nunca vi ele se esforçar para ser um bom namorado para ela. Eu nem comparava com Riley, porque não havia comparações. Riley era um exemplo de homem e namorado.
- Não comece a falar de mim, Olívia. Tome conta do seu namoro, que está enrolado há anos. - Paul murmurou, apenas dei uma olhada para ele. Quem ele pensava que era para falar comigo daquela forma? Riley era doido para quebrar a cara dele, se ouvisse falando do nosso namoro...
- Não se meta, que você não está na sua casa. Toma conta você desse seu namoro abusivo. - Audrey respondeu, o tom de voz muito sério e aborrecido.
- Tá, tudo bem. Já chega. - Valerie se meteu, já prevendo a tempestade e a tensão se formando ali. Respirei fundo, me controlando. Minha vontade era expulsar aquele idiota dali e trancar Alice no apartamento para ela nunca mais vê-lo. Mas eu não podia fazer aquilo. Eu tinha que aceitar, mesmo contrariada, a decisão que ela tomou. Audrey e Valerie deviam fazer o mesmo, por mais difícil que fosse.
Eu sabia que, se fosse eu no lugar de Alice, elas não iam estar dessa forma, porque Riley era diferente. Ele tinha índole, caráter, boas intenções e nenhuma de suas atitudes eram questionáveis.
E eu tinha certeza de que me daria muito bem morando com ele. Mas ainda não me sentia pronta para dar tal passo na relação, mesmo depois de 8 anos.
Eu queria me formar, pela segunda vez, e só então pensar em ir morar com ele. Claro que Riley já havia me chamado diversas vezes, mas eu não aceitava. Ia muito para o apartamento dele, sim. Mas sempre ficava no máximo 1 semana e voltava para o meu.
E não entendia porque era daquela forma, se nos amávamos tanto. Eu tentava não pensar naquilo naquele momento da minha vida, mas as vezes me pegava pensando como seria morar com Riley. E ainda não havia chegado à nada.
- Eu tenho que ir. - Alice murmurou, pegando sua bolsa de mão, depois de me dar um abraço. Foi rápido. Ela pegou a bolsa e saiu atrás de Paul. O cretino ainda teve a cara de pau de sorrir enquanto ela ia com ele.
- Nós a perdemos. - sussurrei. Audrey e Valerie seguraram deram as mãos para mim, uma de cada lado, e apertaram.
Quando Alice foi embora, eu senti uma parte de mim indo junto, e sabia que Audrey e Valerie também tinham sentido a mesma coisa. Meu coração estava apertado e eu sentia ter perdido Alice totalmente no momento em que ela saiu por aquela porta.
Eu não podia ficar ali, não após perder Alice para eu não sabia o que exatamente ainda. Eu precisava sair, e precisava de Riley. Precisava muito dele naquele momento. Apenas ele poderia me deixar mais tranquila.
Eu não podia contar para as meninas o que estava sentindo, apesar de saber que elas sentiam a mesma coisa. Mas não podia preocupá-las ainda mais com meus pensamentos sobre todos os tipos de violência que eu achava que Paul podia cometer com Alice. Aquilo as deixaria surtadas, como estava me deixando.
Apenas Riley poderia me ouvir e guardar aquilo. Apenas ele poderia aplacar meus medos aquela noite.
Respirei fundo, soltando as mãos das meninas, e saindo dali. Eu não podia mais olhar para aquela porta naquele momento.
Não conseguia lidar com o fato de Alice estar morando com um cara que não sabia ser o cara que ela precisava ao seu lado. E só ela não via aquilo.
Eu sempre fui muito intensa, todos falavam. Eu sentia tudo, da dor ao amor, com muita intensidade. Então, sim, aquilo estava mexendo demais comigo.
E eu não tinha estrutura para lidar com aquilo ou compartilhar com as meninas sem que nós 3 tivéssemos um surto.
Sentei na minha cama e peguei meu celular. Fiquei tamborilando os dedos na tela uns bons segundos. Eu podia ligar para Oliver. Com certeza meu irmão ia passar para me buscar e nós íamos sair e eu provavelmente esqueceria aquilo, mas só até voltar para casa. Então, eu precisava de Riley naquele momento. Só dele.
- Oi, baby. - Riley atendeu no primeiro toque, o tom de voz animado e a respiração ofegante. Eu gostava daquele jeito, atendendo de primeira. E ele estava na academia, eu ia atrapalhar, mas precisava dele.
