Ao passar pela entrada, Gabriela vê muitas caixas e percebe não haver muitos móveis, há também um rapaz que ela vê apenas de relance, não consegue ver o seu rosto, mesmo assim continua a seguir a moça até sentar-se numa cadeira oferecida por ela, que coloca em frente a Gabriela um copo grande com água.
- Estamos de mudança, provavelmente por isso você possa ter ouvido alguns barulhos, mas, não acredito que tenha sido muito alto, pois nem móveis temos, acho que o seu sono estava afetado.
_ Explica a moça em tentativa de desculpar-se com ela, que a olha com uma cara confusa.
- Beba a água, asseguro que se sentirá melhor pela manhã!
_ A moça afirma para Gabriela, que de um gole grande, ingere grande parte da água, mas, percebe que o gosto está estranho.
- O que você colocou na água? Está com gosto estranho!
_ Afirma Gabriela olhando curiosa para a moça a sua frente. A vizinha olha para ela com uma expressão tranquila, assim começa a falar.
- Bom, coloquei umas gotas do meu calmante, te ajudará a descansar! Eu não sei o que lhe passou, mas, espero que fique bem pela manhã.
_ Os olhos de Gabriela estão bastante pesados e ela não percebe que está quase adormecendo.
- Ela está pronta!
_ Gabriela alcança apenas ouvir essas palavras antes de apaga de vez.
_ Já passam das 8:30 da manhã, quando Charles levanta, ele apenas lembra de deitar-se depois que um rapaz trouxe Gabriela, como ela estava desmaiada, ou adormecida, ele não quis acordá-la, achou melhor fazê-lo pela manhã, pois assim poderia conversar melhor e observar a sua filha com mais clareza. Ele vai para a cozinha fazer um café, não sabe se Gabriela está na cama ainda, então vai até o quarto para ver se a sua filha se encontra por lá. Ao se aproximar da porta, ele bate levemente para não assustá-la, mas não há resposta, então ele gira vagarosamente a maçaneta da porta, franzindo a testa com medo do que possa haver passado durante a noite, pois ele a havia deixado na sala e ao acordar ela não estava mais lá.
- Gabi? Está acordada?
_ Ele pergunta abrindo lentamente a porta, mas, é interrompido pela campainha que soa com pressa, ele não sabe que pode ser esta hora da manhã, então, vai atender a visita matutina, deixando a porta do quarto de Gabriela entreaberta. Ao abrir a porta da sala, ele encontra Lucian, parado ali e recostado na parede, esperando que ele o convide para entrar.
- Bom dia, Lucian! Por aqui tão cedo? Vem, entra! Vamos tomar um café.
_ Lucian o olha atentamente, com olhar confuso, ele resolve perguntar por sua melhor amiga, que ele não teve notícias desde a noite.
- Charles, vejo que está tranquilo, Gabriela apareceu? Morria de preocupação.
_ Diz o rapaz, com expressão de medo e alívio, pois espera por notícias boas.
- Sim, Lucian, ela apareceu, mas, estava desacordada, um rapaz a encontrou na viela em frente ao restaurante chinês, disse que ela estava desmaiada e suja de sangue, que parecia machucada.
_ Conta-lhe Charles, entrando nos detalhes que o rapaz havia-lhe dito anteriormente.
- Como assim? Mas ela está bem? O senhor chamou a polícia?
_ Pergunta Lucian extremamente preocupado com o que houve do pai de Gabriela.
- Não, resolvi esperar que ela acordasse.
- Não! O senhor não pode deixar isso assim, e se o rapaz que a trouxe for o mesmo que a machucou?
_ Lucian está visivelmente transtornado, ele nem espera a que Charles termine de explicar o que sucedeu à noite.
- Lucian, você não entendeu, ela não está ferida! Não sei o que pode ter acontecido, mas, não há evidências de que ela tenha sido atacada!
_ Lucian o olha com uma expressão confusa e sem saber o que lhe dizer agora. Ele apenas espera que Charles continue a contar o que aconteceu.
- Como poderia chamar a polícia se ela não tem nenhum arranhão? Dói-me pensar nisso, mas, eu acho que a minha filha machucou alguém! Não de propósito, mas, para se defender!
