Capítulo 4 Three

Depois que Riley foi embora, eu me sentei no sofá e fechei os olhos, encostando-me e relaxando. Eu havia tido um dia completamente exaustivo e transar com meu namorado, às pressas, no sofá, com certeza foi o estopim para que eu ficasse totalmente esgotada. Tinha me esquecido de como faculdade era exaustivo.

Respirei fundo, desencostando-me do sofá e peguei minha calça no chão. A vesti com calma, mesmo que fosse tirá-la em dois minutos para tomar banho. Audrey precisava me ver completamente vestida. Eu conhecia minha amiga o suficiente para saber o quão perceptiva e esperta ela era. Saberia o que tinha acontecido ali assim que me visse apenas de camisa. E a última coisa que eu precisava era de berros de Audrey Morgan uma hora daquela.

Fui para o meu quarto em seguida, com meus sapatos, a bolsa e o celular na mão. Audrey ainda estava acordada, sentada na cama assistindo série na televisão. Acendi a luz, fazendo-a apertar um pouco os olhos para se acostumar com a claridade.

- Riley já foi? - Audrey perguntou, passando as mãos pelo fino lençol que a cobria. Estava muito quente. Sempre estava. Era muito calor na Califórnia. Em Oakland era tão quente quanto em Los Angeles ou Malibu.

- Foi sim. - respondi, deixando meu salto no chão e colocando a bolsa junto com a da Audrey em cima da cadeira da mesinha. - E nem comece com suas gracinhas, Audrey. - alertei, ao ver o sorriso malicioso se formar no rosto dela. Minha amiga riu.

- Eu nem disse nada, sua doida. - Ela se defendeu, com uma falsa expressão ofendida. Semicerrei os olhos para ela, fazendo-a rir novamente e olhar para a televisão.

- Como se eu não te conhecesse. - resmunguei. Audrey fez uma careta. Respirei fundo. - Eu vou tomar banho. - avisei, enquanto tirava a roupa. Ela apenas balançou a cabeça, concentrada em Prison Break. Eu, ela, Valerie e Alice sempre gostamos muito dessa séria. Pena que agora tínhamos tão pouco tempo para assisti-la. E o tempo ficava cada vez mais curto, pelo trabalho e a faculdade. Mas tudo bem, aquilo valeria a pena.

- Precisamos conversar sobre o que Alice nos contou. - Audrey murmurou, de repente, atraindo minha atenção. Balancei a cabeça. Sim, nós tínhamos. E eu sabia que aquela conversa seria difícil. E eu estava preocupada, até demais.

- Tudo bem. Conversaremos quando eu voltar do banho. - Garanti. Audrey aquiesceu, antes que eu saísse do quarto. A porta do quarto de Valerie e Alice estava fechada, talvez elas já estivessem dormindo. E era melhor que Alice não escutasse nada. Ela não gostaria nem um pouco da nossa opinião sobre a decisão que tomou.

Entrei no banheiro, trancando a porta e tirei o sutiã e a calcinha, colocando-os no cesto. No fim de semana sempre vinha alguém lavar nossas coisas. Na maioria das vezes era uma das empregadas dos meus pais, mas as vezes vinha dos pais de Audrey ou Valerie também.

Liguei o chuveiro e esperei que ficasse morno, quase frio, para então poder entrar, depois de prender o cabelo em um coque alto e frouxo. Não que meu cabelo estivesse comprido o suficiente para aquilo, mas eu me virava bem.

Observei a aliança no meu dedo enquanto a água escorria sobre a minha pele. Meu relacionamento com Riley ainda era bom, mas já não era como antes. Nós nos amávamos, é claro. Porém, começamos a nos afastar e a relação começou à ficar mais morna há alguns meses.