- Você pode vir me buscar agora? - pedi. - Quero estar logo com você.
- Você tá bem, Oli? - Ele perguntou, o tom de voz mudando para preocupado.
- Não muito. - Mordi o lábio inferior. Ouvi ele respirar fundo do outro lado da linha.
- Eu chego em 20 minutos. - prometeu.
- Eu te amo...
- Eu também te amo, linda. Tô chegando.
Deixei o celular em cima do meu travesseiro e me levantei, indo até meu armário. Peguei uma mala de mão e coloquei na cama. Coloquei pijama, apesar de saber que dormiria com a roupa de Riley, calcinha e sutiã, roupas para o dia seguinte, sapatos e meus produtos básicos. Troquei meu short e cropped por um vestido de alças finas e calcei uma sandália.
O apartamento de Riley era o único lugar que eu não levava meu travesseiro, porque como sofria com insônia eu só conseguia dormir com ele. Mesmo na casa dos meus pais, eu levava.
Mas, como eu sempre dormia com a cabeça no peito de Riley, não precisava de travesseiro. Ouvir as batidas do coração dele e sentir seus dedos fazendo carinho entre meus cabelos me fazia dormir tranquilamente e durante a noite inteira.
E aquilo me fazia muito bem. Ele me fazia muito bem. Sempre fez.
Peguei meu carregador e meu fone e enfiei na bolsa, antes de sair do quarto, com ela e meu celular na mão. Meu cabelo estava preso em um rabo alto e frouxo, e eu preferi deixar daquela forma. Estava calor e era prático.
Encontrei Audrey e Valerie na cozinha, fazendo o jantar. Elas estavam quietas, as expressões um pouco fechadas e aborrecidas, e em silêncio. E eu as entendia; também estava daquela forma: fechada e aborrecida.
Audrey se virou e me viu. Sua expressão foi confusa. Eu estava de mala e pronta para sair, sem sequer ter dito nada. Nós compartilhávamos tudo. Mas eu não conseguia compartilhar naquele momento. Não queria deixá-las mais preocupadas do que já estavam.
- Você vai sair, Oli? - Audrey perguntou, a testa franzida. Valerie se virou e sua expressão era a mesma de Audrey ao me ver com mala. Respirei fundo.
- Eu vou dormir com Riley. - murmurei. As duas arquearam as sobrancelhas, suavizando a expressão, e soltaram o ar.
- É, tudo bem. Vai ser bom distrair um pouco. - Valerie opinou. Audrey deu de ombros, concordando. Menos mal que elas não ficaram chateadas. Eu gostaria de ficar com elas, mas precisava colocar todas as minhas preocupações e medo para fora com alguém que não fosse ficar como eu tinha certeza que elas ficariam.
- Isso, fica com Riley. Ele é bom. - Audrey murmurou. Balancei a cabeça. Sim, ele era. Suspirei. Riley era bom, ao contrário de Paul. E a minha preocupação com o que ele podia fazer com Alice ainda ia me enlouquecer.
Não demorou para que chegasse uma mensagem de Riley dizendo que estava me esperando na porta do prédio.
- Tenho que ir. Riley chegou. - avisei. As duas vieram me abraçar.
- Se cuida. E qualquer coisa nos ligue. - Audrey disse.
- Pode deixar. - Abri um meio sorriso, antes de sair do nosso apartamento. Eu precisava de uma noite longe, uma noite tranquila. E só poderia ter aquilo com Riley.
Riley estava com a janela do carona aberta e abriu um sorriso ao me ver. Suspirei. Era tão bom vê-lo com aquele sorriso me olhando. Me fazia acreditar que ainda existia amor, e caras bons que sabiam amar.
- Oi, meu amor. - Riley me deu um beijo apertado, quando entrei no carro e me virei para beijá-lo. Ele pegou a bolsa da minha mão e colocou no banco de trás antes de começar a dirigir. - Você está com uma expressão péssima, baby. - Comentou, ao parar em um farol e observar meu rosto. - O que aconteceu, Oli?
O tom de voz de Riley foi tão baixo, que eu fechei os olhos e balancei a cabeça negativamente. Não queria falar nada naquele momento. Riley pareceu entender, quando senti apertar minha mão e voltei a abrir os olhos.
