Soltou um leve suspiro antes de virar-se, seu carro já estava no estacionamento e o manobrista não chegaria tão cedo, ela deu uma rápida olhada na tela de seu smartphone, para conferir a hora, quando um arrepio tomou conta da sua espinha.
Ergueu a cabeça minimamente, dando de cara com um homem alto, de cabelos volumosos e perfeitamente penteados, terno caro, ar arrogante, a encarando com um sorriso presunçoso.
Laura se sentiu incomodada, levantou a cabeça o máximo que pôde e devolveu o mesmo olhar arrogante a ele, o qual ergueu a sobrancelha levemente, ela bloqueou a tela do celular e se dirigiu ao lado oposto, para onde ficava o estacionamento.
Antes que pudesse chegar ao local, sentiu uma quente e grande mão segurando seu braço com firmeza, automaticamente lembranças ruins invadiram sua mente, o rápido calafrio que percorreu sua espinha fora como uma descarga elétrica, fazendo-a virar-se rapidamente com a mão levantada, na tentativa de desferir um tapa em quem a segurava.
Seu movimento foi parado no meio, restou apenas o encontro do seu olhar com o do homem misterioso que a encarou minutos antes.
- O que pensa que está fazendo? - resmungou.
- Desculpe, não quis assustá-la. - deu de ombros - Mas também não podia deixar uma beldade dessas ir embora sem nem antes aproveitar a noite.
Os olhos dela se reviraram.
- Pode me soltar?
- Claro. - ele soltou uma leve risada - Encontro ruim?
- O quê? - ela questionou confusa.
- Você nem sequer chegou direito e já estava de saída, então supus que devia ser um encontro bem desagradável.
- Ah, não é isso...
Sem continuar a frase, Laura simplesmente se virou e continuou seu caminho pelo estacionamento, logo adiante avistou o manobrista caminhando distraidamente em sua direção, o mesmo observava algo à sua esquerda, o qual ela não conseguia ver.
- Espera, eu posso tornar sua noite bem interessante!
- Não estou afim.
- Não vou desistir tão fácil.
Logo o rapaz estava ao seu lado, caminhando no mesmo ritmo que ela.
- Posso garantir que não irá se arrepender. - continuou - Estou disposto a pagar tudo o que quiser e ainda a acompanho até em casa, se me der o ar da sua graça.
- Que ótimo... além de irritante é cafona...
- Qual é, nenhuma mulher reclamou antes.
Laura parou abruptamente e o encarou, o mesmo parecia um pouco suado, mas mantinha o ar de superioridade, como se fosse uma honra tê-lo por perto.
Os olhos dela percorreram-no de cima a baixo, tudo o que conseguiu concluir é que era um riquinho mimado, em plena quarta-feira, querendo sexo fácil e disposto a gastar o que fosse preciso para isso, como ela não era nenhum pouco boba, acabou achando a oportunidade perfeita de jantar fora, sem gastar um real e ainda ter o prazer de dar o fora em um playboyzinho irritante.
- Talvez você esteja me confundindo com seus casos de uma noite. - cruzou os braços.
- Acredite, meus casos de uma noite não chegam aos seus pés.
- Com que frequência você usa essa cantada?
- Não muita, apenas quando a garota em que estou interessado se mostra resistente. - confessou.
- Façamos assim, eu finjo que caio no seu papo e você finge que se deu bem essa noite, então todos saem felizes. - sorriu debochada.
- Se esse for o preço. - deu de ombros - Sei que até o final da noite vai ser mais uma em minha cama.
- Eu não tenho tanto tempo livre assim... - suspirou.
- Eu acho que você só está cansada devido ao trabalho, pelas roupas, posso afirmar que fica o dia todo enfurnada em um escritório, trabalhando até a mente entrar em colapso.
- Sério mesmo?
- Minha sincera opinião. - piscou.
Estava até se divertindo com a situação, porém o seu corpo continuava tenso, não conseguia esquecer seus problemas tão facilmente e tinha que acordar mais cedo no dia seguinte... ou talvez não...
- Se você for bonzinho, eu te deixo me levar para casa.
