Meu corpo estava dolorido, a exaustão mais doce se instalou em meus ossos depois de todas as coisas que fizemos na noite passada. Puxa, eu me senti bem, saciada... hmmm, feliz. Sorri para ele, mas ele não retribuiu o sorriso e algo em meu peito apertou com preocupação.
Puxei o lençol e o segurei contra meu peito enquanto me sentava, cobrindo meu corpo nu. - Está tudo bem?
- Tenho que ir. - Algo estava errado, mas meu cérebro estava muito lento para acompanhar.
- Ok, - murmurei, procurando seu rosto. Ele era um homem difícil de ler. - Quando... - Puxei meus joelhos até meu peito me sentindo vulnerável, mas sem vontade de deixar a vida decidir se eu deveria ter esse homem ou não. - Quando posso te ver novamente?
- Isso não é uma boa ideia. - Me desanimei com suas palavras e a confusão se instalou.
Ele me queria; quase tanto quanto eu o queria. Eu senti. - Por que não?
Talvez eu devesse ter feito o habitual e mantido minhas paredes erguidas, sem vontade de enfrentar a rejeição de ninguém. Mas por alguma razão, com ele, eu sempre quis desafiá-lo, apertar seus botões.
- Por que não? - repeti.
- Porque você está muito envolvida, Isabella, - ele rangeu, raiva repentina em sua voz e olhos.
- Não entendo, - murmurei, confusa. Quando ele não elaborou, acrescentei em voz baixa: - Por favor, fale comigo.
Eu era patética, na luz da manhã, implorando para um homem falar comigo. Para explicar algo que era abundantemente claro. Mas me esforcei para entender a mudança repentina. O que compartilhamos ontem à noite foi incrível, além dos meus sonhos mais loucos.
- O que há para falar? - Sua voz parecia o chicote gelado de um vento frio cortante contra minha pele. - Foi apenas uma foda, Isabella. - ele sorriu, mas meu cérebro se recusou a processá-lo. - Afinal, sua família deve estar familiarizada com foder pra alcançar o topo.
Em um movimento rápido, ele se levantou e foi pegar o resto de suas roupas que estavam espalhadas por todo o meu quarto. Ele começou a se vestir, sem nem mesmo olhar na minha direção. Em seguida, dirigiu- se para a porta.
A confusão me atingiu. - Do que você está falando?
Meu coração doeu, uma queimadura desconhecida se espalhando no meu peito, tornando difícil respirar. Lágrimas turvaram minha visão enquanto eu observava suas costas tatuadas se virarem para mim, seus ombros largos zombando de mim.
- Sua mãe destruiu minha família. - Ele virou a cabeça e aqueles olhos claros que queimaram a noite toda estavam mais frios do que as temperaturas do Alasca no inverno. - Ela abriu as pernas para meu pai e destruiu nossa família no processo. Custou uma mãe a Sasha e Tatiana, custou a vida de uma esposa.
Suas palavras foram como um tapa na cara. Minha mãe nunca faria algo assim. Ela não era uma destruidora de lares. Era? Pelo amor de Deus, ela ia à igreja todos os domingos como um relógio.
- Eu não entendo, - murmurei. Eu tinha vinte e um anos e, sim, era incomum que eu esperasse tanto tempo para perder minha virgindade, mas agora que perdi, me recusava a acreditar que cometi um
erro. Ele nunca olhou para mim com desgosto assim. Eu o conheço e tenho uma queda por ele há mais de três anos. - Você não tinha que dormir comigo para me dizer tudo isso, - respirei.
A respiração tornou-se mais difícil, cada inspiração espalhando dor no peito. Era tão difícil conciliar este homem com o da noite passada. Ele me acariciou a noite toda, me adorou. E então queimou tudo em cinzas. Nada disso era real. Só alguém cruel e implacável poderia me tocar, tomar meu corpo e meu coração, sabendo que eu era apenas um peão para ele. Mas então, eu sabia disso sobre Vasili Nikolaev; sua crueldade espreitava na superfície desde o momento em que o conheci.
- Mas eu o fiz, - ele vociferou, seu tom baixo e ameaçador. - Imagine minha surpresa quando descobri que você era colega de quarto de Tatiana na faculdade. Como um presente bem embrulhado, você caiu bem no meu colo. - Ele fez uma pausa, me olhando pensativo. - Sua mãe fodeu meu pai e em troca destruiu minha família. Que melhor maneira de retribuir o favor?
Olhei para ele, meu coração miserável quebrando a cada segundo que passava. Doía tanto; achava difícil respirar. Como eu nunca vi seu ódio antes?
- Você é um bastardo doente, - rebati, jogando palavras para ele porque eu não tinha outra arma. Não tinha ideia de por que minha mãe teria feito algo para ele ou sua família. Ela era uma das pessoas mais carinhosas que andavam nesta terra. Eu nunca tinha ouvido falar do nome Nikolaev até conhecer Tatiana, nosso primeiro dia de faculdade. Que tipo
de coincidência bizarra era essa? Maldito carma mesmo! - E patético, - acrescentei em um tom sem fôlego. - Você não poderia encontrar um método melhor de vingança do que dormir com a filha de sua suposta inimiga.
