I Do It For You
img img I Do It For You img Capítulo 4 Moçoilo.
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Capítulo 6 Os Cinco meses. img
Capítulo 7 She Is My New Best Friend. img
Capítulo 8 Não Sou Desejado img
Capítulo 9 Do Início. img
Capítulo 10 Do I Wanna Know img
Capítulo 11 Você Vai Segurar A Minha Mão ! img
Capítulo 12 Se Apaixone Por Mim. img
Capítulo 13 Eu Deixei Chegar a Esse Ponto! img
Capítulo 14 Você Tem O Meu Sim! img
Capítulo 15 A Noite Não Acabou. img
Capítulo 16 O Começo Do Fim. img
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Capítulo 4 Moçoilo.

Aquela noite fora tão mal dormida que a ideia de trabalhar o dia todo deixava de ser atraente. Não era viciada em trabalho, porém trabalhar para si não parecia algo ruim.

Seus pés nem chegaram a tocar o piso azul claro, e ela já estava doida para que o céu estrelado trocasse de lugar com aquele céu azul lá fora, o qual enxergou com dificuldade.

O raio de sol matinal invadia a janela do quarto, e tudo o que era tocado por ele ficava radiante. Léa finalmente ergueu seu tronco, e de forma nada delicada espreguiçou, a infelicidade se dava por ainda sentir a preguiça presente em seu corpo.

Eram exatamente seis da manhã, e ela precisava chegar cedo ao café, tinham muitas coisas a fazer, e com muita sorte, muitas pessoas para atender.

Tocou o chão com seus pés, e com calma caminhou até o andar de baixo, terminou de acordar com uma ducha semi fria, e um café expresso bem quente.

Vestiu algo comum, uma calça jeans clara e uma regata branca com uma jaquetinha preta por cima. Calçou seu sapatênis e panhou de cima do armário branco que ficava ao lado do fogão, seu molho de chaves.

Ao chegar na cafeteria suspirou profundo, sentiu o cheiro de um novo dia, e a ansiedade queimar em seu coração.

Esperava do fundo de seu ser que aquele dia acabasse bem. Não se preparou para imprevistos, apenas acordou e foi viver esse dia.

Como de costume, queimou a ponta do dedo indicador ao pegar o bolo de frutas dentro do forno, mas aquilo nem incomodava mais!

Estava tão acostumada com suas presepadas e falta de jeito que, por muito pouco nem sentia quando acontecia.

Os bolos estavam prontos, e a máquina de café expresso aguardava os clientes de forma ansiosa, e nem um sinal de uma alma viva se quer. A mocinha dançou um baita de um bico em seus lábios, estava certa de que hoje seria o dia!

Quando ouviu o sino que ficava em cima da porta soar denunciando a chegada de alguém, girou em seus calcanhares e com um belo sorriso disse um "bom dia".

Era Malcon, estava acompanhado de uma moça jovem e muito bonita.

Sorriu mais feliz por ver um rosto familiar, não consegui manter seus olhos longe da menina, reparou cada detalhe dela, chegando a conclusão de que era amiga de Malcon, a analisou com calma, até que um sorriso tímido aparecesse nos lábios róseos e carnudos, de forma constrangida, a moça jogou seus fios longos, ruivos, e cacheados para trás dos ombros, seus olhos azuis e ansiosos revelavam o quão estava sem jeito naquele momento.

Léa piscou os olhos lentamente, como quem saía de um transe.

-Bom dia, Chefa! - Sorriu animado. -Essa é minha amiga, Catherine.

Catherine a passos apressados e com um sorriso gigante fora até o balcão, pegou na mão de Léa e apertou, fazendo com que Léa arregalasse os olhos.

-É um prazer, dona Léa! -Sorriu.

-Só Léa, por favor! -Disse pausadamente.

-Desculpa meus modos, desculpa mesmo! É uma moça muito bonita e jovem, acho que o "dona" saiu por educação. -Suspirou.

-Obrigada. -Piscou pausadamente.

-Viemos tomar café aqui hoje, Léa! Espero que não se importe. -Andou em direção ao balcão, sentando em um dos bancos, ato qual, Catherine copiou.

-Gosta tanto assim daqui? -Indagou curiosa.

-Claro! Hoje venho como cliente, amo esse lugar...

-É bem lindo mesmo, Léa. -Disse simplista. -Vai com certeza ser um baita de um sucesso.

-Agradeço, acho que ganhei meu dia hoje! -Sorriu com simpatia. - O que vão querer?

-Bom, eu vou querer um caputtino de chocolate sem açúcar, e uma fatia de bolo de cenoura, por favor.

-Malcon?

-Bolo de frutas vermelhas, e um suco de laranja. -Se ajeitou na cadeira.

