A luz suave do quarto delineava suas formas enquanto ela recolhia suas roupas com delicadeza. O jeito como ela pegava as peças com cuidado, revelando sutileza em cada gesto, prendeu minha atenção. A mente ainda sonolenta, mas curiosa, eu a observava de relance, tentando não ser intrusivo em sua privacidade.
Seu olhar concentrado e sua expressão tranquila transmitiam uma sensação de paz. Era como se estivesse testemunhando um momento de intimidade, onde Luce estava em sintonia com sua própria essência. O quarto ganhava vida com sua presença, e o ar parecia carregado com uma energia suave e cativante.
Enquanto ela se vestia, eu me perdia em pequenos detalhes: o movimento gracioso dos cabelos, a maneira como suas mãos encontravam o fecho do colar, a delicadeza ao deslizar as pulseiras em seus pulsos. Tudo parecia acontecer em câmera lenta, e cada gesto dela se tornava um pequeno espetáculo aos meus olhos.
Ao terminar de se vestir, ela se virou em minha direção. Por um breve instante, nossos olhares se cruzaram, e tenho a impressão que não era para estar acordado, nunca estava.
- Não se preocupe que não quero que me leve até a porta - diz ela de repente, pegando a bolsa largada em um canto do quarto.
- Nem o café da manhã do hotel? - sugiro sem perceber, não entendo por quê aquelas palavras saíram com tanta facilidade, sendo que aquele não era o roteiro de sempre - O café da manhã deles é muito bom - finalizo com total convicção.
Já que aquela não era a primeira vez que estava naquele hotel, muito menos naquela cama. O quarto sempre estava reservado para mim e para as possíveis aventuras que encontrava.
Um sorriso discreto se formou em seus lábios, e então ela se dirigiu para fora do quarto, deixando para trás a leve fragrância de sua presença.
Sorrio para mim mesma, lembrando da noite naquele quarto, havia sido quente, muito quente e este era um dos motivos pelos qual gostava de mulheres mais novas, quase inexperientes.
Inicialmente quando vi Luce virando shot de tequilas um atrás do outro, logo deduzi que fosse alguma frustração referente algum relacionamento. A maioria das mulheres que encontrava naquele bar, tinham quase o mesmo problema e naquele momento eu decidia ser na solução.
E estava convicto que naquele noite, havia sido o de Luce, pelo modo como me arranhava e se contorcia em baixo de mim, desejando me sentir por completo. E não satisfeito apenas com um orgasmo, precisei fazer ela gozar mais três vezes, assistindo atentamente ela se desmanchar a cada orgasmo, revirando os olhos nas órbitas e enfiando suas unhas em minha pele.
Decido me levantar, apesar da vontade de continuar dormindo, e segui para o banho. A água quente ajudou a despertar meus sentidos e me preparar para o dia que estava por vir. Após me secar e me vestir adequadamente, percebi que algo estava faltando para começar minha manhã de forma satisfatória: um café forte e revigorante.
A ideia de tomar o café do hotel não me entusiasmava. Ele parecia insosso e sem personalidade, algo que não me satisfaria de verdade. Queria algo especial, um café que me envolvesse com seu aroma e sabor, algo que me ajudasse a enfrentar o dia com energia e prazer. E não ficar em um lugar com casais apaixonados, desfrutando o café da manhã incrível do hotel.
Me lembro de um café charmoso e aconchegante que havia descoberto alguns quarteirões adiante. Era um local encantador, com uma atmosfera acolhedora e um café delicioso.
Eu queria experimentar novamente aquele sabor único e aproveitar um momento só meu.
Decidi sair em busca desse café especial. Enquanto caminhava pelas ruas, podia sentir o ar fresco da manhã e a ansiedade por esse encontro com o café perfeito. Chegando ao local, a atmosfera agradável logo me envolveu. O aroma de grãos recém moídos impregnava o ambiente, e eu sabia que estava prestes a ter uma experiência sensorial incrível.
Ao sentir uma mão tocando suavemente meu ombro, meu coração dá um salto. Ao virar o rosto e erguer as sobrancelhas surpreso, me deparei com o rosto familiar de Emma, minha amiga de infância. Um sorriso espontâneo iluminou meu rosto, e automaticamente me virei para abraçar ela.
- Emma! Não acredito que é você! - exclamei com entusiasmo, ainda surpreso e feliz por ver ela ali, na fila do café, em meio a tantas pessoas desconhecidas.
Ela também sorri e me abraçou com carinho.
-Pois é, que coincidência nos encontrarmos assim! Nem imaginava que poderia te ver por aqui - diz ela, com a voz suave e amigável que me lembrava dos tempos de infância - Ainda mora aqui? - Ela me olha com atenção.
- Nunca saí daqui, Emma - Ela assenti, ainda sorrindo.
- Eu sai mas, voltei - diz encolhendo os ombros, me acompanhando a medida que a fila anda.
- Voltou definitivamente? - questiono duvidando da minha capacidade de processar aquela situação, depois da noite que tive.
- É - diz parecendo desconfortável - Estou de volta na cidade em que juramos que nunca mais voltaríamos - Ela suspira, fixando novamente o olhar em mim - Lembra dessa promessa? - pergunta baixo.
Não costumava fazer promessas. Nunca. Não mais. Com certeza desde criança, quando costumava fazer promessas com a mulher que estava naquele momento ao meu lado, aonde um dia, deixaríamos aquela cidade e moraríamos juntos. Obviamente éramos crianças e não tínhamos ideia de como a vida poderia ser cruel, começando com o fato de nos separar por 21 anos.
- Mas estou feliz em estar aqui - Ela cruza o braço com o meu - Pelo menos encontrei você - Antes mesmo que pudesse responder, ela beija o lado do meu rosto, justamente no momento que eu era o próximo da fila - Nos vemos por aí, Armstrong - Dito isto, ela gira os calcanhares, me deixando ali com a sensação que havia voltado no tempo.
- Senhor? - A voz da atendente impaciente, me puxa para a realidade.