Between love and hate
img img Between love and hate img Capítulo 2 Dominic Walsh
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Capítulo 2 Dominic Walsh

- O que você acha, Boss? - Ryan perguntou.

- Oito homens são suficientes - respondi ao meu soldado. - Luigi

disse que seria uma comemoração pequena e classifiquei esse pequena entre

30 a 50 pessoas.

- Por isso acho melhor ter uns 15 de nós dentro do salão.

- Não! - rebati sem dar brecha a sugestões, porém, expliquei meu

ponto. - A famiglia de Nova York tem métodos ultrapassados, então além

de mais treinamento, temos técnica e somos mais rápidos.

- Entendi - foi o que meu soldado respondeu.

Era o aniversário de 22 anos da Mia e eu estava mais ansioso para vêla do que gostaria de admitir. Nos anos anteriores algumas coisas

aconteceram e me impediram de vir ao seu encontro e ela não fez a mínima

questão de ir até a Pensilvânia me ver, e isso me deixou irritado e até

desconfiado.

Uma semana antes de a mulher fazer 19 anos, eu fui baleado.

Estávamos em um confronto com outra máfia ou gangue. Sinceramente,

ainda não entendo como aquela organização funcionava, porém os filhos da

puta eram organizados e fui baleado pelo líder deles.

Daemon Blackwood.

Ou Quimera, ou Demônio.

Para mim, Demônio soa bem melhor. O desgraçado me deu o tiro no

banheiro de um salão em que acontecia um evento de caridade, como se não

tivesse conversado comigo amigavelmente durante a hora anterior.

Ele e sua esposa se sentaram à nossa mesa, dois advogados

conceituados. Eu senti algo diferente neles, mas estava ansioso por notícias

de um carregamento de armas que receberíamos e deixei meu sexto sentido

de lado. O contrabando viria por contêiner, e estava preocupado, pois tinha

consciência de que nosso esquema de fachada não era dos melhores, e perder

aquela carga significava perder muito dinheiro, além de credibilidade com

meu pai, já que seria eu a ocupar sua cadeira.

O homem entrou na porra do banheiro e mal tive tempo de pensar

antes de levar um tiro no ombro. Foi de raspão, intencionalmente, então ele

se apresentou como líder dos Falcões da Noite do estado de Louisiana e tirou

um isqueiro do bolso, se oferecendo para cauterizar a ferida, pois precisava

conversar comigo.

Foi ousado, porra. Precisava admitir, ele era louco, mas conseguiu

minha atenção. Nós tivemos uma conversa interessante e por conta disso e de

um negócio lucrativo para ambas as partes, não estive presente quando Mia

fez 19 anos.

O tempo passou e seus 20 anos chegaram.

Eu estava em uma convenção de tecnologia. Para todos, estava lá

como investidor de criptomoedas, mas a verdade é que precisava de um álibi

público diante de um carregamento que roubaríamos dos russos, caso isso

chegasse até a polícia.

Tráfico humano.

Essa porra ia contra o que pregamos. Temos cassinos e casas de

entretenimento, porém todas as mulheres e homens que trabalham conosco o

fazem por escolha própria. A Blood Skul repudiava todo e qualquer negócio

que envolvia tráfico humano.

Além disso esse tipo de negócio no mercado negro chamava atenção

da organização nacional e isso não era nada bom para o submundo.

Nossa operação teve êxito, porém arrumamos uma guerra com os

russos que durou um ano, e então chegamos aos 21 anos de Mia. Quando

enfim achávamos ter disseminado o problema, um infiltrado assassinou

minha avó na clínica onde estava internada há dois anos. Ela tinha Alzheimer

e foi uma crueldade do caralho matar uma pessoa que sequer tinha

consciência do que estava acontecendo. Isso acionou um alarme na minha

cabeça e precisei, por motivos de segurança, acabar com planos que eu

mesmo havia sugerido para o aniversário de Mia.

