Mel olha para atrás com um olhar sobre os ombros.
"Sinto que ele pode me alcançar a qualquer momento. Não! Não vou parar nem para comer!"
Mel começa a correr.
"Quando estiver bem longe eu acharei um local seguro e esperarei amanhecer. Durante o dia verei o que farei!"
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Segurando as alças da mochila, a jovem continua caminhando. Sua determinação a guia mesmo estando com as pernas doloridas.
Silenciosamente um carro preto esportivo luxuoso a segue.
O veículo anda vagarosamente e mantém uma distância adequada para não ser notado.
Um homem de cabelos prateados a fita pelo banco do motorista. Ele bate seus dedos no volante estando com as suas mãos cobertas por uma luva preta de couro. As pontas de seus cabelos tinham alguns fios cor de vinho. E seus olhos demonstrava uma cor amarronzada como barro vermelho.
- É ela? Tão simples! - O rapaz fala com um tom de desdenho.
- Sim, é ela!
Uma voz masculina surge do banco de trás.
- Então vamos pega-la! Estou ficando entediado! - O motorista suspira profundamente.
- Não seria apropriado, Litchy! Apenas deixe o Caos agir como ele sempre faz!
- E se forem eles? - O jovem de cabelos medianos e claros declara.
- Se fossem eles não estaríamos tendo essa conversa!
Litchy ajeita o espelho retrovisor. Com o ato, ele fita bem o rosto do dono da voz misteriosa que estava sentado na escuridão. Os belos olhos amarelados do moreno brilham aparentando o tom dourado.
- Será como o senhor desejar, Mestre! - O motorista fala e seus olhos brilham também, mas ao invés de dourado se relevam um brilho avermelhado.
O rapaz de preto abre a janela do carro e retira um fio de cabelo de sua cabeça. O cabelo negro com as pontas levemente douradas estando na palma da mão do dono se torna completamente da cor de ouro. O moreno estica a mão e sopra seu cabelo pela janela.
O pequeno fio dourado flutua pelo ar indo em direção da menina em fuga.
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VAAMB BIM, BIM...
O som do vai e vem dos carros era ensurdecedor.
Mel observava as pessoas passarem diante dela enquanto se mantinha sentada no banco do abrigo do ponto de ônibus.
Estava frio, e usando o capuz de seu casaco, ela escondia um pouco de seu rosto.
"Como acabei assim? É inacreditável como algumas decisões erradas mudam o curso de nossas vidas!"
Amary pensa, e aperta sua velha mochila de tecido desgastado em seu peito.
Mais um ônibus para no ponto, e a garota era a única a ficar no local. Já passava das vinte e três horas, e as ruas se esvaziavam cada vez mais.
"O dinheiro que tenho não dá nem para pagar uma noite em um hotel barato. Não posso pedir ajuda para a Rosa, pois lá será o primeiro lugar que o David vai me procurar."
Mel fecha os olhos enquanto levanta o rosto e respira profundamente. A luz do luar atinge sua pele, e com isso, pequenos hematomas de sua face ficam visíveis. O tapa que levou do David havia lhe causado um pequeno corto no lábio, e por sorte, era um corte por dentro. Seu pescoço claro tinha marcas de dedos e estava vermelho, mas seu casaco tampava bem sua pele.
"Também não posso voltar para o orfanato depois de tudo que aconteceu... Ô Deus ... o que deveria fazer?"
Ela abre os olhos e os mesmos brilham por causa da lacrimação.
Um casal que estava próximo do local encara a ruiva por vê-la ignorar mais um ônibus. Eles se despedem um do outro com um beijo acalorado, e a antes da moça adentrar no veículo que havia acabado de parar, ela sinaliza para a Mel.
- Garota, não sei o que está esperando, mas não é seguro ficar aqui sozinha. - A mesma fala.
Com um olha discreto ainda escondendo seu rosto machucado, a mulher de cabelos vermelho assente com a cabeça se negando responder verbalmente.
"Só estou aqui pois tem movimento e não preciso sentar no chão. Tenho que esperar o dia clarear e então verei o que vou fazer!"
