Um amor em construção
img img Um amor em construção img Capítulo 4 Um dia diferente
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Capítulo 6 Porque fugir ! img
Capítulo 7 O começo de um sonho. img
Capítulo 8 Verdades e sentimentos img
Capítulo 9 O pedido img
Capítulo 10 Troca de contato img
Capítulo 11 Esperar e surtar!!! img
Capítulo 12 Sensação estranha img
Capítulo 13 Vistando nossos pais img
Capítulo 14 Aquela conversa !!! img
Capítulo 15 Uma tarde apaixonada img
Capítulo 16 O comunicado img
Capítulo 17 Encarando a vida! img
Capítulo 18 A viagem a Brasília img
Capítulo 19 Será ironia do destino! img
Capítulo 20 Primeiras impressões img
Capítulo 21 Cara a cara com o passado. img
Capítulo 22 Novas descobertas. img
Capítulo 23 Anjos sem asas img
Capítulo 24 De cara com novas realidades img
Capítulo 25 Entre serás e porquês img
Capítulo 26 Será lei da atração img
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Capítulo 4 Um dia diferente

POV. Laura

Acordei com o sol costumeiro batendo em meu rosto, como se fosse levemente acariciado por ele, só daí me dei conta que estava dormindo nos braços do Marcelo, na hora não soube o que fazer ou pensar, afastei um pouco meu corpo dele, que naquele momento parecia um só de tão juntos que se encontravam, foi quando observei a fisionomia dele, estava dormindo profundamente e como ele é lindo, seus lábios carnudos , seu nariz levemente fininho na ponta, um cílios que põe inveja em qualquer mulher e a barba que adotou na vinda pra cá, que sinceramente sempre achei que dá um charme todo especial nele, mas que não falo pra não ficar mais convencido do que já é, não tenho porque negar tenho um crush nele desde do quinto ano do fundamental, quando no meio do ano um colega novo chegou na classe vindo do Paraná, sim, Marcelo não é gaúcho, mas desde seus 13 anos mora no Rio Grande do sul, até seu time do coração é daqui infelizmente ele é colorado, sim eu uma gremista convicta, divido apartamento com um colorado doente que em dias de grenal fica insuportável, bom ficamos amigos de primeira, morávamos muito perto e vivíamos um na casa do outro,

planejamos muita coisa juntos, e nem sei dizer quantas foram as vezes que fantasiei meu primeiro beijo e até minha primeira transa com ele.

Mas conforme o tempo foi passando, a vida foi tomando novos rumos e esse sentimento foi se perdendo...pois meu primeiro beijo dei com o amigo do meu primo que sinceramente nem lembro o nome, só lembro que foi esquisito e eu tinha 14 anos e ele 16, sobre a primeira vez que transei prefiro nem comentar, mas infelizmente não foi com quem e como sonhei, foi um pouco antes de vir pra cá. Estava feliz na Friendzone criada por nós e cuidada com muito zelo por mim, já não via o Marcelo como um crush, era meu amigo,parceiro nessa loucura de estarmos morando sozinhos longe de casa, meu porto seguro, e o fato dele ter pelo menos para mim ter assumido sua homossexualidade deixava as coisas bem claras, mas também não podia negar que o que aconteceu naquela noite mexeu comigo e com algo que estava adormecido dentro de mim e eu não tinha a mínima idéia do que fazer com tais sentimentos que novamente estavam atormentando meu coração. Respirei fundo como hoje não tínhamos aula, o dia seria mais tranquilo, pelo menos era o que esperava dele, tirei calmamente seus braços de cima de mim, mas Marcelo parecia tão relaxado que nem percebeu, na ponta dos pés peguei uma muda de roupa, minha toalha e minha bolsinha de higiene pessoal e fui tomar banho no quarto dele pra não fazer tanto barulho e deixá-lo dormir. Ao entrar em seu quarto, coisa que não faço a toda hora, temos muito respeito pelo espaço um do outro, pois morar juntos sem estar juntos requer regras bem claras para que de certo, observei as roupas espalhadas pelo quarto todo, balancei a cabeça e segui direto para o banheiro, sei que se eu pensar em juntá-las o pé de guerra estará feito, então controlei meu toc. O banheiro até que estava organizado, mas todo molhado do banho que ele tinha tomado ontem, liguei o chuveiro que rapidamente começou a criar aquela neblina quentinha do vapor, tirei a roupa e entrei no box que tinha impregnado o cheiro do xampu, do condicionador dele. Puta que p.... Que cheiro bom!! E isso misturado a sensação da corpo dele junto ao meu fazem meus pensamentos esquecerem o bom senso. Terminei meu banho me enrolei na toalha, coloquei também uma toalha em meu cabelo, sequei o banheiro... Fui até o quarto do Marcelo e terminei de me enxugar, coloquei uma roupa já pensando que teríamos que ir ao supermercado e como o querido ponto de interrogação da minha vida, pois isso que o homem que naquele momento estava dormindo em minha cama era pra mim, não me dava o carro, nem se disso dependesse a sua vida, então ele teria que me levar. Então escolhi uma legging preta, uma básica branca e um cardigã listrado que eu amava, não dispensando minhas sapatilhas, cabelo ainda enrolado na toalha,fui até a cozinha mas antes dei mais uma espiada, Marcelo dormia profundamente, tinha virado pro lado da porta, realmente a essa hora a claridade da janela mesmo com as cortinas costuma ser até irritante.