-Bom, irei preparar e deixá los à vontade. -Sorriu de orelha a orelha, virou em seus calcanhares e fora preparar o pedido.

Pôde perceber o quão os dois ríam juntos, e isso lhe deu um nó na garganta, sentia tanta falta de ter alguém para compartilhar momentos assim.

Sempre fora uma pessoa de poucos amigos, sentia que seu marido era o bastante, até que, as traições foram surgindo e, com isso, sua vontade de conhecer pessoas e se envolver diminuiu significativamente.

Parou de prestar atenção na dupla de "adolescentes" pois começava a chegar clientes, o que a deixou um tanto feliz. Poderia agora focar apenas em suas obrigações.

Levou o pedido anterior, e fora retirar os próximos.

Aos poucos a cafeteria ia esvaziando, e graças ao Universo, Léa não fizera nada de atrapalhado, mesmo com um movimento intenso. Malcon e sua amiga também já tinham ido embora, a mocinha decidiu então começar a limpar, decidiu fechar um pouco cedo hoje, pois precisava mesmo descansar.

Ouviu o soar do sino, e logo seus ombros pesaram, talvez com muito azar não conseguiria fechar mais cedo.

-Boa tarde! Estava passando por aqui e fiquei muito curioso. Gostaria de experimentar.

-Ah claro! -Disse ainda de costas, enquanto terminava de limpar a cafeteira. -Boa tarde. -Girou em seus calcanhares para poder olhar para o cliente. -O que o Senhor... -Seus lábios tremeram, e sentiu ter o queixo no chão por conta da imagem que via.

Léa levou as mãos de forma delicada até seu peito, e puxou o ar com tanta força que sentiu seu interior queimar.

-Vô - você?! - Semi cerrou os olhos.

-Me desculpa, nossa. -Soltou o ar. -Não foi a minha intenção mesmo! Foi um descuido.

-Imprudência que se fala, moça! -Disse ríspido.

Léa piscou de vagar, e logo após mordiscou o lábio inferior, enquanto sentia que a qualquer momento teria uma parada.

Ele por outro lado fotografou aquilo a sua frente. Olhar profundo, voz embargada por medo, bochecha corada, corpo trêmulo, ela demonstrava o quão sentia se mal pelo ocorrido, forçava o jovem a se compadecer. Ele por outro lado separou em sua memória um lugar especial para aquela lembrança, o que deixou o pasmo. Não tinha o costume de olhar ninguém com compaixão, contava nos dedos de uma só mão, os sentimentos que sentia, eram sempre os mesmos. O fato era que, sentir algo novo chegava a dar medo, como não ficar curioso em descobrir os motivos daquela "mocinha" lhe causar algo tão... novo?

Tinha que se apegar aos fatos! Ela quase o matou por pura imprudência! Se não pelo acidente, talvez pelo susto que tomou. Mas naquele breve e maldito momento, o rapaz não conseguia fazer a raiva ser o maior sentimento, a curiosidade o levava a esquecer o fato.

-Me desculpa, senhor! Eu juro que não foi a minha intenção, e não me perdoaria se caso acontecesse algo a você, juro! -Seus lábios chegavam a tremer por conta da súplica, suas mãos suavam como se estivesse sentindo um baita de um calor.

-Olha... Vamos deixar isso de lado, não pretendo arranjar problemas a você, principalmente no seu ambiente de trabalho! -A olhou profundo.

Ele era observador e sabia que, caso levasse mais a fundo essa história teria de socorrer a menina, pois com certeza seria vítima de um infarto, e não era necessário que as coisas chegassem a esse ponto.

Após a afirmação do rapaz, Léa encontrou tempo para o reparar com mais calma a imagem a sua frente.

Seus cabelos prateados como fios de lua, algumas mechas caídas em seu rosto com elegância, contrastava com seus braços musculosos e, que mesmo por baixo de um moleton canguru preto, era notada pelo olhar curioso da mocinha.

A máscara que usava a convidava a desvendar seus mistérios, seu olhar profundo e castanho como na noite passada, sobressaía mais uma vez, tudo a instigava curiosidade, e naquela altura do campeonato, Léa queria saber mais sobre ele.

A máscara... Por qual motivo ele a usava? Estaria gripado? Ou se escondendo de alguém?

Léa Semi cerrava os olhos enquanto sentia ser impossível desviar o olhar para outro lugar.

-Eu peguei COVID uma vez, foi assustador! Fiquei com medo de pegar outra vez...

-Hã?! -Indagou com perplexidade.

-Você não tira os olhos da máscara, e eu estou me sentindo um ser de um outro mundo, isso não é nada agradável.

-Me- me desculpe! E- eu...