_ Lucian continua confuso, Gabi seria incapaz de algo assim. Ela é uma menina muito meiga e doce, não faria mal a uma mosca, que dirá a uma pessoa! Ele não consegue acreditar que Charles esteja a pensar isso da sua própria filha, quando considera rebater, uma voz soa no corredor dos quartos.
- Pai? O que tem para o café?
_ É Gabriela, ela está de pé, parada no corredor observando os dois conversando de longe!
- Filha, bom dia! Como passou a noite? Eu estava preocupado.
_ Diz Charles, olhando para a sua filha e tentando ver se há algo errado no seu comportamento, mas, surpreendentemente, ela parece estar muito bem.
- Pai, precisamos conversar, me diz como cheguei aqui? Não me lembro de nada que aconteceu ontem e que cheiro enjoativo é esse?
_ Ela pergunta e Charles estranha, ele não sente cheiro de nada esquisito no ar.
- Filha, um rapaz te trouxe aqui ontem a noite, não lembra? Ele disse que você mesma deu o endereço de casa. Pediu-lhe para trazê-la!
_ Ela faz uma careta, como se tentando lembrar o que passou, mas, no mesmo momento, ela corre para o banheiro, enjoada e se põe a vomitar. Charles e Lucian vão de encontro a ela, preocupados eles param em frente ao banheiro, esperando a que ela se recomponha.
- Filha, o que houve, você está bem?
_ Pergunta o seu pai angustiado com a situação da sua filha, ele não imagina pelo que ela passa agora, mas, sabe que boa coisa não é, afinal, até mesmo mal-estares ela tem. Ele quer perguntar, mas, prefere esperar que a mesma resolva contar o que passou para poder ajudá-la a resolver o problema. Assim que Gabriela para de vomitar, ela volta-se para o pai e pede desculpas, em seguida de um desmaio repentino e assustador para ele. Charles corre para pegar a sua filha, mas, Lucian é muito mais rápido, ele pega-a no colo e leva para a cama, colocando-a em segurança até que ela recobre a memória e deste momento em diante, nem mesmo ele a deixa só.
- Charles, ficarei aqui, caso o senhor precise de ajuda com ela.
_ Ele consente com a cabeça, a sua expressão é de sofrimento e preocupação com a sua filha, ele não sabe o que fará a partir dali.
- Lucian, você não tem aula hoje?
_ Pergunta Charles preocupado em estar a atrapalhar o futuro do rapaz.
- Não, por algum motivo que ainda não sabemos, as aulas foram suspensas por todo o fim de semana.
_ Explica o rapaz a Charles, que indaga uma pergunta.
- Nossa, mas, não informaram nada para vocês?
_ Charles agora está mais preocupado ainda com o que possa acontecer mais a frente, ou que esteja a acontecer neste exato momento.
- Não explicaram, mas, eu ouvi uma conversa entre o diretor e a secretária, parece que houve mais um ataque, assim como o que Gabriela sofreu.
_ Charles arregala os seus olhos em sinal se surpresa, e uma surpresa nada boa, ele não vai mesmo gostar do que está prestes a ouvir.
- O único problema, Charles, é que a garota não teve a mesma sorte de Gabriela!
_ Sabendo disso agora, Charles está mais aflito que nunca, ele agora teme que quem atacou a sua filha possa retornar e fazê-lo novamente, assim talvez, dessa vez consiga o que não teve antes. Gabriela acorda no exato momento em que ouve a história que Lucian contou, ela senta na casa e olha para ele, sem saber o que dizer, apenas olhando atentamente nos seus olhos claros como a luz do dia. Lucian sorri-lhe, ele segura a sua mão e ela permite-o, pedindo-lhe desculpas pelo que aconteceu entre eles no dia anterior, mas, Lucian balança a cabeça, ele não responde.
- Lucian, você precisa contar-me quem desapareceu da faculdade.
_ Ele olha-lhe intensamente, sabe que foi sua amiga de classe, ela foi dada como morta, mas o seu corpo não foi encontrado, apenas manchas de sangue no local.
- Acho que, não será uma boa ideia contar-te isso agora, meu bem, é melhor você descansar.
- Se você não me contar, ligo para a Lauren, ela me dirá o que preciso saber.
_ Agora, ele nem imagina qual será a surpresa, como ela receberá a notícia, mas, dessa maneira, ele terá que contar.
- Foi a Lauren, ela está desaparecida!