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Quando a notícia de que os Aragão tinham retornado chegou, logo suspeitei que algo não estava bem, já que logo a após a desgraça que ocorreu com aquela família eles partiram prometendo nunca mais voltar, mas isso já fazia quase 40 anos e muita coisa mudou em 40 anos e o convite sob a minha escrivaninha dizia que a nova geração tinha pouco conhecimento sobre o passado ou simplesmente solicitava paz.
O que eu estava disposta a dá, mas isso significava que eu teria que comparecer ao baile e se gentil com os novos membros da família Aragão e tenho certeza que meus pais irão se revirar na cova quando eu colocar meus pés naquela mansão.
- Não tenho vontade de ir. - Amélia falou olhando para mim como se pedisse desculpas.
- Tem que ir, não posso ir sozinha.- Já não tenho ânimo para ir em bailes, mas era por uma boa causa.
- Peça a companhia da minha mãe. - Ela fala de maneira insolente.
- Como se eu pudesse convencê-la de sair de casa. - Sandra decidiu morre junto com o marido, vai de casa para igreja, não que eu seja lá muito diferente, mas às vezes ando pelo parque e compareço a alguns jantares.
- Ao menos deveria tentar. - Ela de fato não quer ir,não é de sua personalidade negar algo.
- Não seja ingrata Amélia, sempre que me pede para acompanhá-la a algum orfanato eu a acompanho e agora ouça a se negar a ir comigo ao um simples baile. - Chantagem ainda é algo que eu não consegui abri mão, anos indo a igreja e ainda continuo com esse pecado.
- A senhora nem de baile gosta, apenas quer conhecer os novos vizinhos. - Ela tinha bons argumentos.
- Não posso negar de ir na primeira vez que me convidam, e sinto curiosidade de entrar naquela casa novamente.
Amélia se virou com curiosidade, e então sorriu, ela amava as minhas histórias.
- Posso acompanhá-la, mas peço que me conte o que ocorreu há 40 anos atrás.
- Não seja insolente! - Eu tinha conseguido, então apenas me limitei a sorrir.
- O grande segredo com os Aragão e os Soletos é que deixa uma cidade inteira curiosa.
- Coisas de família, e agora que eu sou a última dos Soletos a verdade irá para o túmulo. - Tem coisas que o melhor é deixar enterrados, coisas sobre o meu passo eu prefiro deixá-los sobre os sete palmos.
- Pós perguntarei ao primeiro Aragão que eu ver. - Ela assim o faria, Amélia tem em seus defeito a curiosidade.
- Não é tão atrevida. - Ela sorriu, um sorriso desconfiado.
- Tenho então sua permissão? - Eu queria sua companhia, precisava confiar no bom senso da menina.
- Se tiver coragem lhe dou permissão. - Amélia sorriu, e voltou para seu bordado, ela vive por fazer bordado para o seu enxoval, imagino eu que ela ela tem mais lençóis do que irá precisar usar em toda uma vida.
- Sabe que isso irá custar umas duas visitas ao orfanato. - Ela aprendeu a chantagear também, eu de fato a estrago.
- Irei à falência, já que sempre deixo uma pequena fortuna. - Tanto Otávio quanto Amélia parecem gostar de me ver gastando meu dinheiro.
E estava tudo certo, Amélia usava um vestido azul turquesa, seus cabelos estavam com um belo penteado e parada ali não se via que ela tinha um defeito na em sua perna, ela sorriu para mim.
- Faz tempo que não me sinto tão bonita. - E minha menina estava deslumbrante, se não fosse pela perna sei que teria se casado rapidamente, não que ela não tivesse pretendentes,mas após se tão ferida desistiu de amar e depois acabou por tomar o título de solteirona como seu escudo ela ao 27 anos não tinha esperança de se casar. Mas sempre estava por aí a abordar, talvez ela pensa que o amor ainda está por vim, só se nega dizer em voz alta que o espera.
Se há alguém nascida para ser mãe é a Amélia. As crianças a adoram e elas as crianças, mas o destino de Amelie tinha sido traçado, ali no momento de seu nascimento. E eu tive que me conformar que minha fortuna não era o bastante para fazê-la feliz, pelo contrário muitos dos que se aproximaram tinha como intenção recebe um bom dote por minha parte.
- Está linda. - Por fim falei, meus pensamentos às vezes me leva para longe, me carrega para lugares as quais eu mesmo não sei o porque.
- Então vamos? - Ela deu uns de seus largos sorrisos.