Claro que eu sabia que relacionamentos não ficavam iguais ao começo, tudo mudava, as pessoas mudavam. Ainda mais depois de anos de relacionamento. Eu tinha o exemplo dos meus pais. Estavam juntos há 27 anos, e claro que ambos haviam mudado e o relacionamento foi se moldando às mudanças. Eu estava com Riley há 8 anos, sem interrupções, sem términos e sem traições. Nós dois mudamos ao longo do tempo e nosso relacionamento se moldou muito bem às nossas mudanças, e parecíamos cada vez melhores e mais ligados. Éramos bons juntos, funcionávamos. Tudo no nosso relacionamento era bom, tudo resolvido à base de conversa e o sexo sempre foi incrível. Tudo com Riley era.

Eu desconfiava que tudo começar a ter uma mudança drástica quando decidi começar uma segunda faculdade. Não pelo fato da faculdade em si, porque Riley queria apenas o melhor para mim e minha carreira. Mas ele dizia sentir que algo aconteceria conosco durante essa minha faculdade. E como eu era cismada, fiquei mais ainda. Riley falava as coisas e muitas vezes acontecia. Eu tinha até medo.

Fechei os olhos, colocando o rosto debaixo do fluxo de água, tentando ignorar meus pensamentos sobre o meu relacionamento. Estava tudo bem e quando as coisas se estabilizassem, tudo voltaria a ficar bem. Eu precisava acreditar naquilo.

Tentei terminar meu banho rápido. Os pensamentos reflexivos e sobre toda a minha vida só costumavam vir quando tinha aquele momento sozinha. Então, quanto mais rápido acabassem, mais rápido aqueles pensamentos iriam embora. Eu não gostava muito de pensar nos meus problemas, eu preferia resolvê-los. Mas, alguns deles, insistiam em não ter solução imediata e ficar rondando minha mente. Era exaustivo.

Me enrolei em uma toalha, após desligar o chuveiro e saí do banheiro. Fui para o meu quarto ajeitando a toalha no corpo. Encontrei Audrey da mesma forma que a deixei; concentrada em Prison Break. Aquela série tinha o poder de concentrar até o distraído do meu irmão. Era realmente muto boa, envolvia nossa mente e não nos deixava pensar em mais nada. Eu precisava assistir até que dormisse naquela noite.

- Você foi rápida. - Audrey comentou. Dei de ombros. Eu normalmente era. Mesmo quando precisava após um treino. Eu ia à academia. Gostava, mas tinha preguiça. Ao contrário de Riley, ele tinha horário todo dia. Eu não conseguia ser tão organizada daquela maneira.

- Não está tão calor hoje. - Disse, procurando um pijama no meu armário. Peguei um de malha; regata e short. Após colocar uma calcinha, vesti o pijama. Enquanto o colocava, lembrei dos olhares do professor em mim. Consegui passar algumas horas sem pensar sobre os olhares dele. E não sei porque aquilo resolveu voltar a minha mente naquele momento.

Os olhares dele foram tão intensos e diferentes que eu não conseguia esquecê-los. Aquilo parecia tão errado, e ao mesmo tempo tão certo. Errado porque eu namorava. E certo porque ele sabia como me olhar de uma forma que não me incomodava. Muito pelo contrário, eu gostei dos olhares. E não devia gostar, mas eu havia gostado. Indo contra à mim mesma, eu gostava.

Me sentei na cama, após vestir o pijama e cruzei as pernas, abraçando uma almofada. Audrey me viu sentada e pausou o episódio da série, sentando-se direito na cama. A conversa era muito séria e precisávamos estar totalmente concentradas.

- Eu não estou gostando dessa ideia de Alice ir morar com Paul. - Audrey admitiu, o tom de voz preocupado. Eu também não gostava daquela ideia. - Se ele já é um cretino agora que moram separados, vê lá depois de estarem morando juntos. Ele vai ser o maior canalha! Vai ser bem pior do que já é.

- Eu também detesto isso, Audrey. Mesmo. Paul é um cretino. Ele é péssimo para a Alice, e só ela não consegue enxergar. Concordo que ele, muito provavelmente, vá piorar quando começarem a morar juntos. E estou preocupada com a Alice, com como ela vai ficar quando ver quem ele realmente é. Ela é muito apaixonada e ele vai quebrá-la, disso eu tenho certeza.