Era mentira, ela sempre saia de casa com seu carro, não importava a situação, apenas para não acabar cedendo a homens como o que estava em sua frente.
- A propósito, não sei o seu nome...
Ele colocou as mãos no bolso um pouco surpreso.
- Está falando sério?
- Como assim? - questionou confusa.
- Deixa para lá. - pressionou os lábios - Me chamo Ethan, e você?
Laura tombou a cabeça para o lado, com um sorriso divertido, era impossível não ver o quão decepcionado e constrangido ele estava, provavelmente devia ser alguém que sempre aparece na mídia, seja devido à família ou pelos problemas que causa.
- Laura. - respondeu por fim.
- Posso te acompanhar de volta ao restaurante, então?
- Você fez reserva?
- Mas é claro.
- E veio sozinho? Jantar?
Ethan coçou o queixo, como que ponderasse se respondia ou não a pergunta.
- Quer que eu seja sincero?
- Prefiro, até porque você não vai me levar para cama tão fácil assim, se é que vai conseguir.
Ele sorriu, antes de balançar a cabeça.
- Tinha marcado com uma garota, mas ela ficou doente, então acabei vindo com uns amigos...
- Então vamos jantar você, eu e seus amiguinhos. - pôs a mão na cintura, após dar uma risada - Essa eu quero ver.
- Eu dou um jeito neles rapidinho. - piscou.
Ethan estendeu a mão para ela que, relutantemente, acabou por aceitar, mesmo sendo contra se aproveitar dos outros, ela não era boba e sabia que em outra situação, alguém como ele não hesitaria em se aproveitar dela.
- Essa noite terá de tudo, menos arrependimento. - se gabou.
- Menos...
Os dois se aproximaram vagarosamente da entrada do restaurante, o manobrista passou por eles com as sobrancelhas arqueadas.
- Espero que valha a pena... - Laura murmurou para si mesma.
Se acabasse chegando tarde em casa e não conseguisse terminar o que seu chefe lhe pedira há tempo, ela iria enrolar e despistá-lo até terminar, mas não era nem isso que a incomodava.
- Disse algo?
Ela negou, balançando a cabeça, após estampar um falso sorriso em seu rosto.
- Ah, você está aí! - uma voz feminina berrou histérica.
Dois rapazes, muito bem vestidos assim como Ethan, tentavam conter a garota a todo custo.
- Foi mal, Ethan, a gente tentou enrolar ela, mas não deu certo. - um deles, loiro de olhos claros, resmungou.
- Tudo bem, Marcos. - ele deu de ombro.
Os dois a largaram rapidamente, a garota quase caiu ao chão, porém se manteve firme.
- É melhor você cair fora enquanto pode, esse idiota promete o mundo todo, para no final nos abandonar feito bonecas velhas. - disse pata Laura, entre lágrimas e gritos.
Ela possuía um sotaque engraçado, com certeza devia ser estrangeira.
- Eu não prometi nada. - Ethan sorriu, provocando-a.
Laura aproveitou que ele estava distraído e lhe deu um chute, no calcanhar, então o encarou com um olhar fulminante.
- Ao menos seja cavalheiro e se desculpe com a garota. - cruzou os braços - Ela merece ao menos isso, não acha?
- Não acredita nela, não é?
- Nesse momento eu acredito em qualquer um, menos em você!
Ele fingiu estar ofendido.
- Parece que essa não está caidinha por você, deve ser horrível, não é. - a garota choramingou - Espero que ela te faça sofrer como nunca sofreu antes.
Antes que Ethan pudesse dizer algo, a garota saiu, tão rápido quanto aparecera.
- Eu nem quero saber, desde que me pague um belo jantar, vou fingir que nada aconteceu. - Laura se virou para ele cinicamente.
- Começo a pensar que não vai ser fácil te domar. - fez uma careta.
- Só percebeu isso agora? - sorriu - Estou acostumada com tipos como você.
Se colocou à frente dele.
- Além disso, estou faminta demais para me importar com seus casinhos. - debochou.
Atrás de si ela pôde escutar os risos dos amigos de Ethan.