Octavio entrou no quarto e ao ver Amélia deu um largo sorriso, o amor que um tinha pelo outro era algo tão puro que me enchia os olhos, não que eu seja dada a chorar.
- Nunca a vi tão bonita! -Então se virou para mim. - Como o homem da casa devo acompanhá-las.
- Aos 12 anos meu querido deve apenas ir dormir.- Ele bufou. -Para que eu sirvo?
- Seja um bom menino. - Amelia disse beijando o topo da cabeça dele.- Amanhã contarei exatamente como foi entediante ver as mocinhas saltitando pelo salão.
E pela primeira vez em 40 anos eu estava de frente a casa em que passei parte da minha infância e onde tive meu coração quebrado.
- Está bem madrinha? - Amélia me olhou assustada.- A senhora empalideceu.
- Bobagem, vamos me ajude a entrar. - Eu não tinha idade para isso.
Fomos conduzidas para o salão, aparentemente a casa continuava sem grandes alterações, o novo proprietário apenas mudou a cor das cortinas e colocou mais luz no lugar, e enquanto eu inspecionava o local eu o vi.
Era um fantasma, só podia ser um fantasma, mas ele conversava e ria de algo, e às pessoas o via também, então minha sanidade ainda estava intacta. Mas a semelhança era impressionante, as mesmas covinhas na bochecha, o mesmo cabelo escuro ondulados até o ombro. E sei que minha visão não é confiável a essa altura, mas podia apostar que seus olhos era cor de mel, era a cópia perfeita do grande dele.
- Madrinha.- Amélia apertou um pouco meu braço. - Pode ao menos disfarçar, não tira os olhos do anfitrião.
Senti uma onda de vergonha me tomar, mas não tinha mais idade para cora, então abanei o leque.
- Acho que preciso me sentar. - Mas antes que Amélia pudesse dizer algo, o anfitrião estava na nossa frente.
- Mas que honra tê-la aqui senhora. - Ele sorriu, e sim ele tinha as covinhas perfeitamente no mesmo lugar, era o retrato perfeito de Inácio, ele me conhecia, claro deve ter pedido para algum criado avisa quando eu chegasse.
- Não faria a desfeita de recusar o convite.- Dei minha mão para ele beijar, então percebi que seus olhos estavam em Amélia, por um momento achei que ele procurava algo nela, mas foi muito rápido.
- Não sabia que tinha uma filha, madame. - Amélia sorriu, o sorriso ainda mais aberto que já dava. - Meus informantes não são tão bons quanto pensei.
- Seus informantes não estavam errados, Amélia é minha afilhada.
- Fico grato por nos presentear com sua presença Amélia. - Ele tocou a mão de Amélia e roçou os lábios em suas luvas. - Saulo de Aragão ao seu dispor.
E minha afilhada quase desmaiou ali mesmo,mas não posso culpá-la, o rapaz era encantador, e minha querida Amélie não recebia tanta atenção desde... Não lembro quando de fato alguém deu tanta atenção a Amélia.
- Sua casa é encantadora. - Ela disse sem jeito, estava na cara que Amélia tinha perdido habilidade de flertar, na verdade não sei dizer se ela já teve algum dia essa habilidade.
- Não mais que a senhorita. - Ele pareceu desconfortável.- Ou seria senhora?
Mas era claro que na idade que Amélia se encontrava, qualquer um acharia que ela era casada ou viúva. Então ela deu um sorriso afetado.
- Senhorita. - As palavras saíram como um sussurro, se um solteirona não era algo de se orgulhar, mas o rapaz abriu um largo sorriso.
- Então poderia me conceder a próxima dança.
Os olhos da minha afilhada abriram de par em par, ela não queria que ele avise mancar.
- Não seria possível.- Amelia disse simplesmente, não acrescentou mais nada.
- Não queria ofendê-la.- Saulo a encarou como duvidasse do que acabara de ouvir, possivelmente não era o tipo de homem que levava muitos não. - Apenas gostaria de acompanhá-la em uma valsa.
E ouvir isso Lídia que passava na hora riu.
- Não poderá valsar com a Amélia mesmo que ela quisesse . - A moça jogou seus cachinhos dourados para trás enquanto ria, então esticou a mão para o rapaz beijar. - Lindia larte, estou disponível para aproximá valsa.
E como ele poderia negar aquele pedido? Ainda mais para a filha do prefeito. O rapaz a cumprimentou, selou um beijo na mão de Lidia deu um olhar intrigado para Amélia e se afastou.