O escritório estava silencioso, com poucos funcionários ainda chegando, e Ana aproveitou a tranquilidade para revisar a campanha que vinha desenvolvendo. Ela tinha uma apresentação importante para o CEO, Gustavo, na semana seguinte, e queria que tudo estivesse impecável. Enquanto mergulhava nos detalhes, uma notificação em seu computador piscou. Outro e-mail de Ricardo.
Assunto: Reunião pós almoço?
Ana sentiu um frio na barriga ao ver o nome dele mais uma vez na sua tela. Ricardo sugeria que almoçassem juntos para discutir mais a fundo as estratégias de integração entre suas áreas. Ela hesitou por um momento. Sabia que aceitar significava se expor ainda mais àquela tempestade de sentimentos que estava crescendo dentro dela, mas ao mesmo tempo, a ideia de passar mais tempo com ele a atraía irresistivelmente.
Após respirar fundo, ela respondeu com uma simples confirmação. Decidiu que não importava o que estava sentindo, era apenas um almoço de trabalho, e ela precisava manter o foco. Mas, lá no fundo, sabia que aquilo era apenas uma mentira confortável.
O relógio parecia correr mais rápido do que o normal, e logo o horário do almoço chegou. Ana encontrou Ricardo no lobby da empresa. Ele estava conversando com alguns colegas de trabalho, mas assim que a viu, despediu-se deles com um aceno e um sorriso discreto. Ana não pôde deixar de notar como todos pareciam respeitar e admirar Ricardo. Ele tinha um carisma natural, uma liderança que atraía as pessoas como um ímã.
- Pronta para o almoço? - perguntou ele, aproximando-se de Ana.
- Claro - respondeu ela, tentando manter a calma.
Eles caminharam juntos até um restaurante próximo. Era um lugar elegante, discreto, perfeito para uma refeição de negócios. A conversa inicial foi leve, focada nos detalhes técnicos dos projetos em que estavam trabalhando. Mas conforme o almoço avançava, a formalidade começou a se dissolver, e eles se permitiram relaxar.
Ricardo perguntou sobre a vida de Ana fora do trabalho, e ela contou um pouco sobre sua família, seus amigos e seus hobbies. Era raro que alguém no ambiente corporativo demonstrasse interesse genuíno por sua vida pessoal, e isso fez com que Ana se sentisse especial. Aos poucos, ela percebeu que Ricardo também estava se abrindo. Ele mencionou que havia se mudado para a cidade recentemente e que estava ainda se adaptando ao ritmo frenético da empresa.
- Às vezes sinto falta da tranquilidade da minha antiga vida - confessou ele, com um sorriso melancólico. - Mas, ao mesmo tempo, gosto do desafio. Acho que me alimento disso.
Ana sorriu, reconhecendo em suas palavras uma verdade que ela mesma sentia. Ambos eram ambiciosos, mas não era só isso. Eles buscavam algo mais profundo, algo que os fazia querer ir além do que estava na superfície.
A conversa fluiu naturalmente, e quando se deram conta, o almoço estava chegando ao fim. Ricardo pagou a conta, e eles saíram do restaurante juntos, caminhando lado a lado de volta ao escritório. Enquanto andavam, uma brisa suave passou por eles, balançando levemente os cabelos de Ana. Ricardo a olhou de soslaio, com um sorriso que sugeria mais do que ele estava disposto a dizer em voz alta.
Quando chegaram à porta do escritório, Ricardo parou e virou-se para ela.
- Ana, preciso ser honesto com você - começou ele, o tom mais sério do que antes. - Estou realmente impressionado com o seu trabalho e, mais do que isso, com quem você é. Não vejo a hora de ver o que vamos conseguir juntos, mas preciso que você saiba que... esse almoço foi mais do que apenas negócios para mim.
Ana sentiu seu coração disparar. Havia esperado, talvez até desejado, que ele dissesse algo assim, mas ouvir as palavras saírem da boca de Ricardo fez seu estômago se revirar em nervosismo e excitação.
- Para mim também - respondeu ela, quase sem pensar. Era a verdade nua e crua. Algo dentro dela a puxava em direção a ele, e ela sabia que, por mais que tentasse resistir, já estava envolvida demais.
Ricardo deu um passo em sua direção, diminuindo ainda mais a distância entre eles. Seus olhos estavam fixos nos dela, e por um momento, parecia que o mundo ao redor havia desaparecido. O que estava acontecendo entre eles não era apenas atração física; era uma conexão que transcendia o lógico, o racional. Era como se algo maior estivesse guiando-os.
- Acho que devemos ser cuidadosos - disse Ricardo, a voz baixa, quase um sussurro. - Mas também acho que, quando algo assim acontece, é difícil ignorar.
Ana apenas assentiu. Sabia que ele estava certo. O escritório não era o lugar mais seguro para explorar o que quer que estivesse crescendo entre eles. Mas ao mesmo tempo, sabia que seria impossível voltar atrás agora.
- Vamos voltar para o escritório - sugeriu ela, quebrando o momento com um sorriso tímido. - Temos muito trabalho pela frente.
Ricardo sorriu de volta, mas havia algo nos seus olhos que dizia que aquela história estava longe de terminar. Enquanto caminhavam de volta para seus cubículos, Ana sentiu que a tensão entre eles havia atingido um novo patamar. Havia uma nova camada em seu relacionamento, algo que eles precisariam descobrir como lidar, tanto no trabalho quanto fora dele.
E assim, o jogo começava. Um jogo perigoso, onde os corações eram as peças e os desejos ocultos ditavam as regras. Ana sabia que estava se arriscando, mas a verdade era que não conseguia se imaginar jogando de outra maneira.