Estou perdida entre o medo e a incerteza. Será que ele vai me forçar? Mas, apesar da excitação clara, ele evita tocar em minhas partes íntimas. Apenas acaricia, beija meu pescoço, e seus lábios se aproximam perigosamente do meio dos meus seios. Quem nos visse nesse momento, pensaria que estamos em plena relação.
Tudo mudou quando Nicholas entrou. Seus olhos se fixaram em nós, atônitos, observando Felipe entre as minhas pernas, despido. A cena é incrivelmente íntima e não há como justificá-la sem que pareça o que realmente é.
Felipe me mantém imóvel sob meu corpo, suas mãos ainda em mim. Ele beija meu pescoço, descendo até meus lábios, e sussurra ao meu ouvido. O som rouco de sua respiração faz meu corpo tremer.
- Sarah, você é maravilhosa. Eu te amo. Estou completamente apaixonado por você, assim como você está por mim - ele diz, sua voz carregada de desejo e prazer.
Suas mãos acariciam meu rosto com uma suavidade desconcertante, que contrasta com a força de seu corpo, enquanto eu luto para me afastar. Sua altura e força me aprisionam, tornando qualquer tentativa de fuga inútil.
- Maldito! Por que está fazendo isso comigo? - grito em silêncio, presa na confusão de sentimentos que ele desperta.
Felipe beija meus lábios, e por um breve momento, parece que retribuo. Mas não é o que desejo. O problema é que ele está visivelmente excitado, e quando se afastar, Nicholas vai perceber.
Estou perdida. O que Nicholas vai pensar de mim? Ele, que sempre foi tão ciumento, jamais me perdoaria por essa cena.
- O que está acontecendo, Sarah? - Nicholas grita, sua voz trêmula de raiva e dor. - Você está comigo e com esse desgraçado? Não pode ser! Eu te amo, e você me trai assim? No nosso lugar?! Nunca vou te perdoar por isso!
O rosto de Nicholas está ruborizado, seus olhos azuis cheios de lágrimas que ele tenta esconder. Ele não consegue sequer me olhar diretamente, envergonhado pela minha nudez. Fecha os olhos por um instante e, quando os abre, a dor e a fúria se misturam em seu olhar.
Ver suas lágrimas me destrói. A última vez que o vi chorar foi quando estive doente, e agora, tudo o que quero é gritar e afastar Felipe.
Felipe, ainda nu, não faz o menor esforço para se cobrir, exibindo descaradamente sua ereção para Nicholas, como se quisesse provocá-lo ainda mais. Eu me levanto com rapidez, tentando cobrir meu corpo com as mãos trêmulas.
- Nicholas, por favor, me escute! Eu estava esperando por você e ele apareceu de repente! Ele me beijou sem o meu consentimento, eu juro! - imploro, desesperada, na tentativa de fazê-lo acreditar em mim. - Eu nunca faria nada com ele, você sabe que jamais traria outra pessoa aqui. Este lugar é nosso.
Antes que Nicholas possa responder, Felipe interrompe com um sorriso cínico.
- Ah, Nicholas, você está errado. Ela e eu estamos juntos há três meses. Acabamos de fazer amor agora mesmo. Ela estava me chamando pelo nome com tanto prazer, mas aí você apareceu e estragou tudo.
Ele ri, com arrogância, como se estivesse vencendo um jogo que nem mesmo eu sabia que estava jogando.
- Ela é uma delícia. E eu ainda quero mais, sabe? Mas claro, agora você apareceu. Desculpa aí, parceiro.
A cada palavra de Felipe, sinto a raiva de Nicholas crescer. Ele não consegue processar o que está ouvindo. Sua dor é tão profunda que quase posso tocá-la.
- Ela me disse que você era fraco na cama, que queria algo mais intenso. Agora me conta, Nicholas, como se sente sabendo disso?
Felipe termina com um olhar de desprezo, como se tivesse acabado de conquistar uma vitória que eu nem sabia que estava em jogo.
Estou completamente arrasada com a desonestidade de Felipe. Não consigo acreditar nas mentiras que estou ouvindo. Ele está criando histórias absurdas, e, pior, Nicholas parece estar acreditando em tudo. Aquela criatura miserável ainda parece visivelmente satisfeito com a confusão que está causando.
Meu Deus, estou prestes a perder o meu namorado por causa desse sujeito.
- Você não tem o mesmo atributo que eu, não é? - Felipe provoca, sua voz cheia de desdém. - Percebe como sou mais 'privilegiado'? Ela adora o meu tamanho. Me contou que você é pequeno e inexperiente, que nunca a fez chegar ao orgasmo. Disse que só fica com você por pena, porque com esse seu corpo magrelo e esses óculos ridículos, nenhuma garota te desejaria.
Por que ele está fazendo isso? Está destruindo o coração do Nicholas com suas mentiras, e o pior é que meu namorado parece acreditar em cada palavra. Vejo a dor e a dúvida nos olhos dele, e meu maior medo é que ele tome uma decisão com base nessa farsa cruel.
A raiva começa a tomar conta de mim. Quero enfrentar Felipe, arrancar a máscara de cinismo que ele veste e fazê-lo pagar por essas mentiras. Antes que eu perceba, estou agindo.
- Diga a verdade, seu canalha! - grito, meus tapas atingindo seu rosto com toda a força que tenho. - Nunca me interessei por você! Admite que está mentindo para o meu namorado, diz que nunca tivemos nada!
Mas ele apenas me encara, com um sorriso frio, como se nada daquilo o afetasse. Nicholas, por outro lado, está em lágrimas, e Felipe, satisfeito com o caos que causou, simplesmente se vira e vai embora, com aquele sorriso cínico ainda estampado no rosto.
