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Tudo parece ter dado errado no meu dia. Eu gritei com uma estranha na chuva, meu notebook está encharcado, e eu estava atrasado para uma reunião crucial.
_ Alô, Jhon.
_ O pessoal está impaciente, o que devo fazer?
_ Avise que tive alguns imprevistos devido ao trânsito e a chuva e que a reunião será cancelada por hoje e remarcada em breve. Não tenho mais paciência para lidar com eles hoje. - Enquanto isso a garota me observa e eu a olho sob a chuva, quase sinto pena da situação que ela se encontra. Mas estou com raiva demais pra isso.
_ Mas chefe...
_ Apenas faça o que estou mandando. Não me questione agora, porra. E aproveita e diga a quem tiver alguma reclamação contrária ao adiamento , para falar diretamente comigo. - Ninguém tem coragem de me enfrentar na empresa. Sou o CEO e gosto da sensação de poder.
_ Entendi.
Encerro a ligação. Ela está ali, encharcada e vulnerável, enquanto eu lhe lanço um olhar de reprovação.
"Que dia para tudo dar errado," - resmungo, e respiro fundo, passando a mão pelos cabelos. Ao me aproximar, disparo:
_ As coisas já estavam ruins e você se esforçou para estragar o resto do meu dia.
Visivelmente desconfortável, ela tenta contornar a situação.
_ Eu realmente lamento por ter lhe causado problemas. - Sua voz soa angelical.
Lanço um olhar mais atento a ela. Meus olhos passeiam por seu rosto molhado, pelos cabelos úmidos e, involuntariamente, por seu corpo que o uniforme fino e encharcado deixava quase exposto. Ela fica desconfortável enquanto a encaro e pensamentos absurdos percorrem minha mente. "Porra, ela é linda!"
Afasto os pensamentos.
_ Não importa, é tarde demais. O que foi feito não pode ser mudado. - Digo mais para mim mesmo.
Sei que estou sendo duro, mas algo em mim não consegue se conter. Eu estou com raiva de toda a situação, do dia que parece estar se desfazendo diante de mim. E, estou com raiva de mim mesmo por não ter sido mais cuidadoso. A culpa não é toda dela, afinal. Ainda assim, eu não posso deixar que ela veja minha fraqueza, minha frustração.
Não sou gentil com ela, não tenho paciência para isso. As coisas já estavam ruins e ela estragou o resto.
Ela resolve se apresentar. Seu nome é Jhuly. Eu me apresento secamente. Ela é apenas uma estranha que cruzou o meu caminho e causou problemas.
_ Olha, eu realmente sinto muito pelo seu notebook. Se quiser, posso ajudar a pagar pelo conserto. - Oferece.
Olho para ela, e algo me diz que sua vida financeira não é das melhores.
_ Não é necessário.
Ela encolhe os ombros, um pouco tímida.
_ Bem, foi minha culpa, afinal. E eu quero fazer o que puder para compensar o problema.
_ Não tenho certeza de que seja possível consertá-lo. De qualquer forma será melhor não encontrar você novamente. Evitaremos que você me cause mais problemas. - Falo de forma grosseira novamente.
Jhuly apenas assente. A chuva começa a diminuir um pouco.
_ De qualquer forma, tenho que ir. Já perdi tempo suficiente graças a você. - Falo , saindo sem me despedir.
_ Claro, eu entendo. - Comenta com um sorriso tímido e se desculpa novamente.
Me viro involuntariamente para ela. Seu sorriso tímido me atrai de forma estranha e me faz querer protegê- la. Penso em me desculpar. Balanço a cabeça e afasto os pensamentos novamente.
_ Apenas olhe por onde anda da próxima vez. realmente.
Eu a deixo ali, parada sob a chuva, enquanto me afasto. Eu não deveria ter perdido tanto tempo com ela, mas eu me sinto um pouco perturbado com a situação. Eu não queria que o dia terminasse assim, mas não posso me controlar. Sou conhecido por ser explosivo e ninguém consegue mudar isso. O dia continuou, e eu voltei pra casa sem sequer estrar na empresa. Não tive ânimo para passar pelo estresse de dar explicações. Não devo isso a ninguém.
Estou aliviado por estar em casa. A imagem de Jhuly, encharcada e desculpando-se, ainda estava gravada em minha mente, mas eu estava determinado a não permitir que ela me afetasse. Ela era apenas um inconveniente passageiro, nada mais. Ou pelo menos era o que eu estava me forçando a acreditar.