Coloquei a água, o filtro, o resto de pó que ainda tinha na cafeteria, fui até a geladeira e tinha alguns ovos, queijos,resolvi fazer uma omelete, tínhamos pão que pra hoje ainda dava.

Enquanto o café estava passando coloquei o leite pra aquecer no micro, fiz a omelete modéstia a parte sou uma ótima cozinheira, arrumei a bancada e fui até a sacada, soltei meus cabelos e passei meus cremes de sempre, rapidamente ajeitei meu cabelo que úmido, graças a deus ficam um pouco mais comportados, fui até o quarto ver se o Belo adormecido já estava disposto a acordar. Que tortura vê-lo tão perto e não poder toca-lo.

Abri a porta devagar e encontro Marcelo se espreguiçando.

- Conseguiu, acordar princesa?

Ele sorrindo me disse:

- Nem me fala, fazia tempo que não dormia tão bem!Que hora são?

- 11 horas.

- Sério, achei que era mais cedo, pois ouvi você tomando banho no meu banheiro, mas virei para o lado e estava tudo tão gostoso nessa cama que resolvi aproveitar, desculpa!

- Capaz, eu que devo desculpa por ter te usado como travesseiro.

- Não precisa se desculpar, estou a disposição sempre que quiser.

Notei que minhas bochechas ficaram vermelhas e vi que ele também percebeu mas tentei disfarçar dizendo:

- Bom o café tá na mesa! Vem logo se arruma depois, tô com fome e você sabe que não gosto de comer sozinha.

Falei isso dando as costas e indo para a copa. Só ouvi os resmungos do Marcelo que logo sentou no seu lugar de costume, fui até o fogão peguei a frigideira e notei a felicidade dele estampada em seu rosto.

- Omelete, hum!

- Calma é só um omelete, estamos com muita pouca coisa na geladeira, a propósito me leva no super?

- sério?!

- então me dê..

- Nem termina a frase a resposta é não!!

eu te levo.

- Agora, passa esse omelete pra cá, que cheirinho bom, me deu fome só de ver.

Tomamos café em um clima ótimo, conversamos coisas aleatórias, não iria chateá-lo perguntando sobre o Marco, mesmo estando muito curiosa para saber sobre a conversa de ontem, mas me contive.

- Olha como sempre estava uma delícia.

Marcelo falou isso levantando e recolhendo os pratos.

-Ei deixa que eu recolho e ajeito as coisas.

Ele parou largou as xícaras na pia e ficou me olhando sem entender.

- Vai te arrumar, pra irmos ao supermercado. Falei isso largando um sorriso largo e cara de pau.

- Agora entendi puro interesse. Saiu rindo sozinho da minha cara de tacho.

Enquanto Marcelo ia tomar seu banho e se arrumar, fiquei guardando e lavando a louça do café.

Estava terminando de varrer a cozinha, quando Marcelo aparece na ponta do corredor com minha calcinha na mão, olhei pra ele perplexa.

