Capítulo 10 Excluído

Duke observava Neelam e Merlyn conversando e se sentia cada vez mais excluído... Eles falavam sem parar como se se conhecessem desde sempre e, o pior era que o ignoravam. Aquilo o chateou. Não era bem o que ele planejara para aquela tarde... Mas seus "amigos" tinham de aparecer para estragar tudo. Especialmente Merlyn que estava tomando tão facilmente algo que ele estava lutando para conquistar. Era inacreditável como as coisas aconteciam. Ninguém se esforçava para conquistar nada. Porque era mais fácil, chegar e tomar o que não lhe pertencia? Era o que Merlyn fazia.

Mattew percebeu que Duke estava mal e disse-lhe:

- Que tal se nós fôssemos até a lanchonete buscar hambúrguer? Estou morrendo de fome!

- Não é melhor pedirmos uma pizza? - Sugeriu Willow.

- A gente come pizza sempre. Já estou enjoado! - Falou Mattew.

- Tá legal. - Falou Duke. Ele não estava nenhum pouco a fim de sair dali e deixar Merlyn com Neelam, mas também não queria continuar vendo os dois tão próximos.

- Posso ir com vocês? - Willow perguntou aos rapazes.

- Não!!! - Disseram os dois ao mesmo tempo.

- Qual o problema? - Perguntou Willow.

- A gente vai de moto. - Disse Duke.

- Podem ir no carro do meu pai. - Falou Anderson.

- Vocês não estão vendo que estamos querendo nos pegar? Parem de cortar o lance. - Mattew brincou.

- Entendi. Eu que não vou atrapalhar vocês. - Falou Willow rindo sem graça.

- Fiquem longe do meu quarto! - Duke disse antes de ir com Mattew.

- Até parece que alguém quer roubar suas cuecas. - Willow revirou os olhos.

† † †

- Qual o seu problema, Duke? - Perguntou Mattew no caminho para a lanchonete.

- Nenhum. Problema nenhum... - Disse ele disfarçando.

- Que isso cara? Nos conhecemos há anos... Eu sei que você está assim por causa da Neelam. Agora, por que não se abre comigo? - Disse Mattew.

- Vocês estragaram meus planos. Não deviam ter aparecido sem avisar. - Falou Duke frustrado.

- Quem imaginaria encontrá-la em sua casa? - Disse Mattew. - Você é quem deveria nos avisar que ela estava lá.

- Eu não tinha certeza se ela iria. Além do mais, Dru pensaria que é só por causa da aposta que fizemos. - Disse Duke.

- Que aposta? - Perguntou Mattew.

- Eu apostei que conseguiria conquistar Neelam, mas no fim... Foi ela que me conquistou! Eu não sei o que está acontecendo comigo. Estou louco por ela e ela não dá a mínima. Isso me mata! - Falou Duke.

- Fica difícil com o Merlyn por perto! - Disse Mattew.

- Nem me fale... O que será que as garotas tanto adoram nele? Aqueles olhos estranhos ou aquele maldito sotaque britânico? - Falou Duke.

Os Arcangelis migraram da região de Toscana na Itália para Londres na Inglaterra quando Merlyn ainda era um bebê e ficaram por lá até o menino completar nove anos quando Stefano Arcangeli decidiu mudar de ares, vindo para os Estados Unidos. Karin, sua esposa não ficou feliz de trocar Londres por uma cidadezinha do Maine que nem aparecia no mapa, mas seu marido viu em Glaretown a chance de dobrar sua fortuna, e assim, foi. Merlyn nunca perdeu o sotaque britânico e esse era o seu charme.

- Eu não sei. - Disse Mattew. - Teríamos que perguntar a Gianina.

- Lavagem cerebral. - Disse Duke.

Mattew riu.

- Isso explica.

Os dois compraram hambúrgueres e voltaram para a casa de Duke. Ele ficou mais calmo quando encontrou Neelam conversando com Willow em vez de com Merlyn, que por sua vez, jogava xadrez com Anderson.

- Demora você me vencer em qualquer jogo que seja, Merlyn! - Anderson disse, convencido.

- Eu não cantaria vitória ainda. - Merlyn riu.

Todos comeram os hambúrgueres, beberam, conversaram e se divertiram até o anoitecer, quando os garotos e Willow, se despediram e foram para suas casas.

- Acho que também já vou indo. - Falou Neelam.

- Ah, não! Fica mais um pouco? - Pediu ele segurando as mãos dela.

- Só um pouco. Ok? Eu tenho de terminar meu dever de álgebra. - Falou ela.

- Não vai se arrepender. - Ele disse.

Duke e Neelam jogaram baralho enquanto ouviam Ace Of Base. Ele sempre detestara o som do grupo, mas ao lado de Neelam, ele até achava as músicas legais.

Neelam era uma péssima jogadora e Duke poderia ganhar dela facilmente, mas ele preferiu deixá-la ganhar só para vê-la sorrindo e se gabando. Ela ficava mais bonita sempre que sorria e deixava Duke rendido ao seu encanto. Ele queria parar o tempo para que ela nunca fosse embora e eles ficassem assim, juntos para sempre, mas as coisas sempre tinham um final. Neelam teve de voltar para a casa.

† † †

Após tomar um banho e vestir seu pijama, Neelam olhou seu celular.

Havia pelo menos vinte e seis chamadas perdidas e onze mensagens de texto, todas de Kendall. Uma das mensagens dizia:

"Neelam, preciso falar com você. Por que não retorna minhas ligações? Você não se importa, não é? Não se importa que ''ele'' nos separe".