-Fica tranquila! Estou acostumado com esse tipo de olhar "curioso". -Fez aspas com as mãos. -Espero ter respondido sua dúvida.

O jovem aproximou se do balcão.

Desta vez por conta do ambiente fechado, e da proximidade, Léa conseguia sentir seu cheiro.

Era uma mistura intrigante de notas amadeiradas e cítricas que dançavam sutilmente, revelando camadas de complexidade. Ao primeiro contato, as narinas dela foram acariciadas por uma explosão fresca de bergamota, que se desdobrava suavemente em um calor amadeirado de cedro e vetiver.

Sentia -se envolvida, era tão suave quanto a sua presença, e a fazia ter vontade de se lançar naqueles braços, e sentir seu corpo e cheiro mais de perto.

Por um breve instante voltou a olha- lo de forma profunda, mais uma vez mergulhada em seus pensamentos.

-Está tudo bem? -Indagou com preocupação.

Léa piscou lentamente enquanto saía daquele transe, sentiu -se idiota por com certeza, ter demonstrado mais do que o necessário.

-Sim! Estou sim, Senhor. -Suspirou. -Só estou sem jeito ainda. -Explicou.

-Esquece, por favor! -Balançou a cabeça de forma negativa. -Bom, aonde posso me sentar?

-Ah, eu indico a varandinha. -Apontou com a cabeça de forma delicada. -As pessoas costumam gostar bastante, pois tem visão da natureza. -Sorriu amarelo.

-Obrigado pela dica, o dono está de parabéns! -Olhou a sua volta.

Léa entreabriu os lábios enquanto balançava a cabeça negativamente.

Por qual motivo ninguém cogitava em pensar que o lugar era dela? Que ela sim era a dona?!

Machismo?!

-É claro. -Deu um pigarro. -O dono foi bem sensível a escolha de tudo, direi a ele que elogiou, Senhor, ele ficará feliz. -Suspirou.

-Só para de me chamar de Senhor! -A olhou sério. -Juro que se parar, eu venho aqui sempre, e na primeira oportunidade a elogiarei para seu chefe.

-Fico agradecida. -Deu um tapa leve no ar. -O que gostaria de comer... Moçoilo? -Sorriu de canto, quase imperceptível.

-Moçoilo? -Ele retribuiu com um sorriso por de baixo da máscara. - Melhor que senhor, com toda a certeza! -Olhou a sua volta. -Quero uma fatia de bolo de frutas vermelhas, e um café forte sem açúcar, por favor.

-Pode sentar que eu já levo para o Senh... -Deu um pigarro. -Você, moçoilo!

-Kaeller!

-O que quer? -Indagou confusa, piscando os olhos com pressa.

-Meu nome, senhorita! Kaeller. -Sorriu por de baixo da máscara mais uma vez. Só que desta vez, Azaléa conseguiu perceber, o que a levou a sorrir delicadamente.

-Ah, desculpa! Estou parecendo tão amadora hoje, desculpa o mal jeito! -Sentiu algumas borboletas em seu estômago, o que estranhou imediatamente.

-Acho que seria legal me dizer seu nome também, não acha? -Seus olhos foram mais rápidos do que a sua mente em repudiar o feito. Ele não queria mas, seus olhos passearam de uma forma um tanto diferente na face feminina a sua frente.

Ela ao perceber o feito, corou instantaneamente.

-Ah, verdade... Azaléa, mas pode me chamar de Léa. -Sorriu de orelha a orelha. -Bom já trago seu café, Kaeller.

O prateado sentiu um pequeno aperto em seu peito, fazia tanto tempo que seu nome não era proferido daquela forma, o que era estranhamente gostoso, aquela voz delicada, e trêmula chegando em seus ouvidos.

-Obrigado! -Se esforçou para sua voz não falhar, e parecia ser uma missão quase impossível.

Por qual motivo ele deixara de funcionar como funcionava com as outras garotas?! O que logo essa tinha de especial?!

Saía com mulheres maduras, mais velhas, mais sérias... Que chamavam mais a atenção... E logo essa menina "indefesa", delicada, mocinha... e tão... naturalmente bonita mexia com seu interior?

Sentia- se fraco, não encontrava forças para desviar seu olhar. Observava cada movimento, o "jeitinho" de fazer as coisas com delicadeza, era quase uma princesa de contos de fadas antigos, daqueles aonde a princesa precisa ser salva. Era estranho pois nunca achara graça na fragilidade, na delicadeza... Por mais que gostasse de ser "macho dominante", amava as mulheres que o fazia lamber o chão em que pisavam. Agora esta... Mais parece que iria amar a simplicidade das coisas, a doçura de momentos, iria olhar as flores com olhos marejados, apontar nuvens no céu, e admirar as estrelas como se fosse uma "criancinha". E isso tudo o deixava confuso.