Os pés da jovem estavam gelados e doloridos de tanto correr, ela não conseguia dar um passo sem sentir a dor causada pelos calos. Mel não usava um sapato adequado para sua situação atual.
O ônibus parte, e vendo sua namorada ir, o homem também se retira. Mel se vê sozinha mais uma vez enquanto observa o vai e vem dos carros.
"Logo vai amanhecer... Preciso aguentar um pouco mais."
Ela afasta sutilmente sua mochila do corpo e a abre, e colocando sua mão dentro da bolsa, com suavidade, ela pega um velho livro de capa grossa tendo a mesma cor de seus cabelos.
"Meu pequeno tesouro... Desde sempre você é a única coisa que permanece comigo!"
A garota aperta o objeto com ternura sobre seu peito.
"Vai ficar tudo bem! Eu sei que ficaremos bem!"
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Após algumas horas, Mel lutava arduamente contra seu sono. Ela sabia que era perigoso dormir ali, mas mesmo tentando o máximo possível resistir, por alguns minutos, ela adormece.
VRUMM! FIIIU...
O vento era muito forte e gelado naquele momento da madrugada. Ele assoviava intensamente.
O fio de cabelo dourado flutua a dois metros de distância da pequena.
Amary continua adormecida.
Uma névoa negra começa a se formar ao redor dela. Passando do outro lado da rua, um homem sente algo atrair sua visão para onde a ruiva dormia.
Ele dá leves passos na direção da pequena.
Não havia pedestres além dele. Os carros se movimentavam em ritmo acelerado.
As sombras envolta da jovem se tornam mais densas ao passo que o possível criminoso se aproxima.
"Não... Não venha! Por favor não! Eu... eu tenho medo! Está muito escuro!"
Mel se retorcia por estar tendo um pesadelo rotineiro.
Tum, tum, tum...
Seu coração bate aceleradamente.
"Não... NÃO ME TOQUE!"
Tum, tum, tum, tum...
O ar que ia para os seus pulmões se tornava cada vez mais pesado.
"ISSO... ISSO DÓI! ME DEIXE SAIR! ALGUÉM... ALGUÉM ME AJUDE!"
O fino fio de cabelo dourado voa até a cabeça da jovem, e com apenas seu toque todo seu brilho dissipa as trevas.
Tum, tum, tum, tum, tum...
Por um momento, tudo para como se estivesse congelado. Sua dor... a sensação de sufocamento cessa.
Mel sente um calor reconfortante cobrir seu corpo, e notando pequenos flashes de uma luz dourada a envolvendo mesmo sem ver, ela rapidamente desperta e abre os olhos
Tum, tum... Tum, tum...
O fio que antes era dourado se torna negro e vira pó.
"Hãh?"
Sua volta de consciência súbita a faz dar de cara com um homem que parecia um delinquente pronto para rouba-la. O indivíduo em questão já estava com uma das mãos sobre a sua mochila. Seu plano era furta-la sem a acordar.
- O quê? O q-que pensa que está fa...
Antes que a pequena terminasse de falar, o criminoso puxa sua bolsa e sai correndo.
Tum, tum, tum...
"NÃO! NÃO! NÃO! O MEU LIVRO... É tudo que tenho!"
A ruiva se levanta estando desesperada. Ela se enfia no meio dos carros, e corre atrás do bandido.
Tum, tum, tum...
Atravessando a avenida, a ruiva para bruscamente seus passos assim que um caminhão passa em sua frente.
- SAI DA RUA SUA MULUCA! - O motorista grita no meio de vários sons de buzinas que vinha de seu veículo e dos outros ao redor.
Foram só alguns segundos, mas foi o suficiente para perder o delinquente de vista.
"Para onde ele foi?"
Tum, tum, tum...
Mel olha para dois caminhos estando nervosa.
"Por favor... Não posso perder o que me restou!"
Tum, tum, tum...
BANCK!
As súplicas interna da garota é interrompida com o som de algumas latas de lixo caindo não muito longe de onde estava.
