ANA
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Capítulo 4 -4

Vejo Ana se afastar e ainda não consigo entender tudo que aconteceu. Vejo Fabrício esperando por ela, ele me encara bravo e devolvo da mesma forma seu olhar. Assim que Ana se aproxima dele, ele a abraça e a puxa pra retornar a fogueira. Chega pra mim! Já estou no meu limite! Ando rápido até a cabana e assim que chego me jogo na cama, me cubro todo com a coberta. Pego meus fones de baixo do travesseiro e coloco. Seleciono modo aleatório e deixo rodando as musicas tentando me acalmar.

***************

Sinto alguns cutucões e descubro o rosto.

- Acorda, bela adormecida!

João diz sorrindo e vejo que já está de dia. Retiro os fones e me estico todo.

- Você sumiu, te procurei e levei um susto quando te vi aqui dormindo. Pensei que tivesse sumido com a Ana.

- Ela estava com Fabrício.

Digo me sentando, sentindo o sangue ferver.

- Não estava não, ela sumiu também. Depois apareceu brava e desapareceu de novo. Fabrício ficou com a gente depois.

Será que ela foi me procurar? Será que ela também ficou mexida e resolveu ir para a cabana dela? Mil perguntas rodam na minha cabeça.

- Vamos tomar café e nos preparar para o dia puxado.

Saio da cama e sigo para o banheiro fazer minha higiene.

***************

Assim que termino de me arrumar seguimos para o refeitório. No canto do local, lindos olhos verdes me observam sorrindo. Dou um pequeno sorriso e sigo para pegar meu café. Mesmo João insistindo para sentarmos lá com as meninas neguei, não vou aguentar olhar para a cara daquele idiota do Fabrício. Após o café seguimos para o ponto de encontro com Manoel.

- Bom dia a todos!

Grita todo animado.

- Hoje vamos cozinhar! Vocês mesmos farão suas comidas em dupla. Agora meninos se misturem com as meninas, dupla mista rápido.

Vejo João andando em direção a Clara que sorri. Fabrício se aproxima de Ana que sai da direção dele vindo na minha.

- Pronto para a diversão?

Ela pergunta animada.

- Quer fazer dupla comigo?

- Claro! Disse ontem que te ajudaria a curtir esse acampamento.

Um enorme sorriso surge em meus lábios.

- Então estou pronto para a diversão.

Ela segura a minha mão enlaçando nossos dedos e um arrepio surge em meu corpo. As duplas vão se formando e vejo Fabrício ficar com a Lígia. Seguimos para a cozinha com várias mesas nos esperando.

- No canto temos panelas, à direita os fogões e ao lado a dispensa, pensem no prato e mãos a obra.

Dora fala nos indicando os lugares. Escolhemos uma mesa e Ana pega um livro de receitas.

- Pra que o livro?

- Quero uma receita difícil.

- Está de brincadeira, né?

- Claro que não! Qual a graça de fazer dupla para cozinhar e fazer coisa normal que sempre comemos? Vamos fazer algo muito difícil.

- Ana, vamos ter que comer isso depois e se ficar ruim vai ser...

Paro de falar quando percebo que quase sai um palavrão.

- Vai ser foda!

Ela continua meu raciocínio rindo.

- Não precisa ter vergonha em falar assim.

Fico vermelho e desvio o olhar focando no livro.

- O que gosta de comer?

Pergunto vendo-a virar as folhas.

- Eu como de tudo, e você?

- Também, mas eu queria fazer a torta da minha avó. Eu amo a torta dela e queria fazer pra você.

Me olha e vejo um brilho em seu olhar.

- Quer fazer pra mim o seu prato preferido?

- Sim!

Respondo dando de ombros.

- Isso é muito fofo!

Beija meu rosto e sinto que estou vermelho.

- Eu te ajudo, o que vamos precisar?

Digo a ela tudo que preciso e vamos juntos na dispensa. Separamos os ingredientes na mesa.

- Torta de frango com palmito?

- Sim!

- Acho que isso vai se tornar meu prato preferido também.

Me sinto orgulhoso por escolher algo que ela vai gostar.

- Vou cozinhar o frango enquanto pica os ingredientes.

Ela diz se afastando, indo para o fogão. Começo a lavar e picar alguns ingredientes. Estamos os dois nos olhando o tempo todo sorrindo. Gosto dessa sensação quando estou com ela. É um desejo de nunca mais me afastar e isso me assusta. Estou criando uma dependência dela. Ana desfia o frango e sigo refogando algumas coisas para misturar nele.

- Você tem jeito na cozinha, acho que já cozinhou bastante.

- Minha avó! Ela sempre me colocava para cozinhar com ela.

- Colocava?

- Sim, faleceu faz dois anos.

Digo sentindo uma saudade enorme dela.

- Sinto muito!

Me abraça pela cintura e enterra o rosto em meu peito.

- Tudo bem, ela estava sofrendo e acredito que foi melhor assim.

Ana deposita um leve beijo em meu coração e ele acelera muito. Ergue os olhos me encarando e ficamos tão próximos que posso sentir o cheiro de seu batom de morango.

- Está sentindo esse cheiro?

Pergunta e me lembro do refogado.

- Merda!

Me afasto dela que está rindo e tiro a panela do fogo.

- Para de rir, vai comer torta queimada.

Digo fingindo estar bravo, ela segue para fazer a massa e misturo todo o recheio.

- Eduardo, olha isso!?

Me chama erguendo a mão com farinha. Me aproximo e assim que observo a farinha ela assopra no meu rosto, rindo alto em seguida.

- Não acredito que fez isso, sua criança.

- Fiz seu, velho.