Léa virou- se tomando muito cuidado para não tropeçar, estava nervosa, com as pernas trêmulas, e sabia que alguns tacos estavam desregulados, então com muito azar poderia levar um tombo.

A passos delicados e deveras apressados, caminhou até o balcão.

Com calma preparou o café a gosto do homem, cortou uma fatia generosa do bolo o colocando em um prato pequeno de porcelana branca.

Andou com a bandeja na mão até a mesa que ficava na varanda, no caminho pôde reparar que Kaeller estava pensativo, olhando para o lado de fora, e sentado de costas para o interior do estabelecimento.

Ele a olhava por tanto tempo que, por um instante teve medo de assusta- la. Por este motivo desviou sua atenção para o lado de fora.

Léa deu um pigarro para anunciar que estava ali, o rapaz voltou seus olhos de forma arrastada para os olhos da moça, o que em ambos causou um choque e uma onda de nervosismo.

Kaeller estava muito curioso com o fato dela causar isso nele, reparou a delicadeza que ela tinha ao colocar as coisas na mesa, e seu cheiro adocicado se misturava com o aroma do café. Ele sorriu por dentro.

-Bom apetite! Se quiser mais alguma coisa, é só me chamar.

Naquele momento ali, sozinhos, ele realmente pensava em algo que queria muito, e seria muito desrespeitoso e repentino expor isso. Poderia sentir aquela delicada mão lhe direcionar um golpe, o que o marcaria com certeza, expondo também um outro lado dela, que com certeza escondia a sete chaves. Sabia que, por mais que a mulher fosse delicada, escondia dentro de si um lado assustador e forte.

-Obrigado!

Era isso, apenas isso! Se conteria, não estava em um bar, e nem muito menos na presença de uma mulher que faria o que as outras faziam, não por estarem erradas, eram livres! E Kaeller nunca teve a cabeça machista, aonde a mulher se casa para assim ter liberdade sexual com seu marido, e apenas com seu marido! Ele não era assim, as mulheres tinham direitos, assim como qualquer homem!

A moça em questão parecia tão ingênua, e daquelas que não enxerga uma noite de prazer como bastante. Carregava em seu olhar o desejo do algo a mais.

Parecia mesmo uma princesa, daquelas que sonham com um vestido branco e volumoso, com uma coroa brilhante em sua cabeça, e um véu de tule envolvendo seu rosto.

Desejava casar com um homem bom, honesto, e protetor.

Kaeller com certeza estava fora de questão.

O tal maldito "algo a mais" e Kaeller nunca aceitaria isso.

Estaria mais disposto a pedir que trancasse o estabelecimento, e que ficasse nua, para assim profanar seu corpo, da forma mais suja possível! De preferência tendo seu corpo em cima do delicado, no taco desregulado mesmo, enquanto a chamava de vadia, e a mandasse engolir tudo e sem careta.

Era o que fazia com as outras, mandava, elas obedeciam, e no final as fodia com força.

Era sempre assim, amores de bar, e de fim de noite.

Léa por outro lado era o oposto do que ele imaginava.

Tinha sofrido tanto no passado que, nenhum pensamento "maldoso" a faria desfocar do sucesso profissional. Não mentiria, sentiu atração por ele sim! Mas ao fim não valeria a pena. Era só um homem... Só mais um! Babaca, machista, e tudo o que há de ruim no universo.

Essa clareza a fez parar de ter um olhar fogoso, e voltou a ter um olhar clínico a cada detalhe dele.

Já no balcão, a mocinha reparava no homem, mas apenas para tentar ver um pouco de seu rosto, o que não tinha sucesso.

Sua atenção voltou para a porta, mais um cliente chegava, e enquanto o cumprimentava e anotava o pedido, Kaeller levantou e foi em direção ao balcão.

Ele percebeu, e muito de pressa que, a menina que o olhava com ternura sumira. Por ser muito atento a detalhes vira o tratamento mudar.

Começou a ser tratado da mesma forma que o outro cliente era tratado, estranhou aquilo, mas por hora decidiu deixar pra lá.

-Quanto deu?

-Desta vez, por conta da casa! Como um pedido de desculpas pela noite passada. -Sorriu com gentileza.

-Nada disso! -Sorriu amarelo. -Faço questão de pagar.

Léa apenas sorriu com os lábios fechados enquanto meneava negativamente a cabeça,

-Eu insisto...

-Mas vai sair do seu salário...

-Kaeller! -Deu um pigarro por perceber o quão fora agressiva. -Fica tranquilo, apenas aceite!

-Bom, tudo bem! Obrigado?!

-Bem melhor...

-Já vou indo, tenha um bom final de dia!

Léa suspirou com sua saída...

            
            

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