Como não a via há dois anos, pensei que poderíamos viajar juntos

para nos conhecermos melhor, já que nosso noivado estava longe de ser

normal. A garota aceitou e arrisco dizer que até gostou da ideia, conforme

minha mãe me contou. Iríamos para as Maldivas, seriam apenas três dias,

pois eu não poderia ficar ausente por muito tempo e ela tinha a faculdade.

A viagem precisou ser cancelada nas vésperas e acho que isso a

deixou irritada. Pela primeira vez tentei contatá-la, e quando percebeu que era

eu ao telefone, desligou na minha cara. Não desisti e enviei mensagens que

nunca foram respondidas.

No dia seguinte, a garota faria 22 anos e esse era o motivo de eu estar

no jatinho, voando para Nova York. Ryan não confiava na famiglia de Luigi

e obviamente, eu também não. Porém, achava difícil que ele tentasse algo

contra o futuro genro dentro da sua propriedade, o homem sabia das conexões

que a Blood Skull possuía e seria muita burrice ferrar com nosso acordo e

ainda tentar me ferir no processo.

Por isso eu entraria em seu território mostrando o quanto me sentia

seguro, mesmo com poucos homens. Eles deveriam temer a mim e não aos

meus soldados, até porque, era muito pior que eles.

Desbloqueei meu celular olhando novamente a rede social que Mia

mais usava, ela era discreta, porém frequente em suas postagens. No feed,

apenas poucas fotos, a grande maioria com a irmã e nunca mostrando o rosto

da pequena, que deveria ter uns quatro anos. Já nos stories ela postava às

vezes o que estava comendo, algo sobre o que estava estudando ou até fotos

com colegas de aula.

Ela mantinha intacta sua fachada de garota rica, estudiosa e

comprometida com a ética da nossa sociedade.

Mia era linda.

Conforme amadurecia, ficava ainda mais bonita e, porra, cada vez

mais gostosa. Nossa única interação foi em nosso noivado e suas atitudes e

até a falta delas, deixava claro que a mulher era o total oposto do que

imaginava.

E isso era bom, porra. Quer dizer... era bom até se tornar ruim.

Meu sexto sentido dizia que Mia Coleman seria o maior blefe da

minha vida.

- ... e por isso decidi que o mais sensato seria acabar com nossos

negócios.

Arqueei apenas uma sobrancelha para um dos capos de Luigi.

- Você foi impulsivo e burro - declarei, fazendo com que os

homens à nossa volta me encarassem, surpresos com minha possível afronta.

- Espero que esteja aposentado quando eu assumir a famiglia, porque se

fizer algo do tipo quando eu estiver no comando, te mato.

Dimitri, o capo desprovido de inteligência, me encarou sem saber o

que responder. Levei o copo de uísque à boca, tirando os olhos do babaca e

fitando seu filho que olhava fixamente além de nós.

Mia.

Disfarcei uma respiração profunda, precisando recuperar o fôlego ao

vê-la em um vestido verde muito justo.

Caralho!

Ela estava ainda mais linda do que por foto e, porra... que corpo.

Puta que pariu!

Engoli a saliva e voltei meus olhos ao garoto, tocando seu ombro. Ele

virou o rosto em minha direção e empalideceu um pouco quando percebeu

que era eu a tocá-lo.

- Nunca mais olhe para minha noiva como se quisesse fodê-la,

moleque. - Minha expressão era controlada e a voz estava em uma altura

normal, mas sei que todos sentiam que minha raiva não estava nada

controlada. - Caso contrário, vou arrancar seus olhos com minhas próprias

mãos e fazer você engolir seus globos oculares, e então, nunca mais vai poder

cobiçar a minha mulher. - Devagar, tirei a mão do ombro dele e passei meus

olhos por cada homem presente à minha volta. - Isso vale para todos vocês.

Novamente, ninguém respondeu.

Irritado, saí de perto deles. Tomei o restante do conteúdo do meu

copo e o descartei sobre a bandeja de um dos garçons que passavam por mim.

Troquei um olhar com Ryan, meu segurança pessoal, vendo que ele me

observava e percebia minha tensão. Dei um leve aceno de cabeça

demonstrando que estava tudo bem, e voltei minha atenção à Mia, que

naquele momento estava acompanhada.