Ele se moveu em um flash e estava em mim em um piscar de olhos. A raiva queimando em seus olhos e penetrando em minha alma. Eu vacilei quando ele agarrou meu rosto, e eu odiava que não fosse mais forte ou pelo menos uma atriz melhor.
- Cuidado, Isabella. - Sua voz era baixa e suave, mas havia tanta ameaça fria nela; eu não duvidava que ele pudesse distribuir pior vingança do que tomar meu corpo e meu coração.
- Eu fiz você gemer e gritar meu nome de prazer na noite passada. Eu posso fazer você gritar meu nome de terror com a mesma facilidade. Então você vai descobrir como estou doente.
Minha respiração tremeu, e o meu lado estúpido e retorcido realmente tentou encontrar um pouco de esperança nessa declaração. Talvez ele se importasse comigo. Se foi bom para mim ontem à noite, talvez ele se importasse, afinal. Se me odiasse, ele não teria se incomodado em tornar isso bom para mim. Certo?
- Por quê? - reuni coragem para perguntar.
- Porquê o quê? - ele parecia irritado com a minha pergunta.
- Por que você dormiu comigo?
- Você me queria, e eu queria você, - ele retrucou com naturalidade, como se estivesse falando sobre o tempo. Ele estava mais focado em suas roupas do que em mim ou no meu coração que se despedaçava com cada palavra que pronunciava. - Agora que eu tive você, estou saciado e posso passar para a próxima melhor coisa. Além disso, com você, era dois pelo preço de um. Eu pude te foder e me vingar.
Meu peito doía, cada respiração apertava meu peito ainda mais. - Isso é tão cruel, - sussurrei com a voz trêmula. - Sem coração. Fazer amor deve ser sobre cuidar, não odiar.
- Isabella, nós acabamos de foder, - a voz de Vasili estava fria. - Nada mais, nada menos. - Como ele poderia dizer isso? Era tudo para mim.
- Além disso, você foi tão fácil, - acrescentou. Encontrei seus olhos em confusão. - Sua mãe tirou da minha família, então eu tirei da sua mãe.
Depois de uma pausa tensa e minha mente estúpida procurando desculpas para sua crueldade, observei os ombros largos de Vasili enquanto ele se dirigia para a porta, me deixando para trás como um móvel sem valor.
- Não foi apenas uma foda para mim, - sussurrei. Por que eu tinha que me humilhar mais? Suas palavras não poderiam ter sido mais claras; ele não me queria. Ele me usou. Odiava quem eu era, apenas por tabela. Cada batida do meu coração doía... fisicamente doía.
Ele parou, seu corpo rígido, mas não se virou. De todos os cenários que imaginei para a caminhada da vergonha na manhã seguinte à perda da virgindade, esse não era um deles.
- Se eu soubesse que você seria um idiota, como o resto dos garotos da faculdade, eu poderia ter me poupado tempo e dormido com eles. Os casamentos se desfazem todos os dias. Concordo, minha mãe não deveria ter cedido ao seu pai, mas é preciso dois para trair. Talvez eles se importassem um com o outro. Você não poderia ter passado por tudo isso só porque dois adultos tiveram um caso. O que poderia valer a pena fazer algo assim?
- Pergunte a sua mãe. Ela custou vidas que nunca poderão ser pagas. Seja grata por ter deixado você viver.
Ele olhou por cima do ombro, seu olhar claro em mim e arrepios percorreram meu corpo. Mesmo depois das palavras grosseiras que ele tinha acabado de falar, meu corpo ainda o desejava. Ele havia respondido dessa maneira a ele desde o momento em que nos conhecemos. Você pensaria que depois de três anos e meio, eu me acostumaria com isso ou diminuiria, mas só ficou mais forte.
- Você quer a verdade, Isabella? - Eu fiz uma careta para sua pergunta, observando-o encostar na porta do dormitório, seu corpo grande praticamente cobrindo toda a porta. Ele casualmente enfiou as mãos nos bolsos, a expressão fria e dura em seu rosto alarmante, mas meu cérebro se recusou a registrar o aviso.
- A verdade? - A mudança nele era difícil de se ajustar depois de tudo. O homem aquecido e apaixonado da noite passada que incendiou meu corpo se foi. Em seu lugar estava um estranho frio e implacável. Mas ainda mais enervante era seu ódio; passou do frio ao ódio ardente.
- A verdade, Isabella, é que você foi um peão disposto à minha vingança. Minha mãe perdeu a vida. Sua mãe tirou de um Nikolaev, e sempre acertamos as contas. Nem você nem sua mãe devem brincar com lobos.
Eu pedi isso, não pedi? Eu pateticamente usava meu coração na manga por esse homem.
Isto nunca acontecerá de novo. Para qualquer um!