Ela tentou retornar para Kendall, mas ele não atendeu. Ela enviou uma mensagem mesmo assim, que dizia:

"Me desculpe por não responder antes. Eu saí e deixei o celular em casa".

Na manhã seguinte, Neelam foi para o colégio mais cedo para evitar se encontrar com Duke. Ela precisava falar com Kendall. Com certeza, ele estava chateado e se a visse chegando com Duke, ficaria pior.

Quando o carro da mãe dele parou do outro lado da rua e Neelam viu Kendall saindo do carro, acenou para ele. Ele não acenou de volta. Atravessou a rua e veio até ela.

- Bom dia? - Ela o abraçou e o beijou.

Kendall não correspondeu.

- Me desculpe por ontem? Eu esqueci meu celular em casa. - Disse Neelam.

Kendall suspirou.

- Eu li sua mensagem.

- Por favor? Me desculpe? - Falou ela.

- Onde você estava? - Ele quis saber.

- Na casa da minha tia. - Ela mentiu.

- Qual? Aquela que não existe e você sempre usa como desculpa quando não quer que saibam onde você realmente estava? - Ele disse.

- Por favor? Não quero que fique bravo comigo. - Ela o abraçou. - Ninguém vai nos separar.

- Tem alguém que pode nos separar. - Disse Kendall recuando e a encarando.

- Quem? - Ela perguntou.

- Meu pai. - Respondeu Kendall. - Ele quer me mandar para um colégio militar. Quer que eu fique lá por um ano. - Disse Kendall.

- E por que isso agora? - Perguntou Neelam.

- Ele quer que eu me torne um "homem"! - Falou Kendall.

- Isso é um absurdo. Seu pai não pode fazer isso. - Disse Neelam.

- Sim. Ele pode. - Disse Kendall.

- E quando ele pensa em te internar? - Perguntou Neelam aborrecida.

- Até o fim desse mês. - Respondeu Kendall.

- Eu não quero que você vá embora! - Falou Neelam chorando e o abraçou novamente.

- Eu também não quero ir, Neelam. - Disse Kendall.

Neelam decidiu aproveitar todo o tempo que ainda teria com Kendall da melhor forma possível. Os dois passaram a sair todas as tardes e também nos fins de semana. Duke os observava de longe, no colégio ou de sua casa. Ele gostaria de se aproximar de Neelam, mas ela explicara a ele que Kendall iria embora e ela queria aproveitar o máximo ao lado dele. Duke teve de aceitar, mas não tinha um só dia em que ele não desejasse estar com ela e ele torcia para que Kendall partisse logo.

- Eu tenho uma coisa para você. - Disse Kendall sorrindo.

- O quê? - Perguntou Neelam curiosa.

Os dois estavam no quarto dela. Mikaela estava na casa da irmã.

- Isso. - Ken tirou uma caixinha preta do bolso de sua calça e abriu a caixinha, revelando um anel de ouro.

- Ken, é lindo! - Falou Neelam emocionada.

- Aceite esse anel como símbolo do amor que sinto por você. - Disse ele colocando o anel no dedo dela. - Não vou pedir que me espere porque não seria justo, mas era o que eu mais queria, que você me esperasse.

- Ken... Eu... - Neelam disse, nervosa.

- Não precisa dizer nada. - Kendall disse. - O que tiver que ser, será. Não precisa esperar por mim. Só... Viva a sua vida? E, se, quando eu voltar, você estiver sozinha... Então, nós dois podemos continuar de onde paramos.

Neelam assentiu antes de abraçá-lo, com os olhos marejados. Depois que Kendall partiu, Neelam passou despercebida para muitos alunos. Ela evitava qualquer um que se aproximasse dela, preferindo passar seu tempo livre na biblioteca, onde, algumas vezes, trocava alguns olhares com Killian, mas eram apenas isso... Olhares, e não havia nada de especial naquilo. Killian sempre mantinha o rosto inexpressivo, por isso, era difícil adivinhar o que se passava na cabeça dele.

Durante a aula de Educação Física, Neelam se sentou na arquibancada e assistiu os garotos jogando basquete. Não estava prestando atenção no jogo. Estava chateada. Alguém veio e se sentou ao lado dela, mas ela não fez questão de se virar e ver quem era.

- Como você está? - Duke perguntou, tocando a mão dela.

Neelam virou o rosto, o encarando. O vento insistia em bagunçar os cabelos ruivos dele, mas mesmo com os cabelos bagunçados, ele continuava atraente.

- Eu não quero brigar. Por favor, me deixe em paz? - Ela disse afastando sua mão da dele.

- Eu também não quero brigar. - Ele disse. - Só quero ser seu amigo.

- Não preciso de amigos. - Falou ela.

- Eu preciso. - Disse Duke. - Por favor, me deixe ser seu amigo?

Neelam voltou a observar os rapazes na quadra. Anderson errou a cesta e culpou Merlyn e os dois começaram a discutir. O professor interveio, tentando acalmar os rapazes.

- Eu dou a minha palavra que não vou lhe fazer mal. - Disse Duke.

- Eu não sei se podemos ser amigos. - Falou Neelam.

- Por quê? - Ele perguntou.

- Você não me vê apenas como uma amiga. - Falou ela.

- É verdade, mas respeito sua decisão... Se sua amizade é tudo o que posso ter de você, eu aceito. - Falou ele.

- Você jura? - Neelam se voltou a ele.

- Eu juro. - Duke disse e tocou o ombro dela, antes de abraçá-la.