O caminho até o apartamento dele foi silencioso; minha mão estava na sua nuca, acariciando até os cabelos. Vez ou outra sua mão parava na minha coxa ou na minha outra mão e ele acariciava. Por sorte, chegamos logo ao apartamento e subimos.
Eu gostava do apartamento do meu namorado, tinha muito da personalidade dele ali. Arquiteto decorando o próprio apartamento, com toques da namorada, ficava uma coisa incrível. Era lindo, simples e aconchegante. E tinha uma sensação de lar ali. E sabia que sempre teria.
Riley deixou minha mala na poltrona e se sentou ao meu lado no sofá enquanto eu tirava as sandálias. O calor era tanto, mesmo à noite, que eu não conseguia ficar com nada no pé.
- O que você quer, Oli? - Riley perguntou, quando fiquei olhando-o por tempo demais.
- Você. - murmurei.
- Mas você não tá no clima. - Ele rebateu, o tom de voz suave, a mão na minha. Balancei a cabeça.
- Não, não tô. - concordei. - Mas isso não quer dizer que eu não queira.
- Eu sei que você quer, baby. Eu também quero. Mas primeiro preciso saber o que você tem.
Mordi o lábio inferior. Eu não sabia como falar. Não sabia nem por onde começar. Riley aproximou-se de mim, ao notar meu silêncio. Ele encostou os lábios nos meus com muita delicadeza; e foi apenas aquilo, um toque.
- Você sabe que pode confiar em mim, não sabe?!
- Eu sei. - sussurrei. Ele tinha o dom de me fazer esquecer tudo quando estava muito perto. Ele sempre teve aquele poder sobre mim. E acho que sempre teria.
- Então me conta o que tá te deixando desse jeito. - pediu, a voz mansa. Respirei fundo.
- É por causa da Alice.
- O que houve?
- Ela foi morar hoje com aquele namorado dela. - murmurei.
- Ok. Eu sei que nem você, Audrey ou Valerie gostaram. Mas está desanimada por causa disso? - Riley indagou, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
- Meio que discutimos com ela e com o idiota. E ele falou do nosso namoro, que está enrolado há anos. - conto, abaixando a voz à cada palavra dita. A expressão de Riley passou de preocupada para furiosa. Puxei o ar. Mil vezes merda. Riley já odiava Paul, se falasse de nós ou de mim era bem pior.
- Eu vou quebrar a cara daquele filho da puta! - Riley garantiu, levantando-se do sofá e indo em direção à porta.
- Não, não vai. Vem cá. Esquece isso, por favor... - implorei, puxando-o para mim pela mão, e fazendo-o se sentar no sofá. Subi no colo dele, para impedir que levantasse outra vez.
- Olívia, levanta! - Riley pediu, o tom de voz controlado. Ele estava furioso.
- Não. - choraminguei, abraçando-o, na intenção de acalmá-lo. Aos poucos, a respiração de Riley foi ficando mais lenta. Afastei o rosto para olhá-lo. - Está mais calmo?
- Porra, Olívia! - Riley reclamou, passando a mão pelo rosto.
- Me desculpa...
- Você não tem que me pedir desculpas de nada. - Ele disse. - Eu só preciso quebrar a cara daquele filho de uma puta!
- Não vou deixar que se rebaixe ao nível dele. Você é muito melhor do que isso, Riley Reed. - murmurei, séria. Riley olhou-me, com a testa franzida, a expressão pensativa. Por fim, ele colocou-me sentada no sofá como se eu não pesasse nada.
- Vou pedir algo para comermos, você me parece com fome. - comentou, depositando um beijo na minha testa e se levantando. Respirei fundo. Consegui acalmá-lo, o que não era uma tarefa fácil.
Riley era uma pessoa maravilhosa e tinha um gênio que super batia com o meu, mas quando era algo relacionado à mim ele se transformava. E Paul já tinha a antipatia do meu namorado desde sempre. E a minha com certeza.
Ele não era nem louco de testar o nível do meu ódio, ou do de Riley. Eu conhecia meu namorado; ele era um amor, até alguém o testar. E testar Riley era algo que ninguém queria fazer.
Desde o primeiro momento Paul conquistou minha antipatia e das meninas, além de Riley ter certeza de que ele não prestava apenas pelo jeito. Com o passar dos anos, a antipatia se tornou ódio. E quando o ódio se transforma, não tem volta.