Capítulo 3 Uma vida misteriosa

Era Riaj, e ele usava a espada como hélices de um helicóptero, se mantendo no ar. Ele não tinha expressão nenhuma no rosto, e ao tocar a água, desmaiou.

Dois militares da República dos Ursos, Rodef e Rimidalf, rapidamente resgataram ele e o levaram para o barco, que começou a viagem de regresso.

Após o barco desaparecer da área da cachoeira, um homem vestindo um manto preto pulou dos galhos de uma árvore e se embrenhou na mata. Ele havia chegado ali logo após o grupo de Riaj, mas observou tudo escondido e nem mesmo os comandantes da missão viram ele.

No barco, Riaj foi interrogado pelos superiores, mas não lembrava de nada que havia acontecido naqueles sete dias que esteve desaparecido. A missão do grupo foi considerada um fracasso, eles não conseguiram determinar o que estava acontecendo na região da cachoeira, onde parecia haver um portal misterioso.

A espada que Riaj carregava ao reaparecer foi avaliada por muitos especialistas dos maiores serviços secretos, mas ninguém descobriu nada sobre ela, não pode ser derretida, e os materiais com que foi construída não puderam ser determinados. No final da missão, os militares decidiram deixar a espada com Riaj.

Voltando ao presente, Riaj, Oruam, Oigres, Anairda e Ellehcim entraram em um Ford Expedition azul, deixaram o aeroporto e rumaram para a mansão de Esoj, um dos amigos de Riaj, onde o grupo ficaria hospedado durante essa viagem à República das Águias.

Sentado no banco do carona, Riaj deixou sua mente vagar novamente, e lembrou de outra parte de sua memória que esteve inacessível por quase trinta anos. Na ocasião, Riaj e um grupo de amigos antigos do quartel comemoravam seu trigésimo sexto aniversário em uma pousada na Província do Tuiuiú.

Nessa época, ele já era deputado, estava infeliz com a recém iniciada carreira política, e estava pescando com alguns tenentes e coronéis, a uns trezentos metros de uma pequena cachoeira, em um rio calmo.

Os coronéis montaram um acampamento e começaram a assar dois peixes que haviam sido pescados. Riaj entrou na água, que estava pela cintura, e caminhou em direção à cachoeira, querendo sentar em uma pedra perto da queda de água para pescar.

Quando estava quase chegando, uma tromba de água apareceu subitamente, a vazão do rio cresceu exponencialmente, e em cerca de minutos, tudo estava alagado. Os colegas de Riaj conseguiram escapar, mas ele não teve a mesma sorte.

As notícias de seu desaparecimento logo se espalharam, e seu suplente, que estava em viagem ao exterior, foi notificado para assumir.

Uma semana se passou, e Riaj acordou em uma margem do rio, uns dez quilômetros depois da cachoeira em que estava anteriormente. Em sua mão estava uma espada com lâmina metade verde e metade azul, muito brilhante.

Ele não se lembrava do que aconteceu, somente que estava a uns dez metros da pedra quando foi surpreendido pela água. Assim, ele guardou a espada e retornou para sua província, a tempo de provar que estava vivo e evitar que seu suplente assumisse.

Sentado confortavelmente no banco do carona do Ford Expedition, que viajava pelas ruas da Cidade Bonita, rumo a seu destino, Riaj relembrou outra passagem de sua vida que por muito tempo esteve oculta, da época em que ele tinha quarenta e seis anos.

Ele e sua esposa Ana reservaram quinze dias em uma pousada turística da Província do Quero-Quero. Ali fizeram vários programas de um casal apaixonado, visitaram cachoeiras, cânions, experimentaram comidas típicas, passearam de pedalinho no lago da cidade.

Tudo correu normal na primeira semana. No oitavo dia, ali pelas seis da manhã, alguém bateu na porta da cabana em que estavam.

Riaj atendeu a porta e ficou estupefato. O visitante não tinha rosto e vestia uma túnica branca.

Riaj acordou uma semana depois, sua esposa estava na cama, enquanto ele estava sentado em uma cadeira apoiado em três blocos de pedra que surgiram do nada. Os blocos eram das cores azul marinho, azul royal e azul celeste, e tinham algumas ranhuras estranhas.

Sobre os blocos, estava o anel de Riaj, que ele tentou remover de seu dedo por todos esses anos sem sucesso. Logo, Ana acordou e eles conversaram, mas não descobriram o que aconteceu ali.

Ao ligarem a televisão, perceberam que um semana Havia se passado e Riaj era o autor de um projeto que seria votado em três dias na Câmara.

Então, ele pegou seu anel e colocou no dedo, guardou os blocos na mala, e retornou com sua esposa para a Província do Gavião Real.

Analisando agora, ele constatou que sua vida estava destinada a ser estremecida a cada dez anos. A última passagem de sua vida que ficou secreta por um tempo, e só foi revelada após ele se tornar presidente, aconteceu quando ele tinha cinquenta e seis anos.

Riaj comemorava seu aniversário com sua nova esposa, em uma das ilhas de República Helena. Fazia cinco anos que eles haviam se casado, e essa era uma viagem de férias do casal.

Ellehcim ficou no hotel e Riaj foi mergulhar. O espírito aventureiro que o levou a escolher a vida militar nunca o abandonou.

O mar da região era completamente cristalino, e as praias, exuberantes. Riaj mergulhou ao lado de um guia local, era uma zona recém aberta para mergulho naquela região.

O guia o alertou várias vezes sobre o perigo daquela região, mas embora Riaj não soubesse o porquê, ele queria mergulhar. Quando eles mergulhavam, a cena ao redor mudou, e uma caverna gigante apareceu.

O guia tentou impedir Riaj, mas ele já havia mergulhado em direção à entrada da caverna. As águas começaram a se agitar, e o guia logo fugiu do local.

Uma semana se passou e Riaj acordou na praia, na qual uma placa gigante com uma simpática cobra verde olhando para uma maçã se destacava. Ele vestia uma sunga e a roupa de mergulho, e em seu pescoço, havia um estranho colar com um pingente em forma de dragão.

Riaj encostou e o o pingente brilhou, o assustando. Mas quando ele encostou de novo, nada aconteceu.

Então ele retornou ao hotel e encontrou Ellehcim assustada. O guia havia dito a ela que ele havia morrido no mar.

Ele contou sobre a descoberta da caverna, bem como sobre despertar na praia, sem saber o que havia acontecido.

Logo depois, suas férias acabaram e eles retornaram para a República das Águas.

O que aconteceu em seguida foi algo que ele só conseguia entender agora, quase oito anos após o fato. Após retornarem da República Helena, eles decidiram ir para a casa de um militar amigo de Riaj, um general.

No caminho para lá, em uma região de mata fechada de um lado, e com uma represa do outro, o casal foi emboscado por um grupo que tentou sequestrá-los. Naquele instante, o pingente no peito de Riaj começou a brilhar, e ele desceu calmamente do carro.

O que aconteceria a seguir surpreenderia ele, sua esposa, o motorista, e também qualquer um que presenciasse a cena.

            
            

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