Ela conversava muito alegremente com um idiota vestido em um

terno malfeito azul-marinho.

É, muitas pessoas estavam merecendo levar um tiro naquele dia!

À medida que me aproximei, observei a mulher que em alguns anos

iria se tornar a minha esposa, uma parte significativa da minha vida e isso

gerava uma inquietação dentro de mim. Ela estava rindo com outro homem,

compartilhando gestos que demonstravam proximidade entre os dois.

Não disfarcei minha expressão, pois me sentia extremamente

incomodado com a situação. Cada vez que via um sorriso genuíno cruzar o

rosto dela enquanto conversava com ele, uma pontada de ciúmes passava por

mim. Era como se uma pequena voz dentro do meu interior começasse a

questionar se um dia seria capaz de ter um daqueles sorrisos direcionados a

mim.

Todos os sorrisos dela deveriam ser meus.

Minha mente começou a criar histórias e cenários hipotéticos nos

quais eles tinham uma conexão mais profunda do que eu estava vendo. Esses

pensamentos eram como um turbilhão de emoções fodidas que me irritavam.

À medida que avançava em sua direção, sentia a tensão irradiar pelos meus

poros.

- Mia - falei, atraindo sua atenção.

Enquanto nossos olhares se encontravam, podia sentir a eletricidade

no ar. Cada segundo que passava parecia carregado de antecipação, como se

o mundo inteiro estivesse desaparecendo ao nosso redor e só restássemos nós

dois. Perdi a compostura, enlaçando sua cintura e levando a outra mão à sua

nuca. Um leve rubor coloriu suas bochechas enquanto apoiava suas mãos

contra meu peito.

Nossos lábios estavam a centímetros de distância e podia sentir a

pulsação acelerada do meu coração reverberando em todo meu corpo. Minhas

mãos instintivamente impunham mais força, mostrando uma pegada mais

bruta, pouco me importando se parecia deselegante e até mesmo rude. Aquela

mulher era minha e era bom que tal fato estivesse claro para todos os

presentes.

Quando finalmente nossos lábios se tocaram foi como se uma faísca

tivesse sido acesa. A sensação era suave, quase hesitante no início, como se

estivéssemos explorando a profundidade daquela conexão que

compartilhávamos sem ao menos sabermos.

Minha respiração se misturou com a dela, e aceitei de bom grado o

calor do seu corpo contra o meu.

Era apenas um simples toque de lábios, e quase me perdi ao sentir a

textura suave da sua boca, porém aquele não era um beijo gentil ou uma

demonstração de afeto, era a porra de uma marcação de território e foda-se se

soou grosseiro.

Mia percebeu meu showzinho e subiu uma das mãos para meu

pescoço, fincando as unhas longas e afiadas em minha pele. Afastei um

pouco nossos rostos apenas para puxar seu lábio inferior com os dentes e o

morder com força ao ponto de ela resmungar. Então deixei um beijo casto,

carinhoso em seus lábios e sorri.

- Estava com saudades, amore mio

[3] - falei e em resposta ela me

devolveu um sorriso sarcástico.

- Claro! Posso imaginar - ironizou. Ela forçou as mãos contra meu

peito, claramente tentando me afastar e até permiti, mas meu braço continuou

firme contra sua cintura, deixando nossos corpos lado a lado. - Esse é

Johnnie, meu primo.

Johnnie estendeu a mão em minha direção, mas não aceitei seu

cumprimento, apenas acenei com a cabeça. Ele pigarreou sem jeito, levando a

mão do gesto patético até seu bolso, visivelmente constrangido. Primo é o

caralho, porra! Sei de vários primos que se comem e eu definitivamente

queria o pau daquele filho da puta longe da boceta da minha noiva.

- Venha. - Tirei a mão da cintura dela, segurando seu braço de leve

e a empurrando em direção ao jardim.

Podia sentir os olhares daquele bando de abutres em nossas costas, e

ignorei a todos eles, inclusive de Luigi. O Don

[4] da famiglia devia estar

querendo me matar naquele momento por estar levando sua filha para um

lugar privado, longe de todos os olhares.

