Me deito na cama com um suspiro de alívio, sentindo o conforto dos lençóis frescos abraçando meu corpo cansado. O roupão ainda exalava o aroma suave do sabonete que usei no banho, criando uma atmosfera reconfortante ao meu redor.
Enquanto fechava os olhos, tentei desligar os pensamentos e as emoções que me atormentavam. Ainda podia sentir a intensidade do beijo de Julian, a agressividade e o desejo que nos envolveram. Mas, naquela hora, a necessidade de descanso superava qualquer outro pensamento.
Conforme me acomodava na cama, senti a suavidade dos travesseiros abraçando minha cabeça e o aconchego do edredom cobrindo meu corpo.
Ao ser surpreendida pela entrada repentina de minha mãe em meu quarto, meus olhos se abre rapidamente e me sento na cama, surpreso com sua presença. Ainda sonolenta, tento compreender o que estava acontecendo enquanto ela se jogava na cama com um sorriso contagiante estampado em seu rosto.
- Meu Deus, mãe, você me assustou! - exclamo, esboçando um sorriso leve, mesmo diante da confusão do momento.
Ela ri alegremente, parecendo não se importar com o fato de ter me pego de surpresa.
- Desculpe, querida, eu não pude resistir! - Ela continuava sorrindo, algo surpreendente, pois ultimamente ela não sorria.
Enquanto ela falava, ainda tentava despertar completamente, sentindo uma mistura de sonolência. No entanto, o sorriso caloroso de minha mãe era contagiante, e aos poucos, a atmosfera do quarto começou a ficar mais leve.
Coloco um braço ao redor dela.
- Mas o que trouxe você até aqui? - pergunto rouca pelo sono.
Ela deu de ombros de forma descontraída.
- Só estava passando pelo corredor e pensei que seria bom conversarmos um pouco. Afinal, eu sempre amei essas conversas matinais com você - Ela queria contar, só não sabia como.
- Claro, mãe - digo suavemente.
Ainda sentada na cama, observo minha mãe, Emma, se deitar ao meu lado com um suspiro de satisfação. Seus olhos brilham enquanto ela fixa o olhar no teto, parecendo estar revivendo momentos do passado.
- Sabe, querida, algo realmente incrível aconteceu hoje - diz sorrindo - Comentei algumas vezes sobre meu amigo de infância com você, lembra? - pergunta sem me olhar.
- Claro, mãe! Você sempre falou dele - lembro com um suspiro -O que aconteceu? - pergunto curiosa.
- Acredite ou não, eu o encontrei hoje em uma cafeteria da cidade. Parece que o destino decidiu brincar comigo e cruzar nossos caminhos depois de tantos anos - O sorriso aumenta em seu rosto.
Finjo surpresa, apesar do sono.
- Sério? E como foi o encontro? Vocês conversaram muito? - Deito ao seu lado, lutando com o sono.
Ela suspira.
- Foi maravilhoso. A princípio, estávamos um pouco tímidos, afinal, fazia muito tempo desde a última vez que nos vimos. Mas, aos poucos, a conversa fluiu como se o tempo não tivesse passado. Parecia que estávamos ainda naquela época, trocando sorrisos e segredos - diz nostálgica.
- Deve ter sido um momento muito especial para você - Fecho meus olhos por alguns instantes, apenas para descansar as palpébras.
Sinto sua mão acariciando meu rosto.
- Sim, foi. Ele continua o mesmo cara gentil e divertido de antes. E o mais surpreendente é que eu ainda senti aquela faísca, sabe? A mesma que sentia na adolescência. Parecia que nada mudou entre nós - Não conseguia entender como ela poderia sentir a mesma coisa de mais de vinte anos atrás, mas pelo jeito ela sentia.
- É como se o tempo tivesse parado, né? - murmuro.
- Exatamente. Foi como reencontrar uma parte importante do meu passado, e isso trouxe um sentimento de nostalgia e alegria ao mesmo tempo - Ela faz uma breve pausa - E quem sabe o que o futuro reserva, não é? Por enquanto, vou aproveitar a sensação de reviver essa amizade que foi tão importante para mim.
- E está certa - digo tentando fazer com que aquela nossa "conversa" terminasse.
Se apoiando nos cotovelos, ela me olha.
- Passou a noite com Aiden? - questiona, esperando pacientemente pela minha resposta.
- Não quero falar sobre isto - digo virando de costas, ainda com os olhos fechados.
- Só para lembrar... - diz saindo da cama - você ainda tem caixas para desempacotar e seu quarto para arrumar - Ouço seus passos saindo do quarto.
Com a mente ainda ecoando nas palavras de minha mãe sobre o reencontro com seu crush de infância, me vi novamente lutando contra os pensamentos que me atormentavam. Porém, minha mente insistia em me lembrar do desconhecido que me deixou assada. A lembrança de nosso beijo arrebatador era como uma sombra que se recusava a desaparecer. As imagens invadiam minha mente, despertando excitação.
Sua presença intensa mexeu com algo dentro de mim, uma parte desconhecida que ansiava por ser explorada.
Lentamente, tento esvaziar minha mente, concentrando-me em respirar profundamente. Queria encontrar paz, mas o turbilhão de pensamentos e sensações era uma correnteza forte demais para controlar.
Ainda assim, o cansaço gradualmente começou a me vencer, e os limites entre a realidade e o sonho se tornaram tênues. Enquanto minha mente se entregava ao torpor do sono, uma parte de mim ansiava por encontrar o desconhecido novamente, mesmo sabendo que poderia me deixar mais assada novamente.
No mundo dos sonhos, as fronteiras do real e do imaginário se confundiram. Eu me vi em um cenário diferente do qual estava, um lugar onde as regras da realidade não se aplicavam. E lá, encontrei Julian mais uma vez, sua presença misteriosa me envolvendo em um abraço repleto de desejo.