- Nós teremos que estar aqui para ela quando isso acontecer.

- E nós estaremos. - Garanti. - Mas, eu estou realmente preocupada com o que ele pode aprontar com ela. Aqui, conosco, não tem chance. Mas, sozinho, todos os dias, apenas os dois, eu não sei... - Puxei o ar. - Tenho medo de que ele possa fazer mais do que machucar o coração dela... - confessei. Audrey me encarou com uma expressão que eu conhecia bem.

- O que você acha que ele pode fazer, Olívia? - Ela inqueriu, o tom de voz tenso e intrigado. Balancei a cabeça e respirei fundo, fechando os olhos por um momento. Como eu falaria o que pensava? Era pesado.

- Tudo o que passa na minha cabeça são todos os tipos de agressões possíveis. - murmurei. Audrey passou a mão pelo cabelo e abaixou a cabeça. Sim, eu imaginava que Paul poderia agredir Alice; de todas as formas existentes. Porque agressão não era apenas física, era também psicológica.

- Eu realmente espero que não chegue à isso. - Audrey disse. Respirei fundo. Era o que eu também esperava. Não sei se estava pronta para uma amiga sofrendo. Não no nível do que eu estava imaginando.

- Eu também não, mas não podemos fazer nada. - Dei de ombros. Estávamos impotentes naquela situação. Não havia o que fazer. Não mandávamos nela. Alice iria morar com Paul, nós gostando daquilo ou não. Eu conhecia a determinação da minha amiga. E apaixonada do jeito que era, não nos escutava, e nos escutaria menos naquele momento que ele estava parecendo o namorado dos sonhos a convidando para morar com ele. Eu detestava a forma como aquele cara conseguia parecer bom aos olhos dela; mas só aos dela.

- Eu tô com sede. - Audrey se levantou, o tom de voz impaciente. - Você vem? - perguntou, já abrindo a porta e me olhando por cima do ombro.

- Vou. - respondi, levantando-me também e a seguindo para fora do quarto. Me encostei na pia da cozinha, após acender a luz, enquanto Audrey pegava água na geladeira e colocava nos copos para nós duas.

- Também não conseguem dormir? - Valerie inqueriu, ao entrar na cozinha. Audrey colocou água em mais um copo para ela.

- Estamos preocupadas com a Alice. - Contou, entregando o copo de água para Valerie, que bufou. Ela também estava preocupada com aquilo. Peguei meu copo de água quando Audrey me entregou e se encostou ao meu lado na pia.

- Eu também estou. - Valerie disse.

- Não gosto dessa ideia de Alice sozinha com ele. - murmurei.

- Eu também não. Tenho medo de que ele a machuque, e não estou falando apenas do coração. - Valerie esclareceu. Olhei para Audrey, com as sobrancelhas erguidas, e ela apertou os olhos com força. Eu não era a única a pensar em agressão. Era real. Muitas mulheres eram agredidas. Às vezes fisicamente, às vezes emocionalmente; e, às vezes, das duas formas.

- É melhor não interferirmos. Vamos apenas ficar de olho e cuidar da forma que pudermos. - Sugeri, porque não havia nada que pudéssemos fazer. - Não vamos deixar ele fazer nada com ela.

- Nós não podemos controlar o tempo todo. - Audrey murmurou. Eu queria rebater e discordar dela, mas não dava; ela tinha razão. Não estaríamos mais o tempo todo com Alice, como ainda estávamos.

- Alice é adulta, a mais velha de nós, e sabe o que faz. Não quando se trata de Paul, mas precisamos confiar nela e em suas decisões. - Valerie aconselhou. Balancei a cabeça. Eu concordava com ela. Precisávamos confiar nas decisões de Alice.

Enquanto me deitava, algum tempo depois, só conseguia pensar em Adam Scott e nos olhares dele. E que não confiava em minhas decisões quando se tratava da forma que ele me olhava.

