Fermi faz o que havia combinado com a Mel. Ele começa ir vê-la o máximo possível. No começo a jovem parecia receosa e desconfortável perto do rapaz, mas aos poucos o lado gentil e atencioso do homem começa faze-la "baixar a guarda".
Mel não considerava aquele contato como um namoro, mas as irmãs do orfanato lhe ensinaram que não se devia agir vulgarmente, e então, se ela tivesse tendo algum relacionamento com o homem, esse deveria ser algo sério.
As freiras guardam o dinheiro do prêmio e das vendas que tiveram no festival no escritório do orfanato. Elas esperavam conseguir um pouco mais para poderem iniciar a troca de todo o telhado danificado. Isso custaria bastante dinheiro.
[Três meses depois...]
Mel caminhava estando de mãos dadas com o David. Eles observavam alguns patos em um pequeno laguinho perto da propriedade aonde a jovem vivia.
- Mel você gosta de viver aqui no interior? - David pergunta.
"Eu não sei... Nunca pensei sobre isso!"
- Acho que sim...
- Você precisa sair mais e começar a viver de verdade. Uma menina como você não pode gastar sua juventude em um buraco como esse lugar!
"Buraco? Ele nunca falou de um jeito tão grosseiro como agora!"
- Eu não tenho muita ambição, mas se eu puder cozinhar, acho que vivo feliz em qualquer lugar.
Fermi sorri ao ouvi-la.
- E se eu te falar que pretendo abrir um restaurante na cidade grande, você vem comigo?
Tum, tum... Tum, tum...
Mel sente uma sensação estranha.
"De novo isso! Está cada vez mais rotineira... essa angústia."
A garota coloca sua mão livre sobre o peito.
"Mas não é hora para me focar nesse superstição!"
- Ir com você? - Ela para de andar e o encara.
- Daqui há alguns meses você já terá idade para deixar o orfanato. Você disse que quer ir para uma faculdade simples da região, mas vai continuar morando aqui? Não acha que o investimento que as freiras fizeram em você não foi o suficiente? Há cada vez mais novas crianças chegando...
- Sim, isso é verdade! Mas não iria ser um peso! Depois que arrumasse um bom emprego, sairia daqui! E antes de seguir com a minha vida, eu ajudaria há todos!
"Eu concordo com o que ele falou! Não havia pensado desse jeito. Mesmo trabalhando no abrigo, estou roubando a vaga de outra menina que precisa mais do que eu!"
David se põe de frente para a jovem e a fita bem no fundo dos seus olhos azuis celeste.
- Quero me casar com você!
Tum, tum... Tum, tum...
"O quê?"
- Pretendo ir para a cidade grande semana que vem! Quero que vá comigo! Eu herdei uma pequena propriedade e vou montar um restaurante de comida caseira. Podemos trabalhar lá juntos e você terá tudo que possa desejar. Um marido que te ama, um lar, e também vai poder trabalhar no que gosta.
Mel fica paralisada enquanto escuta o mais velho.
- Me diga que vai comigo! Você não terá outra oportunidade como essa na sua vida!
- Ma-mas e a faculdade? Eu tenho que fazer as provas! já está tudo planejado...
- Do jeito que é esperta e talentosa, sei que na cidade grande você vai conseguir uma vaga em uma universidade bem melhor que essa daqui! Após eu partir, não voltarei! Se não me acompanhar, sentirei muito a sua falta!
O homem a abraça.
Sem ter reação, a menina estremece. As palavras "doces" de Firme entram em sua mente a fazendo ponderar sobre sua declaração.
"Acho que sou abençoada. Não é todo mundo que recebe uma proposta como essa! Não sou do tipo mais sociável e não sei se vou conseguir conquistar outro alguém no futuro... David é tão bom comigo que eu acho que o amo! Eu não sei... Mas e se não for? Posso realmente me arrepender! Não queria que fosse assim, mais posso me arrepender para o resto da vida se não ir com ele! As freiras vão entender, e qualquer coisa eu posso voltar se não der certo."
- Eu... Eu aceito!
Fermi a fita com empolgação após ouvir sua resposta positiva. Ele segura no rosto da menina e a beija.
Ela leva um susto já que eles nunca tinham se beijado.
Tum, tum... Tum, tum...
"Eu não consigo respirar! Ele está me sufocando!"
David após se sentir satisfeito a solta.
As bochechas da garota ardia por ter sido seguradas com tanta força. Ela toca sua face ainda estando desorientada.
"Então é assim que é beijar?"
- Vou planejar tudo para a nossa ida, mas lembre-se, não conte para ninguém!
- Não posso contar? Como vou me despedir de todos? - A jovem o fita estando confusa.
O moreno põe suavemente suas mãos sobre os ombros da garota.
