A perdição do Mafioso
img img A perdição do Mafioso img Capítulo 4 Enrico, oh, o meu Enrico!
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Capítulo 6 Já desisti de você há muito tempo. img
Capítulo 7 Onde você está indo img
Capítulo 8 Porra, Tommaso! img
Capítulo 9 Pequena img
Capítulo 10 10 dias depois... img
Capítulo 11 O que está fazendo img
Capítulo 12 Tem uma mulher na minha cama. img
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Capítulo 4 Enrico, oh, o meu Enrico!

Pietra Vacchiano

Entro às pressas no hospital, minha mãe corre ao meu

lado. Meus olhos estão turvos, não sei se choro ou se seguro as

lágrimas. As palavras da minha mãe martelam em minha mente. A

informação é que meu irmão está ferido e o homem que eu amo

está em estado grave.

Enrico, oh, o meu Enrico!

Nem ao menos paramos na recepção, seguimos direto ao

setor reservado para a nossa família.

A Cosa Nostra tem comando sobre esse Pronto-Socorro,

meu pai sempre diz que nossos homens e suas famílias precisam

do melhor.

Quando nos aproximamos, o soldado que aguarda na

porta de espera abre a porta. Minha mãe é a primeira a entrar, e eu

a sigo. Verena corre até o marido, que tinha um semblante tenso.

Nunca vi meu pai nesse estado, petrificado, como se tivessem lhe

tirado o chão.

- Tommy - mamãe sussurra seu nome, como se

estivesse buscando por algo que ele falasse.

Meus olhos encontram com Santino. Ele está sentado em

um sofá, cabisbaixo, com o cotovelo apoiado nos joelhos enquanto

a mão lhe tampa o rosto, seus pés batem incessantemente ao chão.

Busco por notícias, mas parece que ninguém nota a minha

presença ali.

Meu pai abraça minha mãe e sussurra palavras que soam

desconexas para mim. Quando ele a solta, segura em seus ombros

e passa a mão por baixo de seus olhos, secando suas lágrimas.

Mordo meu lábio ainda reprimindo minhas lágrimas.

Sempre fui boa em segurar minhas emoções e agora não vai ser

diferente. Tento, ao menos, colocar isso na minha mente.

A porta é aberta novamente e entra Aldo, o consigliere do

meu pai.

- Que porra aconteceu? Será que alguém por aqui fala o

que houve? - o homem vai logo explodindo em palavras.

- Foi um acidente - Santino se levanta do sofá, seus

olhos vermelhos, porém sem lágrimas - vimos o caminhão subindo

e chegamos a cogitar que eles não iriam colidir até ver tudo diante

dos nossos olhos...

Mamãe coloca a mão em sua boca reprimindo um soluço.

- Meu filho, meu filho... - Verena repete balançando a

sua cabeça.

- Valentino está bem, ele teve apenas um deslocamento

em seu braço e vários arranhões no corpo. Está passando por

exames e precisará colocar uma tala de gesso em seu braço para

manter o braço imobilizado - papai puxa minha mãe para o seu

peito ao terminar de falar.

Solto um longo suspiro imaginando que o mesmo teria

acontecido com Enrico.

- E quanto a Enrico? - pergunto com a voz vacilante.

- Ainda não sabemos nada dele - Papai me olha

apoiando o seu queixo na cabeça da minha mãe - tudo que sei é

que ele chegou aqui e foi direto para o centro cirúrgico. Ele está,

bem...

Tommaso não consegue falar, fechando os seus olhos,

como se estivesse nos poupando dos verdadeiros fatos.

- Porra, Tommaso, como está o Enrico? - parece que

Aldo leu os pensamentos que gritavam em minha cabeça.

- Não sei como aconteceu exatamente. Quando a moto

desceu o barranco os perdemos de vista. A moto colidiu contra uma

árvore, mas, pelo estado em que os encontramos, tudo indica que

Enrico serviu de escudo para proteger Valentino. Com o impacto,

Valentino caiu por cima de Enrico e foi arremessado para o lado. Já

Enrico foi encontrado com a cabeça apoiada em uma pedra, sem

consciência. Não sabemos se ele rodou e bateu na pedra. Não tem

como saber. Valentino não estava falando nada com nada, e Enrico

não estava mais acordado.

Tapo minha boca, esperando pelo pior. Como isso foi

acontecer? Estávamos todos nessa manhã tomando café, quando a

minha preocupação maior era o que eu iria cursar, e agora estamos

em uma sala de espera, esperando por notícias. Uma notícia ruim

pode chegar a qualquer momento.