No dia seguinte, eu parecia um zumbi quando me levantei da cama. Me sentia exausta e com dores no corpo inteiro. E aquela era apenas a terça-feira, ainda tinha uma semana inteira pela frente. Só de pensar naquilo eu ficava mais cansada do que já estava.

Fui a última à tomar banho e me arrumar. Coloquei uma calça jeans flare branca, que alongava a silhueta, uma blusa de seda rosa bebê de alças finas e um salto branco. Deixei o cabelo solto, da forma que estava. Havia dormido de tranças, então ele estava todo ondulado.

Peguei minha bolsa, após passar perfume, e sai do quarto. Eu estava bem exausta, de verdade. Mal conseguia me manter em cima dos saltos. E prometi ao Riley que iria usar sapatilhas para descansar os pés. Sinto muito, amor, vai ter que ser salto, porque não sei mais andar sem.

Encontrei Audrey, Valerie e Alice arrumando a mesa do café da manhã. Deixei minha bolsa no sofá e fui até elas. Dei um beijo em cada uma, antes de ir até a geladeira atrás das frutas para fazer vitamina.

- Deixa isso aí, amiga. - Alice pediu, chamando a minha atenção e me fazendo virar para olhá-la. - Eu comprei tudo hoje. - Apontou para a mesa. Estamos muito cansadas. Vem cá. - Ela chamou. Suspirei e abri um sorriso.

- Ah, Alice, você é demais, sério. - Balbuciei, indo me sentar na mesa. Alice riu e se sentou ao meu lado. Claro que Audrey já estava comendo croissant igual uma doida. Valerie, maravilhosa como sempre, estava esperando por mim e Alice, e nos serviu suco quando nos sentamos.

- Ignorem a Audrey, só sabe comer. - Valerie provocou, fazendo Audrey revirar os olhos e continuar comendo, sem se importar com o comentário. Balancei a cabeça negativamente, rindo. Era doida.

O caminho para a universidade foi silencioso. Eu quase dormi no colo de Valerie enquanto Alice dirigia. Amanhã era o dia de Audrey dirigir, mas tinha certeza de que ela ia querer trocar comigo, como fazia toda semana.

Nós tínhamos os dias da semana em que cada uma dirigia, e era muito prático. E nenhuma de nós se cansava dirigindo todos os dias. Eu era a única que dirigia dois dias; quarta e sexta. Porque elas amavam meu carro e porque eu dirigia melhor que todas.

Durante a manhã, tentei ignorar os olhares de Adam. Mas ele insistia em deixar explícito aqueles olhares. Eram diferentes. Eu só via aquele olhar quando Riley queria muito me chupar. Ele fazia uma cara diferente, abria um sorriso safado e me sentava na ponta da cama, ou simplesmente me jogava no meio do colchão e deitava no meio das minhas pernas. Aqueles olhares, eram safados. Eu conhecia.

Aquele tipo de olhar me deixava arrepiada. E eu só deveria ficar arrepiada com os olhares do Riley. Mas a forma como Adam Scott me olhava durante a manhã mexia muito comigo. E gostar daqueles olhares era tão errado, que em algum momento me pareceu certo.

Respirei fundo, olhando no celular pela 30º vez só na última meia hora. Sim, eu estava contando. Era uma forma de distração. Ainda eram 11:37hs. Eu ia surtar se tivesse que aturar os olhares do Adam por mais 20 minutos. Aquilo não estava ficando legal.

Por sorte, uma mensagem chegou no momento em que bloqueei a tela do celular outra vez. Era Riley. Finalmente. Só ele para prender todos os pensamentos naquele momento.

"Vou passar para te buscar e te levar ao hospital. Te amo" Riley 11:39

Eu amava meu namorado, sério. Ele tinha um senso de timing incrível. Sempre na hora certa, e sempre do jeito certo. Eu gostava muito daquilo nele. De sempre saber o jeito certo de fazer as coisas, e na hora certa.

"Eu te amo, sério" Eu 11:40

Mais 20 minutos. Eu aguentava. Depois daquilo, eu aguentava. Riley estava chegando e eu teria alguns minutos com meu namorado até meu trabalho. Era tudo o que eu precisava.