O que aconteceu com esse cara? Ele nunca foi assim. Jamais imaginei que fosse capaz de tanta maldade.
- Nicholas, por favor, acredite em mim. Ele apareceu do nada e me agarrou! Eu nunca disse nada do que ele falou. Este é o nosso lugar, o nosso cantinho. Não acredite em uma palavra do que ele disse. Por favor, confie em mim!
Mas minhas palavras parecem inúteis. Nicholas está devastado, preso em uma teia de mentiras da qual não consegue se libertar.
- Você foi desonesta comigo - ele diz, com a voz embargada. - Você tem sentimentos por ele, não tem? Fui avisado sobre isso. Pessoas comentaram que vocês estavam juntos e eu não quis acreditar. Disseram que você falava mal de mim pelas costas, que estava envolvida com o Felipe há meses.
As lágrimas escorrem pelo meu rosto. Estamos os dois chorando, cada um mergulhado em sua própria dor.
- Nicholas, por favor! - imploro, com o coração despedaçado. - Eu te amo mais do que tudo. Nunca te trairia, nunca! Por favor, acredita em mim!
Ele suspira, enxugando as lágrimas que ainda teimam em cair.
- Vou para o meu quarto. Depois conversamos, aqui, nesse lugar que sempre foi nosso. Me espera aqui, tudo bem?
Ele me dá um beijo no rosto, as lágrimas ainda brilhando em seus olhos, e sai. O vazio no seu olhar me parte ao meio.
Eu conheço Nicholas. Ele não é do tipo que faz escândalos ou parte para brigas. Mesmo assim, estou consumida pela raiva. Se pudesse, destruiria Felipe. Esse mentiroso destruiu a confiança entre mim e Nicholas, e só de pensar nisso, sinto uma dor insuportável.
Ainda assim, me sinto aliviada por ele ter saído sem me acusar diretamente de traição. Mas sei que o peso de tudo isso está corroendo ele por dentro. Se eu estivesse no lugar dele, não saberia o que fazer.
Então, fico esperando.
Espero no nosso lugar secreto por horas. O tempo passa, mas Nicholas não aparece. No entanto, quem surge é Raíssa... e o frio que sinto na espinha me diz que essa história ainda está longe de acabar.
- Olá, Sarah. Está esperando pela sombra do seu amado? Ele não veio, não é? - Raíssa sorri, maliciosa. - Vi o quanto ele ficou magoado. O flagrei chorando. - Que atitude lamentável a sua, se envolver com todos os rapazes do abrigo! - ela continua, com desdém. - Foi a mim que ele contou tudo. Fui eu quem revelou a verdade para ele, assim como para todas as garotas daqui. A pobre moça humilde vai perder o namorado. Aposto que ele não vai suportar a dor de saber que você estava com outros. Que tragédia.
Meu peito aperta. Não consigo acreditar que Raíssa sabe sobre o nosso lugar secreto. Como Felipe descobriu?
- Por que vocês estão fazendo isso conosco? - minha voz sai trêmula, as lágrimas já se formando. - Eu nunca fiz nada contra você, Raíssa. Por que nos machucar assim? E como, pelo amor de Deus, vocês encontraram esse lugar?
Raíssa me encara sem expressão, fria como uma pedra, sem vestígio de compaixão.
- Eu não ligo para o que você faz ou deixa de fazer, Sarah. Sempre te odiei. E quanto ao lugar? Não importa como o encontramos. Agora lide com isso.
Aqui está o texto revisado:
A raiva me toma de forma avassaladora, e, antes que eu pudesse controlá-la, dei um passo em sua direção, tentando confrontá-la. Acerto um tapa em sua face, mas ela se esquiva com facilidade, escapando da minha tentativa desesperada de desferir mais um tapa na sua cara, maldita. Antes de ir embora, ainda me lança uma ameaça.
- Você vai se arrepender de ter me tocado. Isso não vai ficar assim.
Fico sozinha, o coração acelerado, a mente uma tempestade de emoções. Eu deveria ter feito algo diferente? Ter me controlado? O que faço agora?
Não posso ir até o quarto dos rapazes, por causa das regras, então fico ali, aguardando o nascer do sol com ansiedade. Quando a luz da manhã finalmente desponta, corro à procura de Nicholas. Mas ele não está em nenhum lugar. Seus pertences estão todos ali, intactos.
- Meu Deus... onde você está, Nicholas? - sussurro, o medo tomando conta de mim.
A angústia me aperta. Será que ele cometeu algum erro irreparável? Todos os dias vejo no noticiário pessoas que tomam decisões extremas por se sentirem traídas ou por perderem a esperança.
- Meu amor, por favor, não faça isso! Volte para mim! - imploro ao vento, o desespero já me consumindo.
Eu só quero que ele esteja bem. Quero vê-lo, abraçá-lo e garantir que tudo vai ficar bem. Preciso sentir sua presença, ver seu sorriso, para que meu coração finalmente se acalme. Ele sempre adorou se esconder, de me deixar preocupada quando éramos crianças. Lembro-me das vezes em que, após horas de busca, ele aparecia sorrindo e perguntava: "Está procurando por alguém?"
Mas agora, estou procurando por ele mais uma vez. Porém, dessa vez, ele não aparece. Desta vez, ele não surge sorrindo, pronto para me abraçar e dizer que tudo não passou de uma brincadeira. Desta vez, o medo de que ele nunca mais volte me corrói por dentro.
Por que ele não aparece logo e põe fim a essa agonia?