"Ali naquele beco! Acho que ele foi para lá!"
A jovem volta a correr, e por puro ansiedade, ela leva um pequeno tombo por tropeçar em seus próprios pés. Seus longos cabelos vermelho iguais a cereja se revelam após o capuz pular de sua cabeça.
- Háhaha! Que desajeitada! - Litchy ri ao assistir a menina estando ele dentro do carro estacionado perto do beco.
"Pelo menos ela tem uma cor de cabelo bonita. Nunca vi um vermelho como esse."
O motorista de olhos avermelhados pensa.
Mel levanta o rosto e olha para o beco.
"Eu preciso... Não posso perder meu livro! Não posso!"
Tum, tum, tum...
Seus olhos começam a lacrimejar enquanto se levanta para voltar a correr.
"Por que a minha vida se torna cada vez mais miserável?"
"Não! Não é hora para isso!"
Mel chega na entrada do beco.
"Ele deve estar..."
Tum, tum... Tum, tum...
Seu coração já acelerado dispara ao fitar a cena bem diante de seus olhos.
"...aqui."
O choque do que via a faz paralisar no mesmo segundo.
Mel chega na entrada do beco.
Tum, tum... Tum, tum...
Seu coração já acelerado dispara ao fitar a cena bem diante de seus olhos.
Tum, tum, tum... Tum, tum, tum...
Em sua frente, um homem de cabelos preto, usando roupas escuras e elegantes segurava o delinquente que havia roubado a sua mochila pelo pescoço. O bandido que estava erguido como se não pesasse nenhuma grama solta sua bolsa que cai nos pés do outro homem.
Bam!
O livro de receitas sai para fora da mochila.
Vendo o ocorrido, o homem misterioso fita o livro e depois encara a Mel diretamente.
Ele sorri.
Tum, tum... Tum, tum...
"O-os olhos dele... São dourados?"
Aquele olhar penetrante parecia mostrar duas chamas hipnotizante.
A ruiva se petrifica.
BAAAMMM!
O moreno joga o criminoso no chão que desmaia no mesmo instante.
Tum, tum, tum ... Tum, tum, tum...
Ele se vira para a Mel e a encara fixamente.
Tum, tum, tum... Tum, tum, tum...
O coração da garota bate em descompasso.
- Pequena alma solitária, me diga! Qual é o seu desejo?
A voz sedutora daquele homem de boa aparência faz a jovem se arrepiar.
Ela estava em estado de choque.
Tum, tum... Tum, tum...
Ele sorri para ela enquanto uma sutil chuva começa a cair sobre eles.
O homem misterioso se agacha e pega a mochila da garota, e em seguida o livro. Por alguns segundos, ele encara o exemplar mas logo o coloca dentro da bolsa.
Tum, tum... Tum, tum...
A pequena ainda se mantinha imóvel.
Aos poucos, o moreno vai se aproximando. Seus olhos brilhantes perde a cor dourada e ficam castanhos amarelados.
"O quê? E-eu estou vendo coisas?"
Na visão da jovem, o rapaz se movimenta de um jeito único. Seus cabelos dançam com o vento e sua expressão facial era a coisa mais sedutora que a menina já tinha visto.
Ela não conseguia desviar o olhar.
As gotas da pequena garoa caiam sobre sua cabeça, a fazendo sentir mais dolorosamente seu desabrigo, mas nem o seu desconforto a "acordou" de seus devaneios referente ao homem misterioso.
- Isso deve te pertencer! - Ele diz e estica seu braço que segura a mochila.
Ao ouvir sua voz calma, Mel se desperta.
Tum, tum... Tum, tum...
- Si-sim... - Seu tom sai fino e falho.
Ela pega sua bolsa.
- Obrigada...
"Essa sensação... Nunca senti nada tão intenso!"
O moreno a observa em silêncio. Ele nota o quanto a pequena parecia desorientada, mas ao mesmo tempo receosa com sua presença.