- Por que o professor não para de te olhar? - Audrey perguntou, sussurrando. Olhei para ela, com as sobrancelhas erguidas. Minha amiga abriu um sorriso muito do maldoso. Audrey era uma safada.

- Eu que vou saber? - respondi, tentando parecer indiferente ou confusa sobre o que ela estava falando.

- Você não me engana, eu te conheço muito bem, Olívia Wright. Você está percebendo os olhares e retribuindo. - Audrey me acusou. Minha boca se abriu lentamente.

- É claro que eu não estou retribuindo nada! - Rebati, incrédula. Eu estava indignada com como minha amiga podia ser safada. - Você é muito da safada, Morgan! Pare com isso. Eu não estou fazendo nada.

- Claro que não. Só está apreciando a beleza do nosso professor de Anatomia. Quem sabe ele te ensine algumas coisas, não?!

O sorriso que Audrey abriu me fez lhe dar um tapa na coxa, que fez um estalo alto, já que ela estava com uma saia. Obviamente o professor olhou diretamente para mim e eu mantive uma expressão natural. Ele disfarçou o sorriso e voltou a digitar em seu notebook.

Valerie e Alice olharam para trás, nos questionando com o olhar. Audrey riu e eu dei de ombros. A culpa não era minha se a doida era safada. Alice ergueu as sobrancelhas e voltou a olhar para frente. Valerie balançou a cabeça negativamente, rindo, antes de se virar.

Olhei para Audrey e ela riu ao meu lado. Revirei os olhos, balançando a cabeça negativamente. Ela era muito da safada e queria que eu fosse também. Tudo bem, eu era, até certo ponto. Mas com meu namorado. E só com ele.

- Vai me dizer que não está gostando dos olhares do nosso professor gato? - Audrey provocou, falando baixo. Olhei-a de lado, fazendo-a rir baixo. Minha amiga tinha o dom de me tirar do sério algumas vezes.

- Pare com isso. - pedi, constrangida. - Você não pode ficar falando essas coisas, Audrey. Eu namoro!

- Não está morta! - Ela rebateu, sussurrando. - O cara é bonito e, convenhamos? Super faz o seu tipo!

- Riley faz o meu tipo! - Repliquei, sussurrando também. Audrey revirou os olhos. - Não dê uma de Oliver, por favor. Já basta meu irmão detestar meu namorado há 8 anos! Você também não, Audrey.

- Eu não detesto o Riley. Gosto dele. - Audrey se defendeu. - Só estou dizendo que não fará mal para ninguém você trocar alguns olhares com esse gato do Adam. Você não está traindo Riley.

- Estou sim! Trocar olhares com outro cara? Fale sério, Audrey. - reclamei.

- Estou falando, boba. Olhares não matam ninguém. Você não está flertando ou conversando com ele. Apenas olhando. - Audrey deu de ombros. Encarei minha amiga com a testa franzida. Era errado o que ela estava falando? Completamente. Eu estava preocupada que estava errado? Não, não estava. Mas entre o certo e o errado, naquele momento, eu escolhi o certo.

- Não. - murmurei, apenas. Eu jamais faria aquele tipo de coisa com Riley. Ele sempre foi fiel, desde que começamos a namorar, desde que eu tinha apenas 17 anos. Ele podia muito bem me trair com garotas mais experientes, mas não, sempre ficou apenas comigo. Ele estava feliz e completo. E eu também.

Audrey bufou, revirando os olhos, e eu apenas ignorei. Podia não ser uma traição, mas era uma quebra de confiança. Eu estava em um relacionamento estável há 8 anos. Confiança era algo que eu Riley sempre prezamos muito. E eu ficar olhando para outro cara, com certeza, era uma quebra daquilo que construímos ao longo dos anos. Eu jamais faria aquilo com ele, porque eu o amava.

- Você é boba. - Audrey sussurrou e eu fiz uma careta para ela, para não estender o assunto.

