Capítulo 2 Sarah Silva

Estou profundamente preocupada com a possibilidade de meu amigo ser expulso do abrigo. Ele já ultrapassou a idade limite para continuar aqui, e não consigo entender por que a diretora ainda não tomou uma decisão.

Tenho pensado seriamente em confrontá-la, pois essa situação parece fora do comum. Nunca vi ninguém ficar além da maioridade, exceto ele. Talvez estejam decidindo seu próximo destino, mas a incerteza me corrói. O pensamento de sua partida me apavora, e simplesmente não consigo imaginar minha vida sem ele ao meu lado. O que será de mim se ele se for?

Enquanto me perco nesses pensamentos, ele aparece de repente, sem qualquer aviso, e me surpreende com um beijo. Não pediu permissão, nem deu sinais de que algo assim estava por vir.

No momento, a única coisa que me passa pela cabeça é o alívio de sempre manter minha higiene bucal impecável.

"Como seriam as coisas se tudo fosse diferente?", me pergunto, enquanto saboreio esse beijo doce e inesperado, o primeiro de minha vida. Felizmente, estamos no nosso refúgio secreto, longe de olhares curiosos. Aqui, ninguém nos encontra.

- Eu também te amo, minha Sarah - ele murmura suavemente, com um brilho intenso nos olhos. - Meu amor por você é maior que qualquer outra coisa. Você é a pessoa mais especial da minha vida.

Ele faz uma pausa, seu rosto se torna mais sério antes de continuar:

- Mesmo que eu tivesse meus pais, uma casa perfeita e toda a riqueza do mundo, ainda assim, você seria a pessoa mais importante para mim. Nunca se esqueça disso!

- Quando você sair deste orfanato, eu estarei ao seu lado, cuidando de você. E quero que se afaste dos outros rapazes. Não vou aceitar que você fale com eles depois que eu me for.

Essas palavras me deixam inquieta, mas ele segue em frente:

- Quero que sua atenção seja só minha. E mantenha distância de Felipe. Ele não gosta de você e só te traz dor. Não confio nele.

Ah, meu Deus... Por que ele é tão tímido em algumas situações, mas tão possessivo quando se trata de mim? Não posso negar, sempre acabo obedecendo. Nunca falo com outros rapazes quando ele não está por perto.

Nicholas é extremamente protetor, mas seu ciúme às vezes passa dos limites. Ele quer controlar tudo, até as roupas que eu uso. Estranhamente, nunca me importei em segui-lo. Neste lugar, nenhum outro rapaz chama minha atenção.

Eles raramente falam comigo, assim como as garotas, mas eu não me importo. Com Nicollas ao meu lado, tudo parece perfeito.

- Você sente o mesmo que eu, Nicholas? - pergunto, com o coração batendo rápido.

- Claro, meu amor. Você é a pessoa mais importante da minha vida, e nunca vou te deixar. Se eu tiver que sair daqui, prometo que voltarei para te buscar assim que conseguir um emprego. Estou me tornando adulto, e, sinceramente, me surpreende ainda estar aqui. Mas, quando o dia chegar, vou te visitar todos os dias. Não consigo imaginar uma vida sem você. Preciso de você ao meu lado. Logo vou arranjar um trabalho e alugar um lugar para nós dois. Vamos viver juntos, com privacidade.

- Eu também nunca vou te deixar. Promete que, mesmo quando for embora, nunca vai me abandonar? Sua presença é essencial para mim. Só de pensar em te perder, sinto um vazio.

Nicholas segura meu rosto com delicadeza, seus olhos fixos nos meus, e responde com uma voz firme:

- Nunca vou me afastar de você. Vou estar ao seu lado a vida toda, meu amor. Acredite, você não vai se livrar de mim, porque você é a razão pela qual eu existo. - E sela suas palavras com um beijo.

O beijo é intenso, profundo, cheio de sentimento. Mas ele logo interrompe e me encara.

- Você quer ser minha namorada para sempre?

Meu coração dispara com a pergunta, mas antes que eu possa responder, ele continua:

- Acho que devemos desacelerar esses gestos antes que minha resistência se esgote... Você é irresistível. Você merece algo especial, algo só seu, porque você é única. Se algum dia quiser ir além comigo, saiba que eu estou aqui. Nenhuma outra garota me faz sentir o que sinto por você. Às vezes, acho que deveria me sentir culpado por isso, já que sou mais velho e você ainda é tão jovem, mas não sinto vergonha. O que eu sinto é real e intenso.

Ele faz uma pausa, seu olhar se torna mais sério.

- Não me arrependo de te amar, mas quero exclusividade. Sou ciumento, admito, e não me envergonho disso. Meu ciúme por você é enorme.

Ele abaixa a cabeça, sua voz escurece.

- Odeio o jeito como Felipe te olha, como se estivesse faminto. E o pior é que nem adianta eu sentir ciúmes, porque sei que você nem fala com ele, mas isso não muda o que eu sinto.

Se eu não fosse negra, certamente meu rosto estaria vermelho como um tomate agora. O que devo responder?

