Um amor em construção
img img Um amor em construção img Capítulo 2 O outro dia.
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Capítulo 6 Porque fugir ! img
Capítulo 7 O começo de um sonho. img
Capítulo 8 Verdades e sentimentos img
Capítulo 9 O pedido img
Capítulo 10 Troca de contato img
Capítulo 11 Esperar e surtar!!! img
Capítulo 12 Sensação estranha img
Capítulo 13 Vistando nossos pais img
Capítulo 14 Aquela conversa !!! img
Capítulo 15 Uma tarde apaixonada img
Capítulo 16 O comunicado img
Capítulo 17 Encarando a vida! img
Capítulo 18 A viagem a Brasília img
Capítulo 19 Será ironia do destino! img
Capítulo 20 Primeiras impressões img
Capítulo 21 Cara a cara com o passado. img
Capítulo 22 Novas descobertas. img
Capítulo 23 Anjos sem asas img
Capítulo 24 De cara com novas realidades img
Capítulo 25 Entre serás e porquês img
Capítulo 26 Será lei da atração img
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Capítulo 2 O outro dia.

POV. Marcelo

Quando a claridade começou a incomodar percebi imediatamente que não estava em meu quarto, pois quando nos mudamos Laura só fez uma exigência, o quarto mais claro do apê, algo que não fiz a mínima questão de questionar pois pra mim ter uma cama era o suficiente. Meio zonzo, ainda sobre o efeito do grande porre de tequila que havia tomado na noite anterior, olho para o lado e vejo Laura vestida com minha camisa e na mesma hora veio em minha mente tudo o que tinha acontecido naquele dia mais cedo. Eram 6 horas da manhã, sai da cama cuidando pra não fazer barulho pois não queria acordar ela, ainda era cedo e sinceramente não saberia como agir, precisava de um tempo pra por minha cabeça no lugar. Ao fechar a porta a última imagem que vejo é de Laura deitada em sua cama com os raios do sol que teimam em transpor as cortinas batendo em suas pernas desnudas sobre o fino lençol branco. Já em minha cama deitado com os olhos fechados, começou a passar em minha mente cenas dos momentos vividos com Laura e por incrível que pareça, não consigo me arrepender pelo que senti naquele momento, por me deixar levar pelo impulso e também pela coragem que a Tequila te dá depois de algumas doses. Sei que a frustração causada na tarde de ontem pela decepção de ser traído me levaram a tomar tudo que vi pela frente e não é de hoje que busco consolo nos braços dela. Mas nunca tinha acontecido nada nem parecido, quando percebi estava em sua cama, deitado sobre seu travesseiro que imediatamente exalou seu perfume adocicado, mas muito suave. Quando ouvi ela gritando meu nome pelo susto que tinha causado, não me assustei, nem ao menos pensei em me justificar e no impulso seja primitivo ou não quis tê-la perto de mim e ao sentir o mesmo aroma doce misturado em sua pele ainda úmida pela hidratação de seus cremes de costume, despertou em mim algo selvagem e que exigia com urgência seus lábios nos meus. E a cada toque seu, a cada movimento das suas mãos pequenas sobre meu corpo faziam percorrer sobre ele descargas elétricas nunca antes sentidas por mim. Que conexão, que sintonia, estava confuso e com tais pensamentos não nego estava começando a ficar excitado mas nada que um banho gelado não resolvesse.

Liguei o chuveiro no máximo, precisava acalmar os ânimos, pois o dia hoje seria difícil, encarar ela depois de tudo, dizer o que? pedir desculpas nem pensar... Até porque não me arrependo. Mas também criar falsas expectativas se nem mesmo eu saber o que aconteceu e o porque aconteceu. Laura era muito importante pra mim e brincar com os sentimentos dela estava fora de questão.

Desliguei o chuveiro peguei a primeira toalha que enxerguei e estava decidido, não iria puxar o assunto, se caso ela viesse falar sobre o que aconteceu tentaria agir com naturalidade.

Terminei minha higiene pessoal, coloquei um calça jeans, camiseta branca, minha jaqueta de couro e meus tênis... Ajeitei o cabelo e a barba estava recém feita então por uns dias sem preocupações com ela. Fui até a cozinha, hoje o café era por minha conta pois decidimos em comum acordo dividir igualmente as tarefas o que pra mim sempre pareceu justo. Liguei a cafeteira, coloquei o leite pra aquecer no micro e com maestria coloquei a toalha sobre a bancada aonde iriamos tomar café, fui até a geladeira e peguei o que ainda tínhamos para o café, ir ao mercado era algo que precisávamos fazer o quanto antes. Se minha mãe me visse assim com certeza teria orgulho de mim, pois fui criado com toda regalia de um filho único o que inclui ter tudo nas mãos, sem muito esforço, isso só mudou quando me mudei pra Porto Alegre, aqui mesmo tendo grande ajuda deles financeiramente falando, o dia a dia eu a Laura que administramos, desde as contas até a lavagem das roupas e ela não facilita em nada minha vida, o que me ajudou muito a ser quem sou hoje.

