Matar pessoas era uma coisa muito fácil, se pararmos para pensar. Com algo pontiagudo em mãos, tudo pode acontecer. Até mesmo com algo grande ou de longo/curto espaço. O difícil mesmo era esconder o corpo.
Ela não queria fazer um alvoroço disso. Se matasse com veneno, ninguém saberia de quem partiu, com uma bala, de um carro escuro, em uma rua mau iluminada, com câmeras em alguns prédios, começava a dificultar, ainda mais se ela quisesse chegar mais perto tirar uma prova de que o serviço foi bem feito.
Desde muito nova ela foi aprimorando esse detalhe específico. Ela não era uma serial killer, mesmo sentindo um imenso prazer em matar. Na verdade, Dakota gostava de punir, provocar dor e matar aos poucos, para que a pessoa se arrependesse de todos os seus pecados.
Sim, ela se sentia bizarra e não pensava em mudar. Aquele sexo... foi muito bom, abalou seu corpo, ela poderia ficar sem outra dessa, por pelo menos, um mês, contudo, aquele homem de olhos verdes lhe despertou algo ainda não identificado.
Dakota esperou que ele saísse do carro preto, estava a uma boa distância. Antes dele sair do veículo, os seus homens esvaziaram o lugar, que curiosamente, era uma sorveteria bem rustica.
Ela ficou curiosa. O que e com quem ele estava. Contudo, lembrou-se que isso não era importante, hoje esse homem tinha que morrer.
O lugar não era um dos melhores da cidade, era bem mau iluminado, a placa estava deteriorada, as janelas eram de vidro, que nos permitia ver quem estava do lado de dentro. Naquele momento, estava vazio, os homens de preto, fizeram questão de revistar e expulsar quem não era necessário, então, curiosa, ela pegou seu binóculo e tentou enxergar o homem, que na noite passada a deixou de pernas bambas.
Então, ela viu uma garota. Marcos estava informal, usando apenas uma calça de alfaiataria, camisa branca e os cabelos bagunçados. Ele sorria, a menina também, então ela lembrou de um detalhe: ele tinha uma filha.
Com certeza era ela. A menina tinha uns nove anos, sua mãe era morta, era a única mulher na família Pícoli, só que suas informações paravam por ia. A garota, e toda a vida pessoal de Marcos, era um mistério. Ele era bem famoso, no mercado, só que ninguém já o viu com uma mulher só, ele e seu irmão comandava tudo, só que o resto era um borrão preto.
Ela ficou ali, olhando aquela visita a sorveteria, pensando se faria o que foi fazer, ou poupava a menina de ver seu pai morrer.
Dakota era uma assassina fria e calculista, não tinha sentimentos, então porque pensava em poupar o psicológico de uma menina que nem era sua?
- Que porra! - Bateu no volante do veículo onde estava, com raiva. - O que deu em você? - Ela se encostou-se e pensou. - Idai que ele está com a menina? Quando você deixou de fazer um serviço por conta de uma pessoa ou criança?
Dakota respirou fundo, ligou o carro e desistiu pela segunda vez. Saindo dali, ela se martirizou. Pensou que de amanhã ele não passava.
***
Aquele era a hora. Uma boate lotada, luzes coloridas em um fundo preto, bebidas e muita droga. Mesmo estando cercado por homens fortemente armados, ninguém veria quando ela o pegasse de jeito.
Horas antes, Dakota recebeu uma mensagem bem irritante que a deixou de mau humor. Ela não era a mulher que desistia ou não demorava para entregar um trabalho, mas daquela vez as coisas estavam saindo dos seus planos.
Com uma roupa sexy e um copo de bebida na mão, ela passou entre as pessoas, que dançavam na pista de dança. Muita droga rolava ali, as pessoas estavam doidonas e ela usaria essa capa para se desfalcar na hora que precisaria fugir.
A morena subiu para área vip, dessa vez estava com uma peruca. A franja e os óculos, faziam parte da fantasia, pois todos ali estavam meio que em um carnaval alternativo.
Marcos estava conversando com um homem no qual ela não sabia quem era. Os dois não estavam felizes, Marcos, particularmente estava furioso com algo. Dakota só o observou de longe, esperando o momento certo. Então, como se já sentisse a sua presença, seus olhos se cruzaram, e mesmo com todo aquele adereço, Marcos sabia quem era a mulher que o observava de longe. A morena deu um leve sorriso, bebeu um gole da bebida e virou-se para as pessoas no andar de baixo.
Naquele instante, sabendo que ele a notou, a mulher sentiu o que nunca sentiu: ansiedade e desejo por um cara.
Ela tinha consciência de que não podia fraquejar e simplesmente transar com ele novamente, acabaria esquecendo novamente do seu objetivo e a mensagem foi clara, se não entregar a cabeça de Marcos, outro irá, contudo, ela pensou: quem aceitaria aquele trabalho? Só ela conseguiu realmente chegar perto de Marcos, nenhum outro teria sucesso.
Marcos já estava cansado de problemas. O dia foi cheio, ele pretendia tomar algo e ir embora, no entanto, viu a mulher que o perturbava, depois de dois dias sem notícias.
Ela era um fantasma. Seu irmão, era bom em achar pessoas, em descobrir, seja lá o que for, mas Dakota era fora da curva.
Ele queria prova-la novamente. Isso nunca aconteceu. Marcos poderia trepar com qualquer outra, havia muitas mulheres ao seu redor, porém, nenhuma o agradava como Dakota.
Sem dizer uma palavra, ele se aproximou dela, pegou em seu braço, a fazendo notá-lo, a levando daquele lugar.
Ela só seguiu, como da última vez. No fundo, estava insegura. Da última vez esse homem mudou completamente seus planos e não queria fazer o mesmo agora.
Assim que desceram as escadas, ele a levou por um corredor, no final, tinha uma porta iluminada e uma placa com letras fluorescentes: restrito. Ele a abriu, Dakota ficou curiosa e ao passar, estava outro corredor com várias portas. Ela deduziu que eram quartos particulares e não gostou da ideia, pois não achava que ele queria conversar.
O plano já estava saindo dos trilhos, novamente.
Eles passaram, entraram em um dos quartos, ele fechou a porta e ela sentiu frio na barriga. Dessa vez não tinha desculpa, de alguma ela o mataria. A mulher buscou por álcool, e felizmente tinha.
- Você é um mistério, mulher. - Ele a agarrou por trás, beijando seu pescoço, fazendo com que ela suspirasse. - Procurei você por todos os lugares.
- Gostou do sexo? - Ela se afastou. Evitou contato visual. A mulher sem sentimentos e determinada estava se dissolvendo, como um gelo derretendo. As duas vezes que eles se encontraram estava provando que Dakota não era tão superior, como pensava ser. - Fiquei sabendo que não repete o mesmo prato.
- Sabe mais de mim, do que eu sobre você. - Ele cerrou os olhos, investigando ela. Marcos achou estranho ela querer manter distância, não olhar em seus olhos, como se sentisse medo. Bem, isso era bem comum, contudo, a mulher de duas noites atrás era bem mais corajosa. - Quem é você, Dakota? - se interessou.
- Não vai gostar de me conhecer. - Impaciente com a sua inquietude, ele avançou sobre ela, a prendendo contra a parede e olhando em seus olhos. Instintivamente ela reagiu, pegando a pequena faca afiada, em formato de adaga, que ela carregava por debaixo da roupa. - O que pensa que está fazendo?
A adaga estava em seu pescoço, ameaçando roçar na sua carne. Ele riu, suas pupilas dilataram.