Não tenho ideia de onde poderíamos nos encontrar para algo mais íntimo. As monitoras aqui são sempre muito atentas, e nem sequer podemos mencionar esse tipo de assunto entre as meninas mais experientes. Eu apenas ouço, de longe, elas falarem sobre suas próprias vivências.

Algumas, com dezesseis ou dezessete anos, ou até mais novas do que eu, já tiveram encontros com os rapazes do abrigo. Mas eu ainda estou tão confusa sobre tudo isso.

- Sim, aceito ser sua namorada, Nicholas - disse, a voz trêmula, mas honesta. - Quero que você seja meu único. Meu desejo é estar ao lado de um homem para sempre, e esse homem é você. Não tem por que ter ciúmes do Felipe, ele não me atrai. Você é o único que me importa.

Nicholas sorriu, mas havia algo em seus olhos, um brilho de possessividade.

- A partir de agora, estamos juntos. E você é só minha, entendeu? Não quero que esteja com mais ninguém além de mim.

Oh, céus... Tenho um problema!

Nicholas sempre foi controlador e ciumento. Mas esse lado possessivo, ele só demonstra comigo. Desde que éramos crianças, ele sempre perguntava onde eu estava, com quem, e por que demorei tanto para aparecer.

Isso começou quando eu tinha apenas sete anos, e nada mudou com o tempo.

Se eu me ausento por alguns minutos e ele não consegue me encontrar, lá vem: "Onde você estava? Com quem? Por que demorou tanto?" E esse ciclo se repete até hoje.

Sem dúvida, Nicholas é possessivo. Mas, no abrigo, ele é visto como um líder nato. Todos respeitam suas orientações e ele se destaca ajudando as crianças mais novas com as tarefas escolares ou no refeitório. Apesar de sua autoridade, é admirado por ser atencioso e afetuoso.

Às vezes, imagino como seria se ele fosse mais maduro em nosso relacionamento. Ele tem um lado carinhoso, que aparece mesmo com toda a sua rigidez. E, de vez em quando, ele percebe que exagerou e pede desculpas por ser tão controlador. Mas, quando me vê perto de outro garoto, sua reação é imediata, afastando qualquer um de mim. Até algumas meninas evitam se aproximar por causa de sua possessividade.

As outras garotas daqui, por outro lado, sempre parecem competir, tentando se destacar. Mesmo que todas nós passemos pelas mesmas dificuldades, algumas insistem em me ver como uma rival.

Mas a verdade é simples.

- Eu não quero mais ninguém - digo, olhando fundo nos olhos de Nicholas. - Meu único desejo é estar ao seu lado.

Ele exibe um sorriso que me encanta profundamente, um gesto que sempre me fascinou desde a infância. Não é apenas a beleza do sorriso, mas a maneira como ele ilumina tudo ao redor, fazendo meu coração acelerar.

Nos beijamos rapidamente antes de entrarmos no orfanato, tentando evitar qualquer tipo de repreensão. Caminhamos em silêncio, enquanto todos ao nosso redor já dormem. Mas, em minha mente, não consigo pensar em mais nada além dele, no toque suave de seus lábios que ainda sinto em minha pele.

Meu desejo por ele cresce a cada dia. Quero ser dele por completo, corpo e alma. Compartilhar minha primeira vez com a pessoa que mais amo no mundo é um anseio que sempre nutri. Não se trata apenas das palavras que ele diz, mas da intensidade do meu desejo, que parece me consumir por dentro.

Quando estou ao seu lado, sinto algo inexplicável, uma emoção que surge antes mesmo de nossos lábios se tocarem. Apesar da minha juventude, esse desejo intenso me domina, e cada vez que o vejo, uma chama acende em meu interior. A simples presença dele desperta uma paixão que não consigo controlar.

O que devo fazer diante de tudo isso? Serei capaz de resistir? Não, não posso. Desde os meus quatorze anos, esses desejos cresceram dentro de mim, e agora sei que estou pronta para saciá-los. Aos treze, percebi que a amizade de infância estava se transformando em algo mais profundo: um amor que transcende tudo.

Embora não compreenda completamente o que é o amor, sei que o que sinto por ele é real. Meu coração dispara sempre que estamos juntos. Ele é único, e desejo estar ao seu lado acima de tudo.

No entanto, a possibilidade de Nicholas ser dispensado do abrigo a qualquer momento me enche de tristeza. E se eu nunca mais puder vê-lo? Só de pensar nisso, meu coração parece se despedaçar. Não sei se suportaria ficar sem ele, meu grande amor.

Hoje, continuamos nossas atividades no abrigo. Cada um tem sua tarefa, e a minha é cuidar da comida. Cozinhar é uma das minhas grandes paixões, e poucas coisas me fazem tão feliz quanto isso e estar com Nicholas.

Estou ansiosa pela noite, quando finalmente poderemos estar juntos, sem interrupções. Ele me observa de longe, lançando olhares discretos, piscando e enviando beijos sutis.

Como eu amo esse garoto, meu Deus!