- Falta pouco, mas você ainda não tem idade para me seguir. Se souberem dos nossos planos, todos serão contra e eu serei obrigado a te abandonar!
Amary o encara estando calada.
- Quando você estiver com a idade certa, podemos vir aqui ver todos o que acha?
"Só dele ser bem mais velho que eu as freiras é um pouco contra o nosso namoro. Se souberem que vamos nos casar agora, elas não me deixarão ir!"
- Tudo bem...
- Ótimo! E outra, eu tive uma ideia genial! O que acha de fazer um piquenique aqui para todas elas no domingo? Será como sua despedida sem que percebam.
Mel abre um grande sorriso.
"Estamos na época que o sol está quentinho e agradável!"
- Irei fazer! Muito obrigada por tudo David! Obrigada por me amar e querer cuidar de mim!
A jovem demonstra um sorriso inocente.
Seu parceiro a fita estando em silêncio.
「 • • • ೋ⭐ೋ • • • 」
Os dias se passam e discretamente Mel se organiza para sua partida. Ela já treinava algumas meninas para tomarem o seu lugar na cozinha. Isso lhe dava mais tranquilidade de seguir o seu plano.
"Vai ser melhor para todos! Vou me casar, ter uma família que nunca tive e seremos felizes. Essa é o ciclo da vida. Só estarei dando um passo para a próxima fase."
Chegando no domingo, a ruiva prepara o piquenique. Ela convida todas do orfanato para irem até o lago e suas companheiras aceitam o convite.
As mulheres riem e aproveitam a refeição que a adolescente havia preparado.
Trim, trim... Trim, trim...
O celular da Mel toca.
David tinha lhe dado um de presente.
- Alô?
(- Querida, preciso que me encontre na entrada da sua casa agora!)
- David? O que houve?
(- Não é nada sério! Só preciso te ver agora! Não diga nada para ninguém sobre isso, e apenas confie em mim!)
Tum, tum... Tum, tum...
"Sinto como se algo estivesse errado! Ele deve estar com problemas!"
- O que aconteceu menina? Você está pálida!
- Nã-não é nada madre Olívia! Nada demais! É que estou um pouco cansada!
Mel se põe de pé.
- Vou até em casa pegar mais suco.
- Eu te ajudo! - Emy se oferece.
- Não por favor, não precisa! Aproveite que o dia está lindo. Eu já volto!
A jovem de cabelos vermelhos acaricia a cabeça da pequena interna e depois começa a se afastar.
Ela acredita fielmente que a sensação agoniante que sentia naquele momento era por causa do David.
Mel estava certa! Mas ela, via as coisas da maneira errada!
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Chegando na frente da casa aonde mora, Mel avista o namorado.
Ele estava com uma mochila nas costas e algumas bolsas.
- David?
- Mel vamos logo! Você precisa pegar as suas coisas!
- O quê?
- Lembra que te falei que herdei uma propriedade na cidade grande? Então, alguns parentes distantes estão me ameaçando e hoje de manhã quase fui atropelado de propósito.
"Meu Deus! Isso é horrível!"
A pequena o fita com preocupação.
- Aposto que estão chateados porque uma tia deixou tudo para mim. Mel estou com medo te descobrirem que você é minha noiva e virem aqui!
- Acha mesmo que isso pode acontecer?
Ela demonstra uma expressão de pavor.
- Infelizmente sim! E pior, podem machucar alguma das crianças que não tem nada haver com a nossa história! Nunca iria me perdoar se isso ocorresse.
"Não! Isso não pode acontecer!"
- David o que podemos fazer? Nada disso está certo!
- Pegue suas coisas vamos logo para a cidade! Lá aposto que não farão nada com nós dois, e suas amigas e as irmãs ficarão bem!
Os olhos gentis do homem a fita atentamente.
Amary parecia pensativa.
- Não há tempo, Mel! Não quero ter que ir sem você! Até poderia ter feito isso, mas fiquei e te esperei! E sabe por que fiz isso? Foi porque te amo!
Tum, tum... Tum, tum...
- Tu-tudo bem... Serei rápida.
A ruiva corre para dentro do orfanato e David fica a esperando na porta do local. Ele parecia inquieto.
Assim que a jovem arruma suas coisas e vai até o mais velho, ambos deixam a propriedade de vez.
"Sempre soube que um dia sairia daqui. Que o mundo lá fora estava me esperando. Mas nunca achei que seria assim... Como uma fuga! Agradeço pelo tempo que vivi nesse lar. Tudo foi simples e difícil, mas fui feliz!"
"Agora tenho que ser corajosa pois há muitas coisas novas me esperando!"
"Um dia voltarei! Não vou esquecer desse lugar!"