- Usar meu banheiro sem problemas, mas deixar sua calcinha lá, já é provocação! Falou isso fazendo uma cara de deboche visível.

Mesmo sem jeito e visivelmente constrangida, tirei a calcinha de sua mão e com um sorrisinho amarelo.

- Desculpa!

Sai e fui colocá-la no cesto de roupa suja aonde deveria estar.

Escovei meus dentes enquanto Marcelo me aguardava, dei uma última olhada nos armários fiz uma pequena lista para ter no que me basear, peguei minha bolsa e saímos do apartamento em direção a garagem, chegando no carro, entramos e pude perceber um envelope colocado entre um dos limpadores de vidro.

- Só pode ser propaganda. Marcelo disse isso enquanto pegava o envelope, que ao abrir deu pra notar por sua expressão, ser do Marco.

Dobrou,colocou no bolso da calça e entrou no carro.

- O que era? Perguntei esperando que ele me falasse algo.

- Nada não, vamos.

Colocou o cinto, ligou o carro e logo em seguida o som. Marcelo era movido a música e quando não queria falar sobre algum assunto usava deste recurso pra dar entender que não estava disposto a conversar, o que eu por conviver a tanto tempo com ele já estava familiarizada.

No caminho revisei a lista, acrescentando algumas coisas que faltavam que nem percebi que já havíamos chegado, Marcelo realmente é excelente motorista e aprender novos caminhos com menos trânsito era sua especialidade.

Optamos desde sempre em comprar em um hipermercado, por ser maior sempre tem mais variedade e geralmente os preços e promoções são muito mais atraentes.

Amava fazer compras, Marcelo como todo homem odiava. Pegamos o carrinho, entramos, peguei a lista, uma caneta e nós dirigimos ao primeiro corredor,

- farinha, açúcar, fermento... Falava baixinho, observando preços e quantidade.

Cálcular a cinco anos é algo fundamental em meus estudos que acabei aplicando na vida prática, quando notei que Marcelo me olhava fixamente:

- Que foi?

- Nada, não só tô te observando, você fica muito sexy, com esse casaquinho de velha, fazendo contas e equivalências dos produtos. Amanhã saímos daqui falou isso largando um sorriso debochado.

- Engraçadinho, isso se chama cardigã.

Virei pensando o que está acontecendo com esse guri, é a segunda flertada que dá hoje.

Continuei as compras, até que chegamos no setor do açougue e Hortifruti, nesse setor nós dividimos ele fica com as carnes e eu com os legumes e frutas. Escolhi tudo com o máximo de cuidado e fui até perto do açougue aguardar Marcelo que se aproxima perto de mim sorrindo trazendo as carnes ,passamos na padaria ele ama tudo que tenha muito açúcar, só não se entope diariamente porque vivo enchendo o saco dele sobre isso. Estou na fila, observando a animação dele ao pedir os quitutes que tanto gosta e nem percebo que estou sorrindo, quando uma senhorinha que estava parada ao meu lado aguardando sua vez me fala:

- É bom estar apaixonada, né minha filha!?

- Não, não é o que a senhora está pensando, falei isso tentando disfarçar toda minha cara de tacho.

- Já tive sua idade, não tenha vergonha de estar apaixonada, dá pra ver nos seus olhos.

Nisso Marcelo se aproxima com suas compras.

E a senhorinha não perde tempo.

- Muito lindo seu namorado!

Falou isso seguindo para frente do balcão aonde seria atendida me deixando em uma situação digamos estranha.

Marcelo ficou sem entender nada e eu estava constrangida demais pra tentar explicar.

Em silêncio nós dirigimos ao caixa, passamos nossas compras, peguei o cartão de uma conta conjunta que temos para os gastos da casa, pois é muito mais prático do que ficar dividindo tudo a todo tempo. Tanto nós quanto, nossos pais depositamos nessa conta os valores necessários para manter a despesa da casa e tem dado certo.

Quando estava saindo empurrando um dos carrinhos com as compras já empacotadas ouvi Marcelo sendo chamado pela moça do caixa.

- Ei, moço sua namorada esqueceu o cartão.

- Ah, sim obrigada disse ele surpreso pelo comentário dela.