O café já estava terminando de passar, quando gritei por ela. Adoro provocar ela pela manhã e hoje pra manter as coisas o mais parecidas possível, não podia ser diferente.

Chamei pela segunda vez, mas colocando um pouco mais de provocação, eis que surge a princesa da casa, noto que desviou ligeiramente seu olhar de mim, largou suas coisas na mesa central da sala como de costume, pensa em um ser humano organizado, queria muito ser assim mas sinceramente a preguiça não deixa, senti que um silêncio se fez presente mas não por muito tempo pois puxei uma conversa aleatória, senti que ela também não iria puxar o assunto, o que não nego fiquei muito aliviado. Após o café escovei os dentes e saímos até a garagem aonde fica meu carro que no momento é nosso, mas que somente eu dirijo, já vi Laura dirigindo e não recomendo. Mas isso também é algo que ela não faz questão. No caminho pra alegrar um pouco nosso dia resolvi colocar uma música um pouco diferente, senti ela distante e sabia que música sertaneja não era seu forte, mesmo ela gostando de muitas delas . Tinha ouvido outro dia meu Talismã, gostei da batida, da voz da cantora. Quando coloquei percebi seu olhar, tipo como assim... Quando se convive muito com uma pessoa pequenos sinais revelam muita coisa.

E tipo tava curtindo a batida do som, quando meio que dançando, meio que tentando dublar a música pois tinha ouvido uma ou duas vezes, foi quando prestei atenção na letra da música e coincidência ou não dizia muito sobre nós e para que ela não percebesse continuei a me balançar parecendo um completo idiota. Chegando ao campus chamei por ela que parecia ter dormido no caminho. Entramos nos despedimos, estudamos em salas com direções opostas.

Posso dizer que os dois primeiros períodos até foram interessantes, amo história da Arquitetura e a professora Antônia arrasa dando essa matéria. Ouvi o som da liberdade tocar avisando o final do segundo período, estava indo até o refeitório encontrar a galera quando meu celular tocou.

- Alô sr. Marcelo Drummond.

- sim, é ele.

- Gostaríamos de comunicar que o senhor foi qualificado para o estágio na KW arquitetura, gostaríamos de confirmar sua disposição ao cargo.

- Sim, lógico.Quando devo me apresentar?

- Deixamos reservados uma entrevista para próxima quarta-feira às 10:30 na sede central. Sala nove, sexto andar. Posso confirmar Sr. Marcelo?

- Com certeza

-Tenha um bom dia e meus parabéns!!!

- Obrigado, com certeza vou ter.

Desliguei o celular e mal pude conter um misto de emoção e orgulho, saí correndo quando avistei Laura com a amiga dela e tomado pelo impulso, peguei ela pela cintura e giramos feito duas crianças no corredor do campus. Quando soltei ela no chão estávamos corados pelo esforço que fizemos expliquei a ela o que tinha acabado de acontecer e quando percebi estava abraçado nela de tal forma que podíamos sentir o coração um do outro, novamente pude sentir a eletricidade percorrer meu corpo por inteiro, constrangidos pela entrega do abraço mas também muito feliz pelo ocorrido, fomos até o refeitório comemorar o meu primeiro feito como futuro arquiteto.

Já dentro da sala... Amava arquitetura, mas com certeza gestão de projetos não era a cadeira dos meus sonhos, de fato esse era o meu algoz em todos os semestres.

E hoje pra ajudar meus pensamentos, estavam direcionados a outros fatores da minha vida, basicamente Laura tomava conta de mim nesse dia, desde os meus pensamentos até as sensações mínimas, que um ser humano pode sentir a flor da pele. Já passava das 16h quando finalmente o último sinal tocou despertando meus pensamentos e me chamando a realidade.

Meio perdido, notei que a turma de Laura não tinha saído ainda, nesses momentos senti um certo alívio de ter trocado de curso a tempo, por não ser escravo de tantos cálculos. Resolvi esperar por ela, pois já estava ficando tarde, sentei na portaria, coloquei meu fone de ouvido e abri minha playlist daquele sertanejo que gosto, perdido em meus pensamentos, refletindo tudo o que tinha acontecido desde a tarde de ontem, vi Laura se aproximando com uma cara interrogativa, conversamos até que ao tocar no nome do Marco imediatamente veio a mente tudo que tinha acontecido, algo que me deixou visivelmente chateado.

