- Como assim? - Merlyn inquiriu.
- Ela está me ajudando com as matérias, só isso. - Duke mentiu, desviando o olhar.
- Pensei que vocês não fossem amigos. - Merlyn disse.
- Você ouviu o que eu disse? Não somos amigos. Ela só está me ajudando. - Duke disse.
Após as aulas, depois que voltou para casa, Duke foi ajudar seu pai e seu tio na oficina como sempre. Duke adorava carros tanto quanto sua guitarra, e trabalhar na oficina, apesar de cansativo, era divertido. Os três homens da família trabalhavam juntos, tomavam cerveja e conversavam sobre muitas coisas. Aquele era um dos momentos preferidos dele e nada nem ninguém poderia estragar aquilo. Exceto...
- Ei, Duke?
Duke nem precisou se virar para saber quem estava falando. Ele reconheceria aquela voz em qualquer lugar.
- Diana? O que faz aqui? - Perguntou Adam Benson, o tio de Duke.
- Vim fazer uma visitinha, papai. - Diana olhou maliciosamente para o corpo suado e sujo de graxa de Duke. Ele estava sem camisa.
- Não vai cumprimentar sua prima, Duke? - Disse Stephen, o pai de Duke.
Duke suspirou, cansado, virou-se para trás e encarou Diana. Ela não havia mudado desde a última vez em que ele a vira. Diana era morena clara, com os cabelos negros, alta e magra, com olhos castanhos. Diana era adotada. Duke e ela sempre se deram bem desde crianças. Inclusive, ela cantara algumas vezes na banda dele. Os dois se deixaram levar por uma atração e namoraram em segredo por algum tempo até Duke ser mandado para um reformatório. Quando ele voltou, descobriu que ela estava saindo com uma garota. Duke rompeu com ela. Depois disso eles chegaram a "ficar" algumas vezes. Nada sério. Duke a perdoara, mas nunca se esquecera daquela noite em que a vira beijando uma garota.
- E aí? - Disse Duke.
Diana sorriu.
Duke serviu limonada para Diana e ele. Os dois se sentaram e se encararam por um tempo em um silêncio constrangedor até Diana quebrar o gelo.
- Você continua tão gato como sempre! - Disse Diana sorrindo.
- O que você quer? Por que está aqui? - Duke foi curto e grosso.
- Uau! Gato e selvagem. - Disse Diana.
- Fala de uma vez o que você quer! - Disse Duke impaciente.
Diana levantou-se. Foi até onde Duke estava. Sentou-se no colo dele e disse:
- Eu senti sua falta.
- É mesmo? - Disse Duke
- Você duvida? - Perguntou Diana.
Duke riu.
- Quem você acha que engana?
- Credo! Que mau humor! - Diana e se afastou dele.
- O que você esperava? Que te visse e ficasse todo balançado?
- Quando você vai me perdoar? - Diana o olhou aborrecida.
- Ah! Por favor? Eu já superei isso. - Disse Duke levantando-se.
- Se fosse verdade, você não me trataria com tanta frieza. - Disse Diana.
- Perdoar não significa esquecer. - Disse Duke ressentido.
Diana suspirou.
- A única coisa que posso te dar é a minha amizade, se quiser. - Disse ele com pena dela.
- Eu aceito. - Disse Diana. - Mas ainda te amo e você sabe disso. - Disse ela e deu as costas a ele.
- Eu vou tomar um banho. Pode me esperar na sala? - Disse ele.
- Não quer que eu vá junto? - Diana virou-se depressa, o fitando com aqueles olhos castanhos, maliciosos.
- Não. E se se atrever a me seguir como da última vez, conto ao tio Adam que você está me assediando. - Ameaçou Duke.
- Sério? - Falou Diana rindo. - Parece uma garotinha falando!
Duke a ignorou e foi para o banheiro. Quando saiu do banho e foi para seu quarto se trocar, flagrou Diana revirando suas coisas.
- Ei, o que pensa que está fazendo? - Perguntou Duke furioso.
- Caramba! Como você é gato. Ainda mais assim todo molhado. - Disse Diana se atirando em cima dele novamente.
- Dá um tempo! - Disse Duke a empurrando e indo até o armário pegar uma roupa.
Diana viu uma agenda cor-de-rosa em cima do criado-mudo e a pegou. Era a agenda que Neelam havia deixado com Duke para que ele copiasse a redação que ela escrevera, já que a professora conhecia bem a letra dele e saberia no mesmo instante se Neelam escrevesse por ele.
- Ei, Duke?
Duke se virou. Diana tirou uma foto dele em uma máquina polaroide.
- Essa vai para a minha coleção pessoal. - Disse ela, sorrindo.
- Me dá isso! - Duke se aproximou dela e tentou tomar a câmera fotográfica dela. Diana puxou a toalha dele. Duke ficou vermelho.
- Você fica melhor assim. Sabia? - Disse Diana olhando abaixo da cintura dele com desejo.
Duke puxou o lençol de sua cama e se enrolou nele.
- Já chega! Me dê essa câmera agora! - Falou ele se aproximando dela.
- Não! - Disse Diana. - A menos que me dê um beijo.
- Desculpe, não estou a fim de pegar herpes.
- Hum, então... Essa agenda fica comigo. - Disse Diana o colocando embaixo de sua blusa.
- Mas que droga! - Duke agarrou Diana com raiva e a beijou. Depois, se afastou dela e estendeu a mão, esperando que ela devolvesse a agenda e a foto que tirara.
