Capítulo 4 Arthur

O relógio marca meio dia nesse momento. Estou desembarcando no aeroporto depois de uma longa semana de viagem à negocios no exterior. Pra variar, meu voo atrasou. Jhon, meu secretário me recebe no aeroporto e vamos direto para o estacionamento. Meu celular toca. É minha mãe, que insiste que eu passe em casa para vê-la. Tento convencê-la de que nos veremos a noite pois tenho uma reunião importante e quero chegar cedo na empresa para colocar as coisas em ordem. Mas ela não se dá por vencida e eu não sou capaz de lhe negar absolutamente nada.

É a única pessoa no mundo a qual eu me submeto totalmente. Peço a Jhon para me deixar na casa da minha mãe e ir para empresa primeiro, se preparar para a reunião. O tempo está totalmente fechado agora. Choverá a qualquer momento.

Tenho algum tempo antes de ir. Aproveito para comer, tomar um banho e dar atenção a minha mãe. A reunião será as 15:30h. As 14h eu já estou a caminho da empresa. A chuva já está caindo. O trânsito está um caos completo. Estou a meia hora dirigindo e não percorri metade do caminho, em um percurso que normalmente leva cerca de 20 minutos. Próximo à empresa houve um acidente. A fila de carros está longa e eu não conseguirei entrar no estacionamento da empresa. Olho para o relógio e tenho 10 minutos. Terminarei o percurso à pé. Pego meu notebook e o guarda-chuva e vou caminhando rapidamente pela calçada.

Meu celular toca com insistência, e eu atendo com um suspiro, já imaginando o que seria. É Jhon:

_ Arthur, temos um problema. Os membros do conselho já estão todos reunido esperando por você na sala de reuniões. Você precisa chegar o mais rápido possível. - O tom do meu assistente era urgente.

_ Eu estou chegando, John. O trânsito está caótico hoje. Sequer consegui chegar de carro até a empresa. Diga para eles me aguardarem.

Desligo o telefone, meu humor já desgastado, agora à beira da raiva. Posso imaginar o burburinho que estão nesse momento. Eu que sou sempre pontual e exijo pontualidade estou atrasado. É um bom motivo para os que não gostam de mim falar pelas costas.

Eu já estava atrasado. No limite da minha paciência. De repente, meu dia pareceu piorar ainda mais quando vi uma garota correndo na minha direção. Não tive tempo de desviar quando ela bateu em mim, caindo no chão e derrubando o notebook que eu segurava com força.

_ Não está enxergando garota? Precisa que te compre um óculos? Vê se olha por onde anda.

As palavras saíram antes que eu pudesse pensar. Minha irritação transbordando. Ela estava encharcada pela chuva, olhos arregalados de surpresa e constrangimento. Ainda no chão ela se desculpa, gaguejando, e eu percebo que talvez tenha sido mais duro do que o necessário. Por um momento penso que deveria ajudá-la a se levantar. Mas eu não tinha tempo para isso, não agora.

_ Des... desculpa e... - Ela tenta se justificar, enquanto se levanta, mas eu a interrompo. Eu não tenho tempo para lidar com isso.

_ Olha onde está meu notebook agora. Graças à sua estupidez. Acha que pedir desculpas irá resolver alguma coisa?

Eu não conseguia conter a raiva em minha voz. Os problemas do dia e o cansaço da viagem me esgotaram. Ela olha o notebook em uma poça de água e apenas pega-o, me entregando.

"Só pode ser brincadeira" - penso e dou uma risada por puro ódio.

O olhar da garota é de humilhação e desculpa. Parece genuinamente arrependida, mas o estrago já estava feito. Minha paciência se esgota. Ela me entrega o notebook, e eu o jogo no chão com força.

_ Acha mesmo que essa porra irá funcionar depois de cair na água? Está apenas me entregando como se nada tivesse acontecido? - grito.

_ Eu sinto muito por isso. Eu...

A frustração me domina. O celular toca, interrompendo o momento e me tirando daquele cenário.

_ Ainda não terminamos. - A aviso e respondo à chamada.

            
            

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