Assim que consigo abrir um olho vejo ela chorando de rir.

- Não devia ter feito isso.

Ana para de rir e me olha assustada.

- Você não faria isso!?

- Faria!

Digo puxando-a para os meus braços, passando o meu rosto por toda a lateral do dela que começa a rir e pego mais farinha tacando em sua cabeça. Tenta fugir e a puxo ainda mais para mim. Me desequilibro e caio no chão com ela em meu peito. Ana ri e o som da sua risada é incrível.

- Estamos cheios de farinha.

Diz limpando meu rosto, fecho meus olhos me deliciando com seu toque delicado.

- Prefiro quando fica de olhos abertos, amo a cor dos seus olhos.

Confessa em um sussurro e assim que abro meus olhos vejo seu rosto bem próximo do meu.

- Desde ontem não paro de pensar nisso.

Murmura aproximando a boca da minha. Meu coração está acelerado e meus olhos estão grudados em sua boca que se aproxima ainda mais da minha.

- Está tudo bem aqui?

Manoel surge ao nosso lado e fecho meus olhos frustrado.

- Sim, apenas problemas com a farinha.

Ana diz e posso sentir seu corpo sair de cima do meu. Levanto e bato a farinha do meu corpo.

- Vamos logo que daqui a pouco é a hora do almoço.

- Ok!

Respondo irritado.

- Já vamos colocar no forno.

Ana diz terminando de amassar a massa. Montamos a torta e colocamos dentro do forno. Ela senta no balcão e me encara.

- Realmente ficou pensando no que aconteceu ontem?

Pergunto me sentando ao seu lado.

- Sim.

Responde e suas bochechas ficam vermelhas.

- Eu também fiquei.

Digo colocando minha mão sobre a dela.

- O que acontece com você e o Fabrício?

- Nada.

- Ele vive te cercando.

Digo olhando a parede a minha frente.

- Ele cuida de mim como um irmão, nos conhecemos há muito tempo.

- Acho que ele gosta de você.

Ela começa a rir.

- Para Eduardo!

- É sério! Ele me olha irritado e vive tentando ficar do seu lado.

- Ele me protege, só isso.

- Então você não tem ninguém?

- Ninguém.

- Está livre?

Pergunto erguendo uma sobrancelha, ela salta do balcão e segue para o forno.

- Não me respondeu.

- A torta está pronta.

Ana abre o forno e tira a torta.

- Está com um cheiro ótimo.

Observo a torta e sinto seu cheiro maravilhoso.

- Está bem parecida com a da minha avó.

Seguimos para o refeitório, vejo Clara e João rindo e nos aproximamos.

- O que fizeram?

Pergunto a eles.

- Macarrão, nenhum dos dois sabe cozinhar.

- Fizemos torta.

Ana diz mostrando a torta.

- Cara, dá um pedaço?

João pede e vem se aproximando.

- Nem pensar, fique com o seu macarrão.

Respondo rindo, saindo com a Ana de perto.

- Você foi malvado, o que custa dar um pedaço?

- Depois que você experimentar me diz se daria a eles.

Digo a Ana que senta e pega duas colheres me entregando uma.

- Sem pratos?

- Só colheres.

Fala colocando a colher na torta e pegando um enorme pedaço. Ela assopra e seus lábios ficam perfeitos em um bico. Coloca na boca e fecha os olhos. Solta um gemido e um suspiro de prazer.

- Isso é realmente a coisa mais gostosa que já comi.

Elogia pegando outro pedaço.

- Eu te disse!

Com o mais um pedaço e quando chego ao último vejo Ana jogada na cadeira.

- Acho que não consigo respirar.

Começo a rir com a cena que vejo.

- É serio, está tudo cheio de torta.

Manoel aparece ao nosso lado.

- Ana as meninas vão com Dora em uma atividade fora. Eduardo os meninos vão comigo fazer trilha.

- Ok!

Respondo me levantando.

- Obrigada pela torta.

*************

Passei o dia todo pensando nela, as meninas não apareceram no jantar e até agora nada delas. Tomo um banho e coloco um agasalho.

- Sabe das meninas?

Pergunto ao João.

- Parece que o ônibus pifou, vão chegar só de madrugada.

- Que merda!

- Sim! Queria dar um beijo de boa noite na minha gata.

Um enorme sorriso surge nos lábios dele.

- Como vocês estão?

- Muito bem!

Diz deitando e puxando a coberta. Coloco meus fones e fecho os olhos esperando o sono. Sinto um toque em meus lábios, abro meus olhos e vejo Ana tocando meus lábios com o dedo.

- Ana....

Ela sorri e se inclina.

- Eu preciso de um beijo seu.

Se aproxima de mim, passa o nariz no meu e fecha os olhos.

- Eduardo....

Sussurra colando os lábios nos meus de forma calma. Sua mão segura meu rosto e as minhas seguram a cabeça dela se perdendo em seus cabelos. Sua língua desliza para a minha boca e sinto seu gosto maravilhoso. Minha língua encontra a dela e se unem de forma perfeita. Seus lábios quentes se moldam aos meus e ela morde meu lábio inferior me fazendo gemer. Afasta-se ofegante assim como eu. Encaro sua boca agora vermelha do beijo e a vontade louca de repetir isso é maior que tudo. Ela se levanta sorrindo.

- Ana...

Chamo por ela e assisto indo embora.

- Ana...

Sento na cama ofegante e observo o quarto todo. Merda!!!!!!!! Foi um sonho!!!!! Me jogo na cama novamente sentindo meu coração acelerado e certa parte do meu corpo bem acordada. Ela está dominando até meus sonhos.

            
            

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