Mel fita a casa estando longe com um olhar melancólico. Aquela sensação ruim não a deixava respirar direito.
「 • • • ೋ⭐ೋ • • • 」
Dois dias de trem foram suficientes para o casal chegar na cidade destinada.
Mel se impressiona por ver prédios tão altos como aqueles. Ela nunca tinha ido antes para uma metrópoles.
O taxista acha fofo as expressões que a garota faz e David não gosta nenhum pouco disso.
- Poderia se comportar melhor? Está agindo como uma idiota!
- Hãh? - Mel se assusta ao ouvir o homem.
"Ele me chamou de idiota?"
O motorista a observa pelo o espelho retrovisor, e Mel se sente constrangida.
"O David está sério! Devo estar fazendo ele passar vergonha, mas não precisava falar assim comigo!"
A jovem se encolhe no banco e se mantém quieta até descer do carro.
Assim que chegam em um bairro movimentado, o casal deixa o táxi.
Amary fita um pequeno sobrado.
- É aqui! Ali é aonde vamos abrir o restaurante e lá em cima é a nossa casa.
David abre a porta, e Mel o segue.
Tum, tum... Tum, tum...
"Meu coração não para de bater fortemente. Estou muito nervosa!"
O homem abre a entrada da residência e Mel nota que era pequena e simples. A jovem gosta do lugar! Aquilo era mais do que ela já havia sonhado.
- Vá tomar um banho! - David fala de um jeito seco.
"O quê? De novo seu tom de voz está esquisito."
- Eu vou daqui a pouco. Antes quero ajudar a arrumar as nossas coisas.
- Eu disse para ir agora! Não se faça de sonsa!
Tum, tum... Tum, tum...
Mel o fita estando completamente confusa.
David sorri.
- Ou prefere que eu te dê o banho? Podemos fazer assim também o que acha?
Tum, tum... Tum, tum...
Mel se avermelha e fecha os olhos.
- Isso é errado! Não somos casados!
Firme arqueia a sobrancelhas.
- HÁHAHAHAHA! - Ele ri. - Você sempre foi tão burra assim? Achou mesmo que me casaria com você?
"O quê?"
Ela fica pálida.
- Menina foi muito fácil te manipular!
- Vo-você mentiu? Eu... Eu quero ir para casa!
Mel pega sua mochila e tenta passar pela porta da sala, mas David a agarra e a prende na parede.
BAMM!
Suas costas batem com violência no concreto.
Tum, tum... Tum, tum...
Ele a olha bem no fundo de seus olhos.
- Que casa? Você não tem mais nada!
Um vento gélido a atinge. As mãos do homem sobre seu corpo eram frias e incomodas.
- Do.. Do que está falando? - O tom de voz dela sai arrastado.
O moreno põe a mão em seu bolso e retira uma pequena bolsa de tecido bordada.
- Reconhece isso?
Tum, tum... Tum, tum...
Os olhos azuis da pequena dilatam.
- Isso... Isso é da madre Olívia!
- Exato! Parece que não é tão estupida como pensei! Aqui estava todo o dinheiro que receberam no festival desse ano, e mais algumas outras doações. Entende o porque de não poder voltar? Nós dois roubamos o dinheiro!
- Como?
- Era para trocar o telhado daquele buraco mas agora nós pertence! Consegue entender? Você não tem para onde voltar!
- MAS NÃO ROUBEI NADA! POR QUE FEZ ISSO? Por me enganou? - A menina começa a chorar.
- E quem vai acreditar em você? Como poderia saber aonde estava o dinheiro, e ter o conhecimento de qual porta não estava trancada? É óbvio que vão achar que me disse! Fora a sua despedida... Você tirou todos de casa, e depois fugiu comigo justamente no dia do roubo, e na hora dele! Acho que até o melhor juiz do mundo te condenaria como cumpres.
"Não... Isso não pode estar acontecendo! Não pode!"
- E te enganei porque foi fácil! Quem manda ser estúpida! Agora... - Ele a olha cheio de malícia. - Você me pertence!
O homem começa a passar a mão no corpo da garota sobre suas roupas.
- Você não tem escolha! Você não tem mais nada! E nunca terá nada melhor do que eu!
O mais velho beija o pescoço da menina que treme com o contato.
Ela não consegue conter as lágrimas. A pequena sabia que esse era o início de um pesadelo, mas não era como os que tinha toda à noite, esse seria um real que nem com a melhor reza, ela conseguiria acordar!
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{Receita do dia}
➻ Uma jarra de dor...
➻ Duas colheres de ilusão...
➻ Uma porção de pavor...
➻ Cozinhando tudo sem restrição, a realidade se torna um horror sem mediação.
CONTÍNUA ⭐ೋ