No caminho para casa, não tive ânimo algum, uma auto piedade tomou conta de mim, quando de repente fui atingido por uma enxurrada de informações dada por Laura, que do nada começa a falar e a gesticular feito uma doída, o que na hora me pareceu hilário, não me contive soltei uma gargalhada, posso dizer que ajudou muito a me soltar. O restante do trajeto foi tranquilo, conversamos como se nada tivesse acontecido. Chegando em casa fui direto para meu quarto, estava decidido que o quanto antes eu tirasse as coisas do Marco da minha vida, seria melhor, estava decidido a virar a página e parar com essa auto piedade, então liguei minha playlist no último volume e comecei a tão dolorosa tarefa, mas necessária.

Estava ali perdido em minhas lembranças quando Laura bate na porta, abrindo sem constrangimentos falando sobre ir ao super, sei que ela percebeu o que estava acontecendo mas como uma lady que é, desconversou ignorando o que tinha visto.

Não estava com cabeça para sair e resolvemos em comum acordo deixar pra outro dia, foi quando lembrei tenho que comemorar minha promoção, contudo tinha até esquecido que tinha ocorrido coisas boas no dia de hoje.

Gritei a ela pra encomendar uma pizza, sem brócolis, só ela gosta dessa desgraça.

Quando terminei de colocar tudo na caixa, ouvi o barulho do chuveiro vindo do quarto dela e por um momento imaginei quão sexy seria ela tomando banho...foi aí que percebi que algo com certeza estava acontecendo, pois nunca em anos imaginei nenhuma mulher em tal situação, muito menos ela que por anos ocupou em minha vida o lugar de irmã. Suspirei fundo aliviado por ela não ser. Fui até meu carro, abri o bagageiro e coloquei a tal caixa lá, amanhã daria um jeito de entregar ela quem ela pertencia.

Abri a porta de casa, pedindo a Deus para que ela estivesse usando um daqueles pijama ridículos de bichinhos, que em nada iria mexer com minha imaginação, pois sinceramente estava me desconhecendo e o medo de perder o controle novamente me deixava em pânico e ao mesmo tempo excitado, foi quando vi ela abrir a porta do quarto e sair com o cabelo preso por um coque que caia um pouco sobre seus ombros e sim com um dos seus pijamas engraçadinhos que somente coloca quando estamos sozinhos em casa.Tudo certo, Marcelo hoje Laura quer aparentar ter 10 anos, beleza!

A pizza chegou desci fui até a portaria pois como já era tarde seu Manoel já tinha se recolhido, paguei o motoboy e avistei o carro do Marco no outro lado da rua, ignorei e subi.

Chegando no apê, a mesa estava colocada, sinal de que ela sim achava que minha promoção era algo a se comemorar e por um momento me senti imensamente feliz, pois Laura sempre esteve ao meu lado, incentivando, acreditando em mim. Coloquei a pizza na mesa e lembrei que tinha comprado um vinho importado que ela amava na volta da inscrição do estágio, peguei duas taças e fui em direção a sala, quando me peguei olhando para Laura, Puta que p... Até de pantufa de bichinho e pijama de pelúcia ela consegue ser linda! Mas fui chamado a realidade quando ela fez um comentário sobre o vinho, servi ela, brindamos e imediatamente vi ela sorver com tanta maestria aquele vinho, que mesmo eu não sendo um grande apreciador fiquei com vontade de também saborear. A noite transcorreu de maneira agradável, rimos muito lembrando de coisas da nossa infância e pude perceber que ela sempre esteve comigo, muito minha e também como ela se soltava quando bebia algo.

De repente notei seu olhar fixo aos meus como se quisesse desnudar minha alma, senti um frio na espinha, me senti encurralado, pronto ela iria questionar o que tinha acontecido entre nós. Foi quando não menos doloroso ela pergunta sobre o Marco, virei ligeiramente para a varanda um pouco aliviado pois mais cedo ou mais tarde ela teria que saber o que houve, respirei fundo e olhando bem em seus olhos verdes, que naquela noite pareciam ainda mais claros, quando finalmente ia começar a falar, o interfone toca, quem poderia ser a essa hora, pois já passava da meia noite, quando vejo Laura atender e me dizer que Marco estava na portaria querendo falar comigo... Na hora fui acometido de uma raiva, que me paralisou, foi quando ouvi Laura dizer que eu não era assim...e realmente essa história merecia um ponto final e eu teria que ser homem o suficiente para dá-lo .

Reuni todas minhas forças, levantei sem nada falar, abri a porta e saí.

            
            

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