- E Valentino? Não posso ir ficar com o meu filho?

- Não, ele será liberado para visita em breve, mas ainda

não está apto. Ao que tudo indica, se os exames dele estiverem em

ordem, será liberado amanhã - papai passou a mão nas costas da

sua esposa, enrolando o seu dedo em seus cachos loiros.

Aldo começa a andar de um lado para o outro.

- Se o desgraço do Enrico morrer, eu o mato! - o homem

urrou - Tiro o desgraçado de um caixão e faço eu mesmo o serviço

por completo.

Todos sabemos que a relação dos três homens é bem

mais que algo profissional, é uma irmandade. São anos trabalhando

e vivendo todas as situações juntos. Tommaso, Enrico e Aldo se

tratam como irmãos.

- Enrico é sangue ruim, não vai morrer. Não antes de nós

- papai olha na direção do seu consigliere.

Bem nesse momento a porta é aberta, e um homem passa

por ela, varrendo seus olhos por todos os presentes. Ele engole em

seco ao direcionar o olhar na direção do meu pai. Não julgo o

homem, Tommaso tem esse efeito a qualquer mero mortal, ainda

mais quando deixa visível a sua arma no coldre da sua cintura.

- Senhor Vacchiano - o homem pigarreia, como se

estivesse literalmente com medo.

- Fala de uma vez - papai declara, mamãe muda a sua

posição olhando para o homem de vestimentas brancas.

- Sou Doutor Otávio e estou cuidando de Valentino

Vacchiano. O jovem já está no quarto, seu quadro é estável, não

teve nenhuma alteração em seus exames, está acordado e pediu

pela presença da mãe. Disse que o senhor não precisa ir até ele se

tiver problemas maiores, pois está bem.

Isso é bem a cara do Valen, ele nunca quer ser um fardo e

sempre se mostra forte, mesmo estando com dor.

- Vou até ele, preciso ver o nosso garoto - mamãe ergue

o seu rosto em direção ao marido.

- Vá junto com a sua mãe, Pietra - papai vira o rosto na

minha direção.

- Não saio dessa sala até ter notícias do tio Enrico -

murmuro. Sei que meu irmão está bem e estou angustiada pela

saúde de Enrico.

Chamei-o de tio, pois, assim, não deixarei transparecer

nenhum sentimento que não seja familiar. Tommaso não argumenta,

apenas arqueia uma sobrancelha e deixa claro que não desaprova a

minha decisão.

Mamãe sai acompanhada pelo médico e pelos soldados

que cuidam de sua segurança.

Viro meu corpo para me sentar em um dos sofás.

Fechando meus olhos, sinto que meu corpo inteiro está tenso.

Como posso perder o que nunca tive?

Tudo que eu sempre sonhei viver estava ali, junto com

aquele homem, nenhum outro tinha graça, como se o brilho

estivesse todo em Enrico.

Os minutos se passam, fico mordendo a ponta da minha

unha de ansiedade. Sem prestar atenção no que os homens falam,

a todo momento olho para a porta à espera de alguma notícia.

Quando ela finalmente se abre, rapidamente me levanto do

sofá para ouvir o homem de trajes azuis, que tira a sua touca

cirúrgica da cabeça e começa a falar:

- Família do senhor Ferrari? - meu pai assente. Esse

médico não se intimida com a presença do meu pai, como se

estivesse acostumado a ver mafiosos - Tivemos uma cirurgia sem

complicações, o senhor Ferrari fraturou a perna direita e precisou

passar por uma cirurgia, pois o osso saiu do lugar. O braço precisou

ser imobilizado. À princípio, os exames neurológicos não

apresentaram alterações, mas o doutor Mark, neurologista da

equipe, continuará observando seu estado. Enrico será direcionado

ao seu quarto na UTI e, em alguns minutos, liberaremos um

acompanhante. O estado dele ainda é delicado e ele ainda está sob

efeito da anestesia. Pedimos a compreensão de todos os familiares.

O homem aguarda alguns instantes e, como vê que

ninguém falará nada, balança a cabeça deixando claro que logo

uma enfermeira passará para encaminhar o acompanhante até o

paciente.

Volto a me sentar, soltando um longo suspiro de alívio.

Quase agradeci aos céus pela vida dele, mas não o fiz para que não

percebessem o quanto eu estava apreensiva com a situação.

            
            

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