- Audrey está te importunando? - Valerie perguntou, virando-se um pouco para trás. Apenas fiz que sim com a cabeça e Audrey semicerrou os olhos para mim.

- Mas olha só que traidorazinha. - Seu tom de voz era de uma falsa indignação.

- Deixe ela. Fique quieta, Morgan. - Valerie repreendeu Audrey, rindo. Dei risada da cara que Audrey fez.

- Que complô vocês duas. - Ela reclamou, empinando levemente o nariz. Eu e Audrey rimos. Como eu disse: doida. Safada e doida. Aquela era Audrey. E era nossa doida favorita. Sempre seria.

Dei um beijo na bochecha dela e o sinal tocou em seguida. Guardei meu notebook e peguei a bolsa, levantando-me. Ignorei o olhar de Adam em meu corpo enquanto saía da sala com as meninas. Tudo bem, eu sabia o quanto calça branca me deixava bem, porque Riley fazia questão de falar demais sobre aquilo. Mas aquele olhar, aquele olhar foi realmente de desejo. E aquilo mexeu de uma forma diferente comigo.

Encontrei Riley encostado em seu carro, de braços cruzados, dentro de uma jaqueta de couro, me esperando no estacionamento da faculdade. Um calor daquele e ele dentro de uma jaqueta de couro. Mas eu não podia reclamar. Ele estava muito do gostoso daquele jeito.

- Você não tem calor, não? - perguntei, enquanto me aproximava.

- Só quando você está comigo. - Riley respondeu, desencostando-se do carro, e me puxando pela cintura, para me beijar. Como eu estava de salto, não precisei ficar na ponta dos pés, então apenas envolvi o rosto dele com as mãos e retribui o beijo na mesma intensidade.

Eu gostava quando Riley estava daquela forma. Romântico e safado. Mais que o normal. Ele era daquele jeito, mas nos últimos dias, estava mais. E era o que eu mais gostava nele: ser uma mistura das duas coisas. Era o que tornava nossa relação tão gostosa.

- Parem com isso. - Audrey pediu, tentando nos separar. Semicerrei os olhos para ela, fazendo-a rir.

- Some daqui. - Repreendi, tirando as mãos dela. Valerie e Alice riram.

- A gente se vê no hospital. - Valerie puxou Audrey, levando-a para o carro de Alice. Aproveitei para beijar Riley mais uma vez e por mais tempo.

- Isso é saudade? - Ele perguntou. - Nos vimos ontem, amor.

- E daí? Fiquei feliz que veio me buscar. Queria te ver. - Beijei-o novamente. Riley riu, apertando os braços em volta de mim.

- Queria, né?! Será que é por causa do que aconteceu ontem à noite? - Ele sussurrou, perto do meu ouvido. Arrepiei, apertando os ombros dele. - Acho que é. - Constatou.

- Idiota. - Resmunguei, fazendo-o rir e me dar um beijo na bochecha.

- Vamos, amor. - Riley abriu a porta do carro para mim e me deu um beijo quando me distraí. Dei risada. Pude ver Adam nos olhando de seu carro. Ignorei, entrando no carro de Riley e deixando ele lá, olhando enquanto eu ia embora com meu namorado.

A minha tarde, basicamente, foi pensando sobre os olhares de Adam. Por que ele me olhava da forma que olhava e por que aqueles olhares mexiam de forma tão diferente comigo?

Eu sequer o conhecia e eu namorava, acima de tudo. Não devia sentir nada, muito menos me importar. Mas eu sentia. Era difícil não sentir algo com olhares tão intensos daquela forma.

Nem entender eu entendia o porquê de ele me olhar daquela forma. Haviam tantas garotas naquela sala e ele foi inventar de ficar olhando justamente para mim. Logo uma que tem namorado, e um namorado de 8 anos.

O universo tinha o dom de me sacanear. Eu estava confusa, e de certa forma mexida com tudo aquilo. Por que os olhares de Adam Scott mexiam tanto comigo à ponto de me fazer questionar meus desejos?

            
            

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