Amary coloca sua mochila nas costas com cuidado, e olha para o lado aonde fica a saída do beco. Mesmo que ele tivesse a ajudado agora pouco, por causa de sua infeliz experiência, a ruiva não pretendia cair nas garras de outro desconhecido. Nada parecia fazer sentido nesse momento.
- Bem... Eu... - Ela sussurra como se quisesse se despedir.
- Senhorita, você não me respondeu!
A voz suave do homem mais uma vez a atinge lhe chamando firmemente a atenção.
- Hãh?
- Você não me respondeu, me diga! Qual é o seu desejo?
- Me-meu desejo? Como assim? - A garota o olha estando confusa.
O moreno sorri.
Tum, tum... Tum, tum...
Seu belo sorriso a faz sentir seu peito que a pouco havia se acalmado acelerar mais uma vez. Era um misto de sensações que ela nunca havia experimentado. Algo lhe atraia para aquele homem, e isso a fez sentir receio.
- Você está sozinha e não tem para onde ir! Está cansada e ferida. Venha comigo! - Ele estende a mão.
Tum, tum... Tum, tum...
- Como? Por que disse isso? - Ela dá alguns passos para atrás.
"Ele estava me vigiando? Me seguindo?"
Tum, tum... Tum, tum...
- Sei de muitas coisas, e por saber tanto, eu tenho que te pedir para vir comigo! Não te farei mal!
- Moço, não estou te entendendo! Agradeço por me ajudar com o bandido mas preciso ir! Meus pais estão me esperando!
Mel se põe de costas no intuito de sair do beco.
- Seu nome é Mel Amary. Tem dezenove anos e foi criada em um orfanato católico na cidade vizinha em um pequeno povoado. Há dois anos você fugiu com o seu namorado que justamente agora, você está tentando escapar dele!
Tum, tum... Tum, tum...
A jovem o fita sobre os ombros. Sua surpresa estava "estampada" em seu rosto.
- Você... Quem é você?
O moreno sorri mais uma vez.
O olhar penetrante do mais alto volta a se tornar levemente dourado.
Tum, tum... Tum, tum...
- Sou o seu destino e você é o meu! Venha comigo e te protegerei! Só quero que trabalhe para mim e assim, terá tudo que deseja! Faremos um pacto!
Tum, tum... Tum, tum...
- Você está dizendo coisas sem sentido! Por que iria com você? Por que confiaria em outra pessoa?
O vento forte faz suas madeixas avermelhadas flutuarem. Ela vira para ele e o fita de frente.
O rapaz a olha de um jeito gentil e estica sua mão novamente.
- Se não vier... Você vai morrer em breve!
Tum, tum... Tum, tum...
"O QUÊ?"
- Isso está escrito na linha da sua vida. Mas, enquanto existir o brilho da alma, tudo é mutável! Você não tem escolha! Se não segurar a minha mão, até o fim do dia que está raiando, você morrerá!
Tum, tum... Tum, tum...
Os olhos dela se focam no do mais alto.
A jovem não sentia medo quando o encarava. Mel não entendi que sensação era aquela que a dominava. O receio que sentia era pela vontade de confiar naquele ser misterioso. Parecia ter um canto silencioso que vinha de dentro de sua alma que lhe pedia para ir com ele. Ela tinha medo de se entregar para o desconhecido mais uma vez.
Tum, tum... Tum, tum...
Seu corpo tremia como se uma imensa energia os envolvesse.
Amary fecha seus olhos e escuta o som de seu coração. Ela não sabia como controlar aquela sensação, e então, ao abri-los, ela age por puro instinto como se o seu espírito a guiasse.
Mel segura a mão do desconhecido. Uma brisa leve os atinge.
O sol timidamente nasce, e os pequenos raios dourados os iluminam.
O moreno sorri alegremente.
Tum, tum... Tum, tum...
"O quê? O que estou fazendo?"
Tum, tum... Tum, tum...
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{Receita do dia}
➻ Uma colher de coragem...
➻ Duas xícaras de interesse...
➻ Um litro de confiança...
➻ Após assar, nasce uma torta de aliança.
CONTÍNUA ⭐ೋ