Diana estava prestes a devolver a agenda e a foto a Duke quando reparou melhor na capa. Duke nunca usaria uma agenda cor-de-rosa. Definitivamente, aquela agenda era de uma garota.
- De quem é essa agenda? - Perguntou ela com ciúmes.
- Isso não te interessa. Me devolva! - Disse ele e tomou a agenda e a foto da mão dela.
- À que vadia pertence esta merda? - Perguntou Diana.
- Diferente de você, ela não é uma vadia. Disso, pode ter certeza. - Falou Duke.
- Quem é ela? Me fala! - Disse Diana quase gritando.
- Por que eu diria a você? Para você dar em cima dela? - Duke disse.
- Vai se ferrar! - Disse Diana e saiu do quarto dele.
Duke fechou a porta, amassou a foto e a jogou na lixeira, e jogou a agenda de Neelam na cama, e se trocou.
Quando ele saiu de sua casa, espiou a oficina para saber se Diana estava lá. Não estava. Com certeza, havia ido embora. Sem perder mais tempo, Duke foi até a casa de Neelam e bateu palmas. A mãe dela saiu e ao ver o rapaz foi até o portão.
- Pois não? - Disse Mikaela encarando o rapaz com certa desconfiança por causa da aparência dele.
- Olá. Sou Duke Benson. - Disse ele, tentando parecer simpático. - Estudo com sua sobrinha. Vim até aqui devolver a agenda que ela me emprestou com algumas anotações. - Duke passou a agenda pela grade do portão.
Mikaela pegou a agenda e disse:
- Obrigada Benson, mas Neelam não é minha sobrinha. É minha filha!
- Oh! É mesmo. Não me diga? Eu devo ter me confundido porque a senhora é jovem. Me desculpe? A Neelam está em casa, senhora? Eu gostaria de falar com ela.- Disse Duke. - Como ela não foi ao colégio hoje, alguns professores passaram lições de casa para ela fazer.
- Ela não foi ao colégio? - Disse Mikaela surpresa.
- Oh, oh... - Falou Duke e pensou "agora assim, ela me mata!".
- Por favor, espere aqui? Eu já volto! - Disse Mikaela e foi até o quarto da filha.
Neelam estava trocando mensagens com Kendall. Mikaela a surpreendeu ao colocar a sua agenda em cima do teclado do computador.
- Onde conseguiu isso?
- Por que não foi ao colégio? - Perguntou Mikaela.
- Eu esqueci de ligar o despertador e acordei tarde.
- Por causa disso, você está de castigo por uma semana.
- O quê? Mas tenho um encontro com Ken. - Disse Neelam.
- Se quiser encontrar o seu namorado, não falte ao colégio, amanhã. - Falou Mikaela.
- Não. Mãe, por favor? - Implorou Neelam.
- Tem um amigo seu que veio te passar alguns trabalhos, já que você faltou ao colégio. Ele está esperando lá fora.
- Eu já vou. - Disse Neelam e por um instante se animou, achando que fosse Killian.
- Não demore! - Falou Mikaela.
Neelam explicou a Kendall o que estava acontecendo e disse que falaria com ele mais tarde. Então, saiu do quarto, passou pelo corredor, desceu a escada e quando chegou à sala, quase gritou com o que viu... Duke estava sentado no sofá, tomando refrigerante.
- O que está fazendo aqui? - Perguntou Neelam cruzando os braços enquanto se aproximava dele.
- Vim devolver sua agenda, ou você não queria de volta?
- Gentileza sua. Já pode ir agora. - Disse Neelam.
- Adorei conhecer sua tia. Ela é tão... Oh, espere? Não é sua tia. É sua mãe. - Duke sorriu.
- O que você quer? - Perguntou Neelam.
- Já terminou de passar todas as matérias para o meu caderno?
- Só falta um resumo do último texto de História. Fiz o possível para a minha letra se parecer com a sua.
- Por sua causa, tive de prestar a atenção na aula hoje.
- Sério? Pobrezinho. - Disse Neelam rindo.
- E o seu namoradinho ficou chorando pelos cantos como um bebê. - Provocou Duke.
- Pelo menos, ele tem sentimento. Oh, espere? Você tem sentimentos também... Você é grosso. - Falou Neelam.
- Parece que me conhece bem... - Duke levantou-se e ficou cara a cara com Neelam.
- Se você tem medo que eu não cumpra o nosso trato, relaxe? Eu sei que assinei um trato com o diabo. - Disse Neelam.
- E a sua alma é minha. - Disse Duke segurando o queixo dela.
- Minha alma. Não minha vida! - Falou Neelam afastando a mão dele do queixo dela. - Eu te suporto no colégio porque não tenho opção. Gillian e você são duas pedras no meu sapato, mas, fora de Harmony High Scool, não temos porque falarmos um com o outro. Por isso, da próxima vez que nos encontrarmos no mercado, faça de conta quem não me conhece.
Duke riu.
- Você mesma disse, assinou um trato com o diabo. Não vou te deixar em paz até você ser minha.
- Você é louco! - Ela disse balançando a cabeça.
- Esse é meu charme. - Ele piscou para ela.
- Se queria me tirar do sério, conseguiu. - Falou Neelam irritada.
- Só estou começando. - Disse ele. - A propósito, acho que você me deve um beijo. - Duke a agarrou e a beijou.