Quando já estávamos em um lugar afastado, Mia puxou seu braço

com brusquidão.

- Nunca mais me beije dessa forma!

- Qual forma? - perguntei, arqueando uma sobrancelha.

Ela abriu a boca, então fechou. Abriu e fechou de novo, respirando

fundo, buscando calma. Minha noiva aparentemente estava tão irritada e

impaciente quanto eu, e isso me levou a uma pergunta.

- Já imaginou como será nosso sexo com raiva? - questionei, e a

expressão surpresa dela me fez sorrir.

Caramba, que boca linda!

Um dia eu ainda iria foder estes lábios e fazer esta mulher engasgar

com meu gozo.

- Tenho coisas melhores para imaginar do que o quão entediante

seria transar com você.

Balancei a cabeça em negação, meu sorriso se tornando ainda maior.

- Mentir desse jeito é o mesmo que zombar do meu treinamento,

Mia, e fui muito bem treinado.

Ela empinou o nariz, a expressão séria tentando demonstrar uma

indiferença que eu sabia que não existia.

Queria transar com aquela mulher tanto quanto ela queria transar

comigo.

- Seu celular tem algum problema? - perguntei, mudando de

assunto, e dessa vez foi ela quem arqueou uma sobrancelha. - Quando eu te

enviar uma mensagem, você deve me responder - ordenei, e ela balançou a

cabeça em negação.

- Não sou um de seus soldados, vita mia

[5]

. - A voz transbordava

ironia.

- Aprenda a me responder ou vou colocar uma mulher de segurança

na sua cola, te acompanhando até o banheiro!

- Isso tudo é medo de levar um chifre? - zombou, e respirei fundo.

- Vamos mesmo fingir que você não trepa com todas as garotas dos seus

cassinos?

- Não sou celibatário, mas sou discreto.

- Eu também.

Senti todo o sangue do meu corpo subir para minha cabeça, a raiva

invadiu cada célula do meu ser e eu tinha vontade de jogar aquela mulher nos

meus ombros e amarrá-la na minha cama para sempre.

- Espero que isso não envolva transar com seu primo - esbravejei,

e ela riu, balançando a cabeça em negação, como se fosse uma piada interna.

Aproximei-me, segurando sua cintura e inclinando meu rosto, fazendo com

que ela levantasse o pescoço para me encarar. - Seja discreta, não se

relacione com conhecidos e jamais se envolva emocionalmente com

ninguém. Quebre qualquer uma dessas regras e tenha em mente que alguém

vai morrer, e vai ser por sua culpa.

- Maldito...

- É, eu sou mesmo um maldito. O pior de todos, Mia. Viva sua vida

na medida do aceitável, porque o seu futuro é meu, e quando estiver

dividindo a cama comigo, será só minha. Já é minha.

- Presunçoso desgraçado...

- Me elogiando? Você pode ser mais criativa. - Pisquei, sorrindo

ao vê-la tremer de raiva. - Fique tranquila, delicinha. Vou te fazer gozar tão

gostoso que vai se viciar em mim, e sua boceta vai esquecer qualquer outro.

- Atrapalho? - Uma voz feminina soou atrás de nós e me virei.

Alejandra, mãe da Mia.

- Na verdade, atrapalha sim - respondi. Nunca fui com a cara

daquela mulher que parecia tão traiçoeira quanto Genevieve era.

Mia deu um risinho sem jeito.

- Já estamos indo, mamma

[6]

.

- Ótimo! Está na hora de assoprar as velinhas, querida.

Ainda que usasse a palavra "querida", sua frase era rígida, fria,

impessoal. A mulher não deu trégua, nos esperando, e Mia segurou a minha

mão, me incentivando a caminhar. Me senti como um adolescente que foi

flagrado se masturbando no banheiro.

Enquanto caminhávamos de volta para casa, pensei se não deveríamos

adiantar o casamento e fiz uma nota mental de amadurecer aquela ideia.

            
            

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