Fiz de conta que não ouvi, o que estava acontecendo com as pessoas hoje, nunca em anos fomos percebidos como um casal.

Já passava das 15 horas quando finalmente saímos do estacionamento do hipermercado, quando percebi que o caminho não era o de casa.

- Marcelo, aonde estamos indo?!

- Se eu te convidasse iria colocar quinhentos empecilhos, para não aceitar.

- Tá, mas em primeiro lugar aonde estamos indo e segundo temos carnes e frios para colocarmos na geladeira.

- Viu que horas são? Tô com fome e como bem te conheço você vai querer guardar tudo pra só depois, comermos alguma coisa.

- E o que há de errado em ser organizada.

- Nada só que eu quero muito te levar em lugar que descobri esses dias por acaso.

- E no que isso tem haver com sua fome.

- Te acalma baixinha, já já chegamos não se estressa.

Alguns minutos se passaram e paramos em frente ao lugar muito charmoso, com um estilo de casarão antigo. Desci do carro, admirando o detalhe da arquitetura.

- Esse prédio tem cara de ser muito antigo, olha o quebra sol, as colunas.

-Olha, pra quem faz Engenharia você entende muito de arquitetura!

- Isso é preconceito do povinho da arquitetura, se somos capazes de garantir uma perfeita sustentação na estrutura de um prédio como esse, acha mesmo que não somos capazes de reconhecer ou apreciar um belo desenho arquitetônico.

- Eu me rendo!

Disse isso levantando as mãos pro alto, gesto esse que nos fez cair na gargalhada a ponto das pessoas que circulavam na rua naquele momento pararem para nos observar.

Entramos no prédio, que tinha cheiro de história.

- Uma biblioteca? Ou livraria? Indaguei olhando pra ele.

- Um pouco dos dois, mas espera tem mais.

conforme fomos entrando naquele ambiente que pra mim já era perfeito, nos deparamos com um jardim, um coreto e do outro lado um charmoso café no mesmo estilo da livraria.

Sentamos em uma mesa, estava admirada pela autenticidade do lugar.

- E aí, gostou?

- Se eu gostei, eu amei... Mas quando que você encontrou esse lugar?

- Abriu a poucos meses, mas só na semana passada, que vim aqui pela faixada, lembra do trabalho sobre arquiteta moderna e contemporânea.

- Sim, você estava apavorado por não encontrar nada original para apresentar.

E eu te disse pra vasculhar não só no centro, até porque vários bairros da capital ainda mantinham grandes tesouros.

E com um sorriso largo ele disse:

-Pois essa belezura me garantiu um dez.

Estava coberta por tapume a anos e graças a uma iniciativa privada, hoje podemos desfrutar desse ambiente melancólico.

- Nossa, obrigado por ter me trazido aqui, com certeza esse foi o ponto alto dessa semana.

- Lembrei de você no momento que entrei nesse prédio, mas sério vir aqui foi o que de melhor aconteceu contigo nessa semana?

O olhar do Marcelo nesse momento pareceu me desafiar, o que ele queria que eu respondesse. Mas fui salva pela garçonete que gentilmente trouxe os cardápios, explicando o que de mais gostoso havia no café.

Pedi um capuccino e uma fatia de Marta Rocha, sempre que como essa torta Marcelo gaba-se de ter sido criada em seu estado natal. Ele por sua vez pediu um folhado, uma empada e uma bomba de chocolate seguido de um mochaccino. Quando a moça trouxe, Marcelo me olha com uma cara de tacho e diz:

- Não me julga, tô com fome...

- Não disse nada! Falei isso levantando os braços.

- Te conheço! Falou isso dando uma bocada no folhado.

Comemos, conversamos sobre assuntos aleatórios, estávamos ficando especialistas em fugir de assuntos importantes. Logo que pagamos, saímos em direção a rua pelo lado oposto da onde tinhamos entrado o que achei uma jogada de mestre ter dois ambientes interligados por um jardim mas com entradas distintas. Perdida em meu pensamento nem percebi quando fomos abordados por um senhor de idade já avançada com um realejo.

- Moço, quer tirar a sorte e ver o que o destino lhe reserva, pois tendo consigo uma linda moça em companhia, creio que em seu coração tenha sentimentos que queira revelar.

Disse isso já tocando a manivela que ecoava uma gostosa melodia.

Surpreso pelo que o senhor tinha falado, Marcelo sorriu e disse:

- Sim, tô precisando saber o que a sorte tem a me dizer dessa bela mulher em minha vida e qual o significado de tudo que estamos vivendo hoje?

- Foi quando o periquito, sem demora pega um envelope amarelo e entrega ao senhorzinho que dá a Marcelo que abre lê. Com um sorriso de satisfação, guarda no bolso.

O senhor olha pra mim e pergunta se quero tirar a sorte, nem tive chance de negar, quando Marcelo prontamente disse:

- Sim ,ela quer com certeza. Olho pra ele com cara de espanto. Sou tirada desse transe pelo senhorzinho me entregando o envelope.

Agradeci, não tive coragem de abrir segurei nas mãos esperei Marcelo pagar o senhor, senti quando ele colocou seus braços em volta do meu pescoço e saímos em direção ao carro.

Atônita, sem entender nada, ouvi Marcelo falar, mas minha cabeça estava a mil e não conseguia acompanhar seu raciocínio.

No caminho pra casa, ficamos em silêncio, ele cantarolava seu sertanejo acompanhando o som do carro, e eu tentando juntar todas as situações do dia de hoje que foi o mais doído da minha vida. Que realidade paralela eu teria acordado hoje, um mundo em que Marcelo flertava comigo sem nenhum pudor ou resistência, em que as pessoas nos viam como um casal estava entrando em pânico, quando escuto ele falando.

- você tá bem Laura?

- Ei! eu tô bem, sim tô bem!

Falei isso tentando montar uma frase coerente coisa que naquele momento parecia impossível.

- Tá pálida, será que foi o que você comeu?

- Que nada tô bem... Mas a vontade era de dizer não meu querido, sabe aquele dia que você se atirou na minha cama e que deixamos tudo acontecer, mexeu com meus sentimentos e hoje nem sei o que sinto por ti e o dia de hoje, esse dia cheio de loucuras também não tá ajudando vai ver a falta de cor no meu rosto seja uma maneira do meu organismo revelar o quanto tudo isso, tá mexendo comigo.

Chegamos ao nosso prédio e ao abrir o porta mala parece que as sacolas se multiplicaram, apressamos em pegar as compras e subimos para nosso apartamento.

Quando terminei de guardar as últimas coisas, Marcelo já estava em seu quarto e eu também fui até o meu, precisava ficar um pouco sozinha.

Foi quando lembrei que tinha deixado o envelope na bancada da cozinha, sem pensar duas vezes sai do quarto e fui busca-lo, nesse momento me deparo com Marcelo, chorando na varanda e em todos esses anos da para contar na mão quantas vezes vi ele nesse estado.

Sem saber como agir, fui até a bancada e peguei o meu envelope, quando Marcelo se aproximou enxugando as lágrimas e dobrando o tal envelope que mais cedo encontrou no parabrisa do carro.

- O que houve,celo?

- Uma história longa e que ainda consegue me magoar, mas te prometo assim que conseguir, sentamos e te conto tudo.

- Mas me diz, o que disse sua sorte? Disse isso com um sorriso malicioso, que misturado ao seus olhos marejados deu toque pra lá de sexy nele.

- Não li ainda.

Falei disfarçando minha falta de jeito em frente a meus pensamentos nada apropriados.

- E você já leu.

- Eu sim, na sua frente.

- Gostou da sua sorte?

- Sim, uma verdade inquestionável eu diria. Falou isso sabendo o quão curiosa eu sou.

- Poderia me dizer?

- Só depois que você ter coragem de ler o seu e também me falar o que a sua sorte lhe revelou. Falou isso dando - me as costas e completando.

- Dorme com os anjos meu bem!!! Mas sonha comigo. Ouvi quando a porta do quarto fechou.

Fui para meu quarto, em um misto de sensações que nem vale pena eu tentar esclarecer.

Já deitada em minha cama, após um banho relaxante não saía da minha mente... As atitudes inesperadas de Marcelo, o dia pra lá de louco que tive e principalmente o que tinha naquele envelope pra ter